sexta-feira, 30 de julho de 2010

ccc@festa.do.cinema.2010

A Chili Com Carne foi convidada para estar presente na 9ª edição da FESTA DO CINEMA até 7 de Agosto.

«Na 9ª edição da Festa do Cinema a oferta cinematográfica é a dobrar: para além dos grandes êxitos do cinema dos últimos meses na Zona MEGA (tela gigante), haverá também cinema independente comercialmente inédito em Portugal programado pelo Indie Lisboa. Neste novo espaço, a zona WATT, às sextas e sábados há a oportunidade de assistir a DJ e VJ sessions após a sessão de cinema. A entrada é gratuita para quem adquirir o bilhete de cinema. Mais glamour, mais oferta cultural, jantares, animação e mais Cinema é a proposta Fundação INATEL propõe para a Festa deste ano. As portas abrem às 20h15.»

Estamos lá nos fins-de-semanas numa tenda com as nossas edições e dos nossos associados. Apareçam!

terça-feira, 27 de julho de 2010

Chili dá tesón a Tissot!


Os brasileiros são estranhos, isso toda gente sabe, e o Law Tissot ainda mais estranho é - o cara faz bd de Ficção Científica muito mamada há muitos anos! Pelos vistos as actividades da Chili Com Carne excitam-no ao ponto de ter feito um desenho em nossa homenagem! Valeu! Legal!
Entretanto vejam este blogue-projecto dele: Fanzinoteca Mutação!

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Como Fazer Uma Low Budget Do It Yourself Animation? Ora Vejamos...


Antes de mais nada um pedido de desculpas pelos erros de acentuacao (como este na palavra "acentuacao") que se devem ao facto de estar a usar um teclado ingles que nao me permite escrever em portugues como deve ser. E um bocado chato, especialmente quando quiserem distinguir a diferenca entre e e e.

Este texto foi escrito para ser usado no proximo encontro do Pequeno e Bom, visto que fiz o videoclip pros Hiata quase sem budget e conseguimos ter tempo de antena na televisao nacional e internacional. Como nao posso estar la no dia 7 de Agosto. aqui fica a minha contribuicao por escrito.

Ora bem, para fazer o meu filme com Low Budget foi muito simples.

O investimento mais pesado que um gajo tem de fazer e no scanner e no PC que convem serem bons mas nao tem de ser topo de gama. Depois temos a mesa de luz, as folhas com furos especiais, o Peg Bar e o software necessario para montar a coisa.

O scanner tem de ser capaz de passar imagens com 300 ou 400 de resolucao e acho que qualquer scanner a venda e capaz de fazer isso. Claro que era bom comprar um scanner com a capacidade de passar varias imagens porque vai poupar tempo, mas esses sao muito caros, dobro do preco, acho eu. Seja como for, eu usei um scanner normal em que se tem de passar folha a folha. Claro que em vez de se perder dinheiro, perde-se tempo - tive de passar planos com 60, 70 e 80 desenhos e se um gajo nao tiver cuidado perde a cebeca, especialmente quando depois de se passar os 80 desenhos descobrem-se erros de tempo ou na animacao. No fim acaba por ser bom para se desenvolver um instinto de prever estas coisas... Mesmo assim preferia ter tido mais guito, ter poupado o tempo a scannar e te-lo gasto em experimentacao.

O PC tem de poder correr os softwares necessarios para a realizacao do filme. Para mim estes foram o CTP (para scanning das imagens e posteriormente o programa que as transforma em frames e exporta os clips em AVIs) e o Premiere (programa para o editing dos varios clips e montagem com som). Neste caso eu pensava que o meu PC era bacano o suficiente mas ao exportar os videos do premiere o som ficava ligeiramente deslocado da imagem. Nunca cheguei a perceber se este problema era relacionado com o Premiere ou com o computador mas acabei por cagar nisso e disse a banda para resolver a questao. Com os contactos deles a coisa foi resolvida imediatamente.

A mesa de luz foi feita a padeiro. Depois de ver os precos online para uma mesa de luz como deve ser, decidi nao comprar uma. Peguei na caixa onde o monitor do meu computador chegou e puz maos a obra. Aqui seguem as instrucoes detalhadas para fazer uma mesa de luz usando uma caixa de cartao:

- Cortam-se naco de cartao, a esquerda ou a direita. E ai que vai entrar a lampada.
- Cortam quase a parte de cima toda, deixando uma moldura de cartao para se colocar o vidro por cima.
- Tiram-se as medidas da parte de cima toda, incluindo moldura.
- Compra-se um vidro opaco (para nao queimar a vista demasiado) das medidas tiradas no passo anterior. Muito cuidadinho porque o senhor que vos vende o vidro vai corta-lo e as arestas estao muito afiadas. Isto nao e caro.
- Compra-se daquela fita-cola extremamente forte e grossa.
- Mete-se o vidro no topo na caixa de cartao e enrolem fita cola nas arestas, dando voltas completas a caixa para que a caixa e o vidro fiquem bem agarrados.
- Compram-se um candeeiro que use lampadas pequenas e compram-se varias lampadas pequenas, cerca de 5 ou 6.
- Desmonta-se o candeeiro ate so ficar o fio da electricidade ligado a lampada.
- Monta-se a parte da lampada a base da caixa, la dentro, sem deixar que o vidro da lampada toque no cartao - senao a coisa pega fogo. O ideal sera fazer um pequeno corte na base que mantenha a lampada na vertical virada para cima. Isto e capaz de criar zonas mais sombrias que outras no vidro, mas e mais seguro assim.
- Importante prender com a mesma fita-cola o fio a caixa porque uma vez o fio caiu quando eu estava a scannar e acabei por queimar a alcatifa.

Igualmente importante, pelo menos se usarem o programa CTP para montar os frames, sao as folhas com furos especiais e o Peg Bar. O programa reconhece estes furos e encaixam os desenhos milimetricamente a partir da posicao em que estao na folha. O Peg Bar e a ferramenta que vos permite desenhar com as paginas umas por cima das outras sem se desviarem um bocadinho que seja. O Peg Bar nao faco a minima onde se compra mas aconcelho a perguntarem a alguem do ramo ou vao a ETIC a minha ultima escola e boa sorte. Eu tenho o meu desde os meus 17 anos. As folhas com furos so consegui a partir de contactos que tinha com antigos professores. O vocalista e baixista da banda foram a escola e furaram 1000 folhas, tres a tres que depois deram a minha namorada que trouxe a Londres quando me visitou. Claro que nao e o processo mais facil e se souberem um programa qualquer que evite este esquema todo digam qualquer coisa.

Para acabar, o software. Isto tem de ser tudo sacado da net ilegalmente, senao gastam guito a dar cum pau. O CTP e o programa que vao usar para scannar os desenhos, encaixa-los em frames e exportar em clips de 4 ou 5 segundos formato Avi. Este programa e um dor de cabeca, especialmente a versao que eu tenho. As vezes um gajo scanna 80 desenhos e ha um deles em que os furos nao foram reconhecidos e ja nem me lembro o que e que se faz nessa situacao. Como ja disse antes, estou a procura doutro software para esta fase da producao. O Premiere e o programa que vai ser usado para montar os nao sei quantos clips de poucos segundos que criaram anteriormente. O som entra so aqui e devia estar em formato WAV. Ah, a exportacao do filme com o Premiere e um granda frete. Mas facam como eu e se o som estiver deslocado arrangem alguem que faca um edit e corrija so esse problema.

Et voila.

João Rubim


Hiata - Poisoned waters Re-Issue 2009 from Hiata on Vimeo.


A Mesa de Luz, essa Obra Prima:



Última semana de neve em Lisboa...


Nevada Hill é uma artista do Texas (EUA), terra de contra-sensos, por um lado é repressiva e conservadora com a família Bush à cabeça mas por outro lado já nos ofereceu os músicos mais fritos de sempre como 13th Floor Elevators, Red Krayola, Butthole Surfers e Fuckemos… Nevada faz parte desta tradição de malta alucinada e veio visitar-nos a Lisboa!
Esteve em Lisboa durante a Feira Laica, onde tocou com músicos portugueses... tal como fez na noite de Sábado (26 de Junho) na Trem Azul com outra formação de músicos, para inaugurar uma exposição de desenhos e serigrafias que estará patente até ao final de JULHO.
Como músico integra-se nos Zanzinbar Snails, grupo de músicos e não-músicos interessados no Graal da Improv e na Experiência da auto-indução Drone. Com vários discos editados, também tem realizado outros projectos mais intimistas e fantasmagóricos como D&N em que sons das tempestades texanas ouvem-se com guitarra calminha e objectos concretos de um rancho de filmes de cowboys.
Faz também bd e ilustração, usando a serigrafia e os zines como veículos DIY de divulgação. O seu zine Mass terá um terceiro número a sair em Lisboa! Recentemente participou nas antologias Excessive Force : Police everywhere, Justice Nowhere (Last Hours, 2009) e MASSIVE (Chili Com Carne, 2010), a primeira é inglesa onde publica uma bd sobre um desagradável encontro com a polícia, a segunda editada em Portugal participa com um desenho.
nevadahill.com

sábado, 17 de julho de 2010

Greetings from Cartoonia : The Essential Guide of the Land of Comics

Em Outubro 2009 estivemos na Eslovénia e trouxemos exemplares de Greetings from Cartoonia, projecto organizado pelo colectivo Stripcore - responsáveis pela revista Stripburger - que teve o nosso apoio e de outros colectivos europeus de bd, numa gloriosa iniciativa turística pan-europeia.


Um projecto bastante divertido em que cada autor teve de enviar e receber objectos (bizarros ou típicos ou nem por isso) do seu país para servirem de inspirações para as 12 bd's a preto e branco. Da Eslovénia participaram Kaja Avberšek, Jakob Klemencic, Marko Kociper, Matej Lavrencic, Gašper Rus e Matej Stupica (quase todos visitaram a Feira Laica ou foram publicados pela Bedeteca de Lisboa, Chili Com Carne e Polvo), Bendik Kaltenborn (do grupo norueguês Dongery), Mateusz Skutnik (Polónia), Matei Branea (Roménia, do colectivo Hardcomics), o finlandês Jyrki Heikkinen (Salão Lisboa 2005), Andrea Bruno (do colectivo italiano Canicola, que participou no Boring Europa e que recentemente esteve no Festival de Beja) e de Portugal e da Chili Com Carne, o Filipe Abranches
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Feedback: As edições especiais da Stripburger têm-se revelado objectos essenciais no traçar de um mapa europeu da banda desenhada. Sara Figueiredo Costa / Beco das Imagens O livro serve como diário de viagem, passaporte de brincadeira, e retrato dos imaginários em roda livre. Cria-se a ideia fantasma unificadora de todos estes diversos gestos, compõe-se uma família, ou aquela comunidade que Kant entendia ser a única possível entre os homens, a comunidade estética.... Pedro Moura / Ler BD ... obra seleccionada para a Bedeteca Ideal

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A exposição esteve patente no 6º Festival de BD de Beja (entre 29 de Maio a 13 de Junho de 2010) por isso quem esteve lá viu quem não esteve vê agora umas fotos manhosas aqui ou compra o grosso livro de 220 páginas (17x23,5 cm, capa a cores) à Stripcore porque já esgotamos os nossos exemplares.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Poststressthing (3/3): livros


O Meister Igor trouxe-me dois livros maravilhosos, que bem poderiam ter saído pela MMMNNNRRRG... Dois autores sérvios, Radovan Popović e Aleksandar Opačić (esteve presente no Salão Lisboa 2003) partilham o mesmo colectivo Studio Strip e a mesma colecção homónima de livros de bd pela Fabrika Knjiga.
Šaka (2007) ao que parece é baseado no Do Androids Dream of Electric Sheep? (vulgo Blade Runner) de Philip K. Dick mas escrito em língua sérvia e com tal densidade demencial de negro é quase impossível reconhecer o universo PKD. O desenho de Popović é o híbrido bastardo de Andrea Bruno e Bill Sienkiewicz, um caos gráfico tal que só um papel brilhante é que lhe poderia dar mais dignidade ao seu trabalho - na realidade se consultarem o trabalho em digital (ver mais abaixo) irão notar o quanto mais nítidas e bonitas são as pranchas.
Tajna Paukove Krvi (2007) que significa o "Segredo do Sangue de Aranha" de PKD nada tem embora Aleksandar já ter adaptado alguns excertos para bd em algumas antologias e o ambiente cibernético decadente poderia levar-nos para aí. Bd sem palavras de contornos surrealistas e "brutistas", é pura sodomia de Druillet com Martin tom Dieck, bestialismo sobre as linhas frágeis do Mattotti e necro-felação ao Malus... No meio um Batman mutante e um trajecto impossível de traçar racionalmente. A MMMNNNRRRG devia ter publicado isto!

Podem descarregar os livros aqui e aqui. Opacic já editou em Portugal, na primeira CriCa...

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Poststressthing (2/3): discos



Continuando a saga dos artefectos recebidos nos últimos meses, para dizer a verdade neste acaso, apenas durante a Feira Laica:
- Ovoo (ed. de autor; 2010) de Felipe Felizardo é um CD-R limitado a 100 cópias, de uma improvisação do Felizardo em Abril deste ano na ZDB dentro da lógica Drone / guitarra e voz, em que existe uma tentativa cosmogónica que se concretiza em 30 minutos de deambulação hipnagógica que pode lembrar obscuros projectos ambientais da Suécia por exemplo. Não sei se foi por este caminho que o Filipe tocou na Feira Laica, seja como for, para quem gosta Do Inexplicável E Do Estrangeiro é favor de pedir o disco no myspace dele.
- Share the fire (Raging Planet; 2010) é o segundo álbum dos Murdering Tripping Blues é um grande álbum de Rock para quem ainda acreditar em Rock. Bem gravado, com potência orelhuda, energia suada e até alguns experimentalismos em doses homeopáticas. Há alturas que a voz lembra Mark Lanegan noutras que é um gajo português a cantar em inglês, noutras outra coisa qualquer de referência... Mas a pica deste trio perdoa todos os defeitinhos do Rock da Aldeia Global. Olha! a Raging Planet descobriu que a contra-capa dos CDs são melhores para capas - como os CD's dos Melvins e a rapaziada Man's Ruin. A pintura da Ana Batel fica bem assim...
- Old Age (Skinpin; 2009) dos norte-americanos The Pope... marca o fim das edições da Skinpin - por cansaço, vulgo, «já ninguém compra discos»... o que significa que ainda por cima tive de digitalizar a capa invés de a encontrar por aí, na 'net. Ainda por cima a capa é feia! Mas pior ainda é a banda que é feia: parecem os Marretas a fazerem Noise Rock. Grande barrulheira rock'n'rolesca com ruído cheia de interlúdios meramente Noise para picar-miolos. Dão-lhe bem os sacanas! Foi bem escolhida a banda para o catálogo da Skinpin mas Kaput! Agora não há uma editora portuguesa de Rock contemporâneo...

sábado, 10 de julho de 2010

Poststressthing (1/3): zines

Dois meses de grande actividade no que diz respeito à Chili com Carne e MMMNNNRRRG... quase não houve tempo para apreciar os artefactos que nos chegaram às mãos vindos de pontos tão distantes como os EUA ou as Balcãs ou mesmo de Portugal... Os próximos "posts" serão sobre esses materiais, a começar pelos zines.


- Chanic é belga, participou no MASSIVE e foi discreto na sua passagem por Lisboa, nem dê-mos por ele, só quando passamos uma vez pela abroaskjhfdsfjasd AH! é que alguém do Trem Azul deu-nos um pacote e «esteve cá este vosso colega e deixou-vos isto»: dois volumes do fora-de-colecção do Lazer artzine (Jan'10)... foi aí que nos lembramos que o Chanic vinha cá a Portugal. Hélas! Apesar de pregar uma visão holítica de Arte, na verdade o Lazer afunila-se no desenho e ilustração, e também em banda desenhada experimental ou abstracta - havendo apenas um momento ou outro de Poesia e de Pintura... Mas afunila-se bem, com colaborações da Aldeia Global (onde encontramos desenhos do nosso André Lemos) ecléticas q.b. Grafismo limpo, bem impresso, um projecto convicente.

- Count Rude Grarr?
Mas o gajo quer-nos enganar?
Deve pensar que somos parvos!
Grimm Portraits ov Doom (Ruru Comix; Jun'10) é um zine de ilustrações do Rudolfo! Sim do Rudolfo! Olha, olha! Desenhos abonecados de pessoalixo do Black Metal! Parecem "toys" fofinhos de quem queimava igrejas e matava os amigos com facas do Ikea... São desenhos fixes mas sabe a pouco, 12 desenhos apenas, Rudeboy!?
Apenas 55 cruzes invertidas em todo o zine!?
Tem deixar de ser tão nervosinho e fazer mais para ficar edificar um Profano Tomo de quem realmente venera True Black Metal!!!
Não quereis oferecer-vos às hordas por tão pouco!
Heil, Heil!

sexta-feira, 9 de julho de 2010

& etc...



Falhou-nos o Departamento de Registos de Áudio-Visuais da Associação Chili Com Carne (DRAVACCC) no passado 3 de Julho, dia da 4ª sessão do PEQUENO é bom! Inexplicavelmente apareceu o Vitor Silva Tavares da prestigiada editora & ETC que começou a falar às 16h e acabou às 18h30, assim sem mais nem menos para êxtase dos presentes...
O Presidente da Associação Chili Com Carne (PACCC) teve de improvisar um registo desenhado, como poderão ver. É que alguma coisa tinha de ficar registada afinal o homem começou a falar sobre os impressores de livros do início serem "budistas" da forma laboriosa que tinham de trabalhar com os "tipos" de letras, passando para dicas "gutembergianas" de como paginar Poesia, várias estórias pessoais que incluem a criação da &ETC e sua passagem pelos suplementos culturais, não faltando vários episódios caricaturais com a Censura, e acabando numa ligeira discussão sobre a importância do Surrealismo (e do Dadaísmo).
Entretanto a próxima sessão está programada para 7 de Agosto e terá como tema o Cinema de Animação DIY... procuramos autores e filmes que não dependam dos subsídios - e que sejam melhores do que miséria artística (artística!?) dessa produção caduca e inócua feita à pala do dinheiro do NOSSO dinheiro! Nem mais um tostão prá Animação! A não ser que seja para quem sabe fazê-la! (é verdade, há excepções!)

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Amor & Ódio


As edições deste ano do festival Crack fugiram um bocado ao habitual - e ainda bem, nada pior que a monotonia para sabotar a vida de um evento cultural. Assim ao contrário de outros anos em que a antologia Ponti que metia tudo ao molho, este ano decidiu dedicar-se exclusivamente a artistas dos Balcãs. Motivo para meter os outros trabalhos (de italianos e franceses) noutra colecção intitulada de Deriva (Forte Pressa). O primeiro título tem aspecto meio-retro de zine - por ser A5 e parecer "modesto" - intitulada HateLove Knots. "Hate Love" era o tema deste ano e as abordagens aqui são ecléticas como sempre. Estes são os "restos" que não entraram no Ponti deste ano, ainda bem que foram "recuperados" como os Irmãos Guedin, Craoman, Filosa, Yoshi... O segundo título é um monográfico de Valério Bindi, cabeça do festival, intitulado de Flashes : Climate of Hate em que o próprio escreve uma crónica do clima de Itália nos dias de hoje. É interessante o que se descobre de Itália através dele e é interessante a impressão em "violeta forte" deste livrinho agrafado de formato horizontal (mais conhecido de italiano, ironia editorial...). Resulta bem e mais uma vez tira-nos da rotina - desta vez do preto e branco...
Quanto ao "prato principal" HateLove : 3rd Ponti Comix Anthology (Komikaze + Forte Pressa) é um "best of" em inglês de quem conhece o Komikaze #6 e o Balkan Twilight. Não fossem os editores deste "Ponti" os mesmos das antologias referidas, a primeira da Croácia e a segunda da Sérvia, países de onde provém a maior parte dos autores à excepção do romeno Branea (que participou no Greetings from Cartoonia), Anna Ehrlemak (sueca que vive na Croácia), Goran Dacev (Macedónia), Jakob Klemencic (Eslovénia) e Nina Bunjevac (sérvia que vive no Canadá). Alguns nomes já são (ou começam a ser) conhecidos: Igor Hofbauer, Aleksandar Zograf, Aleksandar Opacic (que já participou num Mesinha de Cabeceira), Mr. Stocca, Wostok,... Na teoria o livro está com uma função de "split", ou seja, tem duas capas e estórias de "Amor" vão para um dos lados do livro, enquanto as estórias de "Ódio" vão para o outro. Os grafismos das Balcãs são tão negros que é difícil distinguir o que é o "amor" e o que é o "Ódio". De resto, muito do material deste volume são reedições de bd's das antologias acima referidas, agora traduzidas em inglês para chegar a mais pessoas suponho. Ainda assim, um bom trabalho e mais um feliz gesto de eterna generosidade do festival Crack!

Paulinho! Estava mesmo a reconhecer-te!

Foi o que disse um mamado num arraial no Martim Moniz pró Nevada Hill quando esteve cá para a Feira Laica e actividades paralelas... Um caso com piada de confusão mental - excesso de álcool para quem tivesse dúvidas - em que talvez o que acontece na vida real parece que passa para o trabalho artístico (e vice-versa?).
O texano-não-texano trouxe na bagagem (e deixou-nos cá alguns exemplares) o terceiro número do Mass, zine de bd em que prolonga uma viagem esotérica e escatológica sem palavras - literalmente...
São 20 páginas A5 impressas em cores diferentes que deixam qualquer um à toa até ao "Paulinho" que ainda teve problemas em imprimir o miolo do zine (a capa foi ele que fez em serigrafia) porque os tipos da fotocópias recusaram-se a imprimir tantos cus, mamas e dejectos fecais. Texas e a América são um nojo, e o Nevada é o nosso herói!

à venda na CCC, desconto 20% para sócios

Nevada também trouxe alguns discos do "underground" do Texas, a começar pelo seu projecto mais conhecido e endérmico de Nevada Hill, falo dos Zanzibar Snails, que preparam o primeiro álbum em estúdio - por isso nada poderei dizer sobre data de edição, editora nem título - uma vez que todos os outros registos sempre foram ao vivo. Continua nas fileiras deste colectivo de músicos e não-músicos a cantora Sarah Alexander, que já tinha participado no disco Vitiligo (Tape Drift, 2009). Talvez seja o álbum mais interessante deste colectivo que apesar de continuar a deambular em drones ganha uma voz pseudo-operática a servir de contra-ponto. Será um bom disco quando sair... estejam atentos!

Age of Desinformation (Mayyrh; 2009) é um CD-R que regista uma noite de improvisação ambiental de uma série de músicos dos Texas, com Aaron Gonzalez à batuta (e fazedor da capa, já agora) - ele que tem tocado em Portugal no Humanization 4 Tet. O "Paulinho" Hill não está aqui metido mas algum timbre Zanzibar Snails anda por cá porque continuamos nas buscas obscuras de ambientes negros e psicóticos - aliás, toda a reunião é uma ode à actual situação psicótica do colapso económico dos dias de hoje... Talvez seja porque estamos todos doentes! Esta é sói uma outra forma de o mostrar...

O Nevada trouxe também um vinilo de 10" dos Orange Coax - cujo o título e imagem de capa não encontro na 'net embora tenha sido editado pela We Shot J.R. Trio Noise Rock para quem gosta dos Melt Bananas ou dos God Is My Co-Pilot, sendo que a vocalista é uma tipa e um dos tipos é saxofonista, restanto outro gajo pra bateria. Curto, rápido e energético como deverá ser qualquer banda do género. Colocando o disco em rotações erradas (para 33rpm) também fica bom, a gaja passa a gajo e tudo é lento mas não propriamente mau... hum...


Mais vinil: um mini-Lp nem que seja pelo facto de só se poder ouvir de um lado do disco porque do outro lado o "Paulinho" imprimiu a informação do disco e desenhos ver imagem ao lado. São os Drug Mountain outra banda Noise Rock de forma "normal do Rock" (bateria, guitarra, baixo, voz) com uns extras: saxofone e actualmente violino (do "Paulinho" mas que ainda não gravou neste disco). Poderoso, gritadão e um "pós-Hardcore" de fazer mijar nas calças - poderão observar neste concerto dado dentro de uma casa (resiedencial, habitada... uma casa!).

O "Paulinho" ainda trouxe xungaria texana, ou seja, gangsta Hip Hop de Houston, os UGK, que é uma bosta cliché total do género, e ainda DJ Skrew, o criador do Chopped and Screwed, técnica de remistura de Hip Hop que consiste em abrandar o ritmo das músicas além de reeditar as músicas (tirando este ou aquele pedaço). O DJ Skrew é uma lenda da cena Hip Hop e como qualquer boa lenda morreu de overdose de "syrup" (codeína + prometazina)... E como qualquer invenção musical depende da droga que se toma, a codeína abranda a mioleira daí o Chopped and Screwed só podia ser uma coisa lenta, quase a lembrar o Trip Hop de alguma forma por causa do efeito narcótico do som desacelerado. O interessante é que as letras sobressaem mesmo que sejam para dizer as alarvidades dos gangstas sulistas... Vale a pena investigar... hum... É uma espécie de Butthole Surfers do Hip Hop... It's hard to think when your mind goes blink... * ... ehm... Exacto!

terça-feira, 6 de julho de 2010

Cancelem o Apocalipse!

Foram meses muito agitados estes últimos dois de Maio e Junho: montes de convidados estrangeiros a visitar-nos por causa de eventos como o Festival de BD de Beja ou a Feira Laica, livros a sairem, exposições e eventos vários a organizar! Ufa ufa!

Ainda nem tivemos tempo de assimilar tudo, como por exemplo, esta resenha à antologia MASSIVE na importante revista eslovena de bd Stripburger. Recebemos a sua tradução e escolhemos este excerto:

«Sem querer pensas em Hyeronimus Bosch do longe passádo século XVI: os psicadélicos jardins paradisíacos dele, cheios de seres, vindos de algures das profundezas do subconsciente. Apocalipse, claro! Inundação do Universo, fim do mundo! O caos não precisa da lógica, as páginas constroem uma sequência narrativa sem o começo e sem o fim. Não precisa deles. E da maneira como seguimos as páginas, nas próprias páginas seguimos os pormenores: as pequenas apocalipses constrõem um grande Bum» - Kaja Avberšek

Entretanto já devem ter percebido que este livro está quase esgotado por várias razões, pelas ofertas de exemplares aos seus 66 colaboradores (isso ajuda a esgotar sem dúvida!), as vendas habituais que se foram fazendo desde que saiu em Janeiro em lojas, site e eventos (e que para dizer a verdade foram bastante boas) e que colidiram com o facto da Associação Chili Com Carne ter voltado a ter uma distribuídora profissional - uma empresa que deixa os nossos livros pelas mesas dos oligopólios do mercado livreiro: Fnac, Bertrand, Bulhosa, Almedina e afins. Inesperadamente o pedido do MASSIVE foi grande o suficiente para ficarmos com a tiragem de 500 exemplares quase esgotada nos fabulosos armazéns da CCC. Sabemos que as vendas nestas lojas estão a correr bem e por isso prevê-se que não haverá devoluções - ou então serão muito residuais, fazendo que o título esgote (na mesma) ainda este ano.

Nunca tinha acontecido algo assim no catálogo da CCC ou associados, será o nosso "livro-record", que em menos de um ano desaparece - relembro que o livro saiu atrasado em Janeiro - o que nos deixa perplexos mas também a pensar que estamos num bom caminho quando não fazemos promoções de marketing, nenhuma publicidade poluente mas pior, não destruímos livros... Ops! Espera lá! O Estado mudou o IVA dos livros de forma que as editoras possam oferecer as suas sobras a instituições sociais, educacionais e prisionais... Um livro falhado para cada escola e prisão! Upa upa!

sábado, 3 de julho de 2010

Perguntas sem respostas...

[f.e.v.e.r.] : Resurrection (Raging Planet; 2009)
Um single, "um lado b", remisturas do tema-single, 4 postais e uma faixa multimedia (que não consegui ver). Tudo isto empacotado numa caixa de DVD (nunca percebi porque os DVD's tem caixas maiores que os CD's...) e prontos! Mais uma peça marada para se tentar compor o puzzle [f.e.v.e.r.], banda de "Electronic Dark Rock" que tem das carreiras menos convencionais no que diz respeito a gravações de discos. 
Começaram com dois EP's, um álbum de remistura, colaborações aqui e acolá... até finalmente gravarem o primeiro álbum. Agora, voltaram à fragmentação em que este CD é exemplo. Pouco adiantam ao que já construiram, ou seja, Rock Electrónico orelhudo que se ouve bem. Claro que quando se faz 5 remisturas do mesmo tema poderá aparecer um certo enjoo, mesmo se puxa mais para o Rave (N3xu5) ou mais para o Electro Minimal (Malaguetta).
Mas o que é mais estranho nesta carreira da banda é tentar perceber, pelo facto de se meterem em todas e estarem sempre a inventar "conceitos", é se tiram mesmo proveito disso? Há mesmo uma comunidade que se interesse por aquilo que a banda faz? Alguém se interessa por todos estes artefactos que vão deixando? Existe alguma estratégia nesta dispersão do percurso discográfico? É para ir envenenando os vários segmentos de mercado? Ou apenas existe o acaso nesta vida da banda?
Mais uma vez seja como for, a banda safa-se bem em pequenos formatos porque nunca chega a irritar - graças à voz demasiada plástica Pop, única mácula que sinto neste grupo... Ainda bem que demoram imenso a gravar LP's!

sexta-feira, 2 de julho de 2010

PEQUENO É BOM encontros sobre edição independente (4ª sessão)



DIA 3 de JULHO
entre as 16h30 e as 19h
na CASA da ACHADA

PEQUENO é BOM! é um encontro mensal sobre edição independente que pretende ser um espaço de reflexão e divulgação destas “coisas pequenas” que andam por aí a maior parte das vezes longe do olho público: zines, CD-R’s, k7’s, vinil, graphzines, livros de autor, etc…

Para o mês de Julho a programação é literária com um encontro-tertúlia e uma Feira do livro com editoras como a Black Sun, Chili Com Carne, Averno, Edições Mortas, Thisco, ... e outras edições nacionais e estrangeiras (Coreia do Sul, Taiwan, França,...)

novidades editoriais :
- Mass #3, zine de Nevada Hill (EUA)
- A Segunda Vida de Djon de Nha Bia (Chili Com Carne), romance de Nuno Rebocho
- serigrafia de exposição de Nevada Hill no Trem Azul
- Pénis Assassino (MMMNNNRRRG), livro de bd de Janus

free crack & lsd

Galeria CCC + Silent Wall Army













+ fotos da expo da CCC no Crack no blogue do Le Dernier Cri (é preciso procurar!)