domingo, 31 de dezembro de 2023

"Fumar já não sabe a verdade"

 


Este ano não me atraso com a resenha do novo disco dos Conferência Inferno - espera, não é o álbum de 2023 para estar aqui no último dia do ano, aliás, acho que nem ouvi nada deste ano que pudesse dizer alguma coisa desse tipo! Dica da semana, estejam atentos à Rasga pelo sim pelo não... 

Mas vá, apareceu o "segundo difícil álbum", Pós-esmeralda, pela incansável Lovers & Lollypops, que pouco coisa adianta em relação ao LP de estreia, pois continua a sua verve 80s nas letras e instrumentos, aquela voz de quem tem os polegares enfiados no cu, entre o Ian Curtis e Rui Reininho, em que por uns momentos podíamos estar a ouvir faixas raras dos Joy Division ou GNR, conforme o baixo ou linhas de sintetizadores. A insolência juvenil das letras é sempre fixe de ouvir e este é um disco bastante agradável - um elogio acho, dado a existência de tantos discos que são insuportáveis. 

Realço um momento alto no disco, o tema Pigmento que depois do seu momento típico "ConInf" passa para um inesperado e belo Dub. Esperto este "badwave" trio mas despachem lá o "one-trick pony"! Irão longe se tiverem audácia! 

E um Bom Ano Novo com este "álbum do ano", cóf cóf cóf

Gatunos comix... ESGOTADO mas com simpática resenha espanhola!


A Frrrrrança tem o Samplerman, os gringos o Christopher Sperandio... em Portugal temos o 40 Ladrões também ele a vasculhar o inDUSTriaLIXO da BêDê e a colocar desCOOLonização mental. 

Parte dos trabalhos já tinham aparecido no zine Ce ci n'est pas une bite de canard (2014) e o "40" também participou no Pentângulo

Já sabem são 30 anos de existência do Mesinha de Cabeceira em 2022, este zine fez parte das comemorações!!

Saiu na Feira do Livro de Lisboa 2022 mesmo para meter nojo às bestas editoriais.

ESGOTADO mas ainda pode ser que haja na Kingpin Books, Tinta nos Nervos, Tigre de Papel, Senhora Presidenta, Matéria Prima, Socorro, Legendary Books, Tasca Mastai, Alquimia e Utopia.


Limitado a 100 exemplares, capa a cores, 36p. 18x24,5cm, a preto e branco excepto 4 páginas a cores.


FEEDBACK


Este Smash é uma pérola!

Luís Barreto


Este livro é muito fixe!

André Ruivo


Great Stuff!

Silent Army


Esta publicación alucinante cuya portada hace pensar en Samplerman contiene piezas que, en realidad, se alejan bastante de los collages abstractos del francés: quien o quienes se encuentran tras el pseudónimo de 40 Ladrões recurren al collage y al apropiacionismo, pero, más bien, para provocar efectos distorsionadores y resituacionistas en iconos del cómic, especialmente los de Disney. La cita de William S. Borroughs en el título del comic hace pensar en su técnica del cut-up: se trata de crear algo nuevo de pedazos de lo viejo, bucear en el cómic industrial infantil y juvenil para recortar y recombinar sus imágenes en otras nuevas, perturbadoras, escatológicas o, simplemente, de una provocadoramente gamberras. Pero también, en ocasiones, críticas. Como reza una de las viñetas de la historieta titulada «Smash the Control»: «All copyrights infringed».

Geraldo Vilches

terça-feira, 19 de dezembro de 2023

Parícutin @ BdMania


O primeiro romance gráfico de Gonçalo Duarte 

21º volume da Colecção CCC
Publicado pela Associação Chili Com Carne

Legendas em inglês traduzidas por Manuel João Neto
ISBN: 978-989-8363-42-8
500 exemplares

Gonçalo Duarte (1990, Setúbal) foi guitarrista em Equations e Live Low, impressor em serigrafia na Oficina Loba e autor de banda desenhada, que desde 2010 participa em antologias da Chili Com Carne, a saber Destruição ou BDs sobre como foi horrível viver entre 2001 e 2010Futuro PrimitivoViagem de Estudo ao Milhões 2017 e Pentângulo.

No meio desta hiper-actividade, eis o seu primeiro livro a solo! 

Não admira que se sinta nesta obra uma vibração eléctrica, nervosa e onírica, uma leitura universal que nos conta como o espírito individual sai sempre quebrado quando se questiona o urbanismo e a vivência comunitária no século XXI.

à venda na loja em linha da Chili Com Carne, BdMania, Kingpin Books, Linha de Sombra, Matéria Prima, STET, Tigre de Papel, Tinta nos Nervos, Utopia, Vida Portuguesa, Tasca Mastai, SnobUniversal Tongue, Fábrica Features,...

BUY at Quimby's (Chicago) and Floating World (Portland)


Historial:

Festa de Lançamento nos Anjos 7023 de Janeiro 2020, com Ricardo Martins, Simão Simões unDJ MMMNNNRRRG ...


Feedback:

Loved Paracutin
pStan Batcow (Pumf) by email

(...) Sem nunca se revelar como programático, e muito menos panfletário ou articulado, o livro traz para a linha da frente as pequenas mas significativas tensões que advém em toda uma jovem geração a confrontar-se com um tecido de empregos precários, dificuldades económicas cada vez mais complexas no que diz respeito à ocupação do espaço, ao direito à habitação, mas igualmente a como se constituem verdadeiras redes de co-habitação, cooperação, e comunidade. De resto, temas que são recorrentes no trabalho de Duarte, de forma mais directa ou mais poética. (...)

really enjoy his work, very nice drawings and also the story is great. Bonus the strong colors for the cover, great work! 
 D.S. by email

É preciso mostrar obra daqueles que resistem ao egoísmo e às ditaduras tribais.
Tiago Manuel


Parícutin é uma preciosa banda desenhada que nos fala das dificuldade e dilemas do que é edificar projectos em conjunto, casas que todos possamos partilhar. Contra a desilusão e o desencanto.
José Marmeleira in Público

(...) Duarte cria uma acutilante corrente de consciência visual e narrativa que coloca no movimento de deambulação do pensamento o eixo dos acontecimentos, por vezes aproximando-se de um registo onírico. outras vezes de um delicado delírio em vigília com visitas abruptas ao inconsciente. 
**** (4 estrelas)
Sara Figueiredo in Expresso

(...) É uma sequência belíssima e generosa, capaz de irritar qualquer aspirante a artista que, conhecendo pessoalmente o Gonçalo Duarte, se lembre, após a leitura do livro, que ele provavelmente desenhou esta cena em meia hora, sem esforço e sem comprometer a qualidade da poesia.
André Pereira in A Batalha

(...) fui logo conquistado nestas deambulações sobre o urbanismo e a vida em comunidade. É um tema muito actual, que nos tem tocado cada vez mais graças a gentrificação da capital. Gonçalo fá-lo bem, acabamos a leitura e o livro fica connosco. Isso é sempre bom sinal. 

exciting, experimental recent release (...) Gonçalo Duarte's Parícutin is his first solo book, named after its location in Mexico, to explore tensions between the individual and community in urban life.
Paul Gravett in FB

It’s not every day that one comes across a work that is both incredibly straightforward and staggeringly interpretive at the same time (...) the bulk of this text centers around an unnamed protagonist, who would appear to bear certain hallmarks of being an authorial doppelganger, constructing a home with his own hands and setting into motion a chain of events that are, more than anything, a convenient excuse for a wide-ranging polemical dissertation on subjects ranging from displacement to the ethics of land use to the precarious nature of the so-called “gig economy” to intentionally-shared living spaces. To call it generationally specific would be to sell it all a bit short, but the issues addressed are, generally speaking, of extra import to the millennial and post-millennial set. 

Quando fui ao lançamento do primeiro livro do @goncalo_duarte (GD) pela Chili Com Carne, nos extintos Anjos70, pouco sabia sobre a obra. Apenas que tinha um vulcão na capa. Nem questionei o porquê de haver numa mesa uma instalação de um prédio com uma iluminação vermelha no interior. Pensei apenas que eram “cenas à GD”. 
Entenda-se “cenas à GD” como a materialização de algo que inicialmente parece absurdo e, com o tempo, se desvenda em algo… menos absurdo. Inteligente até, vá. E Parícutin é, sem dúvida, uma “cena à GD”. Esta alegoria do vulcão e a história do homem que quer criar a sua própria comuna acaba por ser um ensaio sobre a alienação do indivíduo face a forças que estão para lá do seu controlo, sejam essas uma erupção vulcânica ou uma estrutura política e económica que põe em causa o direito à habitação.

sábado, 16 de dezembro de 2023

Apresentação e Festa do Vale dos Vencidos HOJE


Apresentação com Andreia Farrinha, José Smith Vargas e Marcos Farrajota, às 16h + Festa do Vale com PhantomFocolitus e Kafundo NoSoundsystem, às 21h na Casa do Comum (Lisboa) no âmbito da Parangona 2.




sábado, 2 de dezembro de 2023

The Reading Gaze : "My Comics" by Domingos Isabelinho :::: last 3 copies!!!



volume +08 of Thiscovery CCCChannel collection published by Chili Com Carne and Thisco in June 2022

156p. 16,5x23cm black & white, color cover, limited to 150 copies

These essays were originally published, in a slightly different form, in the magazines Satélite Internacional (Oporto, 2005) and L’indispensable (Nîmes, 2011), Indy Magazine online site (USA, 2004) and on the blogs The Crib Sheet (Portugal, 2008-10, 2015) and The Hooded Utilitarian (USA, 2010-11, 2013).

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The index of the book includes the following themes: 
WHAT IS A COMICS FAKE, THE EXPANDED FIELD OF COMICS AND OTHER PET PEEVES, THE ORIGIN’S MYTH, CARICATURE, THE BLIND MEN AND THE ELEPHANT, UT PICTURA POESIS, SOME CONSIDERATIONS ABOUT THE GRAPHIC NOVEL, BRUNO LECIGNE ON THE MIXING UP OF THE LANGUAGES, COMICS THEORY AND CRITICISM, ANA HATHERLY, JACQUES CALLOT, THE CANTICLES OF SAINT MARY, FRANS MASEREEL, KATSUSHIKA HOKUSAI, OTTO DIX, PABLO PICASSO, MARTIN VAUGHN-JAMES, ALAN DUNN, ROBERTO ALTMANN  and FRANCIS BACON. 

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“It was February 24, 2004, 08:27 AM, on the Comics Journal Messboard.” This is the first phrase of my blog, The Crib Sheet. What happened at that particular day and particular hour was that I, fed up with the accusation of not liking comics, decided to write a list of my favorite ones. With that list my answer was: I like comics, I just don’t like the same comics you like. This is the genesis and explanation of this book’s subtitle, “My Comics.” On the other hand, if you insist that I don’t like comics because what’s in this book are not precisely cartoonists, don’t worry, I like them too, they’re just not here yet because I divided the comics corpus in two: The Extended Field and The Restrict Field. This book is, then, an anti-essentialist stance, a cry of freedom from India Ink on board, if you like... 
Domingos Isabelinho 

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Domingos Isabelinho was born in Lisbon in 1960.  He contributed to the magazines Nemo, Quadrado, Satélite Internacional, Splaft!, various catalogs of the Porto, Lisbon, Amadora comics conventions (Portugal), The Comics Journal, The International Journal of Comic Art (U.S.A.), L’indispensable (France), European Comic Art (UK). He also wrote the preface to one of the latest editions of Guido Buzzelli’s book I Labirinti (Italy). He co-curated a Buzzelli exhibition in Lisbon and an exhibition of his original art collection in the Beja Comics Convention (Portugal).  He wrote twenty three entries in the book 1001 Comics You Must Read Before You Die (UK). In 2012 He was invited to the seminar Aesthetics of Contemporary Comics in Oslo (Norway).

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You can buy HERE - available also at Tinta nos Nervos, Kingpin Books, AlquimiaLinha de Sombra, Snob and ZDB - all in Lisbon - and in Matéria Prima (Porto), Quimby's (Chicago), Just Indie Comics (Italy), Senhora Presidenta (Porto) and Le Mont en L'Air (Paris).

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Feedback:

Domingos Isabelinho has been called by Jan Baetens "the most virulent comics critic" and there's a truth to it. This book collects essays that draw a much-needed anti-canon. As he calls it, an Expanded Field of Comics takes our heads out of our asses in typical assumptions. A+! 

(...) Isabelinho delves into the theory and practice of sequential art, with a not-so-subtextual advocacy for a richer self-education in wider spheres of art. It’s not an unwelcome cry—one of the most prominent results of the corporate subsumption of culture is a self-referential, which is to say self-absorbed, pool of inspiration, and Isabelinho tries, in his own way, to fight that; he is combative, sometimes downright hostile, but his heated passion comes with an articulatory edge: he will always clarify and back up his arguments, leaving the reader no choice but to thoroughly understand the point he’s making (...). He knows why a thing works or why it doesn’t, (...) he will tell you exactly why.

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Historial:

Lançado no dia 15 de Outubro 2022no Museu Bordalo Pinheiro com participação do autor, Marcos Farrajota e Pedro Moura.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

Tigre da Piscina (agora em podcast)


Marcos Farrajota foi falar do seu trabalho editorial da Associação Chili Com Carne na Tigre de Papel. Foi do tipo concerto Happy Grind mas sem as bóias. Podem comprovar agora com o podcast.

quinta-feira, 30 de novembro de 2023

A Fábrica de Erisicton // ESGOTADO em 2021 mas ainda com bom feedback!

 


O fanzine Mesinha de Cabeceira voltou numa onda de "back to the basics" após cinco anos de ausência. Este retorno às origens humildes de uma tiragem baixa de 100 exemplares, como fanzine / zine / perzine (riscar o que não interessa), tal como em 1992 (ano do primeiro número) tem a razão de ser para dar voz a autores desconhecidos / novos / fora de qualquer radar (riscar o que não interessa).

Começamos com A Fábrica de Erisicton de André Ferreira que é uma BD eco-psicadélica inesperada sobre a destruição do Alentejo pelas culturas super-intensivas que se praticam. O grafismo é tão naíf como visionário, com poucos sítios para segurarmo-nos se não fosse o facto da mensagem ser tão desesperante. O aviso já pouco serve, o Destino está traçado, como se vê nestes anos estranhos que vivemos, em que nada mudou em termos de atitude ecológica, a borregada quer é viajar e poluir. 

Resta-nos estes pedaços de arte colorida e imaginativa em singelas 24 páginas. 
Obrigado André!



Mesinha de Cabeceira #29, edição da Chili Com Carne, Abril 2021, 24p a cores 18x25 cm, capa a cores, 100exemplares.



ESGOTADO, ainda devem encontrar exemplares na Linha de Sombra, Neat Records, Snob, Tigre de Papel, Tinta nos Nervos, Utopia, Alquimia e na ZDB.



sobre o autor: faz música sob o nome de Goran Titol - que poderá participar este ano numa colectânea da nossa série Música Portuguesa a Melhora-se Dela Própria -  animação em técnica de "stop-motion" com ajuda da Mãe Natureza e é autor da BD tendo participado na antologia Venham +5 e com o livro a solo Ouro Formigas (2013), ambos publicados pela Bedeteca de Beja.


 FEEDBACK: 

Panfleto libelo anti-destruição da natureza em nosso torno, disfarçado de reconto mitográfico psicadélico (...), breve passeio alucinado que deveria antes servir de guia para redescoberta da nossa paisagem e manual de instruções para a sua recuperação... 

segundo a Tinta Nos Nervos 


 Fico espantado com a quantidade gigantesca de livros que são publicados actualmente. Florestas inteiras de papel impressas com todo o tipo de inanidades e de vacuidade. A esmagadora maioria vai, certamente, acabar nas debulhadoras de reciclagem, resultado da mais completa indiferença e esquecimento. 

No entanto, as paredes e sombras erguidas por estes livros inanes ocultam e obliteram os outros livros que valem a pena a ler, soterrando-os para os confins da vista. A Fábrica de Erisicton é um manifesto eco-activista inspirado no livro VIII das "Metamorfoses" de Ovídio, baseando-se na história da mitologia grega do rei Erisicton que depois de cortar com um machado uma árvore sagrada, é castigado com uma fome insaciável, que o vai obrigar a devorar-se a si próprio. 

A sobre-exploração dos recursos e da terra pelas culturas intensivas que se multiplicaram na paisagem alentejana, são o pano de fundo desta metáfora desencantada. 

O desenho colorido psicadélico e naif de André Ferreira, profundamente poético sem ser panfletário, devolve-nos uma imagem irreal e delirante, mas simultaneamente tão próxima e implacável, resultante de um capitalismo tardio, cujo último estertor prolonga-se agonizante, mas sem permitir vislumbrar o que se seguirá. 

Como assinalou Mark Fisher "o capitalismo está de facto talhado para destruir todo o meio humano. A relação entre capitalismo e desastre ecológico não é uma coincidência nem um acidente: a «necessidade de um mercado em constante expansão» do capital, o seu «fetiche do crescimento», significa que o capitalismo se opõe pela sua própria natureza a qualquer conceito de sustentabilidade." 

Com toneladas de livros inúteis espalhados por todo o lado, a edição de singelos 100 exemplares de A Fábrica de Erisicton está esgotada, o que se lamenta, pois este volume devia estar permanentemente disponível e com o autor em digressão ininterrupta pelas escolas, integrando um plano de leituras e de discussão transversal a diversas disciplinas curriculares.

My Nation Underground



Entrevista no P3 / Público

segunda-feira, 20 de novembro de 2023

ccc@festa.do.livro


Uma selecção de livros nossos vai estar na Fundação Oriente na sua Festa do Livro, a partir de amanhã até 17 de Dezembro. A selecção implica artistas orientais - como o tipo do gato ou o Yokoyama -, artistas que usam a estética Manga (André Pereira, Marko Turunen ou Ilan Manouach) ou trabalhos que abordam cultura oriental (REP, Tiago Manuel). 

De resto, dia 2 de Dezembro, às 16h, lançamos lá o Tóquio Zombie de Yusaku Hanakuma com presença dos editores Marcos Farrajota (Chili Com Carne) e Cassiano Soares (Sendai) e a artista Hetemoé.

sábado, 11 de novembro de 2023

ccc@FEIA#3


 

Vai haver terceira FEIA na Casa do Comum, lá estaremos com a nossa selecção de livros do nosso catálogo que tratem de música (REP, Balli, Gato Mariano, Nunsky), tenha música (Travassos, Zimbres + Mechanics, Krypto) ou os artistas sejam músicos (Coelho, Pita, Smith, Mariano, Rudolfo, Manouach) ou ainda edições fonográficas nossas. Faremos bons preços!! 

terça-feira, 7 de novembro de 2023

Humanos : A Roya é um rio

Baudoin & Troubs

figurandorecuerdo(s); 2019


Edmond Baudoin é uma figura ímpar na BD francesa com uma longa carreira que foge às modinhas da indústria, especialmente quando começou nos anos 80, em que não era fácil partir o molde do álbum franco-belga com maminhas à mostra. A relação com Portugal não é normal, como aliás, como acontece com outros autores – olhem o espanhol Max que foi publicada uma BD n'A Batalha #288/289 -, quero dizer, ambos fartaram-se de nos visitar mas publicá-los ‘tá quieto! 

Baudoin visitou o Salão Lisboa 2000, depois passou tantas vezes pelos festivais de BD da Amadora e de Beja que perdi a conta e ainda voltou em 2020 à galeria Tinta nos Nervos em Lisboa, sempre com exposições de originais estupendos. Ainda por cima, ele é um amor de pessoa, cheia de boa disposição, simpatia e humildade, quem não teria a vontade de o editar? No entanto, até hoje, só saiu uma BD curta na revista Quadrado #2 (3ª série; Bedeteca de Lisboa; 2000) e o livro A Viagem (Levoir; 2015) - que faz parte daqueles 10% dos títulos que merecem ser lidos na horrorosa colecção Novela Gráfica que saí com o Público todos os anos. Querem mais? Procurem este álbum em galego-português porque não há mais nada para quem não atina com o francês, daí justificar-se divulgar aqui um livro com data de 2019.

Feito em parceria com Troubs, outro autor de BD francês que gosta de viajar e que em conjunto contam com pelo menos cinco livros editados, ambos vão retratar as caras de refugiados e de pessoas que os apoiam na sua marcha – sendo que essa solidariedade pode ser punida por lei. Roya, é um rio entre França e Itália, onde acontece um diário jogo do “gato e do rato” entre refugiados (ilegais) a tentarem passar as fronteiras e a bófia mas também das associações de apoio ou de apenas indivíduos insubmissos que decidem ajudar os refugiados. Mais que uma BD com um sentido narrativo clássico é uma galeria de retratos e de pequenas histórias, com algumas derrotas e algumas vitórias, como só Baudoin poderia “caligrafar” com a sua tinta. São belas as caras de todos estes humanos que os governos tentam desumanizar ou diabolizar. E se o exercício parece fútil ou exploratório, isto é de desenhar os retratos de pessoas em stress ou trauma, na realidade, é na realidade apenas um subterfúgio para quebrar o gelo, para que essas pessoas comecem a falar das suas histórias pessoais, de longe está a estetização da tragédia alheia.

segunda-feira, 6 de novembro de 2023

Será a caneta mais poderosa do que a espada?




A edição portuguesa do Monde Diplomatique tem publicado, sob a nossa coordenação, as respostas a este desafio em Banda Desenhada por uma série de artistas. 

Este mês é a vez da Matilde Basto (2001, Lisboa), licenciada em Ilustração na London College of Communication. Tem um trabalho de ilustração diverso e experimental com foco em exploração de técnicas de impressão. Publicou o seu primeiro trabalho de banda desenhada em 2022, Casal de Santa Luzia, integrado no zine Mesinha de Cabeceira.

domingo, 5 de novembro de 2023

Somos os melhores ou lá o que é...

 


Segundo o Flynn Kinney, um bom gringo que vive em Lisboa, e que colabora no fanzine Bubbles. Este Top 10 é de 2022 e saiu no número 16. Fixe, mámêne!

quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Toing Toing Toing Toing Toing Toing Toing Toing Toing Toing


Conheci a Ravenna este ano e demorei a digerir esta sua k7 intitulada Selected Works 2017-2019 (AMDNP; 2022) sobretudo porque é uma caixa de surpresas. Apesar de ser mais conhecida como saxofonista - o que me pouco interessa como instrumento, devo admitir - começa logo com uma tortura electrónica Noise inesperada, e essa sensação de espanto irá continuar ao longo da fita o tempo inteiro. Depois dos doze minutos de tortura, vai para o saxofone, depois para música(s) ambiente(s), toca piano, guitarra, capta gravações caseiras embriagadas, "field-recordings" e dronaria, iá, é a mulher dos sete instrumentos! O que torna difícil avaliar o conjunto da obra, pelo menos desta forma amadora como faço aqui, neste blogue. O engraçado é que todos estes temas dispersos em géneros e anos (apesar de não creditados) estão unidos de uma forma que parece uma peça única (no bandcamp da Ravenna isso até é assumido como tal), o que cria uma sensação de viagem ou de sonho. Graças a isso nós, meros mortais, podemos absorver esta jornada sonora sem problemas de erudição musical, ufa! O problema é sempre passar os primeiros doze minutos!

sábado, 21 de outubro de 2023

Crianças que alucinam, masmorras, entregas ao domicílio, dates antes e depois da da pandemia, cartas tarot, insónias, casas que morrem, entrevista a Carlos "Zíngaro" e muito mais como sempre...


QUARTO número da revista 

PENTÂNGULO
uma co-edição Ar.Co. e Chili Com Carne


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128p. (32 a cores) 16,5x23cm, capa a cores, design de Rudolfo

Pentângulo é uma publicação que confere visibilidade ao trabalho de novos autores cuja formação tenha sido feita no curso de Ilustração e Banda Desenhada do Ar.Co. Sem hierarquias, nomes consagrados e estreantes, alunos, ex-alunos e professores misturam as suas imagens e palavras numa saudável promiscuidade.

Neste quarto colaboram Pedro Moura, Ana Dias, Catarina César e Simão Simões (obra colectiva), Ana Blockveld, Simona Slovova, Tiago Baptista, Marta Baptista, Joana Matos, Carlos "Zíngaro" (entrevistado por Pedro Moura e Marco Mendes), Bruno Alves, David Pulido, Rodolfo Mariano, Diogo Candeias, João Lencart, Joaquim Afonso, Mar Cunha, Masha Motyleva, Pedro Saúde, Sara Baptista, Sara Boiça (também autora da capa), Ema Acosta, Matilde Ingham e Maria Giovanna Mura.

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Projecto apoiado pelo IPDJ e pelas livrarias BdManiaKingpin BooksLinha de SombraPaperviewSnobTasca Mastai Tinta nos Nervos.

além de estar à venda nas referidas lojas ainda se encontra na nossa em linha e na Alquimia, Sirigaita, Senhora Presidenta, Tigre de Papel, ZDB, Matéria Prima e Utopia.






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Historial: 

Lançamento a 2 de Março 2022 no Damas / Festival Rescaldo com um concerto de Carlos "Zíngaro" e Clothilde.

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vídeo no Bandas Desenhadas

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ilustração da capa por Sara Boiça selecionada para o BIG 2023

sábado, 14 de outubro de 2023

chichili cocom cacarne amada na Alquimia


Prostitutas decadentes, cirurgias plásticas bizarras, mascotes perversas de cadeias de Fast-Food, parafilias estranhas, experiências científicas malucas, ténias gigantes, crimes de faca e alguidar, portugueses no espaço e muito mais, num compilado de histórias curtas contaminadas com generosas doses de coliformes fecais e muitas outras bactérias nocivas.

Eis o que promete
  Holocausto de Merda 
de 
neste 18º volume da Mercantologia,
colecção dedicada à recolha de material perdido em fanzines e afins,
co-editado com o fanzine Olho Do Cu Comics Group.

São 52 páginas (16 a cores!) 16,5x23cm, capa a cores como bem podem ver, edição brochada e 333 exemplares apenas, ó filhote da Besta!

Disponível na nossa loja em linha, na ODC Comics Group, Tinta nos Nervos, Kingpin, Linha de Sombra, Snob, ZDB, Universal Tongue, Tigre de Papel, Socorro, Utopia, Alquimia, BdMania e Matéria Prima.


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FEEDBACK:

Na atual conjuntura pessoal, profissional e existencial da maioria das pessoas, só a saudável demência quase psicopática da BD Holocausto de Merda, (...) nos pode redimir. É a tábua de salvação SOS à prova de caruncho, béri-béri, depressões e outras maleitas aziagas que tanto importunam no dia-a-dia, isto para não falar em halitosis pungentis que pulula de boca em boca... O alto teor polinsaturado de sentido de humor escatológico e hardcore não é indicado para estômagos fracos e consciências de caca... hmmm... Mas se você for uma mulher ou homem de barba rija - VÁ!! Atreva-se e devore-a tresloucadamente como eu devorei! (...)
Ondina Pires via email 

É curioso que um livro em que os personagens passam a vida a peidar-se seja uma lufada de ar fresco. Eis uma obra (no sentido escatológico de obrar) que cumpre meticulosamente o que promete no título. Significante, significado, signo: tudo merda, em proporções bíblicas e directamente nas nossas bocas. A tira em que dois filhos menores entram pelo cu do pai para assassinarem à catanada um exército de lombrigas é uma das mais comoventes e literalmente profundas representações da ligação filial desde A Terceira Margem do Rio, de Guimarães Rosa, para além de ter espantosas ressonâncias psicanalíticas: neste livro, estamos sempre na fase anal. O maior elogio que se pode fazer a estas tiras é a de que elas são completamente desnecessárias sob todo e qualquer ponto de vista. Por isso mesmo é que o Holocausto de Merda é um dos livros do ano: porque existe.
Pólipo Canibal in A Batalha

sexta-feira, 13 de outubro de 2023

Hoje é...

 


SEXTA-FEIRA 13!!! Para todos os tarados supersticiosos é melhor hoje não sair de casa, não vá um merdas de tuk-tuk (ou é tik-tok!?) atropelar-te! Mais vale ficar a ouvir música no sofá mesmo que seja este Pacto com o Diabo, recentemente editado pela Sinais e Universal Tongue - esta última uma editora que bem curtimos

Trata-se de uma colectânea de bandas nacionais de Metal a homenagearem os Black Cross, a mítica (cóf cóf cóf) primeira banda Black Metal 'tuga, sobre os quais as duas editoras já tinham feito, em 2019, um livro sobre a sua divertida história (escrevi uma resenha n'A Batalha, babes, fuck 'net!) incluindo também um CD que reeditava a demo-tape Sexta-Feira 13, de 1986, e mais uns temas extras ao vivo. Podiam ter ficar por aqui, toda a gente ficaria feliz, tipo História e Património recuperados, caso raro em Portugal, mas nãooooooooo... Nem é pelo pessoal ser metaleiro, porque esta doença do completismo, "peter-panismo" e elaboração de realidades paralelas calha a todos, dos maluquinhos dos Beatles aos da Marvel. 

Eis que avançam com revisitações sonoras os Decayed (esta sim a primeira banda "oficial" de BM'tuga, ou então a primeira de BM memo'à séria!), Morte, Martelo Negro, Cães de Guerra e os novatos Red Eyes, que infelizmente nenhuma destas bandas conseguiu melhorar o que era impossível de melhorar, isto é, uma banda metaleira dos anos 80 com letras muito naifs, de miúdos do Barreiro, fruto do seu tempo, colados a Venom e que só editaram uma demo. É certo que o "mito" em volta de Black Cross extravasa a demo-tape, concertos e a música porque há um culto ao kitsch da virgindade portuguesa naqueles anos em que podiam acontecer crossovers culturais bizarros q.b., hoje impossíveis de repetir. Os Black Cross que nunca tiveram uma carreira profissional sólida, ganharam notoriedade com um anúncio televisivo contra as drogas, e à pala disso foram meter nojo à "VIParia" da altura numa almoçarada institucional com o Presidente da República e Pop stars, apenas hilariante! Menos divertido são estas versões, que parecem apenas melhoramentos profissionais (execução, gravação) do que uma homenagem à séria. O que as bandas deviam ter feito era uma verdadeira orgia satânico-destrutiva para termos algo mais do que um simples "update" ao original. Como sabemos sempre que há "updates" no sistema, as coisas começam a funcionar pior... especialmente numa Sexta-Feira 13!

quinta-feira, 12 de outubro de 2023

ccc@fexti

 

cartaz de Amanda Baeza


Sábado 14. 17-18h Mesa de diálogo sobre el panorama del cómic en Portugal con João Sequeira y Marcos Farrajota. Conduce Pablo García Martín. 

Sábado 14. 19-20h Encontro con autoras con Amanda Baeza y Mayte Alvarado. conduce: elena Masarah

Domingo 15. 11-12h Charla sobre fanzines con Amanza Baeza, Marcos Farrajota y Roberto Massó. Conduce Gerardo Vilches.

+ info aqui

terça-feira, 10 de outubro de 2023

O meu 1bigo é meu amigo, o seu cotão é meu irmão*


A revista Umbigo publicou, neste número de Setembro / Dezembro, um diálogo gráfico entre Tiago Baptista e a Bedeteca da Amadora e com os vários livros da Chili Com Carne a serem bombados na bibliografia da peça!! Não percebemos qual a raison d'etrê disto tudo, admitimos que estamos confusos com os meandros da Arte Contemporânea mas obrigado, sei lá...


*Repórter Estrábico sempre!

segunda-feira, 9 de outubro de 2023

O que é isto?


É o Vale dos Vencidos de José Smith Vargas!!

O próximo grande livro da Chili!!!

Está na recta final e esperemos estar presente na próxima BD Amadora até porque vai ter lá exposição destes originais!

Cruzai os dedos!

E ainda estamos a discutir as cores da capa!!!



Quem diria?


Fui ao Festival de Fanzines e BD de Alpiarça, assim em modo de "onde é mesmo Alpiarça!?" e comprei muito mais fanzines do que na capital Raia. Marado, não é?

Logo à cabeça peguei no novo número do Olho do Cu, cujo número 25 foi feito para sair no festival. Energia punk desta já não há em lugar nenhum! Engraçado as "vinhetas-BDs" de Lard a lembrar o surrealismo do Miguel Carneiro há 20 anos, o "goldenshower" da equipa Karimo e Sanchez (já lá vou) e sobretudo a BD dos "três estarolas do Metal" que confundem Holocausto Canibal e Carcass com o Holocausto de Merda do Carlos Carcassa, muitaparvo este A5!!!

Na mesma mesa do Olho estava uma antologia brasileira, onde Carcassa participou, intitulada Pé-de-Cabra - acho que confundi com aquela banda de Hardcore de Linda-A-Velha que tocava o Punk Pudim! O número dois, de 2019, tem como tema a "Doença" (mais um profético para os anos covid), e quem esperar daqui BDs realistas e intimistas sobre este tema, evocando os grandes Harvey Pekar (Our Cancer Year) ou David B (L'ascension du haut mal), esqueçam. O objectivo é escatologia gráfica para meter, e conseguem!, aquele nojo "underground" sem terreno beatificado. Destaque para o Diego Gerlach, um dos poucos artistas brasileiros que vale mesmo seguir e que ninguém em 'tuga tem colhones para publicar! Mas há mais malta com interesse para quem gosta de gangrena: Victor Bello, Panhoca (que é o editor da revista), Marcio Bocchini, Bruno Guma, Fábio Vermelho e Fralvez. Diga-se que o "besteirol" brasileiro está a ficar mais sofisticado e graficamente exuberante (mesmo quando trata de borbulhas e pus) no seu bom A4. Só por isto valeu a pena ir a Alpiarça!!

Depois numa mesa de uns miúdos (Colectivo Tribeart) encontrei umas produções bem amadoras e verdes dignas de chamar de fanzine nos anos 90 - embora se tenha de contactar a Biblioteca de Alpiarça para arranjar esta pérola, olha o zinewashing! O Among Us #0 ganhou-me o coração até porque era um "benefit" para um canil. Os miúdos agora só pensam em Manga e Anime mas já começam a javardar também com isso. Um pouco, creio - até porque se calhar eu não conheço as referências... Mas pelo amadorismo e aura naive, parece-me bem melhor que a tonelada de "dojinshis" (fanzines em japonês) que uma amiga minha trouxe recentemente daquelas bandas. Destaco uma tal de Beatriz, acho, porque ou não se creditam os trabalhos ou não se percebem as assinaturas, que faz uns monstros bem "cool". E também para uma BD infográfica sobre a Polónia, o país que mais guerras perdeu. A5 a cores porque a Biblioteca deve ter pago as fotocópias, ao menos isso...

Mas a melhor peça foi Valkiria do português Samir Karimo e do espanhol Miguel Ángel Sánchez, um projecto ibérico em que Portugal fica logo a perder porque só há edição em castelhano. Felizmente ainda haverá o dia que não consumirei cultura em "espanhol"! Editado pela MASK Comic Projects, em 2021, trata-se de uma história 36 páginas A5 completamente alucinante - o escritor Karimo gosta de se afirmar como "splatterpunk" - com um desenho maravilhoso à la Art Brut

- Oh, já sei, haverá palhaços a dizer que "até o meu filho desenha melhor que isto!" mas eu responderia logo: "olha, então que o merdinhas tente fazer o mesmo!" 

Aqui, os corpos nas BDs são de plasticina, ainda mais moldáveis que os torturados pelos Cenobitas do Hellraiser, isto para entrarem noutros corpos e dimensões ou para  serem penetrados por demónios e outras criaturas fantásticas numa cosmogonia muito particular e que estou ansioso para descobrir mais. Há mais zines que continuam esta "saga" (?) e brevemente vou lê-los. Só tenho medo de saltar de excitação não vá o diabo tece-las e entrar-me pela pila! Mais sobre estes bons loucos para breve... Ou no blogue da MMMNNNRRRG ou nas páginas d'A Batalha, veremos!

domingo, 8 de outubro de 2023

Colectiva CCC#6: "Carne Para Canhão" in Alpiarça


 
 A Associação Chili Com Carne é uma organização de jovens artistas sem fins lucrativos cujo funcionamento assenta na cooperação livre e espontânea dos seus associados. Desde a sua fundação em 1995 que temos promovido e desenvolvido as mais diversas realizações no campo das artes, que se têm concretizado, entre outros aspectos, na organização de diversas exposições e publicações. 

A última aventura editorial é o jornal Carne Para Canhão, que pretende ser uma publicação gratuita de crítica e reflexão sobre a Banda Desenhada.

Para a exposição Colectiva CCC#6 tomamos por base os trabalhos do jornal e complementada por outros trabalhos dos seus colaboradores, a saber: 40 Ladrões, Amanda Baeza, André Lemos, Ângela Cardinhos, Francisco Sousa Lobo, João Carola, Luís Barreto, Nunsky, Rodolfo Mariano e Rui Moura.

A exposição estará patente na Casa dos Patudos até ao final do mês de Outubro. Sendo que a Associação Chili com Carne esteve presente no dia 7 de Outubro no mercado do evento. E sim, quer dizer que Alpiarça será segundo local em Portugal com mais exemplares do Carne Para Canhão per capita! Ai!



sítio oficial em linha AQUI