sábado, 27 de fevereiro de 2010

A Associação Chili Com Carne procura novos autores de bd!!!

- ilustração de Ricardo Martins -

Eis a proposta: Costuma-se dizer que nos anos zero dos séculos (e dos milénios) não costuma "acontecer nada" que marque a História. Engane-se aquele quem quiser ser enganado porque pelos menos desta vez, os dez primeiros anos do Novo Milénio foram cheios de acontecimentos trágicos e geradores de paradigmas. É neste espaço que propomos uma antologia de bd que não querendo ser um documento histórico dos primeiros 10 anos do milénio 2000 nem um compêndio de futurologia bacoca, quer apanhar pelo menos 10 novos autores da banda desenhada portuguesa para refletirem a sua existência nestes tempos "estranhos" (os tempos não são sempre estranhos?) já que a produção nacional, devido a demasiados defeitos para agora aqui referir, quase nunca reflecte o zeitgeist.


Pedimos trabalhos de bd de pelo menos de 4 páginas, sem limite máximo (a dimensão do livro será 16,5 x 23 cm) a duas cores (entregar em CD, ficheiros TIFF com layers das cores separadas) de autores portugueses (residentes ou não) ou autores estrangeiros residentes em Portugal (temporáriamente ou não) com menos de 30 anos (mas pode desenvolver parcerias autores com idade superior, quer em argumento/texto quer na parte gráfica) e sem trabalhos profissionais monográficos publicados para trabalharem num tema lacto senso como este "entre 2001 e 2010" com ou sem astrologia barata ou kabalas ou outras superstições do século passado! Evitem enviar caricaturas do Bush/Osama/Obama que não estamos para aí virados... e entreguem no dia 28 do mês de Fevereiro do ano do Senhor de 2010!

AH! - num ficheiro à parte enviem traduções em inglês, sff, que pensamos ter a edição bilingue (português / inglês no fundo das páginas)
Ah! (2) - oferta de 10 exemplares a cada participante inscrito na CCC (5 exemplares caso não faça parte da CCC)

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

O Último Fósforo (continua...)


A exposição O Último Fósforo seguiu para outras paragens - esta semana estreia-se em Linz (Aústria) depois irá para Lípsia (Alemanha), ou seja, de preferência cidades começadas por "L" - e segue com acrescentos de trabalhos de autores de bd, ilustradores, artistas plásticos e Designers portuguses, que ainda poderam ser vistos cá em Lisboa, a saber: Pedro Zamith, João Maio Pinto, Catarina Aguiar Lassi, Meireles de Pinho, Kastro, Ricardo Frutuoso, Filomena Nascimento, Charles Sagnoir, Du e DanMak. Mas mais autores de bd portugueses irão participar nesta exposição, estando ainda semana a enviar os seus trabalhos para a organização: Rudolfo, Daniel Seabra Lopes, Carlos Zíngaro, Lucas Almeida, André Coelho, Paulo Monteiro, Câtia Serrão, Daniel Lima, Ana Menezes e Afonso Ferreira
Entretanto, o simpático Carlos Zíngaro enviou-nos o seu trabalho e a título de curiosidade vários esboços. Dada a qualidade (e quantidade) achámos engraçado publicar esses desenhos. Pois é, são tão fixes que dá vontade de dizer que é isto que separa um Homem dos meninos! ;)

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Mega Mega White thing!


Mega Rude (Ruru Comix; Fev'10)
A festa de lançamento do CD, Vídeojogos são para falhados, do Rudolfo correu bem - Ghuna X é bem potente ao vivo, Rudolfo é super-divertido e hiper-activo, e o unDJ MMMNNNRRRG parece que se safou... Tão hiper-activo que ainda lançou um novo zine de bd A5, capa a cores e poster A5 muito bem-impressos que parece alto luxo comparando com os seus outros zines. Também a primeira vez que publica uma estória auto-conclusiva de 8 páginas apenas - mas muito pouco conclusiva a nível de conteúdo, embora ele dê cabo do Fernando Pessoa sabe-se lá porquê - puto, o Nandinho é boa gente, boa leitura e tudo mais... Qual é a tua? Bom... Como o Rude ainda está naquela fase de que se topa influências e dizia que a capa estava muito colada ao James Kochalka, só para irritá-lo digo que não... mas lembra o Tom Hart!
Por fim, enquanto esperava pelo "soundcheck" ou o "checksound" (nunca percebi qual das expressões é que é) do Guna e do Wolfo, pude ver o livro de esboços do Rude (foto de cima!) onde estava grande parte da seu trabalho recente (bd's, cartazes e capa dos discos). Fiquei deveras impressionado, não com o trabalho em si porque já o conhecia, mas da forma limpa como o livro se encontrava. Os desenhos de Rudolfo são imaculados e limpinhos, sem cagadelas ou correcções, como é que é possível?
Este zine pode ser adquirido aqui

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

O Caso da Vampira Marciana Lésbica Estrangulada no Bar 25 por Crocodilos Mutantes

Os crocodilos estavam ao serviço de Hitler mas foram prontamente queimados em ácido por Karzan, o Emir da Luxúria, e pelo Gatman, ajudados pelos pequenos duendes verdes que nasceram da relação incestuosa do Diabo com a bela Narande que fugiu arrependida para o Asteróide da Morte julgando pôr assim termo à sua maldição mas caiu no poder dos Atlantes da Ilha do Prazer O prazer vem do Inferno O amante da Mulher Demónio O caminho para a morte Luxúria de uma Milionária Diabruras de um afrodisíaco O Comerciante de Fetos Assassinos impiedosos Uma mulher polícia e o preço de uma prostituta O corcunda diabólico e o mais que se verá nesta nova rubrica - a primeira, a bem dizer - do blog Pele Vermelha: Bar25

Uma visita ao bas fond da edição de quadradinhos em português, a escória da literatura desenhada de bolso, macedónia de perversões, desenho instantâneo, autores desconhecidos, suposta origem italiana (a perversão vem sempre de fora), empolgante desvario criativo e expectável distanciamento crítico por quem praticava estas chanfradices para ganhar uns cobres (em Itália ou na Atlântida?). Garantimos a mais baixa extracção!!

Miss Fava


Miss Lava (Raging Planet; 2008)

Desde que tiraram as favas e os brindes do Bolo-Rei - será que foi o Cavaco que proíbiu isso? - que essa iguaria natalixa deixou de ter piada. Por mais frutos cristalizados o facto de sabermos que não poderemos trincar num pedaço de metal envolto em papel e sair-nos uma Nossa Senhora ou uma figa para colocar num colar, tira imediatamente o gosto e gozo de comer o bolo. E é o que acontece com os Miss Lava, tem actualmente as capas mais porreiras do Rock português, a começar por este EP de estreia ao CD Blues for the Dangerous Miles (Raging Planet, 2009) envolveram Designers / ilustradores que criaram belos objectos de luxo para conter as suas músicas.
Este EP em vinil cor-de-sangue tem uma capa desdobrável que se transforma num impressionante cartaz, feito por José C. Mendes, que consegue cumprir o que o briefing da banda: psicadélico e sexy do Stoner Rock, uma piscadela ao passado Hard'n'Heavy mas com a contemporaneidade q.b. para o projecto ser Retro. O Designer percebeu e fez um bom trabalho. A banda é que se engana a si própria porque de sexy nada tem, psicadélico muito pouco, pisca mesmo para o passado confundindo o Hard dos anos 70 com o lado light do Grunge dos anos 90. Tendência essa que vai piorar no álbum de estreia - aliás, a melhor faixa desse álbum é justamente uma música das sessões deste EP que não entrou - mas por enquanto na rodela vinilica vermelha ainda não é grave. Ouve-se bem, o primeiro tema até nos apanha e o objecto é giro! Mas voltando à gastronomia tradicional: trinca-se uma fatia e não partimos os dentes, afinal era só uma... fava.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

brutos


E para acabar com o relatório do Festival de Angoulême deixo o melhor para o fim... e não são estas máscaras africanas no Museu das Belas-Artes de Angoulême - que tinha uma daquelas exposições de francesises da treta (qualquer coisa com o Louvre e a nova/ falsa Futuropólis, mas horrível!)
Bom falo da impressionante exposição do "não-menos-impressionante" livro Match de catch à Vielsam:
Estranho conceito de ver os intelectuais Fremok's com deficientes mentais - o projecto vem do convite de uma instituição. Depois da L'Association ter editado livros da Caroline Surry e do Pakito Bolino nos últimos anos, seguido da Fremok a meter-se na Art Brut, acredito que o Pakito deve-se ter rido muito nesta Angoumerde...

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

lusos

aqui falámos da exposição Cent pour cent no Museu de BD de Angoulême, só faltava mostrar algumas fotos da participação portuguesa que contava com António Jorge Gonçalves (num registo igual à sua contribuição no MASSIVE), Filipe Abranches e Luís Henriques.

A prancha escolhida pelo Abranches, é uma da série/ personagem Adèle Blanc-Sec, criada pelo francês Tardi.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

cristãos

Ao contrário do que contece sempre que venho de um festival, desta vez quase não trouxe nenhuma música de "Angoulême". Nem sei bem porquê, acho que não encontrei ou não tive tempo para isso. A única aquisição foi um split-single dos franceses The Last Rapes of Mr. Teach com os ingleses Sex Beet.



Trata-se do Christmas split (PRT Disques; 2009) e admito que comprei pela embalagem super-panilas (pelas fotos já percebram onde isto vai, certo?) porque não seria pelo género Garage Punk. Não são maus de todo e o engraçado (depois da piadinha 'nilas da embalagem) é que os lados dos vinil branco não tem impresso os nomes das bandas, o que obriga a descobrir quem é que está a tocar através das letras o que dá um "suícidio" para os Last Rapes e uma "trip" prós Sex Beet. A edição é a cargo de um colectivo (ou dupla) de desenhadores PRT que nem prestei muita atenção aos seus zines tal é o "information overload" que o festival transmite - como alías dá para perceber por estes "posts". Seja como for não me parece que os desenhos dos tipos tenham muito haver com a música... Bof!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

cossacos

A Rússia foi o país convidado deste ano no Festival de Angoulême e como acontece acontece com os "países-convidados" vai para o simpático Museu do Papel - como já aconteceu a Portugal em 1998 com a exposição Perdidos no Oceano. Quem organizou a exposição foram os mesmo do Festival Boom, em S. Peterburgo e que lançaram um livro em francês intitulado Nés en URSS (Boomkniga; 2010) que compila as novas vozes da bd russa - ou as únicas vozes sendo que o Grande Urso é nulo em qualquer tradição desta arte narrativa.
Ainda assim em cerca de 10 autores, a média é interessante sendo Vicoria Lomasko & Anton Nikolaïev e Polina Petrouchina os autores mais maduros graficamente e seguros para contarem boas estórias, os outros autores estão demasiados próximos da ilustração para a infância. Nota ainda para Edik Katikhin que usa bonecos em volume feitos em plasticina para contar situações sexuais bastante brejeiras mas ainda assim... ehm... divertidas... Parecem fotogramas de cinema de animação. É bem capaz que numa cena tão embrionária que os "moldes" venham de outras áreas que não a bd. De realçar que esta é a "cena de S.Peterburgo" que é mais artística comparando com a "cena de Moscovo" que é marcadamente comercial, como constastámos há alguns anos ao concerto um russo do Goa Transe que gritava e bebia muito (no Chat Noir) acompanhado por uma bruta-russa e um catálogo de um concurso de bd em Moscovo onde se encontra uns 200 autores russos na onda "acção-aventura-super-herói-bonecada" de assustar qualquer desenhador comercial na Aldeia Global. Неизвестно, что теперь будет.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

casacos


Acabaram-se os livros que trouxemos do Festival de Angoulême ficam os últimos comentários às exposições e os "restos" de fotografias, a começar pela foto de turista de três Chilis que foram ao maior evento de bd (pelo menos na Europa): João Maio Pinto, Ricardo Martins e Marcos Farrajota. A outra é do stand dos italianos The Passenger Press que bem representou a MMMNNNRRRG e o MASSIVE na recta final.

Estas fotografias são no novo Museu da Banda Desenhada, novo equipamento em Angoulême que por sua vez faz parte do novo conceito que engloba toda a cidade que é a Cidade Internacional da BD, que inclui a Escola de BD, a Casa dos Autores, a Bedeteca e o Museu.
Ao contrário da tradição francesa de lixar as exposições de bd com cenografias rídiculas, pesadas e muita das vezes "kitsch", o Museu mostra a bd como "Arte pela Arte", num ambiente "clean" e sóbrio. A exposição permanente é uma viagem à História da BD com originais do século XIX aos dias de hoje. Os franceses amam a bd? Sem menor sombra de dúvida!