sábado, 29 de novembro de 2008

Whatta waste of time, pá!

Waste Disposal Machine: Interference (Thisco / White Zone; 2008)

Em Portugal se há género que sempre esteve bem representado é o chamado "industrial": dos projectos pré-Mão Morta aos Bizarra Locomotiva, dos Industrial Metal Machine aos Mécanosphère, dos Hospital Psiquiátrico aos cyber-metaleiros dos D'Evil Leech Project, todos eles tem se mostrado uma qualidade superior do que outros géneros mais populares como o Punk ou o Metal. Longe do Industrial da rebarbadora e martelo pneumático e longe de serem originais - embora tenham tenham alguns momentos exceptionais - alguns casos não podiam estar lado a lado com o melhor que se faz lá fora.
Entretanto entraram em cena estes W.D.M. - e regressa a Thisco às edições, finalmente! - que não se ouve com pena, pelo contrário, porque mantêm alguma tradição de qualidade do género alguns temas. I sing the body electric ou Girl within the motorcycle tem carisma e força de "hit-singles" para pistas de dança Dark se em Portugal houvesse alguma com interesse. Mas não temos, infelizmente, nos dias maiores do mongolismo Gótico que são os dias de hoje, as discotecas especializadas são tudo uma paneleirada EBM que não há cu! [paneleirada EBM que não há cu!? que imagem vulgar!] Mas não é pelo facto de não haver uma cena que alguém (ou uma banda) não deverá deixar de criar e editar.
Estamos no domínio do Tanz-Metal (termo inventado para definir os Rammstein) e do Electro-Rock, muito KMFDM mas sem a ousadia das partes Black da coisa (ou seja o Reggae, Dub e Drum'n'Bass) nem a parte White - o ruído mortal para se possa mesmo de falar de Industrial, aliás só nas "faixas-extra" que são remisturados dois dos melhores temas que teremos algum "noise" como acontece com a remistura de Urb, por exemplo. Não sei o que uma banda destas poderá pretender fazer cá em Portugal - acho sempre estranho as letras escritas e cantadas em inglês - mas nesse caso vamos lá recapitular o que não se deve fazer: 1) não colocar uma introdução manhosa de um tipo a recitar um manual de instruções que passados 5 segundos topa-se que é um 'tuga com problemas de pronúncia; 2) não publicar fotos dos membros da banda com gravatas e rimel nos olhos porque é ordinário e os elementos não ficam nada mais atraentes ; 3) não usar como capa uma fotografia de uma fábrica abandonada com várias televisões abandonadas porque já vimos isso mais vezes e porque não ilustra o nome do álbum que é "interferência"... Foi por este tipo de erros que os Blind Zero não foram lá para fora, com muita pena nossa, podia ser que nunca mais cá voltassem!

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Art 101 or the world's worst comic

The Jonkers
This is (not) a magazine; 2007

As revistas "artsy-fartsy" também sabem se divertir. Por exemplo, a italiana This is (not) a magazine criou uma extensão da sua antologia Who I think I Am como um mini-comic que se meteram a distribuir gratuitamente pelo globo fora - assim mesmo, aleatóriamente... tanto que chegou cá a Portugal via Matéria Prima.
É um livrinho A7 muito bem impresso cheio de desenhos feitos como se fossem de "leigos", daqueles que podemos encontrar por detrás da porta da WC público ou num caderno de um puto qualquer do básico ou do secundário que curte "trash". De bd nada têm - sem querer ser conservador - tirando um imaginário de desenho naif de quem quer desenhar uma bd comercial qualquer, e uma paginação que se pretende narrativa / com separação de vinhetas.
Não deixa de ser uma boa prenda (gratis) para quem for à loja de Lisboa...  a do Porto não sei se também tem esta publicação - e para quem não sabe a Matéria Prima está nestas duas cidades, na Rua da Rosa (Bairro Alto) e no Artes e Partes (Porto).

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Se ensinassem Grindcore na escola, aprendíamos mais rápido...

- Pedra, vocalista de Grog dixit num concerto recente no Ponto de Encontro (Cacilhas)



Dynamite: Onward future (Trapp; 2004)
v/a: A FlorCaveira apresenta o Advento (FlorCaveira / MBari; 2008)

Dois discos de Inverno e Inferno, muito próximos um do outro, pelos Folks que tocam em cerca de 30 minutos cada. O primeiro vindo do Canadá pelos artistas Tyler Brett e Tony Romano que tocam e ilustram o livrinho do CD é um produto sofisticado na produção. Começa com passarinhos a fazer o que os passarinhos sabem fazer melhor num registo áudio. Depois um Drone aproxima-se e come os passarinhos! Não, não, nada disso, depois vão aparecendo vozes e um ambiente deprimente entre o Goth e o Folk, ou melhor, quase Dark Folk feito de passos lentos (na neve?) enquanto as faces vão queimando com o gelo. Um disco de sofá e chá, simpático e para todas as idades de Nick Drakes, Leonard Cohens, Current 93's e Prunes... Com 35 anos, pelos vistos, estou a desacelerar na rapidze na música e a apreciar mesmo este tipo de coisas... nunca pensei!
A FlorCaveira está na moda, conseguiu romper as fronteiras do anonimato e a família cresceu - já há católicos e pagões no seio (no seio) no seio do, da... família ou melhor no seio do Tiago Guillul que agora tem montes de gajos para aturar... É bom não estar sozinho, é bom fazer um álbum de Natal com o Apocalipse como fantasma, é bom comemorar um ano intenso de actividade sem estar com a família real... mas ter apenas um "paz melódica" como registo é que não! Nada de Grindcore, nada de «panque roque do senhor» só baladinhas de «panque medieval». Este é um álbum de síntese da matéria dada: gravado no "ló-fai" caseiro como nunca antes em Portugal o tenha conseguido fazer de forma inteligente mas sabe a pouco para quem conheça bem o potencial da FlorCaveira. O Guillul agora deverá ter cuidado com o que faz, já começa a ficar longe os tempos em que a edição de CD-R's serviam apenas como um objecto de divulgação. Os holofotes do Diabo espreitam à espera do erro deste guerrilheiro cristão e ele terá de ser ainda mais severo na sua Caminhada. Primeiro, deverá pensar que as futuras edições tem de ter um teor definitivo - que um disco não é um apanhado de faixas ou de músicas em "work-in-progress". A Deus-Pop assim obriga caso contrário hoje não poderíamos adorar os Heróis do Mar ou o António Variações se não houvesse músicas "definitivas" - e mesmo para uma colectânea, este disco paarece uma manta-de-retalhos. Segundo, irá a FlorCaveira amansar? Já amansou? Esperava mais deste disco que reúne tanta gente (dos Pontos Negros ao reciclado Jorge Cruz, do Samuel Úria ao Manuel Fúria) e que finalmente tem uma capa "deluxe" feita por um certo escroque (na pior tradição FlorCaveira não encontrei a imagem completa, o que vêm é um excerto). Parece haver uma sintonia nesta comunidade (o "cantautorismo", o "lou-fai" e a demanda da melodia) mas pouco ou nada haver com um certo passado (sim cliquem no hiper-texto!) que achava bastante mais saudável de co-existência. Não me digam que aquela história dos 30 dinheiros é verdade... Bring the noise!

Kiitos à Kristiina Kolehmainen pelo disco dos Dynamite. Um saravá ao Tiago Guillul pelo segundo disco... Um saravá!?

terça-feira, 18 de novembro de 2008

São todos uns Coimbrões!

«Coimbra tem mais encanto na hora da despedida (...) Coimbra é um caixão!» cantavam os Enapá 2000 num concerto qualquer nos anos 90. Realmente se há cidade deprimente em Portugal é Coimbra - até Peniche ou Vila Nova de Famalicão parecem sítios optimistas. E Coina sempre tem um nome mais simpático!
A Feira Laica na Casa da Esquina foi um desastre como só podia acontecer numa cidade como Coimbra onde os bares tem nomes como "Abismo" ou "Buraco Negro", onde a hipocrisia é alta mas as bebidas brancas são baratas (por 700 paus na altura dava direito a 6 Vodkas no Buraco Negro), onde todas as noites gajos de batinas choram e vomitam quase ao mesmo tempo, onde a cultura não é um valor necessário - aliás, a CCC tirou as suas edições da livraria do Centro de Artes Plásticas de Coimbra porque há anos que eles não vendem nada, por outro lado e porque também estamos a acabar com a venda à consignação, será a Dr. Kartoon e a XM que irão manter-se a vender os nossos livros na "Cidade do Conhecimento"... Menos mal!
Nem a malta do Espaço - Centro de Desastres (lembram-se nos Anjos?) era tão preguiçosa e mitra como a Casa da Esquina que convidaram e co-organizaram a Feira Laica a fazer lá uma edição mas que pouco fizeram e muitos problemas colocaram - situações manhosas que não adianta aqui lavar a roupa suja, serve este "post" para chamar atenção, cuidado com os coimbrões! São arrogantes, preguiçosos e saloios. Nem a segunda mão (um dos eternos sucessos da Feira Laica) compram de tão vaidosos que são.
Por falar nisso, ainda tive de aturar a Teresa Câmara Pestana a destilar o seu veneno ridículo. Apareceu com o primeiro número da nova série do Gambuzine - agora em formato de antologia anual, pálido produto dos seus tempos gloriosos da primeira série, e já com acólitos e seguidores da sua editora. Safa-se duas boas bd's, uma impressionante de Ulli Lust sobre crianças na guerra (o efeito de substituir crianças africanas por "europeias" é espantoso! pode ser vista aqui) e a bd autobiográfica da Pestana que relata um episódio dos seus tempos de "Deutsch squating punx". A autora como pessoa é uma velhaca e uma víbora de primeira mas quando quer sabe o que faz, com talento gráfico e sensibilidade desarmante.
Kiitos e pedidos de desculpas aos editores arrastados para este fiasco: a malta do Alçapão, ao Lucas Malucas, os Hülülülüs e as suomi-girls Anna Kaisa Laine e Tiito Takalo.
Finito: Coimbra é um caixão! Mal enterrado...

domingo, 16 de novembro de 2008

ccc@cinanima.2008


Edições da CCC e associados estão à venda durante o evento - livros e zines que tenham autores ligados à animação como Filipe Abranches, Janus, Pedro Brito,... - e Marcos Farrajota deu um workshop de bd ligado à autobiografia e auto-edição com um motivado grupo de 16 pessoas - a fotografia embaixo não engana a vontade de doutrinação Pekar. O workshop correu bem - embora tenha sido impossível realizar um zine por falta de tempo -, a organização foi super-simpática e eficiente, Espinho é uma cidade curiosa (as ruas não tem nomes mas sim números) com uma qualidade de vida visível - apesar do primeiro cidadão que encontrei na cidade foi um junkie que tinha uma cruz tatuada no meio da testa. O penoso foi ver os filmes de animação!


Não se percebe como pessoas e organizações gastam tanto dinheiro e tempo (e a animação é daquelas coisas bem caras!) para fazer tretas! É que 99% dos filmes são absolutamente horríveis! Se na bd existe a "bedófilia" que tem ser combatida, no cinema de animação nem sei o que lhe chamar. Ora são filmes de humor de casca de banana (versão upgrade da Teoria do Caos/Efeito Borboleta) ou então são clichés de pretensiosismos feitos por Góticos arrependidos. Salvam-se a divertida escatologia de Bill Plymton (com a curta Hot Dog e a longa vencedora Idiots & Angels), o inacreditável filme Muto de Blu, o inteligente Skhizein de Jérémy Clapin e o interessante Januário e a Guerra do camarada Ruivo - que não foi por acaso que foram todos premiados. O resto das sessões que assisti foi de perder a paciência. Para quem acha que a bd é uma arte menor, devia começar a ler alguns livros que andam por aí mas sobretudo deverá evitar o cinema de animação a todo o custo, especialmente a produção portuguesa! A sério...

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Murder can be fun #20

John Marr; 2007
Um clássico dos fanzines norte-americanos que apareceu no auge da cena zinista (final dos anos 80 e 90) e ao que parece este #20 o seu último número, em que o editor/escritor John Marr compila uma série de artigos antigos que sairam noutros zines ou revistas ou sites (que o autor nem se lembra). 
A temática é o Crime e mortes estúpidas, escritas com todo o sarcasmo típico norte-americano. Divertido de ler os artigos sobre as mortes ocorridas na Disneylândia, sobre o que se deve e não se deve fazer nos raptos (do ponto de vista do criminoso, claro) ou sobre uma organização do tipo de "alcóolicos anónimos" dedicada a vítimas de ritos satânicos. Um "must" que encontrei na banca das vendas da Feira de Almada - afinal sempre há mais qualquer coisa para comprar naquela treta...

terça-feira, 11 de novembro de 2008

FEIRA LAICA EM COIMBRA

Cartaz da Mulher Bala

A Feira Laica é um projecto vivo e multifacetado:partindo de uma lógica de espaço de comércio cultural alternativo e justo, tem dado visibilidade a inúmeros editores independentes, artistas gráficos e artesãos e promovido diversos eventos geradores (exposições de artes gráficas, workshops de serigrafia, concertos, publicações).
Ao longo de 9 edições, em Lisboa, Oeiras, Seixal e Porto, a Feira Laica tem assumido um lugar improvável na vida cultural portuguesa enquanto espaço de encontro entre os criadores e o público, numa lógica que permite a aquisição de bens culturais e criações artísticas ou artesanais, sem a existência de intermediários.
A feira é organizada por um pequeno grupo informal de editores e criadores que funcionam como foco galvanizador de uma comunidade criativa muito mais abrangente. A Feira vai agora a Coimbra, a convite da Associação Casa da Esquina, com um leque de actividades que dá grande destaque à animação infantil, para além da habitual oferta de comércio cultural justo: edições independentes, ilustração, artesanato urbano, 2ª mão, serigrafia.
Nesta edição haverá uma mostra de filmes de animação feitos por Lili Carré (EUA), Aapo Rapi (Fi) do colectivo Kuti Kuti, Piirustus Kerho (Fi), Bendik Kaltenborn (No), Nicolas Mahler (At), Goran Titol (Pt), os colectivos Inguine (It) e Le Dernier Cri (Fr).
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Editores que estarão presentes: Associação Chili Com Carne, MMMNNNRRRG, Imprensa Canalha, fanzine Alçapão, as autoras finlandesas Anna Kaisa Laine e Tiitu Takalo, Via Óptima, Hülülülü e Opuntia Books.
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Novidades editoriais:
- Até que a morte nos separe (Hülülülü), de Ricardo Martins;

domingo, 9 de novembro de 2008

Punk'zines not dead!

Riot Not Quiet! #1/2 (R.G. + J.A.; Jun'07/Jun'08)
Ou os fanzines sempre andaram por aí (e não desapareceram nos últimos 10 anos) ou então está haver um "fanzine revival". Eis que lá apanhei os dois números do RNQ dedicado ao Punk/Hardcore na Feira de Fanzines de Almada - evento a decorrer até 15 de Novembro.
O primeiro número é no formato A4, o segundo A5 (claro), fotocópia manhosa (pois...), entrevistas a bandas, críticas e textos - a maior parte redundantes, sendo os mais interessantes os de opinião. Mas alguém já deve ter apercebido que ler no papel é mesmo muito mais agradável do que num monitor, mas ainda não perceberam que devem ser mais "formativos" do que "informativos". Falta mais audácia e trabalho (anunciar uma bd de uma página, como acontece no #2, sabe a pouco!) para ser mais "riot" ainda quando oferecem CD-R's com bandas que estão representadas no fanzine, sejam contemporâneos como Simbiose ou os Adorno (onde pára o camarada Ricardo "Lobster") seja de stars punks (Operation Ivy ou Bikini Kill), mega-stars (Police) pirateados assim mesmo sem medos! Grande misturada que até têm os eXtintos X-Acto que ainda hoje gostaria de perceber porque raios tiveram tanto impacto sendo uma das bandas mais horríveis que já ouvi na minha vida.
É porreira, a capa do CD-R do segundo número (vejam no myspace) - um desenho da R.G. que assina as bd's? Ah! No primeiro aparece uma bd que adapta TV Party dos Black Flag. Bem, pá! Não fiquem calmos, pá! Saltem lá com o terceiro número, pá!

Beat Motel #8 (Beat Motel / Corndog; Ago'98)

Beat Motel é um fanzine Punk/Core inglês dedicado a 90% à música e com todos os clichés de um fanzine do género: A5 preto e branco fotocopiado, resenhas a discos, zines, livros e concertos, entrevistas a bandas, "scene-reports" (neste número sobre a cena Hardcore na Indonésia - que por acaso já sabia que é uma das maiores do mundo) e textos variados - neste número dedicado ao "Nacionalismo" com vários escritores de outros fanzines a darem o seu contributo.
Para quem pensava que na sociedade da hiper-informação virtual que objectos editoriais como este já não existiam, engane-se... Não será por acaso que o editor anuncia o projecto como «80 páginas, 67 resenhas a zines, 142 resenhas de CD's, 10 de concertos, 18 escritores e 69,400 palavras» (resta saber se é com espaços ou sem espaços entre as palavras). A hiper-informação continua mas fotocopiada em gloriosa tecnologia retro e que proporciona bons momentos de leitura mesmo quando algum do conteúdo chega a ser vulgar ou aborrecido. Infelizmente em termos gráficos o fanzine é um bocado pobre apesar de prometer imenso com a capa porreira de Joel Millerchip, pelos vistos não é só em Portugal que os ilustradores são mal-usados.
O editor deste fanzine, o simpático Andrew Culture, é um activista Punk na cidade de Ipwich onde edita e distribui zines, organiza concertos, toca numa banda (creio) e ainda tem tempo para escrever alguns mini-zines como A Multi Story Tale of a NCP Carpark Nightmare (Corndog; Abr'08) - formato A6, 16 páginas - sobre uma infeliz noite em que Andrew ficou fechado num parque de carros (aquels silos de vários andares) numa zona violenta de Londres.


Arredores (zine; Jan'07)

Formato A5 fotocopiado às três pancadas com imagens mal digitalizadas e entrevistas repetitivas a skins e punks... Só falta um apartado manhoso para a Reboleira ou Alfragide mas não, temos como contacto um e-mail: pcc_arredores@sapo.pt Fixe e avanti!
A produção de objectos culturais nos finais dos anos 90 sofreram uma mudança gradual da substituição do formato físico para o virtual. Os fanzines passaram para sites (e blogues), as demo-tapes para CD-R's e agora o famoso myspace.com... Os amontoados de fotocópias que tivessem um caractér informativo (ou seja, mesmo fanzines) quase que desapareceram - ficaram sobretudo os zines dedicados à arte e criação (zines, livros de autor, micro-edição). Mas pelos vistos ainda há malta com um pancada anacrónica e é com gosto que li o número zero do Arredores que não só entrevista aos organizadores AEZ e aos Brixton Cats (ambos de França) como entrevista o rapper Biru - dos The Shadow Lights - mostrando que quem gosta mesmo da cultura de rua não tem preconceitos com os géneros de música. Espero que continuem!

Palmadas!

A Feira Internacional do Fanzine de Almada regressou esta Sexta-Feira com um formalismo inacreditável só possível para quem ainda acha que a "k7 estalinista" deve ser usada para um evento "alternativo". Ele foi banda de música medieval (I shit you not!) que tocou e levou o público para a sala onde está a mostra dos fanzines, ele foi vereador a dar um discurso armado em jovem (usou cerca de 16 "pá" na sua oratória penosa), ... um fartote!
Regressado (felizmente) à Casa Municipal da Juventude – Ponto de Encontro, ficará lá até 15 de Novembro, uma mostra de zines recebidos este ano (poucos), alguns de edições passadas (sem critério de escolha) e algumas colecções (privadas?), entre elas uma de fanzines sobre Metal - fabuloso um título com uma entrevista ao Fernando Ribeiro dos Moonspell ainda com carinha de puto! Só por isso vale a pena ir lá!
A Chili Com Carne esteve nos primeiros dois dias com uma banca do seu catálogo, associados e amigos internacionais. Ficou uma selecção de títulos na banca de vendas da organização, a cargo do fanzine Riot Not Quiet!
Sem querer poderão encontrar Anna Kaisa Laine, autora/editora anarco-femininista finlandesa que deve ter pensado que este evento era algo genuíno e não uma chachada feita por autarcas cinzentos - apesar de achar a "sala de leitura" um verdadeiro mimo retro-lounge, ainda por cima com o rio Tejo como vista. A CCC comprou-lhe alguns exemplares de The Garden Sketchbook (Atlantic Press; 2007), um belo livrinho ilustrado (pela autora e escrito pela inglesa Emma Wills) sobre jardinagem - inclui um saco com sementes de flores.
Continuando com a treta da Feira de Almada, a programação é absolutamente desanimadora, provavelmente desenvolvida pelo pior tecnocracismo dos dias de hoje que são os departamentos de juventude das câmaras municipais. Não se encontra nada relacionado com zines ou edição independente (nem uma conferência? um workshop? um lançamento?). Não houve uma ponta de esforço para captar qualquer espírito DIY ou similar... Ficará o catálogo das publicações, o FanCatalog 2008, um fanzine fotocopiado em A5 com os contactos dos zines representados que só tem uma graça: ao lado das capas dos zines está a reprodução dos envelopes que os transportaram. Dado as ligações (antigas) dos zines à mail-art e a forma caótica e reciclada que os zinistas usam os envelopes esta foi sem dúvida uma ideia gira - ou a única!
Ontem deve ter sido a melhor noite de concertos porque tocaram a xungaria do Metal, com nomes lindos como Vizir (os Enapá 2000 do Grind?) e os Filii Nigrantium Infernalium (o Batatinha e Cia do Black Metal?).