Emigrante emigrante foste longe e regressaste, emigrante emigrante não sei porque tu voltaste
Graças ao Sr. Bush não ter assinado o tratado de Kioto, às autarquias que mandam construir mamarrachos, às pessoas que tem Tv, que compram Ténis todas as semanas, trocam de telemóvel todos os meses e que andam de carro por tudo e por nada, e outros cabrões, já não há Outono nem Primavera - só Inverno mais doloroso e Verão mais sufocante. E por isso, discos como este, o de estreia desta banda lusa-francesa, são cada vez estranhos de se ouvir.
Projecto que vive da melancolia urbano-depressiva, da chançon francaise, da MMP (há versão dos UHF), do Blues e Soul e claro, do Rock, também pisca o olho à Coladera, ao Psicadélico e à Electrónica. Cantado em inglês (não lá muito convicente), francês, português (e um excerto em crioulo) e com óptima execução técnica (os Gajos até são bons!) parece que todas coordenadas postas em prática para o disco estariam correctas caso ele não descambasse para uma das facetas mais óbvias que exploram - que são os Mão Morta. Mas lembra ou parece? Sim, lembra porque o Adolfo Luxúria Canibal participa numa faixa e porque há uma versão dos MM. Sim parece porque a dada altura o álbum soa demasiado aos MM (o som, a voz e as letras, ou seja tudo) entre a "Primavera de destroços" e "Nus".
O projecto até é simpático q.b. mas pergunto-me se não deviam ter começado com um EP para não ficarem tão marcados e puderem corrigir os erros estratégicos. "Montmartre" é uma caderneta de cromos...
[Merda! Falhei, queria fazer uma piada com o Outono mas não consegui, é já o Verão a atrofiar o cérebro.]