sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

E o disco do ano é


Turba (New Approach) de Metadevice.

Já perdi a conta das edições de Metamachine, projecto que aparece no meio da pandemia covid, ainda mais porque apanhei uma edição especial deste disco que inclui um CD-R limitado, Atomization, no meio de tanto luxo editorial: capas e posters e capas e posters e capas e posters, dentro uns dos outros e não sei o quê que a dada altura já nem sei voltar a montar a edição como estava. Queixas? Não, o sentido estético é tão exigente como a música, deixando de haver diferença entre André Coelho músico e desenhador. 

São discos que tratam deste mundo que acaba com um soluço e não com uma explosão, dada a impotência de todos contra uma máquina fora de controlo mas que nos controla e dirige. O alerta vai para a desmaterialização do ambiente humano para um digital zombie. E se a música soa a contínuos electrochoques com títulos colocados por um gajo inteligente e observador não significa que tenha conteúdo político - é uma questão debatida, o ruído per se é político? Para libertar as dúvidas venham as vozes de Rui Almeida sacando as literaturas ambientais de Nathaniel West e Thomas Pynchon, moldam um retrato de 2021 e a nossa paradoxal miséria humana - voltem Situacionistas, estão perdoados.

Por fim, destaque ainda para duas produções portuguesas deste ano, a saber Chroma (Nau) do lisboeta Bernardo Devlin a acrescentar mais desnorte existencial e Ata Saturna (Lovers & Lollypops) dos Conferência Inferno que apesar de ainda serem uns Suicide e New Order mitrados, tem potencial para algo mais.

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

João Paulo Cotrim, the Smartest Kid on Earth

 

(retrato roubado ao André Carrilho - título do "post" gamado ao Chris Ware)


Ontem 

Cotrim era um homem muito generoso e dos mais inteligentes que conheci. 

O seu lugar de Director da Bedeteca de Lisboa permitiu-lhe fazer tudo para mostrar uma Banda Desenhada diferente do mofo imundo que em que vivia. Já tinha mostrado, em parceria com Renato Abreu, como deveria ser a BD do futuro com a revista Lx Comics mas com a Bedeteca cristalizou o passado - recuperando Rafael Bordalo Pinheiro, Cottinelli Telmo, Carlos Botelho, Sérgio Luiz e Fernando Bento em monográficos mas também com a publicação de investigações sobre a História da BD portuguesa. Incentivou um presente-urgente com exposições estrangeiras da vanguarda europeia - Amok, Fréon, L'Association -, encomendando obras e livros, apoiando as fracas editoras que existiam na altura e os novos autores cheios de tusa recuperando para eles o título Lx Comics numa colecção de "comic-books", formato adorado na altura. Muitos dos nossos autores tiveram o seu primeiro livro publicado nesta colecção, logo eu e o Pedro Brito nos primeiros dois números e mais tarde André Lemos, Rafael Gouveia, João Chambel, Pepedelrey, Isabel Carvalho, Pedro Zamith e Francisco Sousa Lobo, citando apenas aqueles que foram/são associados nossos ou que publicamos com mais frequência. Houve mais artistas em 17 números!

O futuro também estava previsto, uma Bedeteca que seria um centro cultural. Tudo estava preparado com toda uma nova geração de artistas e editores a produzir obras do seu tempo. Depois, foi tudo à vida, lentamente, perdoem-me o pudor místico, voltando a BD a algum retrocesso dos anos 90. Nem tudo regrediu, havia mais agentes em marcha, felizmente.


Hoje

Se o Presidente o homenageia, aposto que ele nem sabe o que é uma Bedeteca - nunca o vi a frequentar uma. Se há centenas de artistas e escritores a relembrarem Cotrim nas suas redes sociais, por outro lado, muita da gente da BD ignora-o. Não sabem o que ele fez e temo, dado que a cena é reacionária, que deverão arrotar postas de pescada imundas em breve. Talvez o silêncio ou ausência de discurso dos ditos amantes da BD seja uma benesse. 

Na BD portuguesa, um lado estranha Cotrim e do outro (público em geral ainda) se estranha o que é a BD. Só José Marmeleira no Público soube escrever sobre um Cotrim equilibrado nos mundos da imprensa, literatura, edição e "bonecada" - será que ele gostava do Jimmy Corrigan? Não me lembro... Só me lembro da sua cara de gato traquinas.

Hoje, a actual "gestora" da Bedeteca de Lisboa, a Junta de Freguesia dos Olivais, anunciou que vai fechar o equipamento para obras. A coincidência não poderia de ser de pior gosto, ou digna de conspiração cósmica. Espero, no entanto, que seja um bom sinal para tratar da incúria e desinvestimento de uma década da Câmara Municipal de Lisboa e da dita Junta em relação ao palacete "farsolas" (assim Cotrim referia o Palácio do Contador-Mor) e ao seu acervo. Veremos...


Amanhã

Gostaria de ser mais optimista mas o que tenho visto do lado da cena da BD, o trabalho de Cotrim cairá em ignorância, como toda a Cultura em Portugal. Se se recuperam certos autores de outras áreas artísticas aqui e ali, na BD tudo é fatal e no máximo aposta-se no R.B. Pinheiro ou no Stuart. O resto não parece interessar a mais ninguém. 

Para que serve uma Bedeteca no século XXI? Para combater a ignorância sobre e do próprio meio. Cotrim, o "rapaz mais esperto do mundo" já o sabia há 25 anos atrás.


Marcos Farrajota

sábado, 25 de dezembro de 2021

a todos um pai natáaaaaaaaal a todos um pai natáaaaaaaaal a todos um pai natáaaaaaaaal a todos um pai natáaaaaaaaal a todos um pai natáaaaaaaaal a todos um pai natáaaaaaaaal a todos um pai natáaaaaaaaal a todos um pai natáaaaaaaaal a todos um pai natáaaaaaaaal a todos um pai natáaaaaaaaal a todos um pai natáaaaaaaaal a todos um pai natáaaaaaaaal a todos um pai natáaaaaaaaal a todos um pai natáaaaaaaaal a todos um pai natáaaaaaaaal a todos um pai natáaaaaaaaal a todos um pai natáaaaaaaaal



Precisamente um ano após a Chili Com Carne e a rotten / trash terem iniciado a série mais impactante do mercado musical português - servindo os Braille Zero de "Gatilho" - chega-nos agora a derradeira compilação desta Natalixo! 

NAU 25 - É ISTO QUE EU CHAMO DRONE NATALÍCIO contém os melhores temas natalícios alguma vez publicados, ideais para se ouvirem no aconchego familiar do seu lar e ajudar à sesta colectiva para que este dia 25 de comunhão e jubilo natalício passe o mais rapidamente possível para todos. 

Já não terá que aturar as piadas machistas do tio depravado ou a conversa da treta com factos altamente duvidosos dos avós fachos, basta apenas adquirir este singelo minicd que tudo ficará resolvido após uma soneca relaxante ao som de drones de canções populares como A Todos Um Bom Natal e Mundo Encantado dos Brinquedos, autênticos hits da pequenada no shopping center, ou de versões aprimoradas dos projectos originais Shoetos & Pontapés, Arcanjos e Boy que ajudarão os mais graúdos a curar a bebedeira solitária neste dia tão especial.

🎅🎅🎅 Feliz Natalixo 2021 🎅🎅🎅

sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Vaidade vinílica

 


Pior que fazer discos em vinilo só de um lado é fazer discos duplos que não suportam certos tipos de música que não foram feitos para esse formato. O Rock psicadélico e o Prog tiveram os seus dias de glória porque banalizou-se o 12", da mesma forma que a música Illbient, Drone ou Doom aproveitaram os 80 minutos dos CDs para construírem mundos de muitas horas sonoras. Estranho caso este da estreia de VeganovA  com Nogod in Sirius (-Belligeranza; 2020) na editora do nosso amigo DJ Balli, em vinilo é uma chatice de 15 em 15 minutos ter de mudar de lado do disco para ouvir um álbum que soa bem em digital, seja no seu bandcamp seja nos ficheiros fornecidos na compra do disco. Já se está a ver tudo, ou as faixas não cabiam num lado do disco ou ficariam muito comprimidas perdendo qualidade no som. Pois amigos, é por isso que os artistas tem de perceber de restrições técnicas ou essa é a razão dos editores ainda existirem, para canalizar a criação para a publicação. Enfim...

A música é um ambiental-sideral do mundo do quarto, "cosmosplotation" e inclassificável - de resto talvez em sintonia com o mini-hype que houve em volta do colectivo / editora Arte Tetra. Soa melhor em digital, fazer o quê? Demorei um ano a perceber isso por mais que babe ao abrir a capa e descobrir uma cinta de moebius:


Ó Fetichismo pela Mercadoria! Feliz natalixo! Que esta música vos ilumine numa das piores noites do ano.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

a CCC está com o MAL


+info sobre o MAL

Nos baldios deixados ao abandono pelos grupos editoriais hegemónicos nasceram algumas editoras que aí instalam os seus enxovais e produzem livros com propostas diferentes — no conteúdo, no grafismo, nos meios de produção, na distribuição, no discurso e nas práticas. 

O MAL pretende tão só cultivar um espaço de respiração para o que ainda sobrevive no terreno devastado pela monocultura intensiva do livro. 

Em contramão à uniformização operada pelos cartéis editoriais, que produzem objectos-livro cada vez mais indistintos entre si, estas editoras que se apresentam no MAL ocuparam o espaço destinado à invenção e ao risco, revelando que é possível editar livros que ainda se esquivam a partilhar prateleiras com blocos de notas, porta-chaves de cortiça, sardinhas de faiança e peluches do Camões. 

Da poesia à prosa, da banda desenhada ao ensaio, da fotografia à ilustração, com hibridismos pelo meio, tudo isto mal cabe no MAL.

Da nossa parte teremos o novo livro de Francisco Sousa Lobo!!!

quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

E no Porto...


Tal como no ano passado estamos no Perímetro representados pela Senhora Presidenta!

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Centro de Cópias


Bela k7 que saiu a How nature speaks de Superalma Project pela editora do momento Rotten// Fresh. Embora ouvir isto pense sempre inevitavelmente em Fire-Toolz não fosse a mix feita de Vaporwave, Black Metal, Jazz e IDM num caos pensadinho. A desvantagem será que tudo é colagem e não performance, ao contrário de Fire-Toolz que sempre toca uma beca. Por outro lado no século XXI ninguém quer saber de virtuosos para nada - é de cagar a rir quando miúdos perguntam se os desenhos do João Maio Pinto são feitos a computador - interessa sim copiar bem o excesso de informação nem sei bem para quê... Quem o faz sabe? A capa revela a música, o bibelô surpreende mas a dada altura cria repulsa pelo cansaço do exagero digital - embora eu daria tudo para ter um bibelô assim em casa, claro! Tarefa cumprida, siga, qual a próxima edição?

domingo, 12 de dezembro de 2021

O belga e a monstra

 

A grande Parangona - graças ao Tasco do Natxo - pariu um rato de público. Infelizmente e que fazer quando a razão do evento é a que sofre por causa da sua animação paralela? Triste...

Positivo só algumas compras feitas no evento como este El Hoebrelobo & La Momia (Mamá Press; 2021) do brasileiro Eduardo Belga. Um "split-book" de pura escatologia e auto-mutilação Gore de quem sabe desenhar o que lhe apetece incluíndo humilhações sexuais e um atropelamento violento contra um carro, por exemplo. Impressiona à primeira vista e à segunda.

A distribuição está a cargo do nosso amigo Prego. Perguntem-lhe por este título editado em Espanha e redigido em castelhano



Outra que impressiona é o primeiro número de Incandescente (2021) de Mariana Pita. Por duas razões, a primeira porque ela revela um estilo de desenho que poderia (pode!) desafiar a qualidade de qualquer "comic-book" americano - Image bullshit, etc... - e porque por isso mesmo, habituados ao estilo "fofinho" e naive de Pita, de repente somos confrontados com um estilo "realista" de uns X-Men do século XXI - só falta o estúdio de cor digital para ficar tal e qual.

Deve-se a mudança - não é mudança! - de estilo porque como já escreveu o Tommi Musturi a forma ou estilo deve acompanhar a mensagem / conteúdo da ideia. Como Pita quer fazer uma BD de uma "Magical Girl" então desenhou de forma mais naturalista. 

Nota negativa apenas são as poucas páginas que deixam saliva no leitor e se a Pita não concluir a "série" toda tenho a certeza que vai haver revoltas nas ruas, quedas de governo e carros incendiados! A sério!

sábado, 11 de dezembro de 2021

Tommi Musturi @ Todas as Palavras



Todas as Palavras: Ana Daniela Soares e Inês Fonseca Santos apresentam os livros e os autores que nos emocionam - como o Tommi Musturi!!!

sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

Leiria sabe


As edições vão estar na Feira Torta, em Leiria, através da Paperview... Leiria sabe que não vale a pena fazer uma feira de edição independente que obriguem os seus editores exaustos dos dias de trabalho a ficarem mais de oito horas a apanhar seca como foi este fim-de-semana na ZDB (vulgo, o Tasco do Natxo).

terça-feira, 7 de dezembro de 2021

ccc@Museu.Bordalo.Pinheiro


O Museu do Bordalo Pinheiro - o pai da BD portuguesa, mother-fucker! - organiza um mercado de BD e ilustração e nós vamos. E aproveitamos para apresentar no dia 12 de Dezembro, às 15h, o Hoje Não da Ana Margarida Matos porque merece a filhota! 

Vovô Industrial

Este EP 7" dos Los Humillados, Rua do Gin, The Barbie Lovers e HIST (Grabaciones Góticas + Facadas na Noite; 1990) é um pedaço de história curiosa. Raramente naquela altura, em Portugal, havia edições em vinil de bandas underground e aponta que houve uma altura em que existia algum intercâmbio cultural com os nossos hermanos e que fez fade out nos anos 90 - hoje nenhum dos dois países se interessam pelo que passa num ou no outro país, tristeza...

"Os espanhóis humilhados" soam a escuteiros à fogueira com vontade de suicídio. Rua do Gin é uma desilusão pois esperava uma réplica de um dos temas mais selvagens de sempre do Rock tuga - refiro-me a Rebeca no primeiro volume das colectâneas bracarenses À Sombra de Deus - aqui parece apenas um Pop bizarrito. Os catalães "amantes da Barbie" parecem ter vozes distorcidas de Frank Zappa com um Industrial light e nerd. Por fim, Hist é EBM em speed com samplagem repetitiva como era normal na altura porque a tecnologia era primitiva - queria ver os Rotten / Fresh e afins a fazerem música com os programitas da altura!

Agora que um espectro de música menos convencional começa a ser descoberto, percebendo-se que em Portugal a década de 80 não foi só Mão Morta, Pop Dell'Arte e a Ama Romanta mas que existia outras editoras e projectos com perfis mais "radicais" para uma sociedade portuguesa estagnada, este EP tem também o seu encanto gráfico e sonoro. Co-edição de duas editoras, uma portuguesa e outra espanhola, cada uma a editar dois projectos dos seus países, aparece com uma capa dourada porque, de certeza, os espanhóis adoram coisas que brilham e com o grafismo que está ao nível europeu do que se fazia na altura na onda Industrial - aliás este tipo de música sempre esteve sempre mais nivelado ao que se fazia no resto do mundo do que os outros géneros de música cá em Portugal, gostaria de perceber porquê um dia! Problema é o som que está baixo mas há uma razão, a "master" foi enviada para a fábrica em Espanha e os CTT perderam a dita cuja. Ao que parece o disco já estava pago e algo tinha de acontecer, senão era dinheiro para o lixo. Resultado, pegou-se numa gravação inferior que existia e gravou-se este vinil. Narrativa curiosa de amadorismo e independência que acontece frequentemente nestes meios, sem razão para humilhação pública, diria até pelo contrário, é uma glória perante as dificuldades de um mundo pré-digital. 

Por falar em HIST, foi reeditada a k7 desta banda de Setúbal, na actual segunda vida da SPH. O livrinho de letras e imagens está um mimo, diga-se.

The Greytest Hi$t 1983 85 são uns 15 temas de puro lo fi muito antes de se rotular de Industrial ou Experimental ou Electrónico - hoje diria-se post-punk, suponho eu. Lembra sobretudo Tuxedomoon talvez pelos ritmos esquizóides com guitarras angulares, uivos e o contínuo musical que não sabemos bem para onde nos leva.

É penoso q.b. ouvir estas gravações, a não ser que sejam freaks do lo fi, claro, o que aliás demostra o quanto os nossos ouvidos e cérebros já foram higienizados pela perfeição do digital. Mas é uma questão de hábito e desprogramação afinal a História não pode ser dos vencedores, não pode!

sábado, 4 de dezembro de 2021

Lodo gaitinhas



Mulk / Golem of Gore / Nyctophogia / DJ Balli 
(Still Fukin Angry + DDP; 2021)

Queria ver se o Malefic não ia chorar como um menino numa ressonância magnética. Ia lacrimejar-se (mijar-se!) todo porque aquilo é um sarcófago de boas intenções para descobrir as maleitas, que servirão para um diagnóstico e respectiva cura. Dentro do túnel do RM ouvem-se sons parecidos com esta split-tape que junta o francês Mulk, a dar no Cybergrind mas com toques de quem curte Breakbeat e Glitch sem nunca esquecendo The Berzerker; os italianos Golem of Gore são os mais óbvios desta grupeta da k7 com o seu Goregrind exposto em "gorefilia" e um interlúdio Giallo - mais italiano impossível!; o texano Nyctophagia é triturador com toques Death e nesta altura já é de tocar de botão de pânico dentro do túnel branco! O golpe final e para enlouquecer de vez na brancura clínica é dado pelos italianos DJ Balli e Ralph Brown que acabam a edição em grande com as suas duas faixas de Extratone - ou seja 1000 BPM para cima, são tantas as batidas que fazem um "tom", não, não um ritmo dançante bem "headbangeriano", apenas insanidade sónica e renascença. 

Os Atari Teenage Riot já tinha alertado para não acreditarmos na velocidade (ou nos "speeds", a letra é dúbia), eis a prova de que há limites técnicos e humanos no mundo sónico. Sobretudo, a k7 serve de treino pra quem almeja a terceira idade, quando o corpo começa a desfiar e a agenda começa a ficar cheia de encontros com médicos, análises e exames médicos invés de flirts, drogas recreativas e concertos em caves imundas. Nada pior pior para um Trve BM do que isso, pá, a Vida!

quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

CHILI com YUZIN


E vai ficar concluída a nossa colaboração com a agenda cultural açoreana Yuzin com uma "BD cadáver-esquisito" em sete partes, começada por Gonçalo Duarte, seguida por Alexandra Saldanha, a dupla (açoreana, yo!) Francisco Afonso Lopes e Francisco Lacerda, Rodolfo MarianoDois Vêsgato mariano Tiago da Bernarda e concluída por Mariana Pita.

terça-feira, 30 de novembro de 2021

Novos Opuntias

 


Nestes anos de pandemia é absolutamente incrível ter assistido ao quase desaparecimento da cena gráfica portuguesa, isto apenas porque deixou de haver eventos de edição independente ora cancelados ora eternamente adiados. Ou seja, sem esta "distribuição" a cena não existe porque os seus editores não souberam na última década pensar fora do baralho - com excepções que confirmam a regra. A maior parte da produção portuguesa publicada em estruturas estrangeiras - antologias ou livros a solo - e houve claro os velhos da cena aguentaram-se em actividade: a Chili Com Carne, claro, mas também o Fojo, Imprensa Canalha, o Rudolfo a insistir nos Musclechoos mas também os recém-chegados Bestiário (com o livro do André Coelho) e o regresso da Opuntia. 

E eu é que regresso sempre aos Opuntias porque vale bem a pena, num mundo de espaço virtual infinito mas que não passa de um depósito de "likes" e chi-corações, é importante ocupar electricidade e pixels a divulgar projectos de qualidade, aliás, havendo este fim-de-semana a Parangona, largue o smart-phone assassino e ide lá gastar dinheiro neste projecto editorial, sff. Eis as duas últimas novidades: 

Ungodly Forsaken Place do seu próprio editor André Lemos, que parte a tradição dos formatinhos A5 do Opuntia. Pela primeira vez há um A4 que se explica pelo facto que os últimos desenhos de Lemos estejam mais detalhados e telúricos - viu-se este fim-de-semana na exposição no Homem do Saco - impondo um formato maior e de maior legibilidade e presença física. Assim temos uma edição tesuda de imagens de animalário, acidentes e vivas naturezas, um "meltdown" premonitório que fez algumas pessoas cancelarem a viagem naquele barco chamado Titanic.

Repent! do finlandês Lauri Mäkimurto é uma mini-galeria portátil (não são todos os graphzines?) de pintura e desenho deste artista. Do seu imaginário diria que Palsa estará sempre presente mas também algo de Jukka Siikala na decomposição dos materiais representados. Aqui também há sonhos e fantasmas, cenas de arrepiar a espinha, se ela ainda existir.

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Que vergonha, servimos de conteúdo prá TV


 

Alguém sabe se o concorrente ao menos acertou?

Senão digam-lhe para vir aqui comprar as revistas!

sábado, 13 de novembro de 2021

Lançado no Dia dos Finados em homenagem a Paco Bandeira (1945-2012) :::: ESGOTADO


Lançado no Dia dos Finados em homenagem a Paco Bandeira (1945-2012), esta co-edição com a 
Rotten / Trash é limitada a 30 cópias. Mini-CD gravado entre os rios Tejo e Coina por um colectivo de artistas anónimos com o apoio da Fundação Pago-te Bandeira Para o Desenvolvimento.

Cinquenta mil discos destruídos em Sintra, pelo menos dez na Cabra Figa. Até quando vai pulular o ódio e a falta de respeito pela música? São estas as perguntas que a Fundação Pago-te Bandeira Para o Desenvolvimento® coloca na sua primeira campanha pública, trazida em co-produção com a rotten / trash e a Chili Com Carne e lançada no dia 1 de Novembro - ✝dia dos mortos✝™ - numa vã vontade de conservar a vida de uma arte e de um artista putréfido. 

As cinco obras tecidas por um colectivo de artistas anónimos foram gravadas colaborativamente com o financiamento da Fundação Pago-te Bandeira Para o Desenvolvimento® e do movimento "Pelo Menos Respeitem a Música"® com parte dos lucros a reverterem para a criação de uma escola de surf para gatos em Elvas.


COPY CONTROL™

sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Rei da BD Portuguesa responde à pergunta: "Será a caneta mais poderosa do que a espada?"


A edição portuguesa do Monde Diplomatique tem publicado, sob a nossa coordenação, as respostas em Banda Desenhada por uma série de artistas. 

Este mês é a vez de Rudolfo, o autor de tanta coisa que seria ridículo anunciar aqui, se não sabes, não existes!

quarta-feira, 3 de novembro de 2021

ccc@zinefest.leipzig

 


We will have a selection of our books at Magma Bruta's table at Zinefest Leipzig!
6th of November from 12h to 18h at 'Das Japanische Haus'
Come say hi 

:o)

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

30 anos de SPH, 20 anos de Thisco


30 Anos de Invisibilidade subtítulo do mais recente livro co-editado pela Chili Com Carne e Thisco que retrata, simultaneamente, a vida de duas editoras que celebram o trigésimo e vigésimo aniversários, a SPH e a Thisco respectivamente, mas sobretudo é um espelho bastante fiel de um país que se conforma e fomenta arcaísmos de pensamento, mais interessado em seguir modas e modismos, sobretudo se se apresentarem com a camada certa de neologismos ou conceitos de importação e aplicação rápida.

O fim de semana de aniversário na SMUP é, sem margem para dúvidas, fim de semana de celebração. Comemorar um trabalho de anos e anos, de inúmeras relações estabelecidas, de uma persistência de tirar fôlego, mesmo que aparentemente se pense que nada se faz. Uma invisibilidade real, mas também aparente. Aparente, porque quer o trabalho da SPH quer da Thisco cria raízes, e se mais não floresce é porque vivemos placidamente num deserto à beira-mar plantado.

30 anos SPH / 20 anos Thisco | 22 e 23 de Outubro | SMUP Parede com Walt Thisney, Cavernancia + Jerome Faria, Manuel Mota, shhh..., OndaXoque, António Caramelo, Ghent, Violeta Lisboa + Miguel Sá (dj) e Novo Major (dj)

. Apresentação do livro Isto vai acabar em lágrimas - 30 ANOS SPH/20 ANOS Thisco

. Inauguração de uma exposição com diverso material fonográfico e gráfico alusivo a ambas as editoras.

. Projecção de vídeos de Eurico Coelho.

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

ccc@bdamadora.2021


O regresso da BD Amadora é o que se esperava, cada vez mais "Bêdê" e cada vez mais "amadora" mas se acham que não há nada para ver por lá - sobretudo se fores mulher do século XXI, por exemplo - BUT FEAR NOT! Há a exposição da Ana Margarida Matos intitulada de HOJE NÃO, trabalho vencedor do concurso dos 500 paus deste ano.

Hoje começa a bedófilia num ermo qualquer do município e teremos o livro para que possam no dia 23 de Outubro, acompanhar a visita guiada com a autora e pedir-lhe o famoso autógrafo, achamos que deverá acontecer às 18h mas nunca se sabe ao certo...

De resto, a Chili Com Carne vai estar lá com um stand em que para além das suas edições terá o melhor que se edita por aí, e isto significa os livros da Bestiário, os restos mortais da MMMNNNRRRGSendai.

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Fim de Emissão #7: 30 Anos SPH / 20 Anos Thisco (Warm-up session)


 

Fim de Emissão é a mensalidade da Nariz Entupido no Desterro

A Fim de Emissão #7 é uma parceria com a Chili Com Carne, SPH e Thisco dedicada a comemorar o 30º e 20º aniversário respectivamente destas duas últimas editoras. 

Dois verdadeiros meteoritos no panorama musical nacional no que erroneamente se convencionou como música independente. Talvez fosse oportuno aproveitar a coincidência das efemérides para subverter conceito e criar novo – SPH e Thisco são editoras ultra dependentes. Dependentes de um compromisso estético forte, dependentes de uma forma de fazer meticulosa e estreitando a ponte entre universos – literatura, fotografia e obviamente a música – dependentes do entendimento do mundo com ligações que ultrapassam a mesquinhez territorial e musical – as inúmeras edições de autores estrangeiros ou as diversas compilações com músicos de famílias estéticas tão diversas são marca que não se apaga.

FIM DE EMISSÃO#7 | 30 ANOS SPH / 20 ANOS THISCO | 16 DE OUTUBRO | DESTERRO 

com CR88 | 130_IVXX | OHRWURM MASTERS (TJ) | ZENTEX | EURICO COELHO (VÍDEOS)

16 DEOUTUBRO | DESTERRO (20h – 02h)


isto é um warm-up session para a grande festa da SMUP no fim-de-semana seguinte com lançamento do livro "Isto vai acabar em lágrimas" na colecção THISCOvery CCChannel.

ccc@Bremer.zine.fest.2021

 


We will have again some books on Magma Bruta's table, this time at 
Bremer Zine Festival in Bremen, from 15th to 17th of October
Come say hi!

Não estava lá...

 Vamos a Norte (clicar nas imagens!)...


E a Sul...

É como quem diz, estarão por lá algumas das nossas edições com alguém...

segunda-feira, 11 de outubro de 2021

Lobinho,

já andava desconfiado.

Ligava-te para falar de um projecto institucional e não atendias.

Não estavas em redes sociais nem telemóveis, tinhas apenas um número fixo.

Mas tinha o teu endereço, que algumas vezes usei para te espicaçar, mostrando que a "BD portuguesa" (seja lá o que isso for) ainda existia com novas autoras como a Baeza e a Pita. Sei que não deves ter ligado muito a elas, não sei... não tenho a certeza, desconfio. A tua Banda Desenhada era diferente da "nossa", a deste milénio e em todos os sentidos, dos temas às formas de publicar. Gosto de pensar que mesmo assim não ignoraste os livros, afinal, eras uma mulher curiosa, sagaz e arguta.

Hoje, ligaram-me a dizer que receberam a minha carta e que tinhas falecido em Junho. 

Já desconfiava  do silêncio do telefone mas uma ingénua fé dizia-me que deveria ter paciência. Realmente não podia fazer muito a não ser desconfiar e esperar por alguma resposta ou notícia porque como já escreveram publicamente não fizeram nenhuma ligação entre uma senhora do Alentejo com uma autora de BD - essa área onde a cegueira é endérmica e gigante.

Ainda assim, o teu nome nunca foi esquecido e nos últimos anos, quase toda a tua obra da década de 70 foi republicada, incluindo alguns inéditos que saíram na Revisão. E o mais belo de todos os inéditos, a capa rejeitada pela redação da revista Visão (que se calhar não era assim tão visionária como se gosta de apregoar) e que passados 40 anos brilhou como capa da nossa antologia da BD portuguesa dos anos 70. Que orgulho o meu ter recebido tal prémio e poder usá-lo à vontade! O João Maio Pinto desenhou depois os títulos da capa numa frequência setenteira da coisa.



Fico feliz de ter-te conhecido, já um bocado tarde - em 2015? - quando preparava esta feliz aventura da Revisão. Foi graças ao Lino que nos conhecemos - e quase todos os outros "visionários" contatados. Ficou muito por falar mas hoje, desorientado como estou, não tenho muito para te dizer.

Beijinhos,

Marcos Farrajota


----------------------------------

Texto para assinalar o falecimento da autora Isabel Lobinho, 1947-2021.

Isabel Lobinho foi das poucas autoras de BD em Portugal das décadas de 70 e 80, facto socialmente triste porque revela que país atrasado era o nosso. 

Nasceu a 11 de Junho de 1947 em Vila Nova de Barquinha, Ribatejo. Completou o curso de publicidade, sendo que a partir de 1969 começa a fazer ilustração para várias publicações como a Flama, ou ainda livros e discos. A sua primeira BD com data de Dezembro 1973, é na revista Lorenti's onde também fazia o design, publicação de "life style" num país sem estilo. Pranchas desta BD, Yurie, podem ser vistas no catálogo da Tinta nos Nervos (2011). 

Com o poeta surrealista Mário-Henrique Leiria (1923-80) serão parceiros de várias BDs, seja na revista Visão (1975-76) seja no álbum Mário & Isabel (Forja; 1975) - reeditado em 2002 pela Câmara de Moura e recentemente no primeiro volume das Obras Completas de Leiria, pela E-Primatur. Participou em alguns fanzines como o Boletim CPBD, Protótipo e Eros, bem como nas revistas O Máximo (1976), Correio de Domingo (do jornal Correio da Manhã, 1986) e Élan (1987).

O Máximo deverá ser a única publicação portuguesa que tratava sobre a homossexualidade, em foco o lesbianismo. O grafismo desta revista cultural com o seu formato quadrado "gigante" e com estas temáticas pouco aliciantes ao cérebro cinzento da altura, faz dela uma publicação única até aos dias de hoje. Se calhar por isso mesmo só sobreviveu dois números. Lobinho participava com uma série de BD a duas cores, dedicada à História Sexual da Humanidade

O trabalho de Lobinho sempre se pautou pelo erotismo, com um grafismo bem cunhado pelo psicadélico dos seus tempos embora o seu traço tenha evoluído para algo mais realista nos anos 80 como se pode verificar na série que participou no Correio da Manhã e que é um potencial álbum de BD nunca foi editado.

Desde os anos 90, Lobinho dedicou-se à Pintura com várias exposições individuais.

domingo, 3 de outubro de 2021

sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Para quê votar em macacos quando vai haver a Feira Anarquista do Livro?

 


Uma selecção do nosso catálogo estará na banca d'A Batalha - alguns livros terão "preço livre", aproveitem!

+ infos AQUI

Saúde e Anarquia!

quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Alegre cavaqueira na Amadora


 

Com moderação de Pedro Moura no Domingo, às 18h, há uma conversa sobre BD com Ana Margarida Matos e Jorge Coelho, na Biblioteca Municipal da Amadora. Aproveitamos o momento para divulgar que o projecto da Ana Margarida Matos que venceu os 500 Paus deste ano já mudou de título - passa a Hoje Não - e terá uma exposição na próxima edição do Festival BD Amadora, com o lançamento do respectivo livro.

ccc@queer.lisboa.2021

 


Como tem sido hábito desde 2018 eis que uma selecção de títulos nossos estará presente no Queer Market do festival Queer Lisboa.

quarta-feira, 15 de setembro de 2021

Viva Valium

 


Em 2001 a Chili Com Carne preparava aquela que viria a ser o seu primeiro grande projecto editorial, a antologia internacional de Banda Desenhada e Ilustração Mutate & Survive. Nessa altura, a 'net ainda era uma ferramenta residual na actividade editorial e na vidinha, por isso, por ingenuidade nossa, demorámos a perceber que as cartas com CD-Rs e fotocópias que nos apareciam no apartado todos os dias vindos de países tão distantes como Argentina ou Croácia tinha a ver com o "poder do forward" dos emails feitos pelos irmãos eslovenos da Stripcore (que publicam a revista Stripburger) para a sua "mailing-list" - concenhamos a Stripcore na altura conhecia TODA a gente da BD pelo mundo fora! Na realidade não sei se o esquadrão canadiano composto por Eric Bräun, Rick Trembles, Richard Suicide e Henriette Valium que enriqueceram GRANDEmente este MEGAfanzine vieram pela promoção da Stripcore ou se foi de ter conhecido Bräun num festival de Angoulême um ano antes, creio. 

Esta semana soube do falecimento de Valium o que me entristeceu bastante uma vez, apesar de o nunca ter conhecido pessoalmente. 

Conhecia a sua obra nos anos 90 pela revista Zero Zero (da Fantagraphics) e imaginem como me passei quando recebi um pacote dos "undergrounders" canadianos! O Braün e Valium já conhecia, os outros dois não. E de repente ia publicar este "Papa da Underground" do Canadá! De resto, tivemos de fazer uma pequena batota gráfica para que se conseguisse meter a página de BD de Valium de forma a conseguir-se ler bem não estivesse a BD cheia de detalhes barroco-podres por TODO o lado!

Infelizmente, a história da miséria para artistas marginais repete-se, a julgar pelo texto elegíaco de Marc Tessier: (...) His lack of durable and serious recognition for his contributions to the Quebec arts scene did not allow him to live off his art. Over the years all his grant applications were rejected. He lived on welfare and eventually settled into a garage that he renovated into an incredible studio and living space.

domingo, 12 de setembro de 2021

BRUMA de AMANDA BAEZA / ESGOTADO

El deslumbrante debut de Baeza (...) Autobiografía de vanguardia para el siglo XXI. 
The Watcher
.
un estilo y una narrativa subversiva en la que la artista (...) utiliza el humor, juega con la ironía y desarrolla un discurso en el campo social y político que la propia autora ha decidido bautizar como activismo visual.
Cactus
.
.


Amanda Baeza nasceu em Lisboa, em 1990, cresceu no Chile e regressou a Portugal com 10 anos. Talvez seja por ter crescido entre dois hemisférios que haja quem diga que os seus desenhos vêm de outro mundo.

No entanto sabemos que as bandas desenhadas seleccionadas neste volume baseiam-se em eventos e sentimentos reais. O seu grafismo tem tanto de assertivo como de mutante e é na fusão com as palavras que nos surgem estas originais narrativas e poesias visuais.

Baeza actualmente reside em Lisboa e desde 2012 que trabalha para várias publicações internacionais. Bruma compila quase duas dezenas de histórias, a maior parte delas inéditas em Portugal, uma delas com texto de Pedro Moura.

ESGOTADO
talvez ainda encontrem exemplares na Tinta nos Nervos, Sirigaita, BdMania, Matéria PrimaTasca MastaiTigre de PapelUtopia, LAC (Lagos)Senhora Presidenta e Ugra Press (Brasil).









10º volume da colecção Mercantologia
160p. 15x21cm a cores, edição brochada
edição apoiada pelo IPDJ

Sairam entre o final de 2016 e juntamente com esta edição, um livro em castelhano pela Fulgencio Pimentel - Nubes de Talco (128p., formato 17x24cm) - e em inglês pela letã kuš! - Brume (116p., formato A5). Na realidade isto foi uma parceria entre os três editores para reunir o trabalho desta estimada autora sendo a edição portuguesa a mais completa, a espanhola a mais bonita e a inglesa a mais universal.
:)

Dankas very muchas Cesar & David!

;.;

sobre o livro:

Apresentado oficialmente no dia 26 de Março 2017 na Feira Morta na Estrela (Lisboa) com uma exposição dos trabalhos da autora.
...

Quando a maioria das obras de banda desenhada portuguesa editadas anualmente é distribuída por canais alternativos às livrarias e aos pontos de venda de periódicos (...) cabe ao leitor interessado fazer um esforço extra para acompanhar as obras dos autores que lhe interessam, sem garantias absolutas de sucesso nesta demanda. A sua exposição reduzida implica que sejam lidas e analisadas por poucos, correndo o risco da memória histórica nem sempre as considerar. Foi a pensar em tal, que a Chili Com Carne concebeu a sua série Mercantologia, dedicada à reedição de “material perdido”. O seu 10.º volume (...) não poderia simbolizar mais o propósito da coleção. Amanda Baeza é uma das mais interessantes e prolíficas autoras nacionais – com o devido respeito à sua origem chilena – cuja obra mui raramente chegou às livrarias e, nesses poucos casos, sempre em antologias de vários autores. A acrescentar ao nem sempre fácil acesso ao mundo dos zines e demais edição independente, Baeza tem sido publicada em diversas línguas e países, por vezes com material inédito em Portugal. Por tudo isto, uma antologia dedicada à obra de Baeza era imperativa há já algum tempo e finalmente os leitores interessados poderão conhecer um importante conjunto de bandas desenhadas representativo do seu trabalho. 
...
Foda-se, este livro é mesmo bom. Para além de ser um assombro, de ser bonito - coisa rara na Era Irónica -, para além de ser o melhor que a BD pode ser, para além de ser um livro em que se sente o que se está a ver como se fosse um deleite déjà-vu, é um livro que deve ser aberto quando precisamos de nos relembrar ocasionalmente de que somos humanos. Obrigado, Amanda Baeza. 

Uma compilação de quase duas dezenas de histórias, grande parte inéditas em território nacional, muito "focadas em temas sociais", conta a jovem de 26 anos ao P3. E "muito íntimos" e biográficos. (...) uma brevíssima BD em que Amanda fala da sua experiência ao chegar a Portugal e do "estigma" que enfrentou desde criança como imigrante. "Embora as ruas tenham um ambiente multicultural, é por trás de quatro paredes que as pessoas expressam todos os seus medos e preconceitos", lê-se, num dos balões. O traço tem sempre algo de mutante e alienígena, quebrando as barreiras tradicionais da BD ("Tenho muito a influência do design e, como não estudei banda desenhada, quebro muito a estrutura") e, hoje em dia, dando especial importância à cor ("Não é apenas decorativo, é outra linguagem"). 

Aquilo que é salientado, em primeiro lugar, é o campo magnífico visual em que Amanda Baeza trabalha. Há aqui um felicíssimo encontro entre uma figuração ultra-estilizada e uma liberdade dos espartilhos estruturais mais clássicos da banda desenhada que a lança a vários experimentos de organização do campo visual, da estruturação narrativa, da concatenação de linhas divergentes, modos de atenção, etc.(...) A re-descobrir de um modo sustentado ou como primeira apresentação, Bruma, esperemos, será um gesto de introdução de uma autora com uma voz particularmente original 

(...) Amanda consegue fazer um trabalho perfeitamente perturbador. 
Tiago Baptista in Cleópatra #10

Obra seleccionada para a Bedeteca Ideal

Prémio Nacional para Melhor Desenho pela BD Amadora 2017

li o livro da Amanda Baeza e é uma maravilha, uma das melhores coisas que vi em quadrinhos nos últimos tempos.
Fábio Zimbres

This is an anthology of Baeza’s unrelenting output of short stories (...) The Chilean-Portuguese artist is a serious reinventor of comics’ specific visual storytelling possibilities, experimenting with page composition, multiple storylines, diverting attention, not to mention the sheer diversity of materials she uses, always looking for the best option in any given project. But thematically speaking, she is also creating a path of her own, mixing autobiographical traits such as identity-building and crisis with political stances, the deconstruction of prejudices and the questioning of nationality.

....
Sobre a edição espanhola: Las escenas no responden a una lógica, porque Baeza parte de una certeza que muchos otros autores autobiográficos soslayan: los hechos tal y como sucedieron se han perdido para siempre y son irrecuperables. ¿Qué queda, entonces? Las emociones, las imágenes deformadas tras años de anidar en nuestro cerebro, a veces algo inconexas. Baeza no reconstruye lo que pasó, sino la impronta que dejó en ella. Es una autobiografía emocional, por inventar algún palabro que alcance a explicar un poco su trabajo. The Watcher

Sobre a edição em inglês: They experience a broad range of nuanced emotions, but they also seem to be completely untethered to our world of muddled pop-cultural references and political worries, as well as a little more physically amorphous than earthly people. Rookie