O Rapaz do Sul do Céu Celebra C.S. Lewis (
FlorCaveira; 2013)
XNC : Dropa o Beat (FlorCaveira; 2014)
Tiago Lacrau : Sou Imortal Até Que Deus Me Diga Regressa (Amor Fúria + FlorCaveira; 2015)
Yup!
Citação "mash up" de Joy Division e P.K.Dick no "post".
Porque estes discos que irei fazer resenha são mesmo isso, uma transmigração da rádio para CD, os três casos mais ou menos de forma explícita.
O primeiro é assumido, dedicado a um escritor C.S. Lewis, em que
Tiago Guillul / Cavaco / Lacrau / Rapaz do Sul faz de radialista alucinado (quem nos dera que a rádio fosse assim!) apresentando temas raros / perdidos / versões do catálogo da FlorCaveira, indo às fabulosas incursões Hardcore de
Catacumba (hilariante o tema
Pedreira dos Húngaros) e dos
Borbulhas Borboletas, o Pop dos
Pontos Negros, o Hip Hop falsificado de
Xungaria no Céu (XNC) que não tem problemas em samplar Rage Against the Machine ou os "bosses" Jay Z / Kanye West, assim tudo na boa.
Pós-moderno e melómano, a música é para curtir sem tribos, nichos de mercado e dogmatismos de géneros, é tudo ao molho, como gosto.
Não há rádio assim, há é "podcasts" ou CD-Rs assim...
Mais alucinado e paradoxal é
XNC em que se topa que as diatribes que Tiago & cia sempre tiveram contra a
intelligentsia revelam que na realidade vivem em negação pois samplam entrevistas a César Monteiro e
Vera Marmelo, gozam com o Dave Grohl, criam manifestos e orgias sonoras à Beck mas sem orçamento, homenageam o Rui Rocker dos
Crise Total, enfim... Tudo o que "um intelectual de esquerda" costuma fazer...
Tiago pensa que é cristão mas o que ele faz é magia Pop - e não milagres Pop - porque a sua "nerdice" é humana e não divina, coitado, tenho pena de ele não perceber isso...
Ninguém no Hip Hop 'tuga consegue ter a contemporaneidade e personalidade como este disco - e que o
Allen Halloween que me perdoe que era o melhor candidato ao título.
É que a brincar a brincar, tal é descontração dos XNC fico em dúvida se o melhor disco de Hip Hop 'tuga não será mesmo este disco!
O regresso de Tiago (num nome próprio) é menos radiofónico e glorifica o Panque Roque do Senhor e o Ribas (outro punk que se foi!), mandando ainda bocas à "indústria" musical portuguesa (
Prémio Blitz) e à sociedade portuguesa em geral (
Sugiro a minha sepultura para a Capital da Cultura), no bom nível que Tiago sempre nos habitou.
A gravação tem um som artificialmente rançoso para mimetizar o ruído das k7s que acho muito bem!
Num país que aparecem todas semanas bandas rabetas de Pop/Rock não ser um clone é dom.
E o Tiago tem o tom!
People like us : Don't think right, it's all twice (Cutting Hedge; 2013)
Não se percebeu o que a Vicky Bennett esteve a fazer no passado dia 17 de Abril na SMUP - o novo "hot spot" de toda a Estremadura!
Passou um filme sobre Londres que sampla imagens desde o
Quarteto Fantástico ao
Lobisomem em Londres ou ainda do
The Great Rock'n'Roll Swindle ou vários parvos
007's.
O que estava ela a fazer por detrás de maquinaria?
Não me parece que pudesse manipular som ou imagem que projectou nessa noite pois a colagem dos filmes e o som é tão perfeito que não me parece que fosse possível fazer algo "live".
O que se viu foi uma gloriosa roubalheira que ofenderia os verdadeiros ladrões que são as SPA's e afins - curiosamente em sincronia com a visita do
The Clock de
Christian Marclay no Berardo, outra obra audio-visual em Ode à pilhagem!
Este CD compila trabalhos realizados entre 2006 e 2013 em linhagem com os Negativland ou John Oswald mas sem querer ter um discurso tão directo de subversão.
PLU mete a Nico, Frank & Nancy Sinatra, Beach Boys e bandas sonoras da Disney, Gustav Holst (que o Star Wars roubou, ah pois...) e mil outras referências sonoras num fluxo agradável Pop.
Na maior parte do tempo sentimos que estamos num sonho doce porque PLU melhorou as imperfeições dos registos passados ao mesclar todas estas referências, quase não se sente interrupções abruptas como se sentia nos primórdios dos Negativland ou Taped-beatles tal é o perfeccionismo técnico de Bennett.
Se Antena 2 fosse assim...