blogzine da chili com carne

quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Sei...

 


O nosso amiguinho faleceu ontem, não houve despedidas entre nós mas hoje, inesperadamente, recebi um seu último recado através de um amigo em comum. Fiquei gelado por uns momentos. Geralmente estávamos alegres nas nossas conversas infinitas até à hora de fecho da Feira do Livro de Lisboa, onde o Sei Miguel examinava todos os nossos títulos e escolhia de forma incisiva o que lhe despertava a curiosidade. 

Em 2020 disse-me: "Há um japonês que deves gostar, aquilo é fantástico, tenho lá em casa mas não me recordo agora o nome, pá...!". No ano seguinte publicamos a Viagem do Yokoyama e era este o "japonês do Sei". Entendimento total depois desta. Seguiu-se trocas de galhardetes gráficos - recuperamos o nome do esquecido F'murrr e mostrei-lhe os "novos" David B e Jim Woodring. Ficamos de ir à Bedeteca de Lisboa quando reabrisse para nosso percurso de conversa infinita ainda se esticar ainda mais e mais e mais...

Não se identificava com o que o REP escreveu sobre ele e a sua obra no Bestiário Ilustríssimo (livro que editamos) mas estávamos tão entusiasmados a falar sobre a BD - seria a única pessoa que conheceu nos últimos tempos que podia ter conversas sobre este assunto e para dizer a verdade também eu raramente tenho apanhado alguém com o mesmo entusiasmo! - que nunca aprofundei essa questão da música. Nunca chegamos ao fim da conversa sobre Art Brut que me "chocou" por alguma razão que agora não consigo detalhar ou que não me apetece agora pensar. Também não me lembro o que ele comentou sobre o Francisco Sousa Lobo - era pela positiva...

Ouvia dizer que o Sei era snob mas foi das pessoas mais gentis que conheci nos últimos tempos. Não se pode acreditar nos rumores. Poucas vezes nos encontramos fora da Feira do Livro, já se sabe como é a vidinha e as suas corridas. Lamento agora não terem acontecido mais encontros e conversas de cromos... Quando havia formalmente despedidas ele mandava "abracinhos".

Marcos

Einstein, Eddington e o Eclipse. Impressões de Viagem ... conferência no CNC HOJE


Einstein, Eddington e o Eclipse. Impressões de Viagem 
por
Ana Simões (ensaio e argumento) e Ana Matilde Sousa (banda desenhada)

oitavo volume da colecção LowCCCost, uma colecção de livros de viagem ... para quem gostar de viajar sem apanhar transportes e gastar dinheiro!

Elaborado no âmbito do centenário do eclipse de 1919, este livro esteve associado à exposição E3 — Einstein, Eddington e o Eclipse e está dividido em duas partes (ensaio e banda desenhada), ambas bilingues, português e inglês, as duas principais línguas usadas durante a expedição. 

A banda desenhada toma a correspondência de Arthur Eddington trocada com sua mãe, irmã e o Observatório de Lisboa antes, durante e após a sua expedição à Ilha do Príncipe para estudar o eclipse solar total de 1919, como ponto de partida para uma narrativa gráfica de contornos experimentais e impressionistas. Focando-se na teia de actores humanos e não-humanos envolvidos nesta expedição – pessoas conhecidas e desconhecidas, animais, plantas, factores ambientais e afetivos – a BD, que também compila alguns documentos da exposição, estabelece uma relação intertextual com o ensaio teórico sobre as implicações científicas, políticas e sociais dessa viagem cujos resultados confirmaram a revolucionária teoria da relatividade de Einstein. As “impressões” da viagem assumem um duplo significado, referindo-se ao relato de Eddington por palavras e às marcas nas páginas, alusivas à presença material dos lugares visitados.

264p (156p a cores) 18,5 x 27cm, capa a cores com badanas 
 ISBN: 978-989-8363-510

Nova edição - revista e ampliada - disponível na nossa loja em linha e na Tigre de Papel, Kingpin Books, SocorroTinta nos Nervos, ZDB, BdManiaMatéria Prima e SnobA antiga poderá ser ainda encontrada na Mundo Fantasma, Utopia, Linha de Sombra, STET, Vida Portuguesa e Alquimia





Historial: 

apresentado no CIUHCT a 19 Dezembro 2019 
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apresentação virtual em V/Ler BD 
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Artigo no Público
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Excerto publicado na revista polaca Zupelnie Inny Swiat
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Boa crítica por Jürgen Renn (Max Planck Institute for the History of Science) na Centaurus
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Apresentação com as autoras e moderado por Hugo Soares no dia 10 de Junho 2024, às 20h, na Praça Azul da Feira do Livro de Lisboa
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Apresentação com a presença das autoras e o editor da Chili com Carne, Marcos Farrajota, e com o comentário do crítico e investigador Pedro Moura, o ilustrador e autor Miguel Santos e o cientista Federico Herrera no Museu Nacional de História Natural e da Ciência, dia 20 Junho às 18h
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entrevista no Pranchas e Balões

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Ciclo de Conferências no Centro Nacional de Cultura12 de novembro | Einstein, Eddington e o Eclipse – Impressões de Viagem com Ana Matilde Sousa (CIEBA – FBAUL) e Ana Simões (CIUHCT – CIÊNCIAS-ULisboa); e, 26 de novembro | A Roça Sundy, Cadbury e o “Cacau escravo” com Duarte Pape (Paralelo Zero) e Hugo Soares (E3GLOBAL)




Feedback

(...) narrativa de enorme intensidade emocional (...) Eis um livro de viagens com vocação renascentista (...)
Sara Figueiredo Costa in ACERT

(...)  O encontro entre Hergé e Lovecraft tem perfeitamente o seu papel num livro sobre uma conclusão feliz da observação da ciência. 
 Livro desafiador que estende as condições de produção e o modo como a banda desenhada dialoga com o mundo, bem para além do veículo de ficção de género ou de narrativas dominadas a que a maioria das suas prestações nos habituou, Einstein, Eddington e o Eclipse poderá vir a tornar-se um exemplo maior da verdadeira inter- e transdisciplinaridade.
Pedro Moura in Ler BD


Além da notável originalidade da junção de dois registos – um científico e outro artístico, neste caso a história da ciência casa-se com a “nona arte”, que costumam andar apartados, - a obra é também original pela sua rara qualidade. O ensaio, que foi pensado tendo em conta leitores desconhecedores da matéria, sendo claro, é absolutamente rigoroso, indicando as fontes para os factos relatados (...). Na banda desenhada, delimitada pelos registos epistolares ou diarísticos, a imaginação já voa, mas o registo não deixa de ser rigoroso: vê-se que a artista se procurou documentar sobre os cenários que descreve visualmente, tendo consultado o material fotográfico disponível. Fugindo ao realismo, faz-nos entrar na atmosfera da época.
Carlos Fiolhais


Voltando ao que melhor li de BD feita por cá (...) Trata-se de um livro composto por um ensaio da historiadora e professora Ana Simões e uma banda desenhada da artista Ana Matilde Sousa. (...) Gosto muito de ver este tipo de parcerias, bem como das explorações gráficas desenvolvidas aqui pela Ana Matilde Sousa, mais conhecida nos meandros da BD por Hetamoé. Conheci-a no Clube do Inferno, esse conjunto de enfants térribles cheios de garra e vontade em fazer BD, e desde aí que tenho tentado seguir o seu trabalho. Aqui conquistou-me logo nas primeiras páginas com esta BD impressionista. Muito trabalho interessante na forma como trabalha a cor e também a fotografia, tudo para nos ir dando uma imagem/ sentimento da viagem de Eddigton (usando como base a correspondência que o cientista trocou com mãe, irmã e o Observatório de Lisboa).
Gabriel Martins via Facebook

 



Einstein, Eddington e o Eclipse é magnífico! (...) tirei a barriga cerebral da miséria.
Rodolfo Mariano (via email)

terça-feira, 11 de novembro de 2025

Corta-E-Cola seguido de Punk Comix (edição benefit Disgraça) ÚLTIMOS 25 EXEMPLARES!!!!!!!!!!!!




Corta-e-Cola : Discos e Histórias do Punk em Portugal (1978-1998) de Afonso Cortez seguido de Punk Comix : Banda Desenhada e Punk em Portugal de Marcos Farrajota

é na realidade uma reedição do famoso livro de 2017

Rectificado, emendado e com posfácios a actualizar meia-dúzia de coisas (mais um esboço de capa do 1º LP de Mata-Ratos de Nuno Saraiva e actualização do punk na BD portuguesa), 

esta reedição não tem o CD Punk Comix nem tem o formato de "split" ou livro-duplo. 

Tem uma capa nova feita pela malta do Disgraça justamente porque a decisão de reeditar este livro é para que os seus lucros revertam totalmente para este espaço.

 
Diga-se de passagem que já adquiriram o espaço mas a venda deste livro mantêm a premissa de "benefit"!!!


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- ATENÇÃO: a distribuição será limitada, poucas livrarias terão este livro!! E sobram apenas 30 exemplares entretanto!! - 

Para pode ser adquirido AQUI, FlurRastilhoSnobTigre de Papel, Tortuga (livraria da Disgraça), Letra Livre, Mundo FantasmaNeat Records, Trama, Louie Louie (Porto)Utopia, ZDB e Socorro.
 

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 Sobre o livro (2017) 

Saído no ano em que se “celebram” os 40 anos do punk em Portugal, a Chili Com Carne, em parceria com a Thisco, edita o (duplo) livro sobre este fenómeno: 

Corta-e-Cola : Discos e Histórias do Punk em Portugal (1978-1998) de Afonso Cortez 
Punk Comix : Banda Desenhada e Punk em Portugal de Marcos Farrajota.

Escrito a partir de um levantamento exaustivo de fanzines, discos e demo-tapes, ao longo de 256 páginas, os autores dissecam todo esse material para tentarem perceber como através de uma ética - do-it-yourself - se conseguiu criar uma (falta de) estética caótica e incoerente que hoje se identifica como punk. Através da produção gráfica desse movimento se fixaram inúmeras estórias - até agora por contar - de anarquia e violência; de activismo político, manifestações e boicotes; de pirataria de discos e ocupação de casas; de lutas pelos direitos dos animais; de noites de copos, drogas e concertos...

Corta-e-Cola / Punk Comix é ilustrado com centenas de imagens, desde reproduções de capas de discos a páginas de fanzines, cartazes, vinhetas e páginas de BD, flyers e outro material raramente visto.

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Volume -8 da colecção THISCOvery CCChannel publicado pela Associação Chili Com Carne e Thisco

editado por Marcos Farrajota com o arranjo gráfico de Joana Pires

Capa por saal, contra-capa de The ol idiot’s bastard son e desenho na ficha técnica por Dani G.

256p 16,5x23cm impressos a 540U, capa a duas cores.


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HISTORIAL

Saiu no 10 de Junho na Feira do Livro de Lisboa 2017 ... lançamento oficial no Disgraça a 30 de Junho com apresentações de José Nuno Matos, Diogo Duarte e Nônô Noxx, concertos de Presidente Drogado e Scúru Fitchádu ...  sessões de autógrafos e apresentações no LAR / LAC (Lagos), Louie Louie (Porto), Feira do Livro do Porto e na higienizada Casa da Cultura de Setúbal ... reedição em 2025 ... lançamento da reedição no dia 1 de Junho 2025 no Disgraça com conversas e concertos de Vaiapraia e Bas Rotten ...
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FEEDBACK
 
(...) dois livros unidos pela mesma lombada que sistematizam informação e recordam, de forma cronológica, quem foram os protagonistas do punk em Portugal que deixaram discografia e como o movimento foi representado na BD. "O punk não foi um movimento contínuo, mas fragmentado, esporádico, dissolvido entre outras propostas, em permanente mutação, como aliás qualquer movimento juvenil", afirma Afonso Cortez na introdução. (...) Depois de mais de 150 páginas, Afonso Cortez conclui que ao longo daqueles vinte anos (1978-1998) o grafismo foi entendido "apenas como um pormenor. E que a falta de cultura visual, ou mesmo de estudos, se reflecte de forma catastrófica na falta de qualidade do que é produzido". Embora os Faíscas e os Minas & Armadilhas sejam referenciados como os iniciadores do punk na música portuguesa, Cortez assume "Há que violentar o sistema", de 1978, dos Aqui d'el Rock, como o primeiro disco punk português. A partir daí, faz um levantamento dos discos editados, comenta a vertente gráfica das capas, mapeia os locais de concertos e a crítica na imprensa e complementa com testemunhos de músicos recolhidos pelo próprio. Mata-Ratos, Crise Total, Kus de Judas, Cães Vadios, Censurados, Nestrum, Desarranjo Cerebral, Renegados de Boliqueime, Vómito, Peste & Sida, X-Acto são algumas das bandas referidas no livro (...) Já sobre a BD, Marcos Farrajota explica o mote do livro: "Serve como uma base de referência para quem quiser pegar na BD para relacioná-la com o punk, subculturas urbanas, música, cultura DIY, artes gráficas e editoriais". (...) Farrajota recua a finais dos anos 1970 para encontrar as primeiras referências ao punk na BD portuguesa. Surgem na revista Tintin, assinadas por Fernando Relvas e Pedro Morais, "mas são situações em que os punks são apenas paisagem urbana". Será Fernando Relvas a assinar, em 1983, no semanário Se7e, "o primeiro trabalho de corpo inteiro" sobre punk, "sob a forma de uma personagem forte e feminina" chamada Sabina. Marcos Farrajota faz ainda referência à atitude "militante e amadora" de publicação, da auto-edição, dos fanzines, das colectâneas e da tecnologia da fotocópia e enumera vários autores que desenharam sobre o punk (...)
Lusa / DN
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De leitura rápida, Punk Comix não deixará de ser um instrumento de leitura obrigatória para compreender alguma da história da banda desenhada moderna e contemporânea em Portugal. 
Pedro Moura in Ler BD
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(...) ambos os estudos são preciosos e sumarentos, revelando uma investigação criteriosa e mais intensiva do que exaustiva. O resultado é um brilhante mapeamento historiográfico do punk e da sua relação com a banda desenhada em Portugal.
Professora Marcivânia / A Batalha
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O Afonso tinha-me deixado boa impressão e para o encontro levara Candy Diaz, baterista dos saudosos Les Baton Rouges. Yaay! (...) O texto dele é uma catadupa de informação: estão lá Faíscas, Minas & Armadilhas, Crise Total, Ku de Judas, Corrosão Caótica, Mata-Ratos, Estado de Sítio, Anti-Porcos, Kristo Era Gay, Caos Social, Censurados, Bastardos do Cardeal, e muito mais. (...) É informação em bruto, não digerida. Só lhe recrimino isso, o não haver mais reflexão sobre os factos. Mas se calhar é mais um problema meu do que dele, pois até os sentimentos intelectualizo. Quanto à prosa do Marcos (...) falei, fiquei a perceber que o jeito dele para a narrativa não se fica pelos quadradinhos das suas BDs. Dá gosto seguir-lhe as palavras. 
Rui Eduardo Paes
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Dos poucos livros existentes no mercado nacional em termos de abordagem ao universo do Rock feito em Portugal ao longo dos anos, há dois livros que sempre foram os meus preferidos: A arte eléctrica de ser português: 25 anos de Rock’n Portugal de António Duarte e o Escrítica Pop de Miguel Esteves Cardoso. Desde há duas semanas tenho mais um como preferido: Punk Comix/ Corta-e-Cola (...). Quando pensas que já não há surpresas, ou até pessoas com interesse para agarrarem de forma inteligente e com alguma prudente distância analítica, um período da história de um subgénero do Rock em Portugal, como é o Punk, situado num tempo específico (1978-98), eis que levas, qual murro no estômago, com uma agradável surpresa com este livro precioso. O que esta obra tem de diferente e de excelente, não é tanto a análise cronológica e meticulosa das bandas dum certo universo Punk nacional e seus intervenientes, bem como a sua ligação à banda desenhada que se foi e se vai fazendo aqui pelo burgo, mas sim o mote que direciona todo o livro e que é essencialmente isto: se és Punk, controlas todos os meios de produção da tua arte (Do It Yourself - DIY), assim só tu és responsável por aquilo que dás a conhecer publicamente, sem manipulações de outros, e se falhares (porque se falha quase sempre), falhaste gloriosamente, o que é sempre melhor do que nada fazer. Se ganhares algo, sabes que mais tarde vais perder, por isso não vale a pena fazer a festa antes do tempo. Não entrando em muitos pormenores (até porque este deve ser um livro lido por todos os melómanos nacionais, independentemente de gostos musicais), este está muito bem redigido, é agradavelmente informativo e formativo q.b, sem ser chato; é graficamente interessante dentro de uma estética Punk, mas sem entrar nos seus lugares comuns; há nele uma personalidade própria. (...) É desde já, um livro para o futuro, daqueles que mais cedo ou mais tarde, as novas gerações, amantes da música underground, terão de se socorrer para se informarem sobre… 
Guilherme Lucas (GG Ramone)

Se o punk não fosse ateu diria que estava aqui uma bíblia do punk (...) Indispensável.
Luís Rattus in Loud

(...) não é possível escrever uma história do Punk, mas é certamente possível escrever muitas histórias do punk. Diria que tantas quantas quem decide escrevê-las ou tantas quantas as experiências individuais de quem o vive ou viveu
Diogo Duarte in Mapa

Estive a folhear e de repente um blast from the past: no inicio dos 90's um tipo da minha turma na secundária da Maia conhecia os Kristo Era Gay e convidou-me para ir assistir ao ensaio da banda na garagem do baterista, que era muito perto da escola. Cheguei lá e perguntei que som é que eles tocavam; ficaram meio à toa a olhar uns para os outros, até que o vocalista (Fino) lá se descoseu - "pá, sei lá... É rock português..." Seja como for, adorei a experiência e a partir daí a ideia fixa de formar uma banda nunca mais me largou.
Nunsky via email


(...) regressa com a força do activismo, reforçando intenções com a prática: a própria decisão de o reeditar vem no sentido de entregar todo o lucro das vendas à Disgraça (...) Mas, tal como antes, não doura o panorama, nem o da época coberta (1978-1998) nem dos oito anos após a edição original. Antes pelo contrário, Cortez lamenta a falta de continuidade no mapeamento desta(s) história(s) e talvez tenha de ser ele mesmo a dedicar-se a outros aspectos do punk e hardcore em Portugal. A leitura fluída da implantação do punk no país, os diferentes períodos, definidos por diferentes grupos e atitudes, são de apreensão fácil mesmo para quem é forasteiro na cena. A lógica seguida é a dos discos, com comentário muitas vezes pormenorizado e ácido em relação à arte das capas, uma mágoa diversas vezes exposta durante a narrativa (...) Mesmo a música é sujeita a apertado escrutínio. No fundo, não se trata de uma celebração superficial do fenómeno mas sim uma análise profundamente crítica que deixa a impressão de focar nas entrelinhas o que poderia ter sido, tanto como o que foi. Abordagem curiosa, fresca e obviamente insurrecta, por contraponto a outro tipo de celebrações punk ou rock que, em Portugal, o autor já entende como reaccionárias. Extensa (ainda que seleccionada) discografia, bibliografia útil. Sobre a Banda Desenhada, (...) Farrajota oferece uma visão geral sobre BD em Portugal, publicações punk no estrangeiro e em Portugal, neste caso com visão detalhada sobre autores, estilos, processos, difusão, pertinência. A sua escrita também irreverente e empática informa e comenta criticamente, comprometida com segmentos menos visíveis e com palavras menos simpáticas para o circuito comercial. É assim que se aprende sobre as margens e até como as margens muitas vezes só o são porque alguém fora delas decide contar outra História. Importante documento para melhor entender ao nível da rua a realidade musical e artística de um país que não trata muito bem a dissidência cultural. (...)

13ª Edição do concurso "Toma lá 500 paus e faz uma BD!"



A Associação Chili Com Carne lançou a ideia de um concurso para fazer um livro em Banda Desenhada para matar a modorra na cena portuguesa, tendo sido publicados já vários livros ou zines de trabalhos que participaram no concurso - como o Vale dos Vencidos de José Smith Vargas, projecto vencedor do concurso de 2014 mas que se transformou noutro livro mais complexo.

Em Outubro de 2015 saiu a primeira obra vencedora (do primeiro concurso, de 2013) ou seja, The Care of Birds / O Cuidado dos Pássaros de Francisco Sousa Lobo - que entretanto teve uma edição em Espanha e em França. Em Outubro de 2016 saiu o romance gráfico Acedia de André Coelhoem Outubro de 2018 a antologia Nódoa Negra, em Novembro 2019 a antologia All Watched Over By Machines of Loving Grace, em 2020 Bottoms Up do Rodolfo Mariano, em 2021 Hoje não da Ana Margarida Matos - que vai na segunda edição e publicado nos EUA -, em Dezembro 2022 o Sinapses de Ivo Puiupo (com edição inglesa pela Kus!),  em Janeiro 2024 o fanzine mais caro do mundo, o número 42 do Mesinha de Cabeceira, Partir a Loiça (toda) de Luís Barreto, em 2025 saíram os livros de Alexandre Piçarra - Dias-a-fio, relativo a 2024 - e de Beatriz Brajal, A Cada Sete Ondas (2025)!!

Entretanto, cá estamos de novo à espera de novas aventuras editoriais!





Instruções (não muito complicadas):
Para quem? 
Para Sócios da Chili Com Carne com as quotas em dia - não é sócio? Então é clicar neste LINK.
No caso das antologias, todos os autores devem ser sócios!
Para artistas portugueses, residentes ou não em território nacional e artistas estrangeiros residentes em Portugal.
No caso das antologias é possível participação de artistas internacionais desde que em minoria em relação aos portugueses.

O prémio é monetário? 
É sim! São 500 paus!
Para além de que o trabalho será publicado!
E, para a próxima edição, o vencedor é convidado a fazer o cartaz e a integrar o júri!

Quem decide o vencedor? 
Luís Azeredo (sócio da Tinta nos Nervos), Sofia Belém (artista e escritora), Beatriz Brajal (vencedora da edição anterior), Marcos Farrajota (autor de BD, editor e fundador da Chili Com Carne) e Tomás Ribeiro (autor de BD e da Direcção da Chili Com Carne).
O Júri reserva-se o direito de não atribuir o prémio caso não encontre qualidade nos trabalhos propostos.
Que projecto pode ser apresentado? 
- Uma BD longa de um autor ou com parceiros
- Um livro com várias BDs do mesmo autor (desde que tenham uma ligação estética ou de conteúdo)
- Uma antologia de vários autores com um tema comum (ver Nódoa ou All como exemplos)
 Regras de apresentação dos trabalhos
- O livro não tem limite de páginas e de formato mas porque desejamos inseri-lo nas nossas colecções já existentes como a Colecção CCC,QCDA, LowCCCost, RUBI, THISCOvery CCChannel, etc... - o projecto terá mais hipóteses de ganhar se for apresentado num formato das colecções.
- Preferimos o preto e branco mas a cor não está totalmente afastada!
- Envio do seguinte material:
a) texto de apresentação do(s) autor(es),
b) sinopse do projecto
c) planeamento por fases (com datas)
d) envio, no mínimo de 4 páginas seguidas e acabadas, e 20% das páginas BD planeada.
- Todos estes elementos devem ser entregues em PDF, em serviço de descarga em linha (sendspace ou wetransfer) cujo endereço deve ser enviado para o e-mail ccc@chilicomcarne.com
Datas?
4 de Fevereiro 2026, até às 23h59m é a entrega dos projectos!
14 de Fevereiro 2026 é anunciado o vencedor!
O livro é publicado em 2026!?

Boa sorte!
CCC

Este projecto tem o apoio da Tinta nos Nervos e IPDJ

domingo, 9 de novembro de 2025

sábado, 8 de novembro de 2025

Será a caneta mais poderosa do que a espada?

 

A edição portuguesa do Monde Diplomatique tem publicado, sob a nossa coordenação, as respostas a este desafio em Banda Desenhada por uma série de artistas. Este mês cabe à Diogo Barros (1983) que teve momentos de glória com o seu e-comix Pós-tugal - que recolheu recentemente num zine e criou uma nova página prá A Batalha (que deve estar para sair em breve se a Alma do Kropotkin deixar!)

O ANDAR DE CIMA - The Upper Room / último exemplar!!!


Uma co-edição da Chili Com Carne com a Faculdade de Ciências e Tecnologia e a escola Ar.Co.
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Uma Banda Desenhada de Francisco Sousa Lobo baseada na palestra A Modulação da Tomada de Decisão: Pode o cérebro ser influenciado? ocorrida em Maio de 2014 e com as participações de Miguel Esteves Cardoso, José Manuel Pereira de Almeida, Alexandre Castro Caldas e Nuno Artur Silva.
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20p. 21x27cm impressas a castanho, capa a duas cores.
ISBN: 978-989-8363-28-2
edição em português com legendas em inglês
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new comix by Francisco Sousa Lobo (from The Dying Draughtman fame) inspired in a congress about neurology, in Portuguese with English subtitles. It's about the brain and about a conference on decision that took place at Universidade Nova in Lisbon. It's not institutionaley didactic comics, it's straightforward fiction.
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à venda aqui e na Mundo Fantasma, BdMania, STET, Linha de Sombra e Tinta nos Nervos

buy here or at Quimby's (Chicago), Modern Graphics (Berlin) and Floating World (Portland)







Feedback : 

O autor experimenta diversas soluções para as suas pranchas e revela maestria nas transições entre as vinhetas, sendo extremamente proficiente na enorme quantidade de informação que, também como música de fundo, transmite ao leitor nas poucas páginas que constituem a obra. Aliás, esta aparente (...) simplicidade é um dos grandes trunfos desta banda desenhada, perante o complexo tema que aborda. Mais uma vez, Francisco Sousa Lobo brinda-nos com uma BD que figurará certamente entre as mais conceituadas listas do que melhor se produziu este ano em banda desenhada no nosso país. 
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Un racconto a fumetti insolito da un autore portoghese, creato in occasione di un convegno di neurologia. Il segno scarno e il montaggio ipnotico di Francisco Sousa Lobo riescono a conferire inquietante esattezza a una storia che parla di cervello, paranoia, solitudine e Fado. 
Andrea Bruno na sua escolha de últimas cinco melhores leituras de BD para o Fumettologia 
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N’O Andar de Cima, claro, o protagonista tem que ser velho o suficiente para ter sido apanhado pelos fachos, mas Lobo nasceu em 73. Pode não ser ele. Mas é ele, ainda que tangencialmente. De lembrar que, por exemplo, a história de Zona de Desconforto é autobiográfica a nu, espécie de Art School Confidential com menos tiques e a ir mais fundo: dois dedos de conversa sobre o doutoramento na Goldsmiths e um historial de depressão com um surto psicótico. Não é por acaso que isto nos põe desconfortáveis — ver um gajo desbobinar-se numa bd não é pêra doce —, e somos quase forçados a concluir que aí sim, foda-se, o gajo viveu para contá-la, isto é que é bd. Tanto ele como nós sabemos que não é bem assim, daí as tangentes e as reviravoltas, porque narrar-se é mais do que uma estratégia argumentativa em banda desenhada; é uma estratégia identitária também. 
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Resenha sobre O andar de cima e outros trabalhos de FSL no Ler BD de Pedro Moura 
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nomeado como Melhor Argumento e Melhor Publicação Nacional pelos Prémios Central Comics 2015 
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 un cómic en bitono en el que Sousa Lobo presenta a un hombre que escribe un monólogo que se desarrolla durante todo el cuaderno, en el que profundiza en los temas recurrentes del autor: la identidad, el proceso del pensamiento, y los recovecos de la mente. Es un discurso conexo pero complejo, en el que mezcla a Shakespeare con la neurociencia y que también toca cuestiones interesantes, como la imaginación y su contacto con la alucinación. Se trata de un monólogo de loco —o por lo menos de obsesivo / compulsivo— de raíz muy literaria, pero que Sousa Lobo desarrolla con recursos puramente gráficos, gracias a un dibujo sencillo y al uso de símbolos recurrentes.

sexta-feira, 7 de novembro de 2025

Gente Remota --- ESGOTADO

 




Gente Remota é um livro ficcional que nasceu de quatro longas entrevistas com ex-combatentes anónimos das chamadas guerras de África, conversas que tive em 2014. Não há nada inventado, no que corresponde às experiências de Guerra de Alfredo Jacinto, não teria capacidade para tal. Nem o crime da PIDE, nem a acção salvífica e presença de espírito de Alfredo ao salvar um soldado do colapso moral, nada foi inventado. Limitei-me a baralhar os dados.

Esta é uma pequena história de Portugal, esse país sem problemas de consciência, com uma memória selectiva, ao mesmo tempo sincera e senil.

É uma história de cruzamento de ideias, de confrontos de perspectivas. Eu não estou em lado nenhum, neste livro. Ou então estou em todo o lado.

A questão do racismo é sempre um poço sem fundo. Incómoda, urgente, com ramificações que tocam a todos, profundamente. A minha relação com o nosso passado colonial é múltipla. Eu próprio nasci em Moçambique, rodeado de empregados e privilégio colonial.

Depois veio logo o 25 de Abril, essa tábua rasa a um tempo gloriosa, mas que nos oculta a história e nos iliba de qualquer culpa. Depois veio a primária em que aprendemos a hostilidade contra os espanhóis, e depois o liceu em que nos forçaram os Lusíadas pela goela abaixo. Este livro é talvez o paté resultante.  

A esperança é que sofre. 

- Francisco Sousa Lobo 


23º volume da Colecção CCC, 100p a duas cores, 16,5x23cm, edição brochada.

editado por Marcos Farrajota. Design de Joana Pires.


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Historial

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Obra realizada ao abrigo de uma Bolsa de Criação Literária da DGLAB/ Ministério da Cultura 

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Lançamento no dia 19 de Dezembro 2021 no M.A.L. com apresentação de Sara Figueiredo Costa

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artigo no Público



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artigo na Lusa

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entrevista no Pranchas e Balões

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ESGOTADO, talvez ainda encontrem na Linha de Sombra, Snob, Tinta nos Nervos, Kingpin, Tigre de Papel, Matéria Prima, ZDB, STET, Socorro, Alquimia, Essência do Livro e Stet.

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Feedback

(...) banda desenhada portuguesa maior, adulta e consequente.

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Partindo de entrevistas feitas a quatro ex-combatentes que passaram pela Guerra Colonial, Francisco Sousa Lobo constrói uma ficção que tira o melhor partido da linguagem da banda desenhada para colocar em confronto memórias, ideias feitas, traumas que persistem em não ser abordados. Não é um livro sobre o passado, antes sobre o modo como vários passados – uns colectivos, outros individuais – continuam a assombrar o nosso presente comum.
Sara Figueiredo Costa in Blimunda

Este é um livro desagradável! E ainda bem, porque de livros agradáveis está o Inferno cheio.



Melhor Obra Nacional nos Prémios Bandas Desenhadas

Sem ceder ao panfleto, Sousa Lobo cria uma história actual sobre Portugal e os seus mitos (...)
Sara Figueiredo Costa in Expresso
 
 
O Francisco pegou no século XXI e meteu numa cápsula. Está aqui tanta coisa... As teorias de conspiração dos cotas. Os "neo" coloniais. O jungle fever luso tropicalista. A memória histórica com esquecimento estratégico. As palas nos olhos. A saúde mental dos jovens, em especial dos rapazes, que não se debate nem se cuida. As empregadas domésticas, mesmo as que têm patroas feministas e liberais...
(Se queres levar porrada de todos os lados tenta falar sobre o "fim das empregadas domésticas"... mesmo nos círculos mais pra frentex ... ;) )
Na verdade, acho que tudo isto seria igual, mesmo sem a guerra colonial, mesmo só com brancos. Por essas e por outras não vejo grande utilidade no "white guilt"...
Esta BD é um espelho gigante. Pode ser "ficção" no estilo, mas o conteúdo não é nada ficcional. Demasiado familiar, até.
Miguel Santos (por email)
 
 




MITI MOTA

 

No prelo!

BIG com carne

 


Acontece até ao final do ano a BIG em Guimarães e tivemos acesso ao catálogo que tem as seguintes curiosidades: selecção do cartaz de Rodolfo Mariano para a festa do MAL e as ilustrações de Sara Boiça para a colectêanea Contos poucos exemplares e a publicação de um texto de Marcos Farrajota em regime de corta-e-cola dos seus artigos que tem saído no jornal Carne para Canhão - relativo à palestra que deu na edição de 2023 do BIG.