Brasil V
Voltando ao Brasil e ao mistério do "humor brasileiro" a resposta do mesmo poderá estar na oferta que os Bongolês fizeram o ano passado ao enviarem-me o livrinho Barão de Itararé, Herói de três Séculos (Expressão Popular; 2007) por Mouzar Benedito. O Barão é uma espécie de padrinho do humor brasileiro ou pelo menos é o paí do "besteirol" (que significa non-sense no Brasil), e é pseudónimo de Fernando Apparicio Brinkerhoff Torelly (1895-1971) que o criou em 1930 - primeiro como Duque mas como ele próprio anunciara semanas depois da auto-nomeação: "como prova de modéstia, passei a Barão."
O Barão atacou a porca da política, de forma tão popular (sobretudo nos anos 40) que várias vezes foi parar aos calabouços, com ou sem tortura incluída no serviço prisional. O livrinho conta a sua biografia, alguns "cartuns" com textos do Barão (mas os desenhadores não vêem creditados), textos mitómanos do Barão (a sua genealogia, o seu brasão,...), alguns textos e algumas máximas (e mínimas) tão deliciosas como esta: O homem que se vende, em geral, recebe muito mais do que realmente vale. Valeu a pena conhecer este personagem!
Mais uma oferta do outro lado do Atlântico foi Busca #1 (Upgrade do Macaco; Out'04) um livrinho horizontal sobre "street art" que mostra que os brasileiros tem mais iniciativa privada para registar o seu património efémero - devemos relembrar o que um certo francês fez o ano passado? Se sim, então clique aqui, sff. Afinal, o Brasil não é só Carnaval...