quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Åke Ordür


Lars Sjunnesson
L'Association; 2013

Enquanto não é inaugurada a exposição do sueco Sjunnesson na Trem Azul (anotem aí, 5 de Setembro!) tive acesso ao seu mais recente livro traduzido para uma língua acessível aos mais comuns seres neste planeta... ou seja em francês porque foi editado uma bela versão pela importante editora L'Assocciation.
Livro de BD anarca-niilista é no entanto impresso a duas cores, o normal preto e um prateado que remete para o dinheiro. Ordür é capaz de ser das personagens mais inconsequente à face da Terra mesmo que as pseudo-intrigas sejam perfeitamente contemporâneas e assertivas. Digo pseudo-intrigas porque elas também são paisagens narrativas que pouco importam.
Este livro pouco importa também porque numa sociedade burocrática a mostrar colapso a toda a hora do que adianta ler sobre anarquistas pouco convictos?
Graficamente simples não deixa de ser altamente estilizado e depurado. Consegue ser sujo de vez enquando para agradar a "Esquerda Caviar"... E não se armem em parvos! Vão lá confirmar os originais na exposição!

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Buraco 06

Buraco; Jun'13?

Impresso na Oficina Arara eis um número deste jornal (?) que aparece como um livro encadernado por argolas com as páginas do miolo cortadas em três partes, na exacta e mesma lógica do fabuloso Animalário Universal do Professor Revilod (Mini-Orfeu; 2003) dos mexicanos Javier Sáez Castán e Miguel Murugarren.
Ou seja, pega-se em vários animais do circo (ursos, Portas, Cavaco, macacos, Ronaldo) mais algumas estrelas internacionais (Merkel, dos Santos) e podemos fazer variações com os seus focinhos, nomes e textos explicativos (biografia, estado actual e palavra de ordem favorita do animal). O que resulta sempre à grande garagalhada é o porco com qualquer outro Jardim ou Guilherme.
É uma prenda exemplar para quem precisar de se vingar dos porcos nazis que nos dominam!

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

- modus VS split LP +


Acho que foi numa entrevista com o camararada REP que ele disse que as duas estratégias contra a poluição sonora que nos atinge a todos, passa pela música Noise ou pelo seu oposto a reducionista. Eis dois casos que não sendo tão extremistas aproximam-se destas ideias, e mais do que isso estão unidos num formato comum, o split-LP, ou seja um dico vinil em que cada projecto fica com um lado para lá meter som. Um "versus", portanto...


Balinese Beast com Fusiller juntam-se para Les Géométries Souterraines (Tanz Procesz; 2013) e mostram electrónica Noise e Glitch, sendo que no primeiro caso há um saxofone de um grego já nosso conhecido que torna isto tudo num Spike Jones do Youtube. Lembra os velhos tempos da V/VM Test Records ou ainda Vomit Lunchs sem a fúria e o esplendor power-electronics. Fusiller também se fica pelos meados dos anos 90 mas pela dimensão plana dos Drones e dessas secas habituais do Noise civilizado. Bela capa / grafismo!

Sem querer irritar ninguém temos My Life on Weekends com o nosso ilustre Filipe Felizardo com o disco Words Move, Music Moves / Vol. III: O Water - O Excrement - O Dissolution - Before the Day of the Last Beginning (Wasser Basin; 2013). A estratégia da editora é excelente para não surgirem fenómenos absurdos com vinis de um só lado gravado, fazendo até agora, sempre belos split-LP's agrupando "estilos" idênticos em cada edição. Desta vez temos dois projectos de "falsa Americana", ou seja, guitarras acústicas intimistas. No primeiro caso acompanhado por samples que nos levam para um Dark Folk à anos 80. De Felizardo, nada a acrescentar ao que desenvolveu no seu último trabalho editado profissionalmente.

Enfim, dá que pensar que se calhar está na hora de procurar novas estratégias, não?

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Milhões de Pilas

Correu bem melhor do que se estava à espera... ou então, não! O público do Milhões de Festa não é o mesmo público-escumalha da Zambujeira ou o público-pseudo-alternativo dos outros festivais grandes de Rock. E compraram montes de livros, zines e discos,... A aposta foi ganha, se calhar nem havia uma aposta para fazer!

Chegamos na Sexta-Feira e ainda vimos esse monstro dançante Otto Von Schirach que compensou tudo antes e depois do festival. Quem não o conhece e dança a música deste tipo é parvo e merece morrer!!! Ainda houve nessa noite bandas revivalistas para todos os gostos sendo o melhor momento no meio disso o encontro em palco das duas bandas míticas lá da terra de Barcelos, os La La La Resonance (ex-membros dos The Astonishing Urbana Fall, uma das poucas boas coisas que aconteceram em Portugal nos anos 90) e os Black Bombaim. Foi uma espécie de "jam ensaiado" intergeracional porreiro que ao menos não soava a mofo ou a retro. Otto arrasou e não haverá mais nada de memorável dessa noite.

No Sábado à tarde, montamos as mesas perto do palco Taina, gerido pela Dedos Biónicos, e obtivemos um excelente contacto com o público. Um público que era pendular entre o Taina e o palco da Piscina - que não visitamos porque não podiamos deixar o posto,  perdendo assim o grande "ex-libris" do Milhões e pior ainda, os Surya Exp Duo. A música no Taina pareceu a mais coerente do Festival porque focava em Rock e em Rock apenas, algum mais prá esquerda do cérebro outro mais convencional. Por exemplo, foi fixe ver que os Quartet of Woath são bons ao vivo apesar de serem insuportavelmente limpinhos em disco.

Barcelos pareceu ser uma cidade simpático e realmente o Milhões merece o estatuto do festival mais "cool" do país. O nível de stress é zero mesmo quando nos recintos estamos cercados por seguranças com pinta de militares frustrados - eles queriam era estar a defender-nos de Espanha ou de Marrocos (ou da Alemanha Nazi-Kapital) mas não... têm de ficar ali a aturar malta e a ouvir a batucada voodoo dos HHY & The Macumbas! Pobres diabos!

Por falar nisso, esta banda do Porto foi o melhor que aconteceu na programação mal enjorcada de Sábado, em que o pior de tudo foi a quebra total que um tal Dam Mantle trouxe. Man! Ibiza às 22h? Enganei-me no festival? Onde estão as gajas de saltos-altos bêbadas prontas para serem violadas por gajos de camisas brancas de alças? Vai haver "racing" daqui um bocado? Fuck!!! Que enorme monte de esterco! Felizmente houve EyeHateGod nessa noite, os seminais Sludgers! Embora, novamente essa noite tenha sido um suplício para passá-la, incluíndo a banda do camarada João Maio Pinto, baixista nos Loosers - banda que mais uma vez mudou de estilo e forma e tudo mais. Além do nosso querido ilustrador, parece que fazem parte da banda uma figurinha negra mítica qualquer (falaram-me que esteve metido com os Funkadelic?) e o Fernando Cunha dos Relfins e Desistência (?). Tudo chato nessa noite, sabe-se lá porquê... Acho que foi mesmo falta de tomates para colocar os nacionais Macumbas a tocarem à noite e não às 20h com quase ninguém no recinto. Os Macumbas estavam bem oleados, com pica para bater em congas e afins e teriam dado boas alucinações a quem já estivesse nos estados narco-qualquer-coisa habituais nesta vida de festivais de verão. Teriamos tido fantásticos pesadelos com os tipos se tivesse acabado a noite com as batucadas e Dub deste colectivo de simpáticos "weirdos".

Por causa de nulidades como Octa Push tivemos de beber imenso para ir prá tenda para encontrar um Domingo cinzento, chuvoso, que insistia no mau-tempo e que não nos deixou montar a banca porque, como bem sabem, livros e água não combinam em nada. E com isto nem livros nem Jibóia Experience que prometia ser algo nessa noite. Voltamos para casa, a pensar que Deus ficou chateado com os EyeHateGod...


O mercado de edições independentes que organizamos até teve novidades editoriais. O primeiro e simultaneamente era lançado na inauguração da excelente exposição Lixo Futuro, é o Musclechoo, vol. 1 (Ruru Comix; 2013) do Rudolfo. Quem se lembra do primeiro número desta coisa? E porque não é o número dois? Deve ser cena de putos... E é mesmo, a personagem é um misto teenage-wet-dream de Rambo e Picatchu - quem adulto gostaria de ver os dois num só? Diversão pura de javardar com a cultura Pop, Muschechoo é feito em cima do joelho embora a lambideza de Rudolfo comece a aparecer a meio deste novo volume. Excelente produção esta edição! E adivinhem porque chamei este "post" de "milhões de pilas"? Só lendo!  Encomendem antes que esgote!


E se o Rudolfo estava no Porto, apareceu-nos o Artur Escarlate com dois mini-zines seus, o Portátil / Volátil (cheio de vaginas) e o Segredo (cheio de... pilas!)... Porquê? Não faço mínima ideia, e tenho "mix fellings" sobre isto... Por um lado desenhos de orgãos genitais parece nos dias de hoje um tema tão chocante ou importante como desenhar elefantes ou ganchos de cabelos mas sobretudo é que sabe a pouco, duas ou três páginas A4 dobradas a fazerem A6, presas com elásticos fazem os zines. Truque engenhoso que nos obriga a abrir cada folha para descobrir cartazes pouco interessantes. Aliás, graficamente, os zines são podres (sujos) a dar uma ar amador de virgem embora Escarlate (é o verdadeiro nome do autor?) dê a entender que é um garanhão da tinta, a julgar pelos seus sítios em linha. O resultado é xoninhas com ou sem xoxotas. Porquê? (porquê? tudo)

 Por fim é de referir a K7 - desculpem, split-k7!!! - de Cangarra e dUASsEMIcOLCHEIASiNVERTIDAS. Edição deste ano pela A Giant Fern, apesar de estar anunciado a um ano prá Feira Laica, só agora saiu em Julho. São 15 minutos para cada lado, para cada uma destas duas bandas mais activas do Noise Rock português. É curioso que são duas bandas bastante diferentes, em parte por causa do seu número de elementos. Os 2sci são mutantes, acho que só há dois elementos que estão "sempre lá" (nos milhares de concertos e nos registos áudio) mas nesta k7 aparecem com mais cinco músicos. A banda toda ela é nervosinha e volátil, quase nipónica e perto da demência, ao contrário de Cangarra que é um duo estável e racional, guitarra e bateria (a cargo do nosso Ricardo Martins) que preferem um psicadélico paisagistico cheio de detalhes para descobrir. Duas bandas, uma prá orgia, outra prá nicotina pós-coito, pelos vistos. Ah! o "artwork" da K7 foi feito pelo Ricardo e pela Margarida Borges, e impresso em risografia, a impressão que molha os designers dos dias de hoje com menos de 30 anos...