Not Books
A vaidade humana não tem limites e caramba, faz sentido um coleccionador mostrar os seus tesouros ao público. Nada pior que as retenções anais dessa malta! Quando os livros ou fanzines são feitos é para serem mostrados, emprestados, dados, oferecidos, comprados, vendidos e revendidos, whatever... É para terem uma leitura pública, meu, é por isso que são "publicações" e não "privatizações", que piadão!
Ora porque não mostrar livros de artistas e afins por cores? Agora capas amarelas, depois vermelhas, uau! E transformar uma colecção de publicações artísticas como um projecto de arte? É o caso deste No-ISBN on Self-Publishing, que teve direito a um catálogo, que já vai na segunda edição (Salon Für Kunstbuch, 2017). Editado por Berhard Cella, Leo Findeisen e Agner Blaha, já não me lembro bem, acho que a colecção é de Cella.
- "Já não me lembro bem"? Que raios de resenha crítica é esta que não presta atenção suficiente para depois criticar? Como te atreves, ó Farrajota, em pegar nisto sem ter as ideias BEM assentes?
Sei lá, é daqueles livros que fala muito e discute muito mas depois não deixa tantas certezas ou ideias marcantes, conhecem a expressão "artsy-fartsy"?
É um bocado isso, não é desonesto, não é totalmente desinteressante, apesar do redundante título. Mostra é que o mundo da especulação da Arte Contemporânea - o braço esquerdo do Capitalismo (o direito é o negócio de armas e turismo, como bem se sabe -, que começa a meter o pé (mau!? é o pé ou é o braço?) neste mundo que deveria significar liberdade criativa. E fala de política e vários assuntos ligados ao livro. É um bom "sourcebook", só por dizer é que tem aquele ar asséptico da "Arte", a estética pela estética, que deixa poucas lembranças, outras pessoas discordarão.
Distribuído em Portugal pela Matéria-Prima, a melhor discoteca e a livraria mais weirdo de cá do burgo.
Noutro campeonato está O Livro no Portugal Contemporâneo (Outro Modo; 2018) de Nuno Medeiros. Também baixote e fortinho, o livro trata de forma académica (notas de rodapé a pontapé, repetições exaustivas de ideias, escrita formulaica para funcionário das finanças interpretar de forma inquestionável) sobre o livro em Portugal nos séculos XIX e XX, passando assim pelo período negro da Censura do Estado Novo. Os textos são muito diversos tematicamente, todos eles foram pré-publicados em revistas académicas e que aqui formam um "Frankenstein" que poderia correr mal. Por coincidência ou planeamento sagaz acaba por afunilar quase tudo na editora de Romano Torres. Assim, a RT serve tanto para questionar a eficácia da Censura como especular sobre as lógicas editoriais sobre o género Policial como, por exemplo, as suas "pseudo-traduções" - os autores portugueses usavam nomes de "gringos" aumentar a credibilidade dos seus contos de "hoje acordei com uma enorme ressaca e ela entrou como um anjo no meu gabinete de detective". Prática esta que se fazia noutros países, relembro o caso mais conhecido e divertido (e brilhante!) de Boris Vian e o seu Vernon Sullivan.
Como é normal nestes livros vindos da academia, o rodízio de textos avulsos nunca são totalmente reescritos/ reestruturados para se tornarem mais ágeis e "populares" - isso é outro livro! Impõe-se o rigor científico. Mas chega de cuspir no prato onde comi, Medeiros é um "master" e dá-nos informação certeira, se querem chorar como uma Maria Madalena então peguem n'A Biblioteca à Noite (Tinta da China; 2016) de Alberto Manguel.
Depois destes dois livros, que me elevaram o meu conhecimento, admito que estou muito mais em pulgas para ler Books A Living History (Thames & Hudson, 2013) de Martyn Lyons, numa piscina fluvial algures nas beiras. Splash!
Ora porque não mostrar livros de artistas e afins por cores? Agora capas amarelas, depois vermelhas, uau! E transformar uma colecção de publicações artísticas como um projecto de arte? É o caso deste No-ISBN on Self-Publishing, que teve direito a um catálogo, que já vai na segunda edição (Salon Für Kunstbuch, 2017). Editado por Berhard Cella, Leo Findeisen e Agner Blaha, já não me lembro bem, acho que a colecção é de Cella.
- "Já não me lembro bem"? Que raios de resenha crítica é esta que não presta atenção suficiente para depois criticar? Como te atreves, ó Farrajota, em pegar nisto sem ter as ideias BEM assentes?
Sei lá, é daqueles livros que fala muito e discute muito mas depois não deixa tantas certezas ou ideias marcantes, conhecem a expressão "artsy-fartsy"?
É um bocado isso, não é desonesto, não é totalmente desinteressante, apesar do redundante título. Mostra é que o mundo da especulação da Arte Contemporânea - o braço esquerdo do Capitalismo (o direito é o negócio de armas e turismo, como bem se sabe -, que começa a meter o pé (mau!? é o pé ou é o braço?) neste mundo que deveria significar liberdade criativa. E fala de política e vários assuntos ligados ao livro. É um bom "sourcebook", só por dizer é que tem aquele ar asséptico da "Arte", a estética pela estética, que deixa poucas lembranças, outras pessoas discordarão.
Distribuído em Portugal pela Matéria-Prima, a melhor discoteca e a livraria mais weirdo de cá do burgo.
Noutro campeonato está O Livro no Portugal Contemporâneo (Outro Modo; 2018) de Nuno Medeiros. Também baixote e fortinho, o livro trata de forma académica (notas de rodapé a pontapé, repetições exaustivas de ideias, escrita formulaica para funcionário das finanças interpretar de forma inquestionável) sobre o livro em Portugal nos séculos XIX e XX, passando assim pelo período negro da Censura do Estado Novo. Os textos são muito diversos tematicamente, todos eles foram pré-publicados em revistas académicas e que aqui formam um "Frankenstein" que poderia correr mal. Por coincidência ou planeamento sagaz acaba por afunilar quase tudo na editora de Romano Torres. Assim, a RT serve tanto para questionar a eficácia da Censura como especular sobre as lógicas editoriais sobre o género Policial como, por exemplo, as suas "pseudo-traduções" - os autores portugueses usavam nomes de "gringos" aumentar a credibilidade dos seus contos de "hoje acordei com uma enorme ressaca e ela entrou como um anjo no meu gabinete de detective". Prática esta que se fazia noutros países, relembro o caso mais conhecido e divertido (e brilhante!) de Boris Vian e o seu Vernon Sullivan.
Como é normal nestes livros vindos da academia, o rodízio de textos avulsos nunca são totalmente reescritos/ reestruturados para se tornarem mais ágeis e "populares" - isso é outro livro! Impõe-se o rigor científico. Mas chega de cuspir no prato onde comi, Medeiros é um "master" e dá-nos informação certeira, se querem chorar como uma Maria Madalena então peguem n'A Biblioteca à Noite (Tinta da China; 2016) de Alberto Manguel.
Depois destes dois livros, que me elevaram o meu conhecimento, admito que estou muito mais em pulgas para ler Books A Living History (Thames & Hudson, 2013) de Martyn Lyons, numa piscina fluvial algures nas beiras. Splash!
Sem comentários:
Enviar um comentário