quinta-feira, 27 de março de 2014

Mitomania, a escolha de uma geração!



Marte & Miguel Falcato no Mesinha de Cabeceira #7 (1994)


Loverboy na Feira das Vanessas
por
Marte, João Fazenda, Jorge Coelho
e ainda António Kiala, Arlindo Yip Sou, Miguel Falcato, Nuno Nobre, Pedro Brito, Rui Gamito e unDJ GoldenShower

Capa a cores, 16 páginas a 2 cores (16,5x23 cm) e 32 a preto e branco (A5). Edição da Chili Com Carne, 7º volume da Mercantologia, colecção que recupera material perdido do mundo dos fanzines. Design de Joana Pires; Capa e fotos de olhos(«Ä»)zumbir realizadas no estúdio da União Artística do Trancão e em Sede Adres, com apoio à produção de xoscx e Adres. Bonecos realizados por Miguel Rocha e Alex Gozblau para a exposição "Loverboy Store: Liquidação Total" no Salão Lisboa de Ilustração e Banda Desenhada 2001, na Cordoaria Nacional.

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Este volume trata-se de uma compilação de “raridades” relacionadas com a série Loverboy que não foram publicadas nos três livros pela Polvo entre 1998 e 2001. Encontramos a reedição da “origem” da personagem em BDs ainda desenhadas por Marte – relembramos que os livros foram escritos por ele e desenhados por João Fazenda - e publicadas originalmente no zine Mesinha de Cabeceira entre 1993 e 1995. Participações em outros zines (Amo-te), antologias (a seminal Mutate & Survive) e revistas como a 20 Anos (oito BDs desenhadas por Fazenda), em alguns casos com as participações de outros ilustradores como Arlindo Yip Sou, Miguel Falcato e Rui Gamito. Algum “fan-art” de Pedro Brito, Jorge Coelho e Nuno Nobre (que fez um comic-book nos EUA sobre a Angeline Jolie!!!). São mostradas ainda curiosidades como os bonecos das capas, que foram feitos para uma exposição no Salão Lisboa 2001.

São mostradas ainda apropriações das personagens por Marcos Farrajota (em Noitadas, Deprês e Bubas) ou na série Psycho Whip - série de BD de unDJ GoldenShower (a) e Jorge Coelho (d) para a revista de música gótica-industrial Elegy Ibérica.

A história da série é contada por António Kiala, um académico que foi fundador do Mesinha de Cabeceira, que é bastante mais crítico e interessante que o material reunido, analizando o processo desta edição e da forma como a cultura DIY se vulgarizou na mitomania.

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O livro está à venda no site da Chili Com CarneFábrica Features, Mundo Fantasma, BdMania, Matéria-Prima, Artes & LetrasPó dos Livros, UtopiaLetra LivreRastilhoLAC e Linha de Sombra.

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Feedback: olha já li o Loverboy, boy!! tá muita bom, gostei do todo. o fanzine do interior marca pontos, gostei bastante de rever o traço do Fazenda, o Coelho desenha mesmo pra c...(deviam ter continuado com a cena do Psycho Whip!!) curto bué a história do coquinado, a da descoberta da punheta e claro a do taxista impotente. como sou fã do Loverboy desde as minhas primeiras borbulhas no nariz,devo dizer-te que é me praticamente impossivel falar mal do Loverboy mesmo sabendo que ele é uma má companhia... tanto o Loverboy,o Astarot e o Leonardo, são personagens muito bem construidas, com vida própria e estão de tal maneira interligadas que me é impossivel dizer de qual gosto mais, mas uma coisa é certa sempre achei a irmã do Loverboy sexy... ps - tão importante como as histórias e o desenho é o texto do Kiala que nos mostra o percurso por trás das histórias, são 20 anos parabéns!! David Campos ... Parece que é para os amigos, esta edição. Está entre o "muito cuidado" e o "foi o que se arranjou!". Parece que o caderninho do meio vai dar umas luzes, mas nunca se percebe a) o que é a Feira das Vanessas (Amadora??) e b) onde é que vai dar a história da 2ª parte! Fiquei com curiosidade com as páginas a cores do Fazenda que foram todas filtradas a vermelho. De qualquer forma, tá fixe... o Fazenda e o Coelho sempre são "profissionais" com as respectivas afectações, com o Coelho a fazer umas cores incrivelmente esgalhadas para o que está em causa. Melhor mesmo é o caderninho interior e as suas bds "péssimas" que achei ainda melhores que o resto. Inusitada a ideia do Loverboy nunca fechar o negócio, mas tem graça (nunca li nenhum livro - espero que isso continue com o personagem). O Marte, duvido que exista, mas desejo-lhe boa sorte no refúgio ultramontano que arranjou. Há algumas bocas à cena dos zines que me parecem pertinentes e actuais, e o resto, lido como posta "de época", também se sai bem! Pode ser que um doutoramento parasita redima tudo isto. Astromanta ... Loverboy será um dos grandes anti-heróis da BD portuguesa, o seu humor pode ser por vezes provocador e infantil, mas nunca é aborrecido. TV Dependente [no âmbito de uma fantasia de ver Loverboy como série de de TV!] ... 1 [sic] ícone dos anos 90 que muito fez pela BD dita alternativa [!?]. Esperemos k [sic] não fique por aqui. Sketchbook ...


Alguns textos sobre o livro aqui e mais uma imagem (mais para breve): 


primeira aparição da personagem, no Mesinha de Cabeceira #1 (Jun'93), por Marte


Uma BD de Marte e João Fazenda na revista 20 anos (1998)

Primeira página de Psycho Whip por unDJ GoldenShower e Jorge Coelho na Elegy Ibérica (2007)

quarta-feira, 26 de março de 2014

UUUMMMRRRK


Tenho de contratar estes gajos pra fazer a banda sonora da MMMNNNRRRG! Os UUMRRK são Manuel Pereira (da Narcolepsia e Somália), Tiago Jerónimo (do Cérebro Morto) e Eduardo Pécurto (que faz ilustração), ou seja, "Los 3 amigos" que organizaram a muy simpática Feira Bastarda - evento que tivemos o prazer de participar! É malta porreira que gosta de atrofiar a nossa sociedade que já é meta-atrofiada. Para isso entram em "loop" industrial a lembrar a lógica de improvisação de Somália sendo que de tempos em tempos há a intervenção de uma guitarra (do Pécurto?) para provocar o desiquílibrio de quem já não está muito bem. UUMRRK lembra quando já estamos no final da trip de ácido, assim quem esteve o ponto alto durante a noite inteira e chega-se de manhã a um parque no meio da cidade, a ver as flores cheias de belas cores, a topar que no quiosque os homens do lixo já estão a beber o bagaço matinal, e no meio desta beleza humana 'tá um melga qualquer a chatear-nos o juízo.
Fizeram uma k7, de apenas 32 exemplares, para materializar uma gravação ao vivo (em Coimbra, 2013) e que tem uma caixa feita de lixa numa tradição que vem de longe lá do estrangeiro e que já teve cá poiso - o segundo CD de shhh... É para foder as k7s dos outros que tiverem bem arrumadas lá em casa... Peraí, eu disse que estes gajos eram porreiros?

terça-feira, 25 de março de 2014

Ao acaso...

Random Pages (Zine Arcade; 2014) é um mini-zine inglês com um "remix" de várias páginas da produção de banda desenhada de Amanda Baeza que produz desde 2011. Em formato A6 várias páginas de Baeza são misturadas em novas sequências, excepto a mais velha, uma BD feita em lógica e estética de jogo de computador, "Tomás : Myth and Videogames", e que aqui se encontra também completa, ao contrário de todas as outras que se apresentam fragmentadas como Our Library, Nubes de Talco e das participações na antologia de BD do Panda GordoZona de Desconforto (a sair a 5 de Abril!). É um estranho objecto editorial este, por um lado não acrescenta nada de novo na possível releitura (remix?) das BDs de Baeza, por outro, serve como uma espécie de catálogo do seu trabalho, dando até a possibilidade de ver as páginas de Our Library a preto e branco (que foi uma das surpresas da exposição da autora no Festival Rescaldo / Trem Azul). Ao que parece a editora inglesa, a Zine Arcade, quer é divulgar o trabalho dos autores que gostam - até oferecem a bibliotecas que o peçam. Uma generosidade pouco britânica mas nada como o mundo dos fanzines para mudar as regras da cultura da mitragem inglesa.

Completamente oposto ao zine da Baeza está Purga de Heitor Joshua (7 números; Abr'13-Fev'14) de André Pacheco, com BD e desenho tradicionais deste autor, numa onda mista de realista com bonecada. O zine não tem quase nenhuma selecção e edição sobre os trabalhos a publicar, mesmo quando existem números dedicados só a BD (#1, 5 e 6) outros dedicados a um tipo de desenho (#3 e 4), a sensação é que é publicado "tudo ao molho e fé em Deus", fazendo destes zines uma duplicação total do trabalho metido no blogue do autor. Receber os 7 números de enchurrada ainda assim impressiona pela energia que eles transmitem mas infelizmente vai desiludindo por essa falta de coerência nos trabalhos e nas edições. Desconfio que Macedo será alguém a seguir na BD (mais convencional) no futuro de certeza, quando começar a orientar melhor o que quer fazer e sobretudo o que quer mostrar. Gostei mais do #1 porque era repleto de BD (falta-me a paciência para graphzines como já sabem) e mostrava um trabalho mais pessoal - ao contrário de outros de BD que são resultados para os concursos de "BD amadora" - e as melhores capas são do 4, 6 e 7 por serem mais orgánicas, isto porque como todos sabemos um zine é para ser à mão! Fuck DTP!

Para este fim-de-semana que passou, o Filipe Felizardo lançou um mini-zine na Feira Bastarda. Além da proeza de conseguir ter feito uma publicação de apenas 6 páginas, A Pérola! E o Olho! é das poucas BDs portuguesas em 2014 que é "leftfield" - enquanto esperamos por mais obras de Van Ayres, Baeza e pouco mais. Realmente é preciso não ser um autor de BD para se fazer alguma BD de jeito! Como sabem o autor é mais conhecido por ser (fantástico) músico, para além de algumas incursões em vídeo e desenho. Obrigado Filipe! Espero que o regresso à BD seja mais que esta miserável publicação!

sábado, 22 de março de 2014

ccc@Taina.Fest.em.Lisboa


É o Taina! Tinhamos de ir lá, claro, mesmo que tenha descido a Lisboa!

quinta-feira, 20 de março de 2014

Negócios simples



A Tree of Signs : Saturn (Chaosphere + Raging Planet; 2014)
Sektor 304 : Engage... Forwards (New Approach; 2014)

Há realmente algo de desonesto nas bandas de Rock que gerem o seu nome de banda como se fosse uma empresa. Pouco importa se o vocalista bazou e voltou, continua a ser Iron Maiden com ou sem o pilas do Bruce. Continua a ser Sepultura mesmo que sobre praí um brasileiro na banda, etc... Acho que o único exemplo de integridade que conheço até é um exemplo português: Jorge Ferraz mudava o nome da banda sempre que um elemento saía, daí que tenhamos primeiro os Santa Maria, Gasolina em teu Ventre para depois passar a ser God Spirou e depois para Muad'Dib Off Distortion, Fatimah X, etc...
A verdade é que se ouve melhorias entre o meia-leca de LP de estreia dos A Tree of Signs e este novo single em que a vocalista mudou mantendo-se apenas os gajos feios de barbas que cuidam da bateria e guitarra. É estranho isto? É machismo? Não, é apenas... Rock'n'Roll bizzzzness! Avanti! Eis uma peça de colecção, um single com três temas tão retro como só o século XXI permite - mas ao menos não é Garage ou Blues - ir ao tempo setenteiro do Hard & Heavy, até porque está muito na moda na cena Metal. Temos uma banda mais coesa e groovie que na encarnação anterior mas ainda falta muito para soltar a franga. É preciso dar tempo, coisa que ninguém parece ter a julgar pelas ejeculações editoriais. Belo desenho de capa mesmo que "sobre-capitalizado" e especialmente bom o último tema do disco, Red Lune III, um instrumental de droneira tosca que rende ritualizações no sofá.
Quanto aos Sektor 304, a banda tem engordado as suas fileiras com mais membros - é um quarteto desde o segundo álbum "oficial" - e com isso tem alargado as veias dos primeiros registos que entravam em campos dogmáticos do Noise e do infinito sincopado ritmo tribal. Nestes dois temas do single recém-editado, sente-se aproximação a Metal Industrial que já o tema By the Throat (do tal segundo álbum "oficial") deixava adivinhar. Engage... Forwards parece ser um manifesto do que Sektor 304 pensa do que significa Industrial em 2014 - embora quase todos os seus discos sejam isso, manifestos para o futuro do Industrial. O lado B é uma regravação do tema Voodoo Machine (do Soul Cleansing) agora com os quatro elementos (na altura foi apenas com os dois elementos fundadores) e com uma atitude mais "live" da coisa. Um dos melhores projectos de música urbana portuguesa especialmente porque ninguém pode levar o Rock a sério nos dias que correm... Ainda assim, vale a pena rectificar que os Sektor nem estão nesse terreno pantanoso!

sábado, 15 de março de 2014

INSCRIÇÕES PARA A FEIRA BASTARDA I (em Coimbra)

As inscrições para a primeira edição da Feira Bastarda são abertas e continuamos a recebê-las. Manifestem o vosso interesse para geral.prisma@gmail.com e falaremos de detalhes.

Eis a lista dos já confirmados: Associação Terapêutica do Ruído, Bode Sanctus, Buraco, Cérebro Morto, Chili Com Carne, Contos Sérios, Cortar à Faca, MMMNNNRRRG, Narcolepsia, Oficina do Cego, Prisma, Quebra Orelha,...


segunda-feira, 10 de março de 2014

Juri dos 500

Já está constituído o Júri da próxima edição do concurso interno da Associação Chili Com Carne, Toma lá 500 paus e faz uma BD!

Assim sendo anunciamos que farão parte do Júri, os seguintes elementos: Francisco Sousa Lobo (autor, vencedor da edição anterior e que irá realizar o cartaz desta edição - esboço à vossa direita), Joana Pires (designer da MMMNNNRRRG e da colecção LowCCCost), Marcos Farrajota (Presidente da Associação, autor e editor), Margarida Borges (membro da Direcção e designer) e Rafael Dionísio (escritor).

Prevemos que o concurso seja anunciado em Abril mas não no dia 1...

sábado, 8 de março de 2014

Babel 2 : Diritto alla città / Right to the city

V/A
Forte Pressa; 2012

Para além do inacreditável Festival Crack, o Forte Prenestino também recebe outras actividades, como é óbvio porque é um "centro social" (uma forma simpática de chamar "okupa" em Itália).
Este livro é um documento da bienal de habitação crítica Babel, com vários textos teóricos ou de testemunho sobre questões de habitação, sendo o mais emotivo e dramático sobre Jola Breska, uma activista assassinada em Varsóvia por defender uma habitação social que estava a ser comprada de forma mafiosa por empresas de construção civil e que tinham o apoio da Câmara para cometer (pelos vistos) toda a espécie de ilegalidades.
De destacar também um "detournement" de um Manga com excertos do texto de O Direito à Cidade de Henri Lefebvre, texto esse que aliás, tem sido alvo de novo interesse a julgar pela recente reedição pela Letra Livre.
Um livro de design exemplar e bilingue (inglês e italiano).

sexta-feira, 7 de março de 2014

quinta-feira, 6 de março de 2014

ninguém me compreende...


ccc@nós


Iremos mostrar o nosso catálogo aqui no dia da inauguração, entre as 22h e meia-noite!