quinta-feira, 24 de agosto de 2023
terça-feira, 22 de agosto de 2023
Gente Remota na Socorro
Esta é uma pequena história de Portugal, esse país sem problemas de consciência, com uma memória selectiva, ao mesmo tempo sincera e senil.
É uma história de cruzamento de ideias, de confrontos de perspectivas. Eu não estou em lado nenhum, neste livro. Ou então estou em todo o lado.
A questão do racismo é sempre um poço sem fundo. Incómoda, urgente, com ramificações que tocam a todos, profundamente. A minha relação com o nosso passado colonial é múltipla. Eu próprio nasci em Moçambique, rodeado de empregados e privilégio colonial.
Depois veio logo o 25 de Abril, essa tábua rasa a um tempo gloriosa, mas que nos oculta a história e nos iliba de qualquer culpa. Depois veio a primária em que aprendemos a hostilidade contra os espanhóis, e depois o liceu em que nos forçaram os Lusíadas pela goela abaixo. Este livro é talvez o paté resultante.
A esperança é que sofre.
- Francisco Sousa Lobo
23º volume da Colecção CCC, 100p a duas cores, 16,5x23cm, edição brochada.
editado por Marcos Farrajota. Design de Joana Pires.
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Historial
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Obra realizada ao abrigo de uma Bolsa de Criação Literária da DGLAB/ Ministério da Cultura
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Lançamento no dia 19 de Dezembro 2021 no M.A.L. com apresentação de Sara Figueiredo Costa
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artigo no Público
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Já se encontra na nossa loja virtual e e na Linha de Sombra, Snob, Tinta nos Nervos, Kingpin, Tigre de Papel, Utopia, Matéria Prima, ZDB, Tasca Mastai, Vida Portuguesa, BdMania, Socorro, Alquimia, Stet e Senhora Presidenta.
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segunda-feira, 21 de agosto de 2023
Em banda desenhada?
136 páginas de BDs curtas de Francisco Sousa Lobo, criadas desde 2004 até este ano.
Algumas são inéditas outras já publicadas, muitas em publicações estrangeiras, que assim são publicadas em português pela primeira vez. Algumas BDs são a preto e branco, outras tem mais uma cor e algumas são a cores. O formato é aquele típico do nosso catálogo: 16,5x23cm
Disponível na nossa loja em linha, BdMania, Tigre de Papel, Linha de Sombra, Mundo Fantasma, Nouvelle Librarie Française, Tasca Mastai, Snob, Matéria Prima, Kingpin Books, Sirigaita, Utopia, STET, A Vida Portuguesa e Fábrica Features.
A Sara Figueiredo Costa assina um prefácio que aqui transcrevemos parte:
Diz-nos a física quântica que o tempo não existe, pelo menos do modo cronológico, arrumado e em sucessão, o modo como o conseguimos ver e sentir. E diz-nos que tempo e espaço se relacionam de tal modo que serão, juntos, uma categoria única de descrição do que nos rodeia, uma ferramenta funcional para obtermos respostas tão precisas quanto o universo permite sobre si próprio. A física quântica não é fácil de perceber para a maioria da humanidade e é frequente que outras linguagens nos deixem intuir respostas que, não sendo mais claras, são mais facilmente apreendidas pela intuição. As histórias curtas de Francisco Sousa Lobo não falam de física quântica, cultivando as perguntas com muito mais dedicação do que qualquer resposta, mas talvez por isso mesmo sejam uma espécie de mapa possível para certas declinações do mundo, não as que descrevem o cosmos, mas as que envolvem o indivíduo, esse lugar estranho e inóspito onde o espaço-tempo tantas vezes ameaça desintegrar-se.
(...) O desconforto que muitas das histórias reunidas neste volume criam no leitor não nasce tanto do desamparo encenado em cada prancha, ou da possibilidade de alguns ou muitos reconhecimentos emocionais, mas talvez do contraste provocado pela procura de uma racionalidade, um gesto narrativo e visual que transforme a matéria das histórias nas histórias em si. É esse o esforço que se descobre em cada história, e é esse o percurso que estrutura esta primeira narrativa do livro, de certo modo, uma antecipação certeira das que se lhe seguem. (...) Não é preciso mergulhar na física quântica quando temos à mão a nossa própria cabeça, o nosso próprio corpo e o lastro imenso de memórias e vivências que confirmam, a cada momento, que estamos sempre em presença efectiva de muitos momentos e que aquilo a que chamamos passado talvez seja, por inconveniente que soe, o nosso presente constante.
(...) «O problema Francisco era um problema de culpa.» Ora, a culpa inventa retroactivamente o pecado. Por isso, o retorno continuado para esse «país chamado infância» que surge em tantas destas bandas desenhadas, em que se busca aquietação, se procura respostas ou se tenta compreender o que se passou de errado. Voltar ao sítio do crime original para encontrar provas. «Voltei à infância e descobri falsos traumas». Que até poderiam ser tranquilizadores, se os conseguíssemos contrabandear como causas, explicações, desculpas. Nunca saramos da infância, temos aqui a prova nesta «intacta ferida» latejante. Só que as dores que permanecem não são produto de um acidente, um azar ou um desvio; são apenas a própria vida que acontece e a infância que passa, o desapontamento, a desilusão e o desespero que equivalem a crescermos em anos. Tantas destas bandas desenhadas remetem para esse passado, unicamente para atestarem que este exercício da autobiografia, mais do que um ato masoquista, toma os contornos de uma aldrabice, um fingimento. «A banda desenhada era uma doença». Por um «interesse doentio pelo desenho», se revela então uma inclinação para o «lado do mal» ou, por extenso, para «a literatura, a arte, e tudo o que há de mais nocivo e infértil nesta terra de deus desconhecido». Valha-nos, porém, que a banda desenhada pode ser paradoxalmente a terapia com que se recupera o poiso para a razão, ou que se usa para (auto-)representa rum «eu» liquefeito pela psicose ou que soçobra diante da enormidade da tarefa de viver.
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sexta-feira, 18 de agosto de 2023
Cartas Inglesas no Expresso
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