sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008
sábado, 23 de fevereiro de 2008
BRUCUTUMIA 2008 - ENCONTROS DE ARTE URBANA LUSO-BRASILEIRA
Dirigido mais para a ilustração e bd mas sem nunca perder a transversalidade sobre outras áreas criativas, esta primeira edição do Brucutumia terá mesas-redondas, um workshop de edição de zines, uma exposição itinerante que se despede de vez de Portugal, uma feira de edição independente e zines nacional e brasileiro - com destaque especial para o material brasileiro que há muito os portugueses perderam contacto com o desaparecimento das revistas míticas como a Animal - e claro, festa "da pesada" com o melhor e mais violento que a tecnologia digital permita: Breakcore, Noise, Gabba, Kuduru, Drill'n'Bass... cortesia da Dezkalabro que se juntou à Brucutumia!
Os convidados brasileiros são autores e editores do zine Bongolê Bongoró, cujo último número editou uma série de autores portugueses. Resta dizer, que basta consultar o programa e escolher o que precisa para satisfazer a sua curiosidade cultural sobre o Brasil... e não, a Fáfá de Belém não foi convidada nem ouvirão Samba!
PROGRAMA
dia 21: MESA REDONDA - A ILUSTRAÇÃO E BD LUSO BRASILEIRA, às 19h, entrada livre
dia 22: WORKSHOP DE EDIÇÃO DE ZINES, das 17h às 21h na ETIC - destinado aos alunos da escola que irão trabalhar na edição de um zine. O workshop será ministrado pelos ilustradores Caio Gomez (br) e Edgar Raposo, e os editores Estevão (br), Biu (br) e Marcos Farrajota.
HOJE
_FEIRA DE ZINES LUSO-BRASILEIROS, das 15h às 20h; entrada livre, com bancas de zines/livros/discos editados pela Associação Chili Com Carne, MMMNNNRRRG, Groovie Records, El Pep, Imprensa Canalha, zine Bongolê Bongoró (que trará outras edições brasileiras, com o apoio da livraria Kingdom Comics), Thisco, The Shoppe Bizarre e o zine O Hábito faz o monstro.
_EXPOSIÇÃO COLECTIVA CCC #4.2: "SEITAN SEITAN SEITAN", exposição revista e aumentada de ilustração que já devia ter ido para o Brasil no ano passado. Cada ilustrador trabalhou um desenho sobre o tema das seitas religiosas. Participam: Edgar Raposo, Jucifer, Pepedelrey, André Lemos, Pedro Zamith, João Maio Pinto, Filipe Abranches, José Feitor, Bruno Borges e Lucas Almeida, e ainda Tiago Albuquerque e Teresa Amaral, como convidados especiais.
_FESTA DEZKALABRO, a partir das 23h com DJ Putah, M-PeX vs Structura, 5th Rider vs KUT vs FP25, Sam Pull, Zaztraz vs Spetto (br), Reverse Tunes (br), F? (br), Retrigger (br), Hidrauliko (br); entrada: 5 dezkalabros (com direito a uma imperial).
_CONVERSA COM EDITORES, destinado apenas para editores independentes, hora e local a marcar.
ATENÇÃO: como sabem aconteceu o despejo do Grémio Lisbonense que apesar da situação ainda não estar resolvida - a Luta Continua! - obrigou à mudança do local do evento, sendo que o Brucutumia 2008 passou para o D'Alma Lounge. Desde já gostariamos de agradecer às pessoas que nos ajudaram a procurar sítios numa capital pouco aberta à Cultura que não seja a meramente fashion: Nuno Moita, Structura, Geraldes Lino, Lucas Almeida, e em especial à Dina & Olga (do Grémio), ao Manuel (da Tuatara) e à Casa do Brasil.
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terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
hANGOUver
Angoulême adora suar a bd
E já agora, já todos sabem que o(s) presidente(s) do festival vai ser a dupla Dupuy-Berberian... A "cara-metade" Charles Berberian tem um desenho no livro Malus (MMMNNNRRRG; 2005) onde retrata o seu autor, Christopher Webster. Na realidade trata-se de um pormenor retirado de um desenho maior de Berberian numa noite "bairro-autista" com vários autores de bd, durante a sua visita ao saudoso Salão Lisboa 2000.
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sábado, 16 de fevereiro de 2008
pós-post-it
fotografia da passada conversa com Marcos Farrajota sobre edição independente no âmbito da exposição QUADRADINHOS - histórias postadas. Pelos vistos, enquanto Farrajota ensina um golpe de Karaté Editorial, alguém no público folheia o Tribune Brute sem saber que a edição está quase esgotada...
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sábado, 9 de fevereiro de 2008
Empregado do mês: David Libens
Le Couloir ; Les Dunes
David Libens, Philippe Vanderheyden (arg. em "Les Dunes")
L'Employé du Moi, 2002, 2007
David Libens é um fundadores do colectivo L'Employé du Moi e um dos seus membros mais interessantes enquanto autor de bd. Talvez porque ainda é um "fanzinista" - que edita periodicamente um mini-zine intitulado Ça va?, que responde à pergunta do interessado, trata-se de um zine de carácter autobiográfico ou "perzine" (como lhes chamam os norte-americanos) - ou porque David tem um traço tão "ratty" e descaradamente "económico" que lhe permite contar histórias à flor da pele.
Um tema comum destes dois livros separados por 5 anos de edição é sobre a "dor dos vivos", dos que assistiram à morte de familiares e/ou amigos e que "aqui" ficaram, na vida pautada pela rotina da sociedade industrializada.
Em Le Couloir, bonito livrinho de 200 páginas A6, o tratamento do tema começa com uma bd de título homónimo numa versão redesenhada - a primeira versão tinha sido originalmente publicada no zine Spon, em 1999 - que tem algo de fantástico, em que um alter-ego de Libens, acorda nú numa sala e ao longo da história percorre outras salas e corredores, perdido. A dada altura percebe-se que se trata de uma alegoria da vida: Libens é alimentado, vestido, esbarra-se numa festa, vê TV,... Até que é obrigado a ficar dependente da Sorte, uma roleta decide se deve viver ou se é enforcado - ou será que lhe é dada a opção de se enforcar? A seguir temos …et des poussières, uma bd autobiográfica (pura & dura) que explica porque Libens redesenhou a primeira história.
Les Dunes não sabemos se Eric é alter-ego do argumentista Phillippe Vanderheyden ou não. Não sabemos se o tratamento ao personagem, ao qual ficamos a saber que vive apaticamente depois da morte da sua mãe, tem alguma ligação à "realidade". Mas considerando que toda a história é feita sem artíficios ou fantasias, é de considerar que a eventualmente a experiência relatada possa ser de Phillipe, e mais friamente, de qualquer europeu ocidental deste século que viva numa cidade e trabalhe no "sector dos serviços".
Seja como for ambos livros acabam por ser uma espécie de "a vida continua", pequenas catarses dos autores, em que os ritmos do quotidiano absurdo são brilhantemente apanhados por Libens.
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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008
R-aging Planet
[f.e.v.e.r.]: "4st"
v/a: "E se depois... Tributo a Mão Morta"
O paradigma de produção de música urbana dos últimos anos tem sido o que foi criado pelos horrorosos Blind Zero: cópia de modelos existentes, profissionalismo, bom trabalho de imagem e boa produção sonora. Diferente da produção dos anos 80: originalidade, amadorismo, qualidade flutuante de imagem e de produção sonora. Tendo ultrapassando o ano 2000, onde estamos nós no que diz respeito à música urbana?
Com raras e cristãs excepções, o panorama tem se afundado no profissionalismo e imitação de modelos, o que se considerarmos que a democratização da tecnologia trouxe gravações e embalagens tão profissionais que nos dias de hoje ouvir uma banda de Death polaca amadora ou uma alemã editada por uma editora comercial ou uma banda da Guarda é a mesma coisa. Serve Death como para Emo ou Indie ou outra coisa. Apesar de tudo vão aparecendo as tais excepções ou ainda bandas que tem como modelos menos vulgares no mercado português. Os [f.e.v.e.r.] estão na fronteira disto tudo por fazerem um "melting-pot" de Rock pesado, Pop meio-gótico e acompanhamento electrónico, apesar de não ter muitas referências em Portugal já as ouvimos noutros lados, sobretudo lá prás "américas" com os KMFDM ou Linkin Park ou qualquer banda que cante por cima de Riffs pesados e loops... Talvez por isso que [f.e.v.e.r.] possa soar a "novo" neste retângulo ibérico e que se esta banda conseguisse apanhado um "zeitgeist" talvez fosse um sucesso a nível global - ou pelo menos para um mercado norte-americano.
Este primeiro álbum, que é na realidade o quarto registo graças a uma carreira pós-moderna que se fragmentou em dois EP's, um álbum de remisturas e ainda uns dois singles, é daqueles discos que não se deveria colocar um único defeito de tão bombom que ele é: grande produção, som "catchy", ou seja tudo perfeito. Então o que corre mal? Não sei, na essência creio que é a voz, uma lamechice melódica e falsa que se ouve bem em dois ou três temas mas que depois começa a enervar de tão bonitinha que é. Admito que cada vez tenho menos paciência para melodia convencional e beleza caucasiana, se nos EP's ou singles os [f.e.v.e.r.] convenceram-me porque os registos sabiam a pouco, num registo mais longo, tanto dramalhão Emo acaba por levar à saturação suícida. Um destaque para o tema sincopado e funky Clockwork embora seja Prong q.b.
Bem, depois da febre, a mão morta... A banda portuguesa de sempre! A banda que veio dos anos 80 e continua no activo, que sempre manteve um nível alto de originalidade e coerência intelectual. Não podiam ser só os Xutos e GNR a apanhar com tributos, os Mão Morta já mereciam e foi a Raging Planet, uma editora independente super-profissional de Rock que teve "los tomates" de avançar com a ideia. Uma tarefa difícil de realizar dada à banda homenageada ser um monstro da cultura urbana, e apesar da Raging Planet meter logo o pé na poça com a capa nojenta e design horrível do disco, conseguiu fazer um bom trabalho mesmo que não tenha conseguido agradar todos os gregos e todos troianos.
O facto de ter conseguido fazer uma colectânea de 16 projectos bastante diferentes, faz deste tributo um disco eclético como devem ser todos os álbuns de tributo - ao contrário da moda dos anos 90 em que havia álbuns de tributo inóquos como 20 bandas Punk a versionar uma banda Punk sem acrescentar nada de novo, e quem diz Punk, diz Gótico, Metal, etc... Outro facto interessante ao ouvir o disco é perceber que o universo de Mão Morta é elástico o suficiente para ser incluído nos de outras bandas sejam elas Surf, Electrónica, Metal, ao ponto de 99% dos temas escolhidos pelas bandas baterem certo com as ambições musicais. E claro que no meio deste "compacto-caos" haverá sempre o "bom, o mau e o vilão":
1. Desiluções & Surpresas: uma pena os Bunnyranch não terem pegado em algum tema do Vénus em chamas (BMG; 1994)... as As tetas da alienação apesarem de serem tetas não tem sexo para o Rock destes coimbrões. Também se esperava dos Dr. Frankenstein ao pegar em Marraquexe (Pç das Moscas Mortas) um som mais Exotica e não tão Surf. Os Dead Combo (para os quais não tenho a santa paciência) como sempre fazem um tema instrumental, e com inteligência tocam o emblemático Aum, o hino urbano-depressivo dos MM! Bem pensado e bem executado. Os Wraygunn transformaram o E se depois num Blues etnico-psicadélico "mucho cool".
2. Mau: cineMuerte (claro) e Volstad (ambas bandas com vozes melódica-pretensiosas femininas de puxar pelos cabelos... das vocalistas!), The Temple (creio que a crítica de Ricardo Amorim no último Underworld resume a questão com muita ironia, por isso nem vou bater no ceguinho!). O que representa 20% do disco, menos mal embora algumas participações como as dos Acromaníacos e Mécanosphère deixem a desejar por serem rídiculas ou "kitsch".
3. O resto é eficiente e interesante como pegam nas músicas dos MM mas bom, muito bom mesmo são os D'Evil Leech Project, extreme-cyber-metal que transforma Cão da Morte num verdadeiro festim Death-Gore para Headbanging - mesmo no escritório colado ao computador o meu cabelo liso e longo solta-se pelo ar para curtir esta música... O que só prova que esta é uma das melhores bandas portuguesas do momento, mesmo que não tenham novo álbum à 4 anos e ao que parece teremos de esperar por 09.09.09 para ouvirmos o segundo álbum, filhos-da-mãe!
Posted by MMMNNNRRRG at 16:08:00 0 comments
Labels: discos