segunda-feira, 14 de julho de 2008

Post Laica Sound

Kaput "Laica de Verão"! E o que aconteceu por lá?
Saíram muitas novidades editoriais, mostrando que a Laica já se tornou num evento de referência para a edição alternativa em Portugal -sendo que a internacionalização também para lá caminha.
E o mais curioso, é que houve uma série de livros com CD's. O primeiro caso é o livro Cabeça de Ferro / Iron Head (Imprensa Canalha), antologia de ilustração dedicada à Revolução Industrial com trabalhos de alguns dos meus ilustradores favoritos mas onde na realidade quem se destaca é o Filipe Abranches e o Dr. Orango Mandril, especialmente o último. Não que os desenhos das outras pessoas sejam maus, pelo contrário, há bons desenhos mas o que me parece é que para um tema tão aliciante como este, há muito pouco conteúdo... sendo a grande excepção, o trabalho sobre o parque automóvel ao longo do século XX deste peculiar Dr. Orango. O seu trabalho sequenciado é de grande empenho e dedicação, conseguido transmitir uma pesada crítica à automobilização.
O belo livro traz um CD feito de uma colagem sonora do F.Leote e uma remistura do Distimia, dois grandes malandros da cena Improv/Noise. No primeiro casos, são "colados" uma série de ruídos (tlm incluídos!), jingles e discursos (um até sacado ao recente disco da Acto) sobre o tema das Máquinas/Industrialização. O segundo tema é um remix do primeiro que é transformado (é a indústria da transformação?) em Ambient / Noise arrancado... a ferros!

Segundo caso: o "chap book" Long Knives Through the Grapevine de Les D. Turley (poemas), Filipe Abranches (desenhos) e Miguel Mocho (música) editado pela Opuntia Books.
Problema nº1, o tal Les D. Turley existe mesmo? O editor André Lemos diz que comprou, na sua visita a Nova Iorque, dois livros de poemas deste autor norte-americano cuja qualquer informação biográfica pura e simplesmente não existe em lado algum (Lemos até pede ajuda para quem souber de alguma coisa). Os poemas eram tão bons que Lemos pediu a Miguel Mocho (ex-Jack & os Estripadores; e que escreveu o Metamorfina) para cantá-los e para o Filipe Abranches ilustrá-los, resultando num dos melhores objectos / edições da Opuntia Books... Ah! Pois, nem me lembrava disto, o Miguel Mocho, tal como o André Lemos gostam de dar tangas... tangas não de algodão para tapar genitália mas daquelas de pseudónimos e invenções de entidades - bem, para dizer a verdade, quem não gosta? Resultado, não papo o Turley! Como figura misteriosa quer como "persona literária" (as suas palavras não me impressionam)... Mas papo todo o trabalho editorial feito à sua volta: as fabulosas ilustrações de Abranches, cada vez mais seguro do seu traço e aberto à perversão, da música de Mocho, um Blues pós-moderno devedor dos seus mais altos representantes de Americana como Tom Waits, Jim White or Mark Lanegan, é certo que de vez enquando as referências são mais óbvias mas há outras inesperadas e bem-vindas, como o Drum'n'Bass pouco polido da sétima faixa - pena não haver mais.

Por fim, não saiu a tempo da Feira Laica mas apareceu dois dias depois... por isso o Antibothis - volume 2 (Chili Com Carne + Thisco) merece ficar por este "post" porque até era um lançamento esperado no evento.
Mais uma vez é livro + CD de "Occultistas" alguns sagrados e de referência, que tem mudado a Cultura nos últimos 30/40 anos. Falo de gente, por exemplo, como o Boyd Rice que é aqui entrevistado, ou que pretendem a tal. Os textos no Antibothis dividem-se em ensaios, entrevistas e ficção, sendo por norma, as entrevistas os piores textos porque a maior parte das vezes não há uma preocupação, da parte de Fernando Cerqueira (responsável pelo projecto) em editar no sentido clássico da palavra, ou seja corrigir, anotar, cortar, anexar, etc. os textos dos convidados. Assim, alguns textos tornam-se herméticos e totalmente obscuros sem necessidade, arriscando a pregar para os convertidos. Grande excepção para o ensaio do Critical Art Ensemble sobre o "plágio" - muito interessante!
Este segundo volume melhorou a nível gráfico (não que o primeiro volume fosse mau!) mas topa-se a olhos vistos (com ou sem o olho de Agamoto) que tem mais páginas, melhor tratamento de texto e grafismo (cortesia da Ecletricks) e até umas badanas (epá!). Mais uma vez, umas coisas orgánicas e bizarras de André Lemos estão na capa. O CD de música "Electrónica" também melhorou, está mais coerente e em alguns casos revelam-nos que alguns "heróis do passado" ainda não morreram criativamente como é o caso de Controlled Bleeding. Há uma maior abertura para estilos de música, desde o Pop Prog dos Hybryds até ao Etno-Jazz dos Strings of Consciousness. No geral, o "ambiente" é também mais pesado (com Aesthetic Meat Front o que se poderia estar à espera?) e sobretudo mais coerente - com menos altos e baixos como acontecia com o CD anterior.

domingo, 13 de julho de 2008

catálogo Napa disponível pela CCC

O colectivo finlandês Napa já faz parte da história da bd "suomi". Juntamente com outros colectivos (Asema, Boing Being,...) de edição independente nos anos 90, mudaram o panorama da bd finlandesa.
Criado em 1996, editou o zine Napa, primeiro em fotocópias com trabalhos dos seus autores e depois foi editando de forma cada vez mais profissional e internacional - como aliás aconteceu um pouco por toda a Europa e América do Norte. Na Finlândia, a título de curiosidade, é de se realçar o facto de haver uma igualdade de número entre autores do sexo masculino e feminino em quase todos estes colectivos.
No novo milénio, os interesses do grupo fragmentaram-se no fascínio da animação (como aconteceu com a exposição no Salão Lisboa 2005) e noutras áreas criativas como o Design ou fotografia, tendo no seu catálogo livros bastante ecléticos: flip-books, livros de bd, de fotografia, documentais e de ilustração. As edições de Jenni Rope (a líder do grupo?) são as que mais se destacam pela quantidade inerente ao conceito de querer "retratar uma semana", mas há mais e bom como por exemplo o livro de fotografias de pedaços não-óbvios das cidades que (o atelier) King Nosmo visitou, não faltando uma série de fotografias de tampos de esgoto de Lisboa. Continuando: o terceiro livro de Terhi Ekebom (editada no Quadrado e exposição individual no Salão Lisboa) que é uma antologia de (des)amores; o livro de estreia de Aapo Rapi (mais um grande autor da Finlândia e que fez o cartaz do Festival de Helsinquía do ano passado) que conta uma bizarra estória de teor marxista-circense (sim, sim, é verdade!); o número 6 da Napa dedicada a entrevistas dos autores do colectivo; e um livro de postais com ilustrações de mobílias imaginadas pelos elementos do grupo.

à venda no site da CCC (com desconto de 20% para os sócios)

Colecção de tshirts CCC #2

Aqui temos mais uma tshirt da colecção da CCC desta vez com um magnifico desenho do João Maio Pinto esse fabuloso desenhador de atmosferas pantanosas recheadas de texturas deliciosas e pormenores que podem ser vistos tanto ao perto como ao longe, proporcionando ao espectador essa possibilidade de dualidade. Não consigo deixar de expressar o meu contentamento com o resultado positivo desta edição, as impressões correram bem, foi uma boa experiência.
Se tiverem interessados em adquirir um exemplar, podem me telefonar - 96 326 21 31 - ou em breve digo o nome da loja onde as vou deixar. E claro, podem comprar pelo site da CCC.

Beatles ou Rolling Stones? Nirvana ou Pearl Jam? Blur ou Oasis? Protestante ou Católico?


Manuel Fúria "apresenta as Aventuras do Homem-Arranha" (Amor Fúria + FlorCaveira; 2008)
Tiago Guillul: "IV (2ªed.)" (FlorCaveira; 2007)

Se houver Historiador de Música para os anos zero do novo milénio, ele terá de dizer que nesses anos, em Portugal rompeu o movimento Panque Roque do Senhor! Um acontecimento tão bizarro como exótico como normal para quem viveu o pós-modernismo.
Começou com bandas Hardcore nos anos 90, evoluiu para o colectivo FlorCaveira que anda a fazer algum barulho nos media, ao ponto de já haver bandas cristãs a serem contratadas pela Universal. As origens do movimento são protestantes, sendo que já apareceu mais outro colectivo, Amor Fúria de origens católicas. Só falta aparecer o Rock Judeu e o Pop Allá se Portugal fosse mesmo democrático e laico (e laico!) mas como o HipHop e o Kuduro (a música de pretos, como se dizia) só foram aceites à pouco tempo, prevejo o aparecimento dos Ali Babá Core em 2035 e os The Shalom All Stars em 2036.
Como se bem sabe os católicos tomam xanax às escondidas (são depressivos e deprimentes) e são panascas não-assumidos porque há 2000 anos que adoram um Cristo ensanguentado e moribundo numa posição homoerótica manipulada pelo Vaticano - esse Império do Mal que se ao menos tivesse petróleo podia ser que o Bush já o tivesse bombardeado. Graças ao Catolicismo tivemos a Idade Medieval, verdadeiras Trevas sobre o Mundo Ocidental e que conseguiu destruir o Progresso atingido pela Grécia e Roma Antiga. Sendo eu um Satânico convicto recuso-me a dar tempo de antena a Católicos, eles que se fodam! Só refiro aqui o Manuel Fúria porque o seu disco de estreia é uma co-edição FlorCaveira.
Continuando a deambulação, neste Portugal Cristão e Católico (ergo atrasado) nada anda para algum lado, mesmo quando aparecem Punks e Metálicos, assim que podem voltam para o Cristianismo como o belo adágio "o filho pródigo à casa regressa". Chego quase a concluir que somos um país de "filhos do papá" (se faltar algum acento também não fica mal lido: Filhos do Papa) em que só os ricos é que podem ser Anarquistas ou gajos do Rock ou okupas, e que acabam por desistir das suas convicções (ou vendé-las da forma mais barata) por falta de "convicção económica". Ora o Protestantismo foi inventado pelos povos friorentos do coração europeu para poderem trabalhar mais sem as regras bacocas do Catolicismo - do tipo, mais vale trabalhar mais e ter mais dinheiro e conforto aqui e agora, do que esperar pelo bem estar Eterno no Paraíso... na realidade, os Católicos sempre foram sulistas (Portugal, Espanha e Itália) porque tinham a riqueza da expansão ultramarina e não tinham de se desenvolver intelectualmente ou artísticamente - leitura obrigatória: Viagem ao Fundo das Consciências: a Escravatura na Época Moderna (Colibri, 1995) de Maria do Rosário Pimentel. Daí que o ethos DIY (tão anglosaxónico como a Revolução Industrial) foi seguido pela FlorCaveira, um projecto mais furioso do que o Amor, e que tem criado este fenómeno em crescimento...
O trabalho não só liberta (outra grande invenção nórdica, hein!?) como dá frutos, ao ponto que o último trabalho de Tiago Guillul, (o disco do ano?) IV já vai na segunda edição com capa minimamente decente (finalmente!), embalado para ser vendido na FuNAC, com faixas extras (que bem!) e até um autocolante com os avais do Público, Time Out e do Henrique Amaro (Antena 3). Quem não conseguiu comprar no mercado-barato-underground, agora terá de tirar moedas da carteira para a segunda edição, é assim a vida.
O Manuel Fúria (o primeiro Católico no catálogo da FlorCaveira) pediu a Guillul para gravar / produzir um disco, Guillul deu-lhe a volta, fez com que Fúria esquecesse o som electríco, e levou-o para o "panque medieval" como qualquer católico merece: gravação "lou-fai", gravação caseira «em gloriosa baixa fidelidade», sem masterização (uma treta sonora que não se percebe porque se investe em tal coisa), «sound verité». Exacto: o som é bem captado, os arranjos bem esgalhados (quem ainda ligará à grande banhada que é Old Jerusalem depois da Revolução ProtestanteCaveira?), uma versão de Heróis do Mar (Amantes furiosos) mas no final achei as letras e a atmosfera meia xoninhas - o ódio ao catolicismo cegou-me?
Seja como for parece-me à partida que a Amor Fúria segue o modelo da FlorCaveira: gravação de CD-R's, aposta na língua portuguesa e no legado romântico e pop dos anos 80, um intenso programa de concertos, auto-ajuda entre bandas/projectos idênticos, etc... Acredito que poderão aparecer outros colectivos, religiosos ou não, a copiarem este modelo editorial-programático e até dando saltos maiores: criando associações legalizadas ou outras formas de profissionalização, alternativas na decadente e suposta indústria musical portuguesa - essa coisita muito beata como todos sabem, por falar nisso, quando temos um novo disco de Grind cristão!?
Por fim, é de referir que a capa do disco de Fúria é bem melhor que qualquer outra da FlorCaveira... os Católicos sempre gostaram mais de imagens! Amén!

I am the Lizard King... ehm, The Cat King and I can do anything!

King-Cat : comics & stories #62, 64/67
John Porcellino; Ago'03/Out'06

John Porcellino é o Rei dos minimalistas da bd mesmo que o Pedro Moura não saiba se devemos ou não usar esta expressão. Porcellino também faz parte da aristocracia do fandom norte-americano pois desde 1989 que edita os seus zines pessoais, King-Cat, dedicado às suas bd's e contos - noutros tempos, Porcellino também se dedicou a editar algumas coisas de paí-tolinho Joe Chiappetta.
Porcellino vem da tradição "zine", ou seja, aquela explosão da auto-edição que decorreu nos EUA nos anos 90, em que as pessoas largaram de vez a palavra "fan" para se dedicarem a publicar material de foro pessoal. E é o que podemos encontrar nas páginas destes King-Cats, bd's e textos tão pessoais que para os leitores algumas dessas bd's e textos tornam-se herméticos (Las Hojas no KC #66, por exemplo) e/ou embaraçantes (o #64 dedicado à morte do pai de Porcellino) . Porcellino vem da linhagem da autobiografia que nos brinda a maior parte das vezes com pequenas estórias desenhadas com o mínimo de pormenores. As estórias passam pelas viagens, memórias da juventude, poemas em bd, contos Zen (o autor tem uma pancada para o Budismo), pequenas deambulações e prazeres da vida - para quem conhece o Magic Boy, alter-ego do autor James Kochalka, há aqui algumas semelhanças.
A completar as edições há cartas de leitores (um must em qualquer publicação indie gringa) e um "Top de coisas boas que Porcellino vive" - a mulher e o gato aparecem no topo, depois vêm discos de Bob Dylan, DVD's de Monty Python's, Led Zep, Elvis, Ramones, livros e tudo isso...
Por fim, só a título de curiosidade John Porcellino já foi publicado em Portugal nos zines Cru e Zundap.

à venda no site da CCC

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Uma semana com Jenni Rope

Monday ; Tuesday ; Wednesday [2ª ed.]; 3AM ; Mitä teet viikonloppuna? / Any plans for the weekend?
Jenni Rope
Napa; 2002/2006

Do colectivo finlandês Napa, uma das autoras que se destaca é Jenni Rope (publicada em Portugal no Quadrado #6), que tem publicados uma série de livros a solo. Na realidade são mais do que uma série de livros, pois o que Rope desenvolveu foi um projecto multidisciplinar em que cada dia da semana tem direito a uma publicação ou um objecto gráfico. Assim os primeiros títulos são uns livros quadrados, o terceiro é um "flip-book", o último é outra vez um livro.



Cada livro é uma experiência gráfica para Rope, em Monday existe efectivamente alguma ligação à Segunda-Feira mas de forma desengonçada, poética e não diria "non-sense" porque algures deve haver um sentido bem nórdico. Impresso a duas cores, os desenhos são quase infantis mas é em Tuesday que a infantilidade aparece em todos os aspectos. Impresso a cores, o aspecto do livro com os seus desenhos toscos, expressivos e coloridos parece que estamos perante um livrinho para crianças... mesmo a história parece contada por/para uma criança, com a sexualidade ainda a brotar. A inocência que evoca é quase embaraçosa, graficamente é brilhante.



Wednesday como todos os "flipbooks" tem uma animação simples. Neste caso, uma planta cresce, transforma-se numa cara... um bocado freak demais para o meu gosto mas como é normal nos "flipbooks" é um objecto simpático... "A Quinta-Feira" creio que foi transformado num crachá que indica as três horas. Curiosamente a leituras das "três" é sempre pensado como três da manhã e nunca três da tarde - será que todos os meus amigos e conhecidos são boémios?


Por fim, "Sábado" e "Domingo" foram despachado num livro só, Mitä teet viikonloppuna? / Any plans for the weekend?, que volta às origens do Monday e Tuesday, ou seja um formato quadrado e de conteúdo ilustrado muito colorido e vivo ligando mais uma vez à ideia da inocência infantil. Nesta obra essa associação é mais óbvia porque o livro foi impresso num cartão forte como são feitos muitos livros ilustrados para a infância.

Ah! "Sexta-Feira" creio que também é um flipbook.

Alguns destas edições encontram-se à venda no site da CCC (20% desconto para associados)

a má & as boas

É uma piada clássica: o que preferem ouvir primeiro, as boas ou más notícias?

Neste caso, é inevitável que se divulgue primeiro a má notícia: esta Quinta-Feira encerrou a Book'n'Shop, livraria de cultura alternativa em parceria com a Thisco e com a galeria Work&Shop. A razão do encerramento tem haver com o aumento desmuserado da renda da galeria...
As boas notícias são as promoções que se irão realizar no site da Chili Com Carne a partir de hoje! Estejam atentos - e não sejam portugueses, não deixem as compras de Natal ficarem lá para Dezembro!

Não havendo mais distribuição prá livraria, alguns preços de algumas edições estrangeiras baixaram bastante porque já não temos de perder 30% sobre o PVP para a loja, assim Justiça seja feita para as editoras que tinham margens mais baixas para revenda:
- o zine King Cat de John Porcellino, cromo dos zines USA: www.chilicomcarne.com/index.php?page=shop.browse&category_id=29&option=com_virtuemart&Itemid=27
- o colectivo Napa, da Finlândia: www.chilicomcarne.com/index.php?option=com_virtuemart&page=shop.browse&category_id=39&Itemid=27 (os títulos do Napa estão misturados com outras edições finlandesas nesta categoria)
- o colectivo MEGA-MEGA-escatológico de Marselha, Le Dernier Cri: www.chilicomcarne.com/index.php?option=com_virtuemart&page=shop.browse&category_id=36&Itemid=27

Os preços ficaram bastante atraentes, especialmente para os sócios da CCC que continuam a gozar o desconto de 20% sobre o PVP, tirando o King Cat mas que já está ao preço da chuva com a doce decadência do "Mighty Dollar". O Natal da Chili Com Carne nunca é em Dezembro!

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Fufas não engolem sapos


The Great Lesbian Show - "You're not human tonight" (Zounds / Sabotage; 2008)

Eis a primeira banda pós-zombificada portuguesa (embora o José Cid seja o primeiro Zombie Pop 'tuga): existem desde os anos 90, tiveram hipóteses de serem mais conhecidos na altura, tiveram azares de carreira, não gravaram nada, "morreram", e de repente, eis que em 2004, saltam cá para fora o primeiro (o primeiro!) álbum auto-editado (auto-editado!) Psykitsch Kaleidoscope. E assim, sem mais nem menos estas granda-fufas partem para uma segunda vida gravando 4 anos depois este segundo álbum e desta vez com uma chancela editorial, a muy nobre Zounds!
Desde logo nota-se um trabalho de produção superior ao disco de estreia - o produtor foi o emblemático Jorge Ferraz, que até faz um divertido remix numa "faixa escondida" do CD. Mas previno desde já que é um álbum "difícil", fragmentado sem conseguir um ambiente linear, e como tal cria alguma confusão e resistência ao ouvi-lo até porque as influências dos TGLS (transexuais, gays, lésbicos e simpatizantes?) deixaram de ser óbvias. Após umas repetições auditivas lá vão aparecendo músicas "atraentes" mas que funcionam mais em isolado do que numa ideia de álbum. Por exemplo, Tokyo, Copacabana, é daquelas músicas que são do melhor de TGLS: experimentação sónica (usando até brinquedos) que se torna numa Bossa Nova "traveca" com os excessos poliglotas da banda (é mesmo fixe ouvir "belo belo" ou palavrões em italiano). Depois há um bocadinho de tudo como Rock, Soul, Cabaret com direito a pastiche de 007/John Barry (o melhor título do disco: The man of the golden peanuts), cristianismo 'tuga (O lavrador de Almas), Yma Súmac (muitas músicas), Situacionismo Vintage (Urbagnole) ou chinecises como The tall neck of the girrafe (com envocações ao Pokemon) e Fist of Mao in a Humbaga.
Embora a máxima "It's fun to have fun" não deva ser NUNCA contestada (excepto no Domingo de manhã), um bocadinho mais de contenção e menos ânsia (ou seja umas faixas a menos) e seria um álbum mais "coerente". Afinal se a banda já morreu uma vez...

terça-feira, 8 de julho de 2008

Antibothis, segundo volume pronto!

Após a excelente receptividade que a antologia literária Antibothis obteve a nivel global e a sua aceitação e interesse por parte de colectivos, escritores e musicos, não restava outra saida à Thisco e à Chili Com Carne que a de voltar ao ataque para um segundo volume, que inclui textos / entrevistas de Erik Davis com um artigo / entrevista a Peter Lamborn Wilson mais conhecido por Hakim Bey, que com estas palavras Bruce Sterling define a excelência de Erik Davis: "Erik Davis has written one of the best media studies books ever published, Techgnosis".
Também neste volume estarão incluidos os colectivos de "Tactical Art", Center of Tactical Magic e Critical Art Ensemble, sendo este último colectivo considerado pelo FBI de bio-terroristas.
Se o termo Prayformance nada vos diz, conhecer Orryelle e os Aesthetic Meat Front, por certo, com as entrevistas aqui incluidas vos tirararão algumas dúvidas.
O controverso Boyd Rice estará presente com uma entrevista no minimo provocadora ao lado de Andrew Mckenzie, tambem conhecido pelo seu projecto audio Hafler Trio.
Outras figuras de renome incluidas são, Carl Abrahamsson do projecto Cotton Ferox, ex-White Stains e membro ocasional dos Psychic TV e Thee Majesty; Vadge Moore; Chad Hensley, editor e autor de textos para os livros Esoterra e Apocalypse Culture; Brian Dean que escreve regularmente para Anxiety, Guardian, Idler; entre outros intervenientes encontramos, Antero Alli, Vincent Alekzander, Stefan Szszelkun e Magus Coyotel Leyba.
O CD que irá acompanhar o livro contará com as participações de O Yuki Conjugate, Strings of Consciousness, Cotton Ferox, Controlled Bleeding, MILF, Hybrids, Orryelle, Aesthetic Meat Front e Enkidada (ex: Psychic Warriors ov Gaia).
Tal como no outro volume, a capa e Design ficarão a cargo de André Lemos e João Cunha, respectivamente.

Aki Nawaz, fundador da Nation Records (Transglobal Underground, Asian Dub Foundation etc...) e dos Fun-da-Mental, Z'ev, Aragorn23, Lob, Tactical Art Coalition, Iona Miller, Nigel Ayers (Nocturnal Emissions), Monochrom, FoolishPeople são alguns dos que já mostraram o seu comprometimento em participar em futuros volumes enquanto outros serão uma grande surpresa.

PVP: 15€ / 10€ para sócios + grátis o CD spokenword/oral cut-up "Electronic Thisturbance" (Thisco) c/ Jarboe, Terre Thaemlitz, Francisco Lopez, Von Magnet, Gx Juppiter Larsen, Wildshores, Rasal.asad / Sci - fi Industries.

+infos em www.antibothis.com

Aproveitamos as palavras sábias de Alan Moore para finalizar: «Occulture, you know, that seems to be perhaps the last revolutionary bastion.»
...
We are proud to announce that the ANTIBOTHIS book anthology volume 2 is out, this time including Erik Davis with a text/interview with the infamous onthological anarchist Hakim Bey. Erik Davis wrote the cult book TechGnosis. Interviews with Boyd Rice, Antero Alli, Orryelle, Aesthetic Meat Front along with texts from Carl Abrahamsson (Cotton Ferox, ex-WhiteStains), Chad Hensley (editor of Esoterra Magazine and Apocalypse Culture contributor), Vadge Moore (member of Cthonic Force and Peter Sotos, Boyd Rice and Monte Cazazza collaborator), Vincent Alexzànder, Stefan Szczelkun, Andrew Mckenzie from Hafler Trio, Nigel Ayers (Nocturnal Emissions), Brian Dean (Anxiety.com) and Magus Coyotel Leyba are also contributors, along with tactical media collectives Center of Tactical Magic and Critical Art Ensemble.
The CD compilation available with the ANTIBOTHIS volume 2 will include O Yuki Conjugate, Controlled Bleeding, Enkidada (former member of Psychick Warriors Ov Gaia/Exquisite Corpse), Cotton Ferox, Aesthetic Meat Front, Orryelle, Strings of Consciousness, Hybrids, and MILF.

So far others artists show their interest and commitment in to contribute for upcoming anthologies such as: Z'ev, Aki Nawaz (Fun-da-Mental), Stewart Home, Terre Thaemlitz, Crimethinc, Lob (Instagon), Monochron (Vienna Art Group), B-Eden (Pyromania Arts, ex-Psychic Warriors Ov Gaia ), Aragorn 23, among others.

"beautiful production"V.Vale, Re/search Books, u.s.a."seems like the next step after re/search and apocalypse culture".yorek. com"so many people have the will to say but not the will to do! You Do".Chad Hensley, Esoterra magazine, u.s.a."a global village guerrilla strategy, a campaign against the illusions of ego/media"b-eden ( pyromania arts foundation), Germany"great work" Dedroidify, Belgium"...Entre littérature expérimentale, engagement politique et démarche artistique où le collage et le détournement ont une grande place..."M.c.d magazine, France"very impressive work" Foolish people, u.k.

Please take a look at www.antibothis.com

Through ANTIBOTHIS thiscover: essence not existence, exclusivity not uniformity, subversion not subservience, expression not suppression. ANTIBOTHIS is a collection of book anthologies featuring texts, interviews showcasing a variety of ideas that are a genuine alternative to the dogma of conformity, the commitment to disconnect the cables of corporhate coolonization, disinverting cultural reality through the dissemination and dispersion of alternatives vortices of information and infinite chaotic propaganda, speculation, simulation, stimulation, to revolutionize the dynamics of life in a total process of cultural transformation, reclaiming our guts and revolt in the name of imagination in opposition to a toxic life of low awareness, herd mentality and programmed though, infecting human minds and alter their behaviour.

sábado, 5 de julho de 2008

La movida portuense, coño!

Foi criada na Shop do site da Chili Com Carne uma nova marca na categoria dos zines: Os Gajos da Mula - que são o Miguel Carneiro e o Marco Mendes; blogue oficial: osgajosdamula.blogspot.com.
Não que todos os artigos que lá se encontram sejam editados pelos próprios mas como andam sempre carregados de tralhas que se editam lá para cima (ver estes posts: 1 e 2) achámos que merecem uma "marca" para meter lá coisas como os zines raros como os dos Janus (autor de O Macaco To Zé) quer a novidade Tomorrow The Chinese will deliver the pandas (Plana Press; 2008) - livro que reúne uma série de bd's autobiográficas de Marco Mendes, edição em inglês.
Do lote recentemente adquirido aos "Mulas", gostariamos de salientar Fantôme Galicia (é dos Gajos sim senhora, e é de 2008 embora esteja datado de 2006!?). É um zine A5 impresso em papel amarelo torrado com desenhos mirabolantes de André Lemos, Miguel Carneiro e Marco Mendes quando este foram à Pontevedra, a uma feira de edições independentes. Para quem gosta de desenhos javardos mas ainda assim com algum estilo, este é o zine!

quinta-feira, 3 de julho de 2008