terça-feira, 10 de março de 2009

Cristianismo 1 - Paganismo 0


B Fachada : Viola Braguesa
Samuel Úria em bruto
(FlorCaveira; 2008)

O ano passado foi para a MMP o ano da FlorCaveira, e como tal da tomada de consciência que existe Roque português cristão e (mais importante) que existe "lo-fai" cantautor cantado em português. A semana passada duas conversas - uma com um (des)conhecido, outra com o Tiago Guillul, mentor da FlorCaveira - levaram-me a aperceber que a FlorCaveira conseguiu roubar ao Hip Hop o "dom quixotismo" do uso da língua portuguesa no mundo da Pope/Roque.
Graças a gente rasteira como os Blind Zero ou os Silence 4, nos anos 90 pensou-se que o Rock para existir em Portugal tinha de ser cantado em inglês. E muita gente burra seguiu essa máxima, com a excepção dos Ornatos Violeta. De repente aparecem este tipos a cantar em português, com boas letras, originalidade e gravações "manhosas" (para quem gosta de pastilha elástica). Talvez por isso que em 2008 a FlorCaveira não se meteu em "Graindecore, Hardecore e Panque Roque" e tenha apostado em cantautores - ou seja, aqueles gajos a cantar coisas sensíveis, de guitarras acústica ao colo e pouco mais - para provar que em Portugal não precisamos coisas farsolas como o Old Jesuralem, metendo na sua linha da frente católicos (Manuel Fúria) ou pagãos (B Fachada) - recordando que a FlorCaveira tem uma raiz protestante.
Das suas últimas edições em CD-R, B Fachada perde versus Samuel Úria - infelizmente para o paganismo porque por estas bandas não se gosta de Cristianismo. Não se consegue perceber o que raios o "B gajo" canta porque a voz dele parece um bocado farsolas (demasiada teatral?) e os instrumentos também parecem abafá-la. Acho que este EP precisava da ajuda do Guillul que é um verdadeiro mestre da produção "lo-fai". Provas não seriam necessárias se fizerem um historial das suas edições mas basta reparar até nesta miscelánea que é o Em Bruto, 16 minutos de músicas dispersas de Samuel Úria. Não que as músicas que não foram produzidas por Guillul sejam más, só que se repara um som muito mais vivo e apurado em Segreguei-te ao ouvido e em Tigres Dentes de Sabre (grande tema Blues!!!) do que nas outras. De resto, vamos encontrar o "normal" da malta FlorCaveira: namoros com o António Variações e outros gloriosos do Pope/Roque dos anos 80, letras apelativas e inteligentes, engajamento cristão... Um aperitivo para um futuro álbum de Úria a sair para breve. Promete...

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