quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Canicola numero cinque

Colectivo Canicola, Outono 2007

Número cinco desta revista italiana de bd de novas tendências editada por um colectivo de Bolonha de oito autores e uma "administrativa" - dos autores a única autora é a finlandesa Amanda Vähämäki que esteve alguns anos em Bolonha mas entretanto regressada a Helsínquia.
A colar o grupo está uma vontade abrasadora de contar histórias sobre "coisinhas da vida" - no melhor estilo de um Raymond Carver - mesmo quando a acção se passa em 2012 (Giacomo Monti) ou em universos oníricos (Amanda) sem aparente uniformidade de estilos gráficos, aliás, muito pelo contrário. Na Canicola os desenhos são todos díspares embora se possa encontrar alguns pontos em comum com alguns autores que seguem uma estética "free" em que usam a seu favor, o facto da impressão a preto e branco dos dias de hoje conseguir apanhar tão bem os cinzentos do lápis - relembro que a bd sempre teve um processo de produção que obrigava os autores a fazerem o desenho a lápis que depois seria "passado a preto" (ou a tinta) para ser reproduzido em revista/livro. Nos dias de hoje esse processo está a ser subvertido e os "canicolas" são uns dos muitos que encaminharam pelo "lápis directo".
Um número que volta à normalidade do número de páginas (o anterior foi um pequeno monstro com lombada brochada e tudo). É giro, só agora pensei que o formato grande (A4) é perfeito para que os desenhos respirarem...

Entretanto, no ano passado, foi editado o segundo livro "a solo" de um dos "Canicolas", nomeadamente, Andrea Bruno, autor que durante algum tempo era o autor mais conhecido do colectivo tendo chegado a ter trabalhos expostos no Salão Lisboa 2001 ou a publicar na francesa Amok. Brodo do niente é a compilação de uma história desenvolvida nos primeiros três números da revista.
Passado num futuro (ou presente?) possível numa situação de Guerra, pode lembrar Notes pour une histoire de guerre (Acts Sud BD; 2005) de Gipi pelo mesmo tema e pelo facto de ambos autores serem italianos. No entanto, as diferenças são muitas porque enquanto Gipi é clássico na narração (uma narração de fácil leitura para qualquer pessoa) e tem um tratamento gráfico limpo, Bruno tem um grafismo "sporcho", quase um "up-grade" virulento dos mestres argentinos como Muñoz ou Alberto Breccia (1919-1993), que dificulta o entendimento aos humanos comuns que gostam sempre de coisas fáceis e católicas.

Edições bilingues (italiano/inglês). À venda na shop da CCC (20% desconto para sócios). Atenção: os números 1 e 5 e o livro da Amanda Vähämäki já esgotaram junto dos editores.

bd em post-its @ Yron

Até 1 de Março no espaço YRON [Rua de S.Bento nº 170, Lx] é apresentado QUADRADINHOS - histórias postadas, uma exposição que utiliza as conhecidas notas da marca Post-it® como suporte para histórias criativas. Inspirada na BD e intervindo num objecto de uso comum - o postit - a exposição QUADRADINHOS - histórias postadas mostra-nos as histórias contadas por André Oliveira, Carlos Páscoa, Jucifer, Mariana Perry, Tresa Sousa, Francisco Antunez e Raquel Matos Carreira.

catálogo L'Employé du Moi disponível pela CCC

Voltou a estar disponível quase todo catálogo do colectivo editorial L'Employé du Moi. Este colectivo belga existe desde 2000 (a pré-história do grupo passa pela edição do zine fotocopiado Spon, que chegou a atingir cerca de 50 números, situação pouco usual num zine!), e de certa forma tem uma inspiração perto da L'Association (quem não foi inspirado pela L'Association que atire a primeira pedra?), pelo facto de se envolver em projectos originais (40075m), em projectos colectivos (Disparition), tendo a autobiografia e/ou o recorte intimista nas suas bd's ou ainda explorando as possibilidades "OuBaPoanas" - como o interessante Polyomimos, livro colectivo de bd's mudas em que cada autor fez uma bd de uma página com 20 vinhetas cada e depois remistura a continuidade das vinhetas de forma a contar uma nova história.

O grupo tem se expandido em número de autores e actualmente podemos encontrar nas suas fileiras Bert (que participou no Mutate & Survive), Laurent Dandoy, Thomas de Coster, Max de Radiguès, Claude Desmedt, Sacha Goerg, David Libens e Cédric Manche. Sendo que destacamos os livros de Sacha Goerg (Bouture e Rubiah, em francês) e Lointain de Claude Desmedt, uma impressionante bd muda.

Ainda de projectos relembro o edM Recordz, um CD-R de edição limitada criado para o Salão Lisboa 2001, em que a música é tocada pelos autores do colectivo, e o livrinho serigrafado do CD contêm ilustrações ou bd's que adaptam cada uma das músicas.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Asterixin Persreiät


Chili Com Carne and associates labels (El Pep, MMMNNNRRRG, Imprensa Canalha and Opuntia Books) will be dividing a booth with Boing Being crew from Finland in the Comics Festival of Angoulême next week between 24th and 27th January.

We'll be selling the best Indie Portuguese editions in the NEW YORK Bulle while dancing Finn Death Core Tango. You've been warned!

sábado, 19 de janeiro de 2008

Kuti free

Entretanto esta semana para além de termos recebido o livro Katja Tukiainen: Works 1999-2007 (um livro sobre as telas desta artista finlandesa que esteve presente no Salão Lisboa 2005) recebemos mais uns quantos números do jornal finlandês de bd Kuti. Como sabem, ou já deveriam saber, a capa do último número é da autoria de André Lemos - capa essa que podem admirar aqui ao lado mas não é a mesma que vê-la impressa!

Esta publicação podia ser encontrada para oferta na Work&Shop / Book&Shop mas uma vez que a loja / galeria está fechada para férias até 20 de Fevereiro, quem quiser um exemplar deste jornal "psico-berante-marado" poderá adquirí-lo gratuitamente na compra de qualquer artigo no site da Chili Com Carne - a oferta é limitada ao stock existente.

Mais informações sobre o Kuti clique aqui.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

phoda-se, phado!?


M-PeX: "Phado" (Thisco + Fonoteca de Lisboa; 2007)
Fado + Electrónica? Certo, como um daqueles meus ódios de estimação, os Gotan Project? Foda-se! O que se passa com a Thisco!? [ouve uma segunda vez] Pá, até nem tá assim 'tão mal como estava à espera! [ouve terceira vez] Tem aqui umas malhas fixes, como Phadistikal, pá podia 'tar a tocar esta numa discoteca estaria a curtir a música [ouve à quarta] peraí, é fixe porque a partir dessa música (que é a quinta faixa do disco) a cena começa a andar, até lá estamos numa "fusão" um bocado óbvia de guitarra portuguesa com "beats" Hip Hop ou sons ambientais ou ainda um certo Glitch ingénuo com um vocoder idiota em The cloud's whispering song... Depois do Phadistikal é que há pica: Electro, Dub e Drum'n'Bass e um regresso ao Ambient [ouve pela quinta vez] confirma-se, é estranhamente agradável e apesar do inicío/metade do disco parecer "fácil", não se embirra - só mesmo quem é traumatizado pelos Gotan - e ganha um corpo inesperado. O segundo disco de M-PeX será obra mas vai precisar de tempo, especialmente se este disco começar a passar demasiado tempo nos media, hum... [vamos ouvir pela sexta vez, então...]

domingo, 6 de janeiro de 2008

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Nada mau para uns espanhóis...

v/a: "Decibelio Festival 2006" (Belio; 2006)

DVD daquele que será um dos mais importantes festivais de música electrónica de Espanha - país esse que tirando o Sonar é mais "roqueiro" do que "electrónico" - que é produzido pela revista Belio, apoiado pela Câmara de Madrid e é gratuito - tal como este DVD (agradecimento especial à Connexion Bizarre!).
O festival é composto por actividades da "geração cibernética": instalações, live-acts, graffitis, etc... O DVD é o registo deste festival em que o grosso da sua composição são as filmagens das actuações da edição de 2006. Entre os 16 projectos divididos em duas noites vamos encontrar nomes como Pan Sonic (os mais experimentais do festival, sem sombra de dúvida), This Morn'Omina (Techno Tribal de gosto duvidoso), Synapscape (electro-breakbeat), Radium (Technoize), Mlada Fronta (electronica ambiental), Funkstörung (electro-house), Bong-Ra (breakcore do melhor - e sem dúvida o melhor do festival, pois quem consegue misturar Slayer com Drum'n'Bass só pode ser fixe!), Hecate (digital hardcore com uma voz grunhida pela própria DJ)...
Depois de ver vinte e tal gajos carecas ligados ao seu portátil (em que o piorio de sempre vai para a prestação de techno-hooligan de Jason Forrest - e com excepções, ehm... o Bong-Ra tem rastas e Hellfish, outro "breakcorer", usa vinil!) acompanhados com projecções de VJ's eficientes e com imagens do público composto por Góticos e Ravers (as imagens fazem uns close-ups às chiquititas, claro, mas ainda se apanha um tipo com uma máscara do Jason), a edição é acrescida por clips de vários artistas visuais, em que destaco o suiço Andy Storchenegger graças ao seu humor e imaginação - os outros vídeos fazem parte da constelação da "seriedade secante". Dado a risota que é o Festival Número e os parcos meios do (extinto) Samizdata Club, é caso para pensar que afinal os nossos hermanos rockeiros até se safam mucho bem... Olé!