quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Last Hours #17

Last Hours; Verão 2008
A Inglaterra pode ser uma ilha muita javardona do Atlântico mas há várias que os seus "habitantes-fuínhas" sabem fazer bem. Uma delas são revistas!
Como é o caso do zine Last Hours que trata da cultura Punk e DIY. Apesar do formato editorial não ser muito diferente de outras revistas e zines, ou seja, vários artigos, entrevistas a bandas como os Subhumans, resenhas críticas a discos, livros e concertos; o seu formato 28x19cm torna-a logo diferente e atraente. Neste número dedicam-se à "ilustração radical" sendo a edição quase toda ilustrada (só as resenha de concertos é que não são) e preenchida por artigos como fazer zines, sobre a história dos cartazes (e como colocá-los sem ser apanhado - práctico para estes dias de limpeza de Lisboa), sobre a ilustração no Rock, sobre o zine Savage Messiah, as polémicas bd's sul-africanas do Bitter Komix, Alan Moore, Nikki McClure, que já são razões mais do que suficientes para querer espreitar este zine. O bom grafismo e agradável paginação fazem querer comprá-la.
Adquiri durante a Feira Anarquista e suponho que o nosso distribuidor inglês, Corndog, consiga arranjar.

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Zines na Laica

Durante a última Laica apareceram alguns zines novos, assim como cogumelos... ou pelos menos vi-os pela primeira vez! Bem, o primeiro foi mesmo feito de propósito: Pito de Cão #2 (Manuel Leitão; 2008) que começou como uma piada para arreliar um certo Canalha e que pelos vistos é para continuar... Desta vez o autor propõe a existência de cemitérios virtuais para cãezinhos e respectivos donos. Acho, não se percebe bem o que se quer por estas bandas. Mas o Sr. Leitão podia melhorar todo o zine já que pretende fazer mais que uma brincadeira. Grátis - como consegui-lo? não se bem mas tenho aqui um exemplar para quem quiser...
O [R]eject'zine #2 e meio (Zarzanga; Dez'08) é um zine da Andreia Rechena que publica os seus trabalhos e de outros que tenham sido rejeitados. Uma ideia gira como conceito - ideia não muita nova, já o fazia nos tempos fotocopiados do Mesinha de Cabeceira com uma secção dedicada a tais trabalhos inglórios. Apesar de ser o número menos rico a nível de acompanhamentos (noutros números foram oferecidos cartazes, autocolantes, k7's misteriosas e CD-R's) parece ser o número mais estável a nível gráfico. Seria bom ver a Rechena a partir para mais vôos depois de despachar os seus "rejeitados".

Znok #1 (Filipe Duarte; Dez'08) é um zine de bd que tem uma ideia dela mais "comercial" do que "alternativa" mas que parece ter a sua importância para quem o faz - dado ao estado amorfo da bd portuguesa em geral. Alguns erros de edição ou das próprias das bd's poderão ser corrigidos de futuro, embora o autor já tenha técnica e uma noção do que pretende fazer a julgar pelas 20 páginas A5 que compoem o zine. De longe do meu agrado a nível temático e estético, fico feliz (deve ser desta época feliz-à-força do natalixo!) que publicações desta apareçam. Por muito económico que seja o blogue, o myspace ou o Deviantart ou seja o que for, nada melhor que o papel para fazer a prova dos nove aos novos autores. E nada melhor que ver um autor a esforçar-se a deitar cá trabalho no país dos piegas, invejosos e passivos. Amém!

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Os Frescos da Aldeia das Amoreiras

Centro de Convergência
GAIA; 2008


Estiveram na Laica de forma tímida e só tinham um livro para vender. Livro todo a cores, bilingue (português/inglês) e com muito bom aspecto que documenta o «projecto "BD a Fresco", idealizado por Sara Serrão, neste Verão. A iniciativa "ousou" colorir paredes de uma aldeia alentejana, despegando a bd do papel para mostrá-la em grande formato, bem como repegar a técnica tradicional e duradoira da pintura mural a fresco. O texto da bd foi baseado numa adaptação de uma poesia popular alentejana. O processo de produção contou com participações de vários jovens voluntários de Portugal, Bélgica, França e Eslovénia.»
Acima de tudo, o que o livro nos mostra é como se pode fazer um projecto com uma comunidade rural de forma artística digna sem impor uma vontade alheia e mantendo uma postura ecológica positiva. Longe de oportunismos dos "Artistas do Regime" aliada aos Selvagens dos Autarcas que infelizmente tem destruído a paisagem portuguesa.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Mitra sound baby 2

Segunda semana do Furacão e mais umas surpresas porreiras da edição nacional alternativa!

A começar pelos Löbo e o seu CD-R de apresentação Dânaca (ed. autor; 2008) com um tema apenas de 16m. Tocaram numa noite do Mitra mostrando que vão pelos ambientes Neo-Doom recentemente popularizados pelos Earth e Sunn0))) e pelas superfícies planantes (da treta) do Post Metal. A vantagem dos Löbo é que não dão tretas como temos assistido às milhares de bandas instrumentais que tem aparecido - portuguesas ou não. Aqui a estória é outra, a cena é mesmo para ser "Dark Attack" sem tretas pseudo-sensíveis da moda e secas monumentais. E ainda por cima gravaram bem a música. A acompanhar, sem sombras de dúvida!
Um dos elementos dos Löbo, o baterista, faz parte dos The Youths, banda punkoíde que tem um EP vinil 7" ntitulado Generationless (Regulator + SxHxOx; 2007). São cinco músicas abrir de Punk / Core cheio de energia, energia essa que me passa ao lado porque há anos que não consigo ouvir as infinitas variações autofágicas do Punk e Hardcore. É nitidamente "teeny-boopy" em que conseguem dizer barbaridades não lá muito pensadas, como por exemplo, na música Suicide City que se refere a Lisboa (uma das mais belas cidades da Europa embora seja verdade que lhe falte o "verde") dizem que as miúdas de Lx são feias - tentem Coimbra ou Peniche para ver o que são chavalas feias, seus idiotitas! E já agora, a cidade portuguesa com maior taxa de suicídios é Setúbal... de onde são os Löbo! «Sorry, but no cigar!» mas ao menos a banda não tem aquela voz merdosa de gata com o cio como a dos Vicious 5. Falta dizer que a poderosa capa e design do disco é da autoria de Manuel Donada, que participou na colectiva Furacão Mitra e é baterista dos "muy" divertidos Grabba Grabba Tape. Já sabem, não julguem um disco pela capa...

Na edição natalixa da Feira Laica (a finalizar o Furacão Mitra) apareceu mais uma nova produção do Filipe Leote desta vez com um CD-R intitulado Radio CD (F.Leote; 2008) que oferecia um... rádio! Exacto, nestes estranhos dias em que a música se desmaterializa a olhos vistos, também há o caminho inverso, ou seja, quem estime o objecto raro (como uma obra de arte massificada ou não). Daí que o vinil esteja a voltar ou alguns CD's tenham embalagens cada vez mais extravagantes. Neste caso, o gozo é outro, Leote pegou em vários rádios que recebeu (?) e gravou um CD-R de 25m com uma colagem de várias peças envolta da rádio, a maior parte delas vindas da revista sobre multimedia, Resonance, mas também de outras fontes como os Negativland. De forma geral, soa aquilo o que se espera do tema, transmissões de rádio a serem saltitadas intercaladas com sons de interferência num típico jogo de experimentação sónica não muito radical. O rádio que me fez comprar o CD-R é bem giro. O Sr. Leote já fez melhor...

Para acabar, as edições da Skinpin Records que também apareceram na Laica. São CD-R's com capa impressa e geralmente ilustradas - como deveria ser regra de ouro em todas as edições fonográficas. Apneia (2008) é dos Musgo uma dupla - pelo menos até este disco gravado em 2006, acho que agora já são um trio. Dizia, que é uma dupla que faz música ambiental dronesca usando muita electrónica mas também analógico e orgânico como por exemplo uma bateria. Há algo de aquático nestes sons que flutuam pelos 50 e tal minutos de duração. Depois de ouvir a nada desagradável música, pouco fica na cabeça. Porque será? Fica a capa que talvez por nada ter haver com água seja mais memorável...

Os Ideas for Muscles lançaram o segundo "opus" intitulado Misuse of muscle's appliance (2008 - edição online pela Merzbau) que mais uma vez tem uma excelente capa de Paulo Bento. Nas notas de imprensa que fui encontrando dizem que os IFM neste disco decidiram inverter o processo do primeiro EP, ou seja, sujar as "músicas-canções" - apesar desse EP estar cá incluído. Mais caótico? Sem dúvida. Melhorou? Apesar de tudo não consigo detectar diferenças - seja como for a banda já é "melhor" do que a maior parte das porras que andam por aí. Até os títulos das músicas são fixes: Hostage's dialect ou Hands off my booze motherfucker! (que lembra os "nipo-homeless" Ultra Bidé). Fuck Portugal I got Ideas but Mitra's over!

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Feira Mitra AMANHÃ!!!

[cartaz de Luís Henriques]

Vai haver uma Feira Laica AMANHÃ durante o evento Furacão Mitra.
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Editores presentes:
Averno, fanzine Alçapão - fanzine de arquitectura dura, Associação Chili Com Carne, jornal Coice de Mula, discos F.Leote, GAIA - Centro de Convergência, fanzine O Hábito Faz o Monstro, Imprensa Canalha, Mike Goes West, MMMNNNRRRG (com o autor norte-americano Mike Diana), Opuntia Books, Os Gajos da Mula, [R]eject'zine, Serrote (com a autora Maria João Worm), Thisco e Via Óptima.
...
Novidades Editoriais:
- Blues Control
de Pedro Lourenço (Imprensa Canalha);
- Dois cartazes da colecção Checkpoint de Mike Diana (Mike Goes West)
- Desenho de André Lemos e Luís Henriques em serigrafia (Mike Goes West)
- Embroidered Muscles de André Lemos (Opuntia Books)
- Colecção de Postais, vários autores (Os Gajos da Mula)
- Puta prateada, de Jucifer, col. Comércio Tradicional (Mike Goes West)

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Há males que vêm por bem

O Mike Diana cehegava a Lisboa na Terça-Feira às 8h10. Cheguei lá às 8h, o monitor avisava que o avião já tinha chegado - «espero que ele não tenha já saído!»... qual quê, duas horas e meia depois aparece o Diana com uma mala pequena numa mão e um papel A4 noutra - «they lost my other bag». E com isso a exposição SUGARFANG a inaugurar no Furacão Mitra na Quarta-Feira passada. E nos dias dos "low-costs" pouco interessa se o passageiro fique dois dias sem a sua bagagem, afinal as pessoas alimentam-se de ar e sol... Só dois dias depois é que Diana recebeu a bagagem que também incluia uma série de livros e DVD's de sua criação. Então e o que aconteceu no dia da inauguração?
A organização fez impressões de algumas bd's suas, pediram originais de privados, Diana pegou na tinta branca e pintou em cartões pretos que havia para lá. Ninguém reparou no problema... porque deixou de haver problema! Apesar de improvisada era uma exposição!
Na brincadeira fala-se que tiveram duas exposições e que a "actual" patente até dia 20 é a "Superfang II". Quem pensava que o Furacão seria só para visitar uma vez, engana-se... Vale a pena regressar ao Mitra!

Outra surpresa (esta mais positiva sem dúvida!) foram os mini-zines que o brasileiro Fábio Zimbres enviou para oferecer/trocar/vender - muito sinceramente, aproveitem antes que esgotem!
São vários mini-zines de 16 páginas A6 retirados de diários de viagem do autor com pedaços da vida, alucinações a darem linguados ao brutismo, mutantes vaidosos e muitos aviões pelo Brasil e América do Sul. No fim de contas há várias formas de estar num avião... desde que a mala não esteja sempre a desaparecer.

domingo, 14 de dezembro de 2008

are u mitra enough?



::10 a 20 de Dezembro na INTERPRESS::
Rua Luz Soriano, 67 Bairro Alto

aberto de 4ª Feira a Sábado, entre as 19h e as 24h
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ccc@estremoz.2008


Lá estaremos com os nossos livros e com um workshop de bd a realizar no dia 4 por Marcos Farrajota.

sábado, 29 de novembro de 2008

Whatta waste of time, pá!

Waste Disposal Machine: Interference (Thisco / White Zone; 2008)

Em Portugal se há género que sempre esteve bem representado é o chamado "industrial": dos projectos pré-Mão Morta aos Bizarra Locomotiva, dos Industrial Metal Machine aos Mécanosphère, dos Hospital Psiquiátrico aos cyber-metaleiros dos D'Evil Leech Project, todos eles tem se mostrado uma qualidade superior do que outros géneros mais populares como o Punk ou o Metal. Longe do Industrial da rebarbadora e martelo pneumático e longe de serem originais - embora tenham tenham alguns momentos exceptionais - alguns casos não podiam estar lado a lado com o melhor que se faz lá fora.
Entretanto entraram em cena estes W.D.M. - e regressa a Thisco às edições, finalmente! - que não se ouve com pena, pelo contrário, porque mantêm alguma tradição de qualidade do género alguns temas. I sing the body electric ou Girl within the motorcycle tem carisma e força de "hit-singles" para pistas de dança Dark se em Portugal houvesse alguma com interesse. Mas não temos, infelizmente, nos dias maiores do mongolismo Gótico que são os dias de hoje, as discotecas especializadas são tudo uma paneleirada EBM que não há cu! [paneleirada EBM que não há cu!? que imagem vulgar!] Mas não é pelo facto de não haver uma cena que alguém (ou uma banda) não deverá deixar de criar e editar.
Estamos no domínio do Tanz-Metal (termo inventado para definir os Rammstein) e do Electro-Rock, muito KMFDM mas sem a ousadia das partes Black da coisa (ou seja o Reggae, Dub e Drum'n'Bass) nem a parte White - o ruído mortal para se possa mesmo de falar de Industrial, aliás só nas "faixas-extra" que são remisturados dois dos melhores temas que teremos algum "noise" como acontece com a remistura de Urb, por exemplo. Não sei o que uma banda destas poderá pretender fazer cá em Portugal - acho sempre estranho as letras escritas e cantadas em inglês - mas nesse caso vamos lá recapitular o que não se deve fazer: 1) não colocar uma introdução manhosa de um tipo a recitar um manual de instruções que passados 5 segundos topa-se que é um 'tuga com problemas de pronúncia; 2) não publicar fotos dos membros da banda com gravatas e rimel nos olhos porque é ordinário e os elementos não ficam nada mais atraentes ; 3) não usar como capa uma fotografia de uma fábrica abandonada com várias televisões abandonadas porque já vimos isso mais vezes e porque não ilustra o nome do álbum que é "interferência"... Foi por este tipo de erros que os Blind Zero não foram lá para fora, com muita pena nossa, podia ser que nunca mais cá voltassem!

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Art 101 or the world's worst comic

The Jonkers
This is (not) a magazine; 2007

As revistas "artsy-fartsy" também sabem se divertir. Por exemplo, a italiana This is (not) a magazine criou uma extensão da sua antologia Who I think I Am como um mini-comic que se meteram a distribuir gratuitamente pelo globo fora - assim mesmo, aleatóriamente... tanto que chegou cá a Portugal via Matéria Prima.
É um livrinho A7 muito bem impresso cheio de desenhos feitos como se fossem de "leigos", daqueles que podemos encontrar por detrás da porta da WC público ou num caderno de um puto qualquer do básico ou do secundário que curte "trash". De bd nada têm - sem querer ser conservador - tirando um imaginário de desenho naif de quem quer desenhar uma bd comercial qualquer, e uma paginação que se pretende narrativa / com separação de vinhetas.
Não deixa de ser uma boa prenda (gratis) para quem for à loja de Lisboa...  a do Porto não sei se também tem esta publicação - e para quem não sabe a Matéria Prima está nestas duas cidades, na Rua da Rosa (Bairro Alto) e no Artes e Partes (Porto).

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Se ensinassem Grindcore na escola, aprendíamos mais rápido...

- Pedra, vocalista de Grog dixit num concerto recente no Ponto de Encontro (Cacilhas)



Dynamite: Onward future (Trapp; 2004)
v/a: A FlorCaveira apresenta o Advento (FlorCaveira / MBari; 2008)

Dois discos de Inverno e Inferno, muito próximos um do outro, pelos Folks que tocam em cerca de 30 minutos cada. O primeiro vindo do Canadá pelos artistas Tyler Brett e Tony Romano que tocam e ilustram o livrinho do CD é um produto sofisticado na produção. Começa com passarinhos a fazer o que os passarinhos sabem fazer melhor num registo áudio. Depois um Drone aproxima-se e come os passarinhos! Não, não, nada disso, depois vão aparecendo vozes e um ambiente deprimente entre o Goth e o Folk, ou melhor, quase Dark Folk feito de passos lentos (na neve?) enquanto as faces vão queimando com o gelo. Um disco de sofá e chá, simpático e para todas as idades de Nick Drakes, Leonard Cohens, Current 93's e Prunes... Com 35 anos, pelos vistos, estou a desacelerar na rapidze na música e a apreciar mesmo este tipo de coisas... nunca pensei!
A FlorCaveira está na moda, conseguiu romper as fronteiras do anonimato e a família cresceu - já há católicos e pagões no seio (no seio) no seio do, da... família ou melhor no seio do Tiago Guillul que agora tem montes de gajos para aturar... É bom não estar sozinho, é bom fazer um álbum de Natal com o Apocalipse como fantasma, é bom comemorar um ano intenso de actividade sem estar com a família real... mas ter apenas um "paz melódica" como registo é que não! Nada de Grindcore, nada de «panque roque do senhor» só baladinhas de «panque medieval». Este é um álbum de síntese da matéria dada: gravado no "ló-fai" caseiro como nunca antes em Portugal o tenha conseguido fazer de forma inteligente mas sabe a pouco para quem conheça bem o potencial da FlorCaveira. O Guillul agora deverá ter cuidado com o que faz, já começa a ficar longe os tempos em que a edição de CD-R's serviam apenas como um objecto de divulgação. Os holofotes do Diabo espreitam à espera do erro deste guerrilheiro cristão e ele terá de ser ainda mais severo na sua Caminhada. Primeiro, deverá pensar que as futuras edições tem de ter um teor definitivo - que um disco não é um apanhado de faixas ou de músicas em "work-in-progress". A Deus-Pop assim obriga caso contrário hoje não poderíamos adorar os Heróis do Mar ou o António Variações se não houvesse músicas "definitivas" - e mesmo para uma colectânea, este disco paarece uma manta-de-retalhos. Segundo, irá a FlorCaveira amansar? Já amansou? Esperava mais deste disco que reúne tanta gente (dos Pontos Negros ao reciclado Jorge Cruz, do Samuel Úria ao Manuel Fúria) e que finalmente tem uma capa "deluxe" feita por um certo escroque (na pior tradição FlorCaveira não encontrei a imagem completa, o que vêm é um excerto). Parece haver uma sintonia nesta comunidade (o "cantautorismo", o "lou-fai" e a demanda da melodia) mas pouco ou nada haver com um certo passado (sim cliquem no hiper-texto!) que achava bastante mais saudável de co-existência. Não me digam que aquela história dos 30 dinheiros é verdade... Bring the noise!

Kiitos à Kristiina Kolehmainen pelo disco dos Dynamite. Um saravá ao Tiago Guillul pelo segundo disco... Um saravá!?

terça-feira, 18 de novembro de 2008

São todos uns Coimbrões!

«Coimbra tem mais encanto na hora da despedida (...) Coimbra é um caixão!» cantavam os Enapá 2000 num concerto qualquer nos anos 90. Realmente se há cidade deprimente em Portugal é Coimbra - até Peniche ou Vila Nova de Famalicão parecem sítios optimistas. E Coina sempre tem um nome mais simpático!
A Feira Laica na Casa da Esquina foi um desastre como só podia acontecer numa cidade como Coimbra onde os bares tem nomes como "Abismo" ou "Buraco Negro", onde a hipocrisia é alta mas as bebidas brancas são baratas (por 700 paus na altura dava direito a 6 Vodkas no Buraco Negro), onde todas as noites gajos de batinas choram e vomitam quase ao mesmo tempo, onde a cultura não é um valor necessário - aliás, a CCC tirou as suas edições da livraria do Centro de Artes Plásticas de Coimbra porque há anos que eles não vendem nada, por outro lado e porque também estamos a acabar com a venda à consignação, será a Dr. Kartoon e a XM que irão manter-se a vender os nossos livros na "Cidade do Conhecimento"... Menos mal!
Nem a malta do Espaço - Centro de Desastres (lembram-se nos Anjos?) era tão preguiçosa e mitra como a Casa da Esquina que convidaram e co-organizaram a Feira Laica a fazer lá uma edição mas que pouco fizeram e muitos problemas colocaram - situações manhosas que não adianta aqui lavar a roupa suja, serve este "post" para chamar atenção, cuidado com os coimbrões! São arrogantes, preguiçosos e saloios. Nem a segunda mão (um dos eternos sucessos da Feira Laica) compram de tão vaidosos que são.
Por falar nisso, ainda tive de aturar a Teresa Câmara Pestana a destilar o seu veneno ridículo. Apareceu com o primeiro número da nova série do Gambuzine - agora em formato de antologia anual, pálido produto dos seus tempos gloriosos da primeira série, e já com acólitos e seguidores da sua editora. Safa-se duas boas bd's, uma impressionante de Ulli Lust sobre crianças na guerra (o efeito de substituir crianças africanas por "europeias" é espantoso! pode ser vista aqui) e a bd autobiográfica da Pestana que relata um episódio dos seus tempos de "Deutsch squating punx". A autora como pessoa é uma velhaca e uma víbora de primeira mas quando quer sabe o que faz, com talento gráfico e sensibilidade desarmante.
Kiitos e pedidos de desculpas aos editores arrastados para este fiasco: a malta do Alçapão, ao Lucas Malucas, os Hülülülüs e as suomi-girls Anna Kaisa Laine e Tiito Takalo.
Finito: Coimbra é um caixão! Mal enterrado...

domingo, 16 de novembro de 2008

ccc@cinanima.2008


Edições da CCC e associados estão à venda durante o evento - livros e zines que tenham autores ligados à animação como Filipe Abranches, Janus, Pedro Brito,... - e Marcos Farrajota deu um workshop de bd ligado à autobiografia e auto-edição com um motivado grupo de 16 pessoas - a fotografia embaixo não engana a vontade de doutrinação Pekar. O workshop correu bem - embora tenha sido impossível realizar um zine por falta de tempo -, a organização foi super-simpática e eficiente, Espinho é uma cidade curiosa (as ruas não tem nomes mas sim números) com uma qualidade de vida visível - apesar do primeiro cidadão que encontrei na cidade foi um junkie que tinha uma cruz tatuada no meio da testa. O penoso foi ver os filmes de animação!


Não se percebe como pessoas e organizações gastam tanto dinheiro e tempo (e a animação é daquelas coisas bem caras!) para fazer tretas! É que 99% dos filmes são absolutamente horríveis! Se na bd existe a "bedófilia" que tem ser combatida, no cinema de animação nem sei o que lhe chamar. Ora são filmes de humor de casca de banana (versão upgrade da Teoria do Caos/Efeito Borboleta) ou então são clichés de pretensiosismos feitos por Góticos arrependidos. Salvam-se a divertida escatologia de Bill Plymton (com a curta Hot Dog e a longa vencedora Idiots & Angels), o inacreditável filme Muto de Blu, o inteligente Skhizein de Jérémy Clapin e o interessante Januário e a Guerra do camarada Ruivo - que não foi por acaso que foram todos premiados. O resto das sessões que assisti foi de perder a paciência. Para quem acha que a bd é uma arte menor, devia começar a ler alguns livros que andam por aí mas sobretudo deverá evitar o cinema de animação a todo o custo, especialmente a produção portuguesa! A sério...

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Murder can be fun #20

John Marr; 2007
Um clássico dos fanzines norte-americanos que apareceu no auge da cena zinista (final dos anos 80 e 90) e ao que parece este #20 o seu último número, em que o editor/escritor John Marr compila uma série de artigos antigos que sairam noutros zines ou revistas ou sites (que o autor nem se lembra). 
A temática é o Crime e mortes estúpidas, escritas com todo o sarcasmo típico norte-americano. Divertido de ler os artigos sobre as mortes ocorridas na Disneylândia, sobre o que se deve e não se deve fazer nos raptos (do ponto de vista do criminoso, claro) ou sobre uma organização do tipo de "alcóolicos anónimos" dedicada a vítimas de ritos satânicos. Um "must" que encontrei na banca das vendas da Feira de Almada - afinal sempre há mais qualquer coisa para comprar naquela treta...

terça-feira, 11 de novembro de 2008

FEIRA LAICA EM COIMBRA

Cartaz da Mulher Bala

A Feira Laica é um projecto vivo e multifacetado:partindo de uma lógica de espaço de comércio cultural alternativo e justo, tem dado visibilidade a inúmeros editores independentes, artistas gráficos e artesãos e promovido diversos eventos geradores (exposições de artes gráficas, workshops de serigrafia, concertos, publicações).
Ao longo de 9 edições, em Lisboa, Oeiras, Seixal e Porto, a Feira Laica tem assumido um lugar improvável na vida cultural portuguesa enquanto espaço de encontro entre os criadores e o público, numa lógica que permite a aquisição de bens culturais e criações artísticas ou artesanais, sem a existência de intermediários.
A feira é organizada por um pequeno grupo informal de editores e criadores que funcionam como foco galvanizador de uma comunidade criativa muito mais abrangente. A Feira vai agora a Coimbra, a convite da Associação Casa da Esquina, com um leque de actividades que dá grande destaque à animação infantil, para além da habitual oferta de comércio cultural justo: edições independentes, ilustração, artesanato urbano, 2ª mão, serigrafia.
Nesta edição haverá uma mostra de filmes de animação feitos por Lili Carré (EUA), Aapo Rapi (Fi) do colectivo Kuti Kuti, Piirustus Kerho (Fi), Bendik Kaltenborn (No), Nicolas Mahler (At), Goran Titol (Pt), os colectivos Inguine (It) e Le Dernier Cri (Fr).
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Editores que estarão presentes: Associação Chili Com Carne, MMMNNNRRRG, Imprensa Canalha, fanzine Alçapão, as autoras finlandesas Anna Kaisa Laine e Tiitu Takalo, Via Óptima, Hülülülü e Opuntia Books.
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Novidades editoriais:
- Até que a morte nos separe (Hülülülü), de Ricardo Martins;

domingo, 9 de novembro de 2008

Punk'zines not dead!

Riot Not Quiet! #1/2 (R.G. + J.A.; Jun'07/Jun'08)
Ou os fanzines sempre andaram por aí (e não desapareceram nos últimos 10 anos) ou então está haver um "fanzine revival". Eis que lá apanhei os dois números do RNQ dedicado ao Punk/Hardcore na Feira de Fanzines de Almada - evento a decorrer até 15 de Novembro.
O primeiro número é no formato A4, o segundo A5 (claro), fotocópia manhosa (pois...), entrevistas a bandas, críticas e textos - a maior parte redundantes, sendo os mais interessantes os de opinião. Mas alguém já deve ter apercebido que ler no papel é mesmo muito mais agradável do que num monitor, mas ainda não perceberam que devem ser mais "formativos" do que "informativos". Falta mais audácia e trabalho (anunciar uma bd de uma página, como acontece no #2, sabe a pouco!) para ser mais "riot" ainda quando oferecem CD-R's com bandas que estão representadas no fanzine, sejam contemporâneos como Simbiose ou os Adorno (onde pára o camarada Ricardo "Lobster") seja de stars punks (Operation Ivy ou Bikini Kill), mega-stars (Police) pirateados assim mesmo sem medos! Grande misturada que até têm os eXtintos X-Acto que ainda hoje gostaria de perceber porque raios tiveram tanto impacto sendo uma das bandas mais horríveis que já ouvi na minha vida.
É porreira, a capa do CD-R do segundo número (vejam no myspace) - um desenho da R.G. que assina as bd's? Ah! No primeiro aparece uma bd que adapta TV Party dos Black Flag. Bem, pá! Não fiquem calmos, pá! Saltem lá com o terceiro número, pá!

Beat Motel #8 (Beat Motel / Corndog; Ago'98)

Beat Motel é um fanzine Punk/Core inglês dedicado a 90% à música e com todos os clichés de um fanzine do género: A5 preto e branco fotocopiado, resenhas a discos, zines, livros e concertos, entrevistas a bandas, "scene-reports" (neste número sobre a cena Hardcore na Indonésia - que por acaso já sabia que é uma das maiores do mundo) e textos variados - neste número dedicado ao "Nacionalismo" com vários escritores de outros fanzines a darem o seu contributo.
Para quem pensava que na sociedade da hiper-informação virtual que objectos editoriais como este já não existiam, engane-se... Não será por acaso que o editor anuncia o projecto como «80 páginas, 67 resenhas a zines, 142 resenhas de CD's, 10 de concertos, 18 escritores e 69,400 palavras» (resta saber se é com espaços ou sem espaços entre as palavras). A hiper-informação continua mas fotocopiada em gloriosa tecnologia retro e que proporciona bons momentos de leitura mesmo quando algum do conteúdo chega a ser vulgar ou aborrecido. Infelizmente em termos gráficos o fanzine é um bocado pobre apesar de prometer imenso com a capa porreira de Joel Millerchip, pelos vistos não é só em Portugal que os ilustradores são mal-usados.
O editor deste fanzine, o simpático Andrew Culture, é um activista Punk na cidade de Ipwich onde edita e distribui zines, organiza concertos, toca numa banda (creio) e ainda tem tempo para escrever alguns mini-zines como A Multi Story Tale of a NCP Carpark Nightmare (Corndog; Abr'08) - formato A6, 16 páginas - sobre uma infeliz noite em que Andrew ficou fechado num parque de carros (aquels silos de vários andares) numa zona violenta de Londres.


Arredores (zine; Jan'07)

Formato A5 fotocopiado às três pancadas com imagens mal digitalizadas e entrevistas repetitivas a skins e punks... Só falta um apartado manhoso para a Reboleira ou Alfragide mas não, temos como contacto um e-mail: pcc_arredores@sapo.pt Fixe e avanti!
A produção de objectos culturais nos finais dos anos 90 sofreram uma mudança gradual da substituição do formato físico para o virtual. Os fanzines passaram para sites (e blogues), as demo-tapes para CD-R's e agora o famoso myspace.com... Os amontoados de fotocópias que tivessem um caractér informativo (ou seja, mesmo fanzines) quase que desapareceram - ficaram sobretudo os zines dedicados à arte e criação (zines, livros de autor, micro-edição). Mas pelos vistos ainda há malta com um pancada anacrónica e é com gosto que li o número zero do Arredores que não só entrevista aos organizadores AEZ e aos Brixton Cats (ambos de França) como entrevista o rapper Biru - dos The Shadow Lights - mostrando que quem gosta mesmo da cultura de rua não tem preconceitos com os géneros de música. Espero que continuem!

Palmadas!

A Feira Internacional do Fanzine de Almada regressou esta Sexta-Feira com um formalismo inacreditável só possível para quem ainda acha que a "k7 estalinista" deve ser usada para um evento "alternativo". Ele foi banda de música medieval (I shit you not!) que tocou e levou o público para a sala onde está a mostra dos fanzines, ele foi vereador a dar um discurso armado em jovem (usou cerca de 16 "pá" na sua oratória penosa), ... um fartote!
Regressado (felizmente) à Casa Municipal da Juventude – Ponto de Encontro, ficará lá até 15 de Novembro, uma mostra de zines recebidos este ano (poucos), alguns de edições passadas (sem critério de escolha) e algumas colecções (privadas?), entre elas uma de fanzines sobre Metal - fabuloso um título com uma entrevista ao Fernando Ribeiro dos Moonspell ainda com carinha de puto! Só por isso vale a pena ir lá!
A Chili Com Carne esteve nos primeiros dois dias com uma banca do seu catálogo, associados e amigos internacionais. Ficou uma selecção de títulos na banca de vendas da organização, a cargo do fanzine Riot Not Quiet!
Sem querer poderão encontrar Anna Kaisa Laine, autora/editora anarco-femininista finlandesa que deve ter pensado que este evento era algo genuíno e não uma chachada feita por autarcas cinzentos - apesar de achar a "sala de leitura" um verdadeiro mimo retro-lounge, ainda por cima com o rio Tejo como vista. A CCC comprou-lhe alguns exemplares de The Garden Sketchbook (Atlantic Press; 2007), um belo livrinho ilustrado (pela autora e escrito pela inglesa Emma Wills) sobre jardinagem - inclui um saco com sementes de flores.
Continuando com a treta da Feira de Almada, a programação é absolutamente desanimadora, provavelmente desenvolvida pelo pior tecnocracismo dos dias de hoje que são os departamentos de juventude das câmaras municipais. Não se encontra nada relacionado com zines ou edição independente (nem uma conferência? um workshop? um lançamento?). Não houve uma ponta de esforço para captar qualquer espírito DIY ou similar... Ficará o catálogo das publicações, o FanCatalog 2008, um fanzine fotocopiado em A5 com os contactos dos zines representados que só tem uma graça: ao lado das capas dos zines está a reprodução dos envelopes que os transportaram. Dado as ligações (antigas) dos zines à mail-art e a forma caótica e reciclada que os zinistas usam os envelopes esta foi sem dúvida uma ideia gira - ou a única!
Ontem deve ter sido a melhor noite de concertos porque tocaram a xungaria do Metal, com nomes lindos como Vizir (os Enapá 2000 do Grind?) e os Filii Nigrantium Infernalium (o Batatinha e Cia do Black Metal?).

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Children are the future

auto-edição; 2008?

Anna Ehrlemark é uma sueca que vive na Croácia em perfeita sintonia com a cena bedéfila local - se calhar não é bem assim a julgar pelo zine que fez cujo título diz tudo: Very scientific article about the dicks in South-East-European underground comics, esta bd também foi publicada na antologia Komikaze.
Children are the future é a adaptação para bd (em 12 páginas p/b A5) de um poema da sua compatriota Sonja Akesson (1926-1977) que tem tudo de surreal e violento vindo do Norte. As vítimas são as crianças, ou melhor os bebés, essas criaturas que quer o suiço H.R. Giger quer o português Artur Varela apresentam de forma agressiva e muito longe da fofura intrínseca como se costumam apresentar os bebés - seja na esfera privada (as fotos na carteira) seja em público (cartazes a fraldas e afins). Algo poderá chocar aqui embora a ironia esteja presente.
Resta saber porque Ehrlemark fez uns bonecos de pano que representam a figura da criança na bd. Será que é para «atirar para um fosso» como é sugerido no texto?

terça-feira, 28 de outubro de 2008

tão rápido que é lento...

O Verão foi lixado... Um gajo até quer fazer serviço público e divulgar estas coisas da "independência" mas o ca-lor tor-na tu-do len-to... Quando foi o Crack? Porra, que depressão! Já foi em Junho... E Angoulême? É-pá! Foi em Janeiro! que vergonha, tanta coisa atrasada para escrever... E depois quando dei por mim, já chove e estamos no fim de Outubro. Fuck! Vamos lá:

O Ponti / Bridges, vol.1 (Forte Prenestino + Galago; 2008) é uma antologia sueca e italiana que serve para comemorar a equidistante amizade, cumplicidade e parceria entre italianos e suecos que, pelo menos, fizeram este ano o maravilhoso festival Crack (em Roma). O livro não foge muito de do formato de antologia que tem sido editados desde os anos 90 (tipo Mutate e afins - e claro com o pé na segunda série da Raw). Nas suas 96 páginas a preto e branco cheias de bd's os textos estão em italiano - mas há uma tradução em inglês no fim do livro. Destaque para o trabalho de Markus Nyblom (bonecada Dark), Marco Corona (surrelismo à italiana) e Valério Bindi que adapta um texto estranho de como sobreviver a uma guerra civil - é intrigante porque não percebi até que ponto é a sério...
À venda no site da CCC (50% desconto para sócios).

Nalle Uhh (ed. de autor; 2007) do finlandês Aleksi Jalonen é um atraente livro de bd num formato quase quadrado (15x16cm) a preto e branco - adquirido em Angoulême na banca divida com os finlandeses.
A bd é muda (sem palavras) e usa criaturas antropomorfizadas para contar um conto urbano existencialista num registo pictórico minimal que lembra Lewis Trondheim ou Nicholas Mahler mas mais cru e "free" como Fábio Zimbres. As páginas são divididas em quatro vinhetas que tem um ritmo heterogéneo mostrando que o autor domina as técnicas de narração - nem sempre fáceis quando se faz "bd muda". A única coisa que não percebi foi se o personagem principal é um porco ou um cão ou... a única coisa que sei é que tem um aspecto blasé e que está sempre a fumar. Mais um finlandês cheio de qualidades...
O livro está disponível na CCC (20% desconto para sócios)

Bomba #1 (La Chose; 2004) de Naz é um comic-book francês (a nivel de formato até é estranho na cena "indie" francesa) que trata das aventuras de uma equipa soviética que viaja (cladestinamente) pelos EUA num disco voador, vestidos de marcianos (ou marxianos!) e que incitam o proletariado a tomarem os meios de produção para si: «o povo de Marte (que é marxista como o filme Aelita já tinha mostrado em 1924) está furioso com o povo da Terra e irá destruir o planeta se não se tornar comunista, etc...». Fabuloso! Os desenhos ficam entre o Paul Pope e o Emmanuel Gilbert (no Le Photographe e se fosse a preto e branco). Infelizmente, parece que a série nunca saiu do primeiro número, o que é lamentável dado os bons minutos de entertenimento burguês que oferecia às massas exploradas da Europa. Escrevam à editora para pedir mais como eu já fiz!
Continuando na França com a antologia Week-end (Stratégie Alimentaire; 2007) que marca o fim do projecto editorial que fazia parte Guillaume Soulatges - autor presente na åbroïderij! HA! – International Graphic Arts Exhibition. Sendo a edição já impossível de encontrar valerá falar nela? Talvez sim nem que seja para documentar a participação de André Lemos, e já agora, do finlandês Tommi Musturi. Tal como deverei falar de L'Usine Nouvelle, livro de Soulatges também editado pelo mesmo colectivo francês? Não sei... Com tanta coisa a empilhar por estes lados mais vale o usar as vantagens da 'net e passar a "hipertexto" - e como o Pedro Moura já escreveu aqui, «I rest my case».
Para breve coisas antigas (ainda resultado da Feira do Livro Anarquista, do Crack, da Feira Laica e Festival de Helsínquia) mas que são sempre novas para estas bandas.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

A Metrópole Feérica

José Carlos Fernandes (a) + Luís Henriques (d)
Col. Terra Incógnita, Tinta da China; 2008

Paulo Virilio diz que a Humanidade está próxima de chocar com os limites físicos do Mundo que estão a ser devastados com as telecomunicações ultra-sofisticadas - ou com o Google Earth ou as viagens de avião a 1€. A Terra tornou-se psicologicamente finita e quando a Humanidade perceber que não se pode expandir mais - que não existe mais nada inexplorável - sofrerá um trauma.
Esta nova série, Terra Incógnita escrita por José Carlos Fernandes (JCF) dedicada a cidades inexistentes, já se insere nesta previsão de Virilio, não porque o autor tenha sofrido uma experiência forte despejada em catarse ou Arte mas apenas porque é uma continuação "blasé" de contos irónicos que piscam tanto os olhos aos leitores até eles ficam estrábicos (como têm feito com as séries A Pior Banda do Mundo e Black Box Stories). JCF há muito que já assumiu que não há mais nada para inventar e reúne o fogo-de-artíficio para cegar os leitores desta vez com o valor-extra do virtuosismo gráfico de Luís Henriques (do livro Babinski) e da elegância editorial da Tinta Da China, uma das melhores editoras (generalistas) portuguesas do momento.
Alguma Inteligentia portuguesa queixa-se que o nosso país é provinciano mas é ela própria que dá abrigo ao provincianismo, sobretudo na capital em que se situam as editoras (como a Devir ou a Tinta da China) e publicações (como o jornal Diário de Notícias ou a revista Time Out) que apostam em JCF como se este fosse o derradeiro contador de histórias. Não só as editoras mas quase todos os agentes da bd em Portugal que sofrem, com as devidas excepções, de "bedófilia" acham que é "qualitativo" que um autor de bd escreva mais histórias do que aquelas que consegue desenhar - JCF é «o autor mais prolífico da bd portuguesa» mas o que realmente significa isto? E ser o maior artista plástico da Micronésia? Ou o melhor guitarrista do Gabão?
É considerado o melhor autor de bd porque escreve demasiadas histórias cheias de referências cultas mas que não deixam de ser "pastiches" e "bedófilas". E sobretudo porque que é um autor púdico recebe a bênção de todos - não fossem os portugueses ainda netinhos mal-paridos do Salazar e do Cardeal Cerejeira.
Parece-me que JCF preenche um vazio existencial de quem vive na ruralidade (algures num monte algarvio) com uma produção alucinante que, como ele próprio tem admitido, serve como exercícios para apreender o "metier". É auto-didacta e da minha parte respeito bastante isso só que os resultados parecem apenas deslumbramento pela cultura que vem da urbe - toda ela de cariz internacional, diga-se de passagem. Convenhamos, da ruralidade nunca saiu Arte a não ser alguns "artistas brutos" e umas bandas de Black Metal norueguesas.
JCF é um espelho da cultura urbana que aprecia mas que nunca poderá senti-la na plenitude para fazer parte dela, e apenas porque não vive numa cidade. Daí que o que ele faz é reflectir essa cultura, através da sua produção artística (em quantidade e "name-droping") numa velocidade (falsa) de quem vive na Cidade. Esquece-se que qualquer "Cidadão" sabe que apesar de se poder viver a velocidade da Cidade (nem que seja por arrasto público) nunca se pode concorrer com ela. Quem vive numa Cidade sabe que se deve seleccionar um momento e que se deve optar por uma via, que não se pode ser "total" para fazer algo por mais mundano que seja. É impossível absorver todo o ruído, todos os contactos humanos (e outros animais irracionais), todas as experiências sensoriais e sociais, toda a arquitectura e... Um citadino escolhe sempre um caminho para conseguir desmarcar-se da corrida, um atalho para furar a fila. Acelerar mais ainda equivale a estampar-se.
Nos últimos tempos, a obra de JCF não parece ter uma selecção tais são as banalidades que solta como se fosse um Anjo Exterminador sem consciência. A sorte deste livro é que Henriques consegue ser bastante "free" e inteligente ao fazer metamorfoses do estilo de desenho (e da narração através da "découpage" das páginas). Henriques fez com que tudo resulte bem como um "produto final" consistente embora depois de ler as estórias já ninguém se vai lembrar delas passados 5 minutos. Maldita velocidade!
É um bom livro de bd para os dias que correm. Em 2000 teria sido mais um interessante livro de bd de autor. Em 2008 é quase um oásis devido ao longo deserto que se vive... embora aquele ceguinho do Metro de Lisboa, que faz Hip Hop ou Drum'n'Bass com a bengala, tenha muito mais "zeitgeist" que A Metrópole Feérica.
à venda nas livrarias

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

«Go away, there's nothing to see!!!» said the Policeman

Desde a primeira edição - ainda no edifício da Câmara da Amadora bem me recordo - que vou ao Festival de BD da Amadora. Em alguns anos ia todos os fins-de-semana, nos últimos tempos só na inauguração (porque pode dar barrigadas de riso graças ao fogo de artíficio e outros malabarismos) e no último dia para recolher os livros e dinheiro das vendas de zines e livros. Este ano decidi que não vou:
1) porque há mais coisas fixes para fazer durante as próximas semanas;
2) porque o tema é Ficção Científica e como gosto no tema, sei que a Amadora vai estragá-lo da pior maneira, como sempre faz;
3) porque a bd para eles da organização do festival já é "Maior" (o ano passado era esse o tema) - então porque a FC é tratada este ano? Não que a FC seja uma cena de putos mas é dos temas mais vulgares para uma "arte que se quer maior";
4) porque não há convidados (autores e outros) para essa "Arte Maior" - apesar de gostar do Kevin O'Neil ou do Liberatore quando tinha..., ehm, 17 anos?;
5) porque perco tempo a ir prá Amadora - como se vai para lá, mesmo? Todos os anos tenho de de cravar boleia ao Pepe...
6) porque vou lá e não vejo nada, nas paredes ou nas bancas, que me estimule - o ano passado houve uma excepção - a exposição comissariada por Pedro Moura com trabalhos de Fábio Zimbres e outros;
7) porque no grande evento de bd em Portugal deve ser o único em que a Chili Com Carne e a MMMNNNRRRG não vendem nada (vendem, em conjunto, entre dois ou três livros para ser mais preciso) por isso mais vale gastar gasóleo para Lagos ou um bilhete de avião para Helsínquia;
8) porque o cartaz é feio - mas sempre foi tirando o do ano do André Carrilho;
9) porque nunca gostei do Blake & Mortimer (eles eram ou não eram "gays"?) nem sei o que é a Lucy - alguém sabe?;
10) porque a bd portuguesa está morta outra vez, ou no melhor dos casos em estado de "anacronismo agudo" - uma das novidades editoriais é uma biografia do Camões, «I rest my case»;
11) porque a Amadora não percebe nada de bd nem quer perceber (as gralhas em boletins de voto dos seus famosos prémios são, no mínimo, preocupantes);
12) porque a Amadora nunca deu atenção aos fanzines ou à edição independente, ou se deu, geralmente com um tratamento de desprezo (lembram-se de uma banca de zines que tinha um enorme pilar de betão mesmo à frente?);
13) porque o kitsch e mau-gosto do Festival tem limites - acho que 18 anos é suficiente como "limite", não?
14) porque só se edita merda em Portugal (com honrosas excepções) mas quase nunca presentes no evento;
15) porque não gosto do Tex e duvido que passe a gostar;
16) porque já tenho livros do João Abel Manta;
17) porque nunca gostei do Star Wars, do Nuno Marlk nem do trabalho do José Garcês;
18) porque temo que música poderá ser tocada por uma produtora chamada Tugaland;
19) porque a Amadora já se chamou de Porcalhota, dizem...

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Citação a Citação enche a Bor Land o papo


Alla Polacca: "We’re Metal And Fire In The Pliers Of Time" (Bor Land; 2008)
Jornal Público: «a haver um caso exemplar da micro-edição independente no subdesenvolvido mercado discográfico português, esse caso é a Bor Land.» Nota de imprensa da Bor Land: «o tempo avança e comemoram-se 8 anos de actividades com quase 40 edições e mais de 300 concertos.» OSAMAsecretLOVERS: «da Bor Land espera-se as melodias-mais-melodias de índios e alt.countreiros» OsL «o catálogo não é só palhacitos armados em depressivos a cantar num inglês-burguês mil vezes cópia de outros índios.» OsL: «o que interessa é ter bom aspecto: a embagem do CD, a produção em estúdio, as fotos promocionais, o video-clip e o press-release, qualquer coisa para escapar às coisas principais: a originalidade (que todos dizem sempre o mesmo: já foi tudo inventado!), o sentimento, a loucura, a intimidade... Desde que os Blind Zero apareceram que a música portuguesa tornou-se num buraco negro de criatividade. As bandas aperceberam-se que podiam ter sucesso como eles tiveram (?) bastando para tal tocar bem um género de preferência que esteja a dar no momento para a máquina capitalista ter os seus "local heroes", e ter uma postura profissional. E isto vale para as bandas que estão em grandes editoras como para aqueles que estão em editoras pequenas ou que auto-editam e seja para bandas de qualquer género ou sub-género for (metal, punk, hardcore, indie-pop, rock, pop, goth, ...) Sejam "starletes" como os David Fonsecas, fusionistas como os Blasted Mechanism ou os bimbos das boy's-bands e afins...» OsL sobre a primeira colectânea da Bor Land, Looking for stars: «Alla Polacca parece mesmo um inédito dos Radiohead (entre o "The bends" e o "OK Computer"), uma réplica tão perfeita que (até) soa bem - eu sei, é uma heresia...» Nota de imprensa We’re Metal And Fire In The Pliers Of Time: «os Alla Polacca sofreram várias alterações no seu alinhamento e, também, que essas mudanças tiveram sempre impacto directo na sua musicalidade (...) as entradas e saídas traziam, para o seio da banda, uma certa indefinição criativa (...) tudo nasceu da cumplicidade entre um grupo de músicos que, quando juntos, soltam o melhor de si sem qualquer tipo de pudor» Anónimo anglo-saxónico que serve para comentar a última frase: «Jesus Fucking H Christ!» OsL sobre Old Jerusalem (que assina as letras deste disco): «quem ainda ligará à grande banhada que é Old Jerusalem depois da Revolução ProtestanteCaveira?» OsL: «Boring land»
PS - e porque a Bor Land nem sempre editou discos chatos, um reminder de um bom disco da editora.
PPS - a capa deste disco do Carlos Pinheiro foge ao habitual do seu trabalho de ilustração mas é curiosa.

domingo, 12 de outubro de 2008

Luso Lite

Dizem que Portugal é um país de poetas - e realmente em oposição às Artes Visuais que somos uns nabos a julgar pelas capas dos livros que se editam, até deste livros - não podia ser mais verdade.
Como se costuma dizer "quem vê caras não vê corações" ou "não julgues um livro pela sua capa" temos bom literatura por estes lados. Admito que não acompanho o que saí no mercado porque além das capas dos livros afastarem-me das livrarias não acredito nos "next big tavares" que todas as semanas aparecem no Público ou qualquer outro jornal.
Os títulos que divulgo aqui vieram de mãos ainda mais suspeitas e sujas - a dos próprios escritores, alguns conhecidos, outros não. Serei justo das análises, o único pecadilho que terei neste "post" é incluir as palavras vindas das dedicatórias (pessoais) dos autores escritas nos frontispícios dos livros. Decidi incluí-las porque acho além de mostrarem a sanidade e auto-conciência dos seus autores sobre os seus trabalhos (sem as demagogias comerciais e circenses daquilo que se transformou o "livro") servem quase de resumos das próprias obras.

«(...) este romance, verdadeiramente alternativo e bruto, disfarçado de mainstream... assim posso corromper os insuspeitos!» David Soares in A Conspiração dos Antepassados (Saída de Emergência; 2007)

O primeiro romance de Soares é uma bomba - e já vai para o segundo romance, Lisboa triunfante acabadinho de lançar e que me encontro a ler. A piada de ser "alternativo e bruto" deve ser relativa às minhas actividades editoriais como a MMMNNNRRRG, e faz bem justiça ao livro que apesar da capa "photoshopada" cheio de brilhos com os focos virados para a pessoa do Fernando e para (os mais fáceis de distinguir) o diabólico Crowley e o idiota do D. Sebastião, não é um livro para o pobre leitor "Código Da Vinci". A capa irá enganá-lo, à espera de ler mais umas linhas sobre Templários e a Verdade do Sangue Coca Cola de Deus. Ou espera mais um romance barato de Esoterismo ainda mais barato com um Kitsch pessoano. Enganem-se pobres diabos! Aqui é ficção fantástica da boa, cheia dos tiques "Eros & Thanatos" conhecidos dos contos e bd's de Soares: o sexo é transpirado e desiludido (porque o sexo é sobrevalorizado quando se cria filmes ou livros) e a escatologia é uma realidade mundana (geralmente tapada também na produção de produtos culturais). Mesmo já passado um ano, não se deve revelar o conteúdo DESTE livro. O que era necessário dizer sobre ele é que é bem escrito e que é um híbrido literário que escolheu os melhores genes do Mistério, Romance, Ficção Histórica, Esoterismo e Fantástico sem nunca desanimar ou desiludir para quem pegar nas suas páginas. O livro é bem construído, feito com inteligência narrativa... não mete logo monstros marados nas primeiras páginas, não, é como o Aberto até de madrugada (aquele filme do Tarantino e do Rodriguez), sabemos que se trata de um filme de vampiros mas eles só aparecem lá para o meio do filme quando toda a gente já se tinha esquecido do se tratava... Imagino um leitor matinal dentro do Metro, com pequeno-almoço empurrado à força, prestes a vomitar-se todo, todinho, ao ler a descrição do Crowley a comer as suas próprias fezes... é bem feita! Quem mandou comprar um livro pela capa?

«(...) Com um abraço» escreve friamente Ágata Ramos Simões no exemplar de Sr. Bentley, o enraba-passarinhos (Saída de Emergência; 2007).

Fria sim, apesar de Ágata escrever com o calor de uma punk toda fodida com o sistema, com aquela raiva lixada que quer destruir tudo e todos. O retrato do Sr. Bentley é próximo de uma dezenas de estafermos, velhos, ordinarões que nos obrigam a pensar que ainda estamos na Idade Medieval - se calhar, de onde este país nunca saiu. E para começar a resolver isso eu contratava "snipers" para abater velhas que dão comidas aos pombos na rua ou à janela, depois dava carta branca (e uns trocos) aos Skins para humilharem publicamente os parvalhões que andam com cabelo à Electro... e se acham estas propostas divertidas deviam ler o livro.
Dois senões e voltando à vaca-fria (salvo seja), Ágata não consegue ou não pretende fazer deste livro algo narrativo com um clássico príncipio, meio e fim. No final do divertido livro senti um vazio. Segundo, não se percebe quando o livro retrata tanto a alarve sociedade portuguesa porque raios todos os nomes das personagens têm nomes ingleses... Complexo de inferioridade cultural? Falta de jeito? Lembra-me os putos quando "fazem as suas histórias" usam sempre nomes como "Johnny", "Bob" ou "Jack" apanhadinhos das séries de TV, bd e desenhos animados xungos.
Ainda assim um livro porreiro e com um trabalho gráfico de pérola para o porco mercado livreiro nacional - se não concordarem basta visitar qualquer livraria de aeroporto por essa Europa fora, até os "Códigos" de lá consegue ser menos feios do que cá!

«(...) mulheres lindas para ler» Jorge Mantas in Beltenebros : contos venusianos (Casa do Sul; 2008)

Mantas foi editor dos extintos e saudosos zines Neural Therapy e psico.acústica, é músico drone (The Beautiful Schizophonic) e também escreve. E escreve muito bem... Este é o terceiro livro depois do fabuloso Sensorround (Black Sun; 2002) e o tipificado Os ruídos Românticos de Fauto (Ed. Mortas; 2003) que lembra com imensas distâncias Glamorama de Bret Easton Ellis pela atmosfera "jet set" de algumas descrições. Mas essas distâncias são óbvias, a começar porque nesse livro Ellis é irónico e surrealista enquanto que nos "contos venusianos" Mantas abandonado no nosso Velho Continente é invertebradamente Romântico - ou será Neo-Romântico?
Beltenebros são vários contos que nunca chegam a ser eróticos "tout-court" segundo a fórmula de excitação sexual - o cérebro é o orgão mais erótico do corpo, alguém já o disse antes. As histórias amorosas, escritas de forma sublime, são quimeras masculinas, sem pejos esquerdófilos, que celebram a Beleza feminina no Novo Monte Olímpio sob o patrocínio da Intimissimi.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Novas geografias do Porto bedéfilo

A ida ao Porto para ver os Secret Chiefs 3 serviu também para visitar as lojas para fazer contas e deixar novidades. As surpresas vieram do "outro lado", ou seja das lojas. Além do Mesinha de Cabeceira Popular #200 ter esgotado em todas as lojas do Porto - como na Utopia - aumentando a hipóteses do zine esgotar muito em breve (até porque vêm cá os Lightning Bolt em Novembro à ZDB, e o baterista Brian Chippendale participou na antologia), duas das lojas especializadas em bd mudaram de espaços. A Central Comics veio mais para o centro e conheci o simpático dono, Hugo Jesus, que colocou o Noitadas (...) em destaque imediatamente para meu orgulho enquanto editor e autor...



A Mundo Fantasma só mudou de andar e loja no CC Brasília (lá prá Boavista) mas está mais elegante, abandonou os jogos de "nerds" e abriu uma galeria para voltar a pôr o Porto na boca do Mundo da bd - como algumas pessoas envolvidas na loja fizeram entre 1993 e 2001 quando havia Salão de BD do Porto em que ninguém no resto do país sabia o que era a Fantagraphics. Aliás, a primeira foto mostra uma serigrafia dos Love & Rockets que bem me lembro dela em 1993 no Salão... Este fim-de-semana inaugura oficialmente a loja que continua a ser a melhor do país - e a mais cara também! As datas de exposição estão todas trocadas devido aos verdadeiros senhores deste país que são os contructores civis. Vamos esperar...

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

fotos do inferno gelado


O Black Peider em acção no Festival de BD em Helsínquia mostrando como os festivais de bd podem ser divertidos sem a anormalidade do Cosplay...


Fotos manhosas da nada manhosa exposição, na galeria Muu, da antologia KRAMERS ERGOT com trabalhos / originais de Matt Brinkman, Chris Cilla, C.F., Matt Furie, Leif Goldberg, Sammy Harkham, Anders Nilsen, Matthew Thurber e Tom Gauld.
De resto péssimo fotógrafo que sou não tenho mais nada a declarar a não ser alguma coisa que venha a por no blog dos OsL em breve, como a sanita para metálicos.


Foto da banca da CCC tirada por Christian Maiwald da Reprodukt (a melhor editora alemã de bd) que aliás tem melhores fotografias também no seu blog.