sábado, 31 de dezembro de 2022

Brand New You're Retro


Que nome para "banda" - ou será "one-man-band"? Moon-Liters / Millennium Development Goals... Fuque duque! "No wave post jazz rock noise" seria o rótulo para a coisa e ainda faltaria algo mais a dizer. Eis um CD bizarro em 2021 pela Shhpuma mas que podia ter sido editado ontem tal é a santa javardice pós-moderna dos temas que poderia ser James Chance and the Contortions como God is My Co-Pilot, RTX, Flaming Lips e Biota. Em Nerve Agent! ouve-se tudo isto sem o ser realmente, os temas longos (média de 8 minutos) são auto-mutantes, modificam-se como um "teenager" estimulado com açúcar, videojogos e pornografia barata. No fundo era o que a Cafetra gostaria de ter feito... mas isso agora... 
De relembrar que os discos da Shhpuma são de salutar pela qualidade e pelo ar fresco. Bem que precisamos deste caso raro editorial. Bom Ano Novo!

domingo, 25 de dezembro de 2022

sábado, 24 de dezembro de 2022

Lamento morto


Eis um CD que tem tudo para correr mal: o nome do projecto a lembrar os anos 80/90 com os "k" a substituir os "c" na disKoteca ou na Kafetaria, já para não falar do próprio título que traduz para português o género que é tocado - Dark Ambient. Sei lá, como hoje é noite do nascimento do porco nazareno, este Ambiente Negro (Raging Planet; 2022) d'A Kriatura até está a soar bem e até tem som de criancinhas a curtirem a vidinha. As peças musicais são flocos de Drone Giallo, sintetizadores à Goblin, pós-industrialismo (metal remix), temas curtos que isto não é para ficar em transe! Não tem o volume e dimensão de Beherit nem de Metadevice mas serve para o que hoje se quer: um Bom Natalixo!

terça-feira, 20 de dezembro de 2022

ccc@natal.cosmos



PS - não a MMMNNNRRRG não vai voltar nem vai "tocar"
O "Peter" é que se excitou!

PPS - vamos lançar o novo Mesinha de Cabeceira com a presença do autor Rodrigo Villalba!


sábado, 17 de dezembro de 2022

sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

Dédalo dos Fanzines - 25 anos


Há cerca de 25 anos atrás, depois de saber (provavelmente, através do jornal Blitz) que tinha sido editado o “Dédalo dos Fanzines”, contactei o editor para adquirir a publicação. Para o efeito, enviei uma carta com o pedido, acompanhada de um cheque de 1.500$00 escudos e fiquei a aguardar a volta do correio (era assim que se fazia nesse tempo).

Passado bastante tempo, recebi uma simpática missiva de Geraldes Lino (um dos editores) a devolver-me o cheque, justificando que o "Dédalo dos Fanzines" teve uma muito escassa tiragem, praticamente uma edição experimental, com a finalidade principal de obter "copyrights" e impedir que outros usurpassem a ideia. Explicava ainda que em consequência da reduzida tiragem, a edição tinha esgotado imediatamente após ser colocada à venda no Festival da Amadora.

Não obstante, estava nos propósitos dos editores fazer uma nova edição melhorada e com algumas rectificações a sair entre finais de 1998 e inicio de 1999.

Na mesma carta, com a sua proverbial curiosidade, Geraldes Lino questionou sobre a possibilidade de lhe encontrar um livro de BD, relativo à cidade de Braga que não tinha conseguido arranjar e solicitou também uma lista dos fanzines que eu possuía.

Muito generosamente, depois de lhe enviar o tal livro, recebi, em troca, uma montanha de fanzines editados por Geraldes Lino e outros que ele tinha repetidos. Nos anos seguintes, fomos mantendo algum contacto esporádico, mas nunca mais houve novidades sobre a reedição do "Dédalo dos Fanzines - O Catálogo das Publicações Amadoras de Banda Desenhada em Portugal".

Da última vez que abordei o assunto, Geraldes Lino referiu que o facto de ter cortado relações com o outro editor (Leonardo de Sá), inviabilizou qualquer hipótese de reedição do Dédalo.

Após mais de duas décadas de busca persistente, acabei por conseguir obter um exemplar do "Dédalo dos Fanzines" e confirmar que a edição foi de apenas 40 exemplares numerados e assinados pelos editores.

Toda esta situação é bastante lamentável, ainda mais tendo em consideração que a bibliografia nacional relativamente a esta matéria é praticamente inexistente.

No prefácio, Leonardo de Sá informa que o "Dédalo dos Fanzines", seria um mero capítulo de uma obra magna que estaria (estará ainda?) a preparar - Dédalo: O Catálogo da Banda Desenhada em Portugal, e que teria ganho autonomia com a colaboração de Geraldes Lino, provavelmente o maior colecionador em Portugal de fanzines de banda desenhada.

Em troca de correspondência em 1998, Geraldes Lino referiu que possuía cerca de 350 títulos editados desde 1972, correspondendo a cerca de 2.000 exemplares / números.

Ora é exatamente esse raro espólio que é inventariado no "Dédalo dos Fanzines" ao longo de 60 páginas, organizadas por ordem alfabética, começando no fanzine "À Margem" e terminando no "Zorck".

O "Dédalo dos Fanzines" é extremamente sistemático e formal, fornecendo todas as características das publicações referenciadas, sendo, no entanto, muito parco em imagens, o que se revela a sua principal lacuna.

Cada entrada no Dédalo é constituída pela referência às características identificativas (nome, editor, data de edição, números publicados, etc.) características físicas (formato, tipo de impressão, n.º de páginas, tiragens), bem como uma brevíssima descrição do conteúdo de cada publicação e identificação dos participantes.

Rememora-se assim, os 25 anos decorridos desde a publicação do "Dédalo dos Fanzines - O Catálogo das Publicações Amadoras de Banda Desenhada em Portugal" e homenageia-se os seus editores, especialmente o já desaparecido Geraldes Lino.

Renova-se a esperança de uma nova edição revista e atualizada abrangendo os 50 anos de publicação de fanzines de banda desenhada em Portugal.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

Massa crítica?




Nestes anos estranhos de Covid só percebi em Junho deste ano que a antologia de BD Opposights pela Silent Army finalmente saiu. Junta nas suas páginas autores portugueses e australianos a tratarem das suas experiências com o meio da BD. Da parte portuguesa estão artistas fantásticos como a Amanda Baeza (que fez também a capa) ou a Hetamoé - hilariante a sua BD, parte com tudo!!!!!!!

Entretanto o editor e artista gráfico Michael Fikaris teve uma exposição inaugurada este Sábado na Tinta nos Nervos e tivemos uma conversa... e... foi o "high five" de missão cumprida!




Da minha parte ajudei o Fikaris na selecção e pelos vistos fui recompensado aparecendo nas BDs do Rui Moura e da Mariana Pita.



Se o Rui mostra uma homenagem porque lhe foi parar uma CriCa nos tempos do saudoso Milhões de Festa, já a Pita trata-me como se fosse um maluquinho. É merecido! Mas o melhor dela é algures na BD que mete o fofinho a dizer isto: Curators for a zine fair? What the f**k is this? Talvez a cena mais brilhante alguma vez escrita na BD portuguesa!!! Quem achasse que a Pita era só fofuras, fiquem então a saber que ela sabe dar uma doses de realidade crítica assim nas entrelinhas.

Por fim, mandar vir este livro da Austrália é uma dor de cabeça de guita e de burocracia - as alfândegas portuguesas deveriam entrar numa BD da Cátia Serrão ou do Pedro Burgos, por exemplo... Se calhar fazia-se uma edição portuguesa disto, não?



sábado, 3 de dezembro de 2022

Conversa com Michael Fikaris


O grande Michael Fikaris regressa a Portugal desta vez na Tinta nos Nervos

Este artista multidisciplinar australiano baseado em Melbourne, Fikaris desenvolve o seu trabalho gráfico sobretudo nos campos da banda desenhada, das artes de impressão e da pintura, cruzando temáticas como a segurança sanitária e a natureza. A exposição Out There que reúne um conjunto substancial de trabalhos originais e múltiplos surge na Tinta nos Nervos por ocasião da passagem do artista por Lisboa para uma conversa com Marcos Farrajota este Sábado às 16h, a propósito do lançamento do livro SRY not sorry, pela editora e nossa parceira letã Küs.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

Terminal Tower - ESGOTADO / edição colombiana lançada este ano...




I define Inner Space as an imaginary realm in which on the one hand the outer world of reality, and on the other the inner world of the mind meet and merge. Now, in the landscapes of the surrealist painters, for example, one sees the regions of Inner Space; and increasingly I believe that we will encounter in film and literature scenes which are neither solely realistic nor fantastic. In a sense, it will be a movement in the interzone between both spheres. J.G. Ballard

Com este 16º volume da Colecção CCC dá-se uma transformação na própria colecção. Se entremeávamos um livro de literatura por um gráfico logo a seguir, durante 14 anos, com quase sempre com os livros do Rafael Dionísio e quase sempre com as antologias de BD, a natureza da obra deste novo livro Terminal Tower de André Coelho e Manuel João Neto, deixa de fazer sentido a nossa lógica editorial ou até a distinção dos formatos dos livros literários dos gráficos.

Terminal Tower teve um processo criativo entre o artista e o escritor fora da lógica da banda desenhada - em que há um argumento para ser adaptado para desenho em sequência. Assim sendo, as ideias do livro foram sendo construídas em simultâneo pelos dois autores, tendo como premissa a de um homem isolado numa torre em estado de alerta.

Partindo dessa torre, Coelho foi criando alguns desenhos que despoletaram ideias narrativas e que potenciaram outros desenhos que por sua vez geriam as indefinições das narrativas que rodeiam esse contexto, numa espiral criativa.

A ideia central do livro é o delírio engatilhado pela paranóia, sem que se perceba se o despertar dos mecanismos da torre é real ou se existe apenas na cabeça do homem isolado na torre, pois nada parece funcionar, tudo parece uma ruína do futuro em que se cruzam referências decadentes aos universos de Enki Bilal, J.G. Ballard (1930-2009) e da música Industrial - não tivessem os dois autores ligados a esse tipo de música através do projecto Sektor 304.

Historial: lançado no dia 31 de Maio no Festival Internacional de BD de Beja 2014 com exposição dos originais ... seguido de outras exposições na El Pep / Imaviz Underground (Julho), Treviso Comics Fest (Setembro) e Amplifest (Outubro) ... nomeado para Prémio Adamastor de Ficção Fantástica em Banda Desenhada ... Sugestão de "leitura-a-três" (?) pelo jornal I ... edição colombiana pela Vestigio ... entrevista na revista colombiana Blast ... 

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Feedback:

(...) Depois da bomba, os estropiados – depois da expilação nuclear, os mutantes. A monstruosidade é uma sátira cruel à diversidade, uma fantochada feita de ruído. Não tem beleza. Não tem significado. A não ser a beleza do aleatório e o significado que decidimos impor. Criar relevo é inventar significados: vivemos numa realidade imaginada, mas as ficções que criamos não são mentiras, são exofenótipos – não se pode ser humano sem uma torre, mas aceitar a torre é aceitar o monstro. Aceitar o apocalipse. Nada é mais fácil.
David Soares / Splaft!
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(...) a NASA tinha inventado o super-negro. (...)  é a BD que está a ir mais longe na busca de um super-negro psicológico, virtual… (...) Logo ao olhar para a capa somos chupados para o seu negrume, que se vai adensando ao longo das primeiras páginas. Percebemos de imediato que estamos num cenário bélico, pré ou pós-apocalíptico…
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Neste livro experimental os códigos da BD são levados a um extremo próximo da abstracção. Não é simpático para o leitor, pois deixa quase tudo em aberto e descarrega nele imagens fortíssimas e acutilantes. (...) Um dos traços da maturidade do género é a amplitude de um campo de expressão que vai do pueril intencional ao questionar dos limites, zona de fronteira onde este Terminal Tower tão bem se insere, mais próximo de uma sequência pictórica do que da narrativa linear. Lendo-o, ou sendo mais preciso, construindo mentalmente uma possibilidade ficcional a partir da iconografia, ressoava-me na mente o ruído elegante do noise industrial (...) Mais do que uma história, este livro é uma experiência do tipo mancha de Rorschach. Vê-se o que se espera, mas também se vê o que se sente no íntimo. E sublinho: contém ilustrações de tirar o fôlego, que se destacam no absoluto preto e branco mate do papel impressão mas se vistas no tamanho real e media original ainda são mais deslumbrantes.
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As receitas de químicos e materiais, numa profusão de termos técnicos específicos, (...) em que uma suposta linguagem o mais objectiva possível, sendo apresentada num contexto totalmente deslocado e acompanhado pela materialidade das imagens e em relações texto-imagem inesperadas, atinge uma dimensão poética tumultuosa, que obriga o leitor a tentar coordenar elos vários, nenhum dos quais possivelmente o correcto, mas cujo objectivo é mais atingido pelo movimento de tentativa do que por uma conclusão conquistada.
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Um livro para pensar, esta deveria ser a referência de todas as publicações, mas nem sempre é assim. Com Terminal Tower é verdade.
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 O convívio de variadas técnicas como fotografia, colagem e sobreposição com o meio desenhado não parecem em nada deslocadas ou em choque, e denotam maturidade na manipulação do meio comunicativo, culminando no forte impacto da maioria das páginas, necessário para suster uma narrativa tão pausada e por vezes quase como que um telegrama, mas a meu ver muito adequada. Andre6 / Wook
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Terminal Tower es una joya The Watcher and the Tower



ISBN: 987-989-8363-27-5
144p. p/b + cores, 16,5x23cm
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talvez encontrem ainda exemplares na Mundo Fantasma, Matéria Prima, BdMania, New Approach Records, Utopia, Bertrand e Linha de Sombra.


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Exemplos de páginas:

sábado, 26 de novembro de 2022

Desta vez o MAL não rima com Natal!


 Volta o MAL mas desta vez menos conotado ao Natalixo! Bem bem!

Vamos estar lá e até devemos entrar numa conversa com o Massacre e o Quarto de Jade, no Sábado às 17h30.

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Fotos da Laís Pereira da edição natalixa do ano passado:

banca da Chili Com Carne sem máscaras

Massacre, Opuntia Books e Quarto de Jade com máscaras

Sara Figueiredo Costa e Francisco Sousa Lobo em conversa e com máscaras

quinta-feira, 24 de novembro de 2022

Dois ou três pensamentos soltos

Já podia ter morrido duas vezes feliz na vida. A primeira foi em 2010 quando o Fábio Zimbres entregou uma BD desenhada por ele e com argumento meu para publicar no Seitan Seitan Scum; e na semana passada quando recebi o número 11 da Expressa (Jul'20) onde essa mesma BD foi republicada. A Expressa é uma "revista" em que cada número é dedicado a um artista gráfico brasileiro - já lá iremos!

Para um anarquista ter ídolos é muito grave intelectualmente, só que o Zimbres como editor e artista influenciou-me a 100% quando era chavalo e agora nem devo fazer parte de 1% da sua vida - mas faço parte!! Admito que me rebaixo a essa percentagem para me sentir concretizado como ex-teenager. Quantas vezes nas nossas vidas podemos ter acesso e influenciar os nossos "heróis"? Ou já morreram todos por velhice ou por chutar cavalo - o Burroughs até foi aos 83 anos e ao ano de 1997, nada mal! Em 1993 estive a dois graus de separação dele, fuuuuuuck! Melhor mesmo só se tivesse feito uma capa pró Jello Biafra, oficialmente, hahaha

A Expressa é uma revista? Parece que sim, se os editores assim o afirmam para quê contrariar? Diria antes que é uma colecção de monográficos dedicados a um artista gráfico brasileiro, na essência ligados à BD, sendo este um campo alargado ao cartoon, "charge", tiras humorísticas (o pão-nosso de cada dia no Brasil), etc... O autor vivo é entrevistado, os mortos biografados. Depois a edição é enchida com BDs, tiras e ilustrações várias para fazer 120 páginas couché coloridas em A4 fechadas em capa dura. Caramba é um álbum! Mas talvez por sair mensalmente é que a consideram uma revista? Até dói! Mas se o Bestiário também é (não é) uma revista... Antes que comecem a correr com os cartões de créditos e premonições de problemas com a alfândega, existem rumores, que a "revista" irá aparecer em Portugal em breve. Rumores! 

Seja como for, a relação luso-brasileira ainda tem muito para se falar e estudar. Ao que parece não foi de toda pacífica logo com os dois "pais da BD/ HQ" de cada lado do Atlântico a ofenderem-se mutuamente e publicamente, Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905) e Angelo Agostini (1843-1910). O primeiro até foi atacado à facada (não por Agostini, atenção!), razão para deixar o Brasil e produzir o original No Lazareto (1881) - ao que parece 20 anos depois eram amigos outra vez! Mais pacífica e produtiva foi a emigração de Jayme Cortez (1926-87) em 1947, não só criou uma "escola" brasileira como ainda co-organizou, em 1951, a primeira exposição de BD brasileira ou de BD mundial - as fontes divergem. O autor foi esquecido por cá até ser recuperado graças às exposições organizadas pela Bedeteca de Beja. As Ditaduras não favoreceram contactos mas lá se descobria o Ziraldo em Portugal no jornal Lobo Mau, por exemplo. Nos anos 90 é a grande explosão de revistas brasileiras a chegarem cá: Chiclete com Banana, Piratas do Tietê, Níquel Náusea e Animal (feio, forte formal). A explosão acabou em implosão graças ao plano Collor mas o mal já estava feito, Angeli e Laerte eram estrelas. Segue-se a primeira década do milénio de costas voltadas com alguns encontros fugazes, sendo o Seitan Seitan Scum o mais consubstanciado objecto ou a participação de Fábio Zimbres na exposição "Divide et Impera". Desde 2013 a editora Polvo edita muitos livros de autores brasileiros contemporâneos, destacando-se Marcelo D'Sallete ou Marcello Quintanilha. As migrações acontecem também, André Diniz vem para Lisboa e Puiupo para S. Paulo. A história aos quadrinhos ou aos quadradinhos continua... Sendo que esta Expressa será o local de encontro para saber tudo sobre os artistas entrevistados.

Este fim-de-semana vai haver o Mercado Aberto do Livro pela segunda vez. No ano passado lá andei a fazer "digging" no espaço da D. Ajuda cheia de tralha que já ninguém quer. Sem querer, claro, encontrei um belo monográfico dedicado ao grande Robert Crumb - com este tive também com dois graus de separação e até falei com o senhor que me mandou passear de forma assobiante, hehehe - escrito por Marjorie Alessandrini (1946-2020) e editado pela Albin Michel em 1974!

O ponto de exclamação significa algo? Adivinhem! Pensem nisto: a carreira underground de Crumb começou em 1967 e sete anos depois ele já tinha um monográfico sobre a sua obra em França, um trabalho crítico bem escrito por uma jornalista de Rock. É certo que os anos do ácido e "flower power" foram produtivos para este artista, em dois apenas produziu mais de 300 páginas todas elas a desconstruir a psique da cultura norte-americana. O trabalho passou para França, pela revista Actuel de início quando esta era uma grande fricalhice. O que é espantoso é que alguém escreveu um livro sobre este autor de BD contemporâneo ainda com o Crumb em início de carreira. Ena! Crumb não é o único contemplado, nesta colecção chamada Graffiti encontram-se outros títulos dedicados ao Gotlib (1934-2016), Reiser (1941-83), Moebius (1938-2012), Charles Schulz (1922-2000) e Fred (1931-2013), tudo publicado entre 1974 e 1976. Esta tradição de mapear autores de BD continua até nos dias de hoje em França mas noutras estruturas editoriais como a PLG.

Agora, lembrem-se de quantos monográficos sobre artistas ou autores de BD foram publicados por casas comerciais em Portugal? Há a biografia de Hergé (1907-83) e o livro de entrevistas a Hugo Pratt (1927-95), autores que rebolam nos caixões dada à exploração patrimonial que fazem dos seus trabalhos e que qualquer editor "cego-surdo-mudo" seria capaz de publicar e rentabilizar os livros. Tanto é verdade que escrevo que estes títulos foram publicados pela Verbo e Relógio D'Água, respectivamente, editoras generalistas. Há vários livros dedicados ao Bordalo Pinheiro, convenhamos, todos os anos sai mais um qualquer sobre um detalhe da sua vida (até a da sexual) ou da sua multifacetada obra. Depois (por isso não contam) há dezenas de catálogos ou monográficos das instituições como a Bedeteca de Lisboa ou aquilo que se chamava pomposamente de Centro Nacional de BD e Imagem (da CM Amadora, agora Bedeteca da Amadora) que publicaram, devido a uma inconsciente rivalidade camarária, montes de livros sobre vários artistas portugueses e até alguns estrangeiros. O último data de 2008 dedicado a Tiotónio (1936-85) talvez porque o último Salão Lisboa foi em 2005, sendo esta a perdedora do campeonato da BD municipal. Sem rival, a pilinha da BD Amadora esmoreceu tanto que não edita o catálogo do seu grande certame desde 2015. Em formato de BD (e voltando às editoras comerciais) foram publicadas uma sobre o Hergé e duas sobre o Edgar Jacobs (1904-87), essencialmente obras certinhas ao cânone instituído do biografado. 

Resumindo, das duas uma, ou o Relvas e o Alan Moore não são bons o suficiente para uma empresa comercial investir num livro sobre eles sem o apoio do Estado ou então as editoras comerciais de BD sempre nos enganaram com a sua dedicação e honestidade pela "causa" da BD. Inclino-me prá segunda hipótese a julgar pelas bostinhas que foram recentemente editadas em Portugal. 

Uma delas é Variantes : Uma Homenagem à BD Portuguesa (A Seita + Turbina), um álbum de novo-rico com boa guita para gastar. Lembra as iniciativas de um dos Trio Odemira que fez nos anos 90 ao publicar toscamente quatro volumes luxuosos, dois dedicados à "História da BD publicada em Portugal" e outros dois à revista O Mosquito. Ao menos os do Trio foram com a pasta dos direitos de autor da SPA do músico. O gesto simpático e trapalhão de Carlos Costa replica-se 25 anos depois com o do Júlio Moreira, co-responsável por este Variantes mas desta vez com apoios comunitários.

Seria acima de qualquer suspeita a qualidade da capacidade e do bom-gosto de Júlio, afinal, foi um dos responsáveis do importante e saudoso Salão de BD do Porto (que trouxe Joe Sacco, Julie Doucet, Chester Brown ou Marjani Satrapi antes de estarem na moda - e onde lançamos o nosso Mutate & Survive com uma divertida exposição) e da importante revista Quadrado. Talvez por não estar no activo há muitos anos, tenha deixado Júlio mole e sem capacidade de resposta aos seus novos comparsas de projectos cooperativos. Um deles, José Hartvig de Freitas, sem saber ainda hoje que foi enganado na sua vida de editor, escreve ao apresentar A Pior Banda do Mundo de José Carlos Fernandes: (...) tinha-me obrigado a ler uma vintena de páginas da Pior Banda, contra os meus protestos vivos e sonantes ("BD portuguesa, mas estás maluco? Isso são cenas pseudo-intelectuais que não interessam a ninguém!") (...). Ironia máxima, o autor mais "pseudo-intelectual" (no verdadeiro sentido da palavra!) português alguma vez cá nascido foi aquele que atingiu o coração de Freitas ao ponto de editar dezenas de livros dele. Talvez por não ser "pseudo-intelectual" (o discurso lembra qualquer personagem da Disney ou Astérix), Freitas não entendeu o paradoxo que  ele próprio montou.

Variantes parte do princípio de pegar numa página "clássica" e passar para um autor contemporâneo que a irá homenagear com o seu estilo gráfico - e em teoria, com uma possível corrupção narrativa. Há vários problemas com a edição, desde o design fatela (trabalhar com o JRF deve ser traumático, é certo, mas pelo menos rende, afinal a Quadrado sempre esteve a mil passos à frente até de revistas que não fossem de BD!!!) até aos artigos de contexto, que variam entre o bom (Isabel Carvalho) e o muito mau (Margarida Mesquita e o "bedófilo" Miguel Coelho) ficando pelo meio vários tons dos cinzentos do costume. Pelos vistos os nomes de Domingos Isabelinho, Pedro Moura e Sara Figueiredo Costa devem sofrer de "pseudo-intelectualismo" para não estarem presentes. 

A escolha em homenagear os primórdios da BD portuguesa começando pelo paizinho Bordalo Pinheiro e ir até ao "Tu és Mulher na minha vida (...)" do Pedro Brito e João Fazenda ou mostra oportunismo comercial porque A Seita reeditou este livro no ano passado ou que há medo de entrar no século XXI. É que assim ficou de fora um trabalho tão bom ou mesmo superior como a "Mulher", falo do Mr. Burroughs (outra vez o junkie!) de David Soares e Pedro Nora - e que teve uma imediata publicação pela "pseudo-intelectual" editora belga Fréon, mais tarde Frémok, facto inédito em Portugal, uma BD ainda por cima de uma editora pequena ter uma obra sua editada no estrangeiro. A escolha das pranchas / autores homenageados mostra uma falta de igualdade de géneros - os exemplos mencionados na Bedeteca Anónima são graves. Mas poderíamos considerar isto como uma situação perfeitamente cagativa, o Júlio & cia não são gajas, não leram propaganda da Mocidade Feminina - só leram a dos rapazes! - nem têm nada de curtir poesia "pseudo-intelectual" da Maria João Worm. Para além disso já passaram a barreira dos 50 anos e estão com a tensão "cringe" em alta. Tal como os livros d'O Mosquito, seguiram o coração nostálgico e sentimental e ninguém tem haver com isso. O problema é que este livro só prova que um trabalho bem feito deste género tem de ser feito, pelos vistos, pelas instituições públicas, é que não basta receber milhares da União Europeia, pois o resultado é este: uma História distorcida, uma selecção nostálgica, uma encomenda mal enjorcada que não se percebe a razão das escolhas dos autores e que, por sua vez, sofrem de disfunções na sua arte - induzida pelos editores que não curtem "pseudo-intelectuais"!? 

A escolha dos autores que homenageiam é errática, entre alguns que ninguém conhece no meio - o que é um risco com piada e vê-se pela revelação que são a Daniela Duarte e a Madalena Abreu que valeu a pena correr esse risco - passando por nulidades como a Marta Teives, que consegue transformar o neo-realista Borda d'Água de Miguel Rocha num agro-beto (duvido que tenha sido de propósito, isso mostraria um humor bem sacana) indo até um autor do "star-system". Aqueles que poderiam pegar nisto à séria acovardam-se: José Smith Vargas dá-se bem com o Carlos Botelho (bem escolhido e bem actualizado à Lisboa gentrificada) mas é redundante com José Ruy, o que André Pereira faz bem em Kolanville de J.L. Duarte com o seu grafismo gaijin mangá, n'O Macaco Tó Zé de Janus é apenas um absurdo de mimetismo. O mesmo para a Sofia Neto que moderniza Eduardo Teixeira Coelho mas vulgariza de forma totalmente plana a "erótico-psicadélica" Isabel Lobinho. O resto é quase tudo mau ou super-chato, com excepções para a prancha a "Mulher da minha vida" de Jorge Coelho e as do Marco Mendes. 

Alguns autores com quem eu falei comentaram esse à vontade de Mendes: "pá! mas esse é gajo da casa", isto é, os seus livros são editados pela Turbina e tem uma boa relação com o Júlio por isso pode brincar à vontade. Pseudo-intelectual ou apenas pseudo-tudo? 

Olha, que haja dinheirinho para distribuir aos autores de BD de vez em quando...


PS - para as pessoas que me perguntaram porque o Loverboy não está presente no volume, devo esclarecer que não houve nada de "evil shit" da parte da SHeITa e Turbina. Assim que soube que isto ia acontecer pedi ao Júlio para não incluir de nenhuma forma o meu trabalho antevendo uma desgraça, ou pelas escolhas incluídas (Jim del Monaco) ou pelas excluídas - é ofensivo não estar lá a Worm! Júlio, o que pensaria o nosso JPC desta ausência? Aliás, o que pensaria ele disto tudo?

sexta-feira, 18 de novembro de 2022

Coil Necro Felatio Platinum


Mêne, sou parvo, pá! Na outra noite gozei com o Rochinha (o puto de UNITEDSTATESOF e sócio dos nossos queridos parceiros Rotten\\Fresh) e admito que fiquei com remorsos de "kota" porque lembrei-me que ainda não tinha escrito nada sobre a sua segunda k7, Selections 2, lançada este ano. No entanto, desde que saiu tenho ouvido este álbum constantemente, ora em casa ou no carro (pela k7) ou no trabalho via bandcamp - é que os bacanos da Rotten não metem limites sem aparecer aquele anúncio de "vamos lá abrir a carteirinha que já ouviste demasiado". Fogo, o gajo merece um coche de "hype" com carne!

Ao contrário do outro álbum, USOF vai aos dois lados da k7, preenche tudo, ou seja, há aqui autoconfiança para mostrar o trabalho sem truques editoriais, isto é, sem ajudas de "remixes" de alguém mais famoso que o "misturado" como aconteceu na primeira. Esta selecção é mais robusta esteticamente, deixa para trás os vapores da moda para se concentrar em ecos e glitches harmoniosos, num esoterismo digital que tanto dá para fazer yoga primaveril (complicadíssimo com as hormonas a latejar) ou a conduzir o carro nas manhãs chuvosas de Outono (complicadíssimo porque os outros condutores são o Inferno), enfim, é "ambient" para melancólicos mas ainda assim curtem uma boa talhada de melancia. Um belo disco sem dúvida, ide ouvi-lo sem pudor!!

quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Será a caneta mais poderosa do que a espada?



A edição portuguesa do Monde Diplomatique tem publicado, sob a nossa coordenação, as respostas a este desafio em Banda Desenhada por uma série de artistas. Este mês é a vez da Ângela Cardinhos, que não curte nem bios nem pubs, iá!, por isso ficámos por aqui...

sábado, 29 de outubro de 2022

Sudarium​-​Wearing Thugs & Krakens (The Inner​-​Ear Tales - One) ESGOTADO


 
Eles estão aqui! 
Fantasmas de metal, bruxas, krakens... numa massiva colagem sonora de Blunt Instrument, aka, André Lemos
Conhecido pelos seus desenhos de outros mundos, Lemos é também editor da Opuntia Books e esta é a sua primeira edição no mundo do som. 
Um álbum fora-do-tempo-para-o-futuro, reminiscente da abordagem da pilhagem sonora dos anos oitenta e além, agora lançado numa joint venture Black Hole Time Warp + Chili Com Carne.

Edição lançada no dia 8 de Abril de 2022, o álbum Sudarium​-​Wearing Thugs & Krakens (The Inner​-​Ear Tales - One) existe edição limitada de 66 k7s e ilimitada no mundo do digital.

ESGOTADO




They're here! Metal ghosts, witches, krakens... in a massive sound collage work by Blunt Instrument, aka André Lemos. 
 Known for his other worlds drawings, Lemos is also the publisher of Opuntia Books and this is his first release into the realms of sound. An out-of-time-into-the-future album, reminiscent of the plunderphonics approach of the eighties and beyond, now released in a Black Hole Time Warp + Chili Com Carne joint venture. 

Sudarium​-​Wearing Thugs & Krakens (The Inner​-​Ear Tales - One) is a limited edition of 66 cassettes and an unlimited digital released in April 8, 2022 

André Lemos: computer, field/ home/ street recording, voice, home appliances, miscellaneous editing, mixing... All tracks cut, scavenged, assembled & mixed by André Lemos (Jul. 2020/ Jan. 2022). Original drums on Tara Huma Raz played by Silvestre Lemos. Words on Botanik Ferox and Djinn Enforcer by Nigel McMagan. Drooling Drill first released in Saliva Sonographic Zine #1 (Jul. 2020). Botanik Ferox first released in Saliva Sonographic Zine #2 (Dec. 2021).


FEEDBACK

 There are various Blunt Instruments, but this particular one is André Lemos (...) Over a period of one-and-a-half years, he worked on the fourteen tracks on his debut cassette and throughout, there is a powerful love for plunderphonics to be noted. Blunt Instrument lifts his sounds left and right, everything from drums, guitars and vocals. The result is a wild mix of sounds, songs, ideas and sketches. Some of these are firmly rooted in Tape-Beatles, Negativland or People Like Us, but Blunt Instrument also takes his inspiration from both industrial music and hip hop. As far as I can judge, Blunt Instrument isn't interested in conveying a political or sociological message. If anything, then the message could very well be that stealing sounds left and right for the benefit of making new music is a great thing. At times I was reminded of DJ T-1-11, a long-forgotten plunderphonic (...) but less dance-oriented. Blunt Instrument, implied by the name, is more about heavy guitar and industrial rhythm. Of course, a few snippets sound familiar, but I just don't seem to remember their title. Thanks, Blunt Instrument, for sticking that in my head! Lovely tape!

This is oddball coming from Portugal, by the hands of illustrator André Lemos. Surrealistic saturated collage of rhythms, vocal samples and random odd sounds that form a wide and sometimes playfull pallette through which Lemos crafts a sonic version of his uncanny illustrations. While listening to this I cannot refrain from thinking about Nurse With Wound as well as some French old school projects such as Brume or Negativland. More akin to musique concréte than to "noise", expect moments of highly unsettling intensity and frantic complexity.

sábado, 22 de outubro de 2022

Mesinha de Cabeceira faz 30 anos


A crise da meia-idade obriga a escrever um texto sobre as três décadas do MdC aqui.

sábado, 15 de outubro de 2022

ccc@Museu.Bordalo.Pinheiro

 


Tal como no ano passado voltamos a um Mercado de BD e Ilustração do Museu Bordalo Pinheiro, sendo que no Sábado vai ser a doer porque:

às 16h, temos Hetamoé, Marcos Farrajota e Pedro Moura vão lançar em território português o número 65 da revista Kuti dedicada à BD portuguesa contemporânea. 

Revista de referência internacional foi lançada em Helsínquia o mês passado e conta com as participações dos seguintes artistas: André Ruivo, Ana Maçã, Daniel Lima, Ema Gaspar, Amanda Baeza, Hetamoé, R. Paião Oliveira, Sara Boiça, Pedro Burgos, Ana Biscaia, Alexandra Saldanha, Tiago Manuel, Rudolfo, Cátia SerrãoRodolfo Mariano e Rui Moura.

A revista para quem ainda não sabe é gratuíta, por isso, convidamos a irem buscar o vosso exemplar antes que esgote.



às 17h, temos Domingos Isabelinho e Pedro Moura a apresentarem, ou melhor, a conversarem sobre os seus livros, respectivamente o The Reading GazeVisualising Small Traumas.

Será uma guerra de titãs!

quinta-feira, 13 de outubro de 2022

ccc@doclisboa.2022

Acaba este fim-de-semana o DOCLISBOA em que mais uma vez estão disponíveis uma selecção de edições nossas nos seus pontos de venda. Nesta edição há é isto no dia 16 de Outubro:

 


CINEKOMIX!!!

Ao longo de três décadas, Edgar Pêra entrevistou alguns dos mais importantes autores mundiais de banda desenhada. A partir desse material, o cineasta criou uma série de 13 episódios, cada um deles dedicado a um artista, que estrearão no canal de televisão independente português Canal 180.


O Doclisboa apresenta três desses encontros numa sessão que cruza a forma como o cinema e a banda desenhada trabalham a relação entre imagens em sequência. Três encontros com artistas muito diferentes entre si, mas que têm em comum a forma como marcaram a maneira de fazer e ler banda desenhada. Neil Gaiman combina terror, fantasia e comentários políticos sobre o mundo. José Carlos Fernandes é um dos mais originais autores portugueses, criador da série A Pior Banda do Mundo. Tommi Musturi é um artista camaleónico, utilizando os mais diferentes estilos de ilustração sem nunca perder a sua identidade autoral.


Cinekomix!!! Neil Gaiman

Edgar Pêra • 2022 • Portugal • 21’

Estreia Mundial


Cinekomix!!! José Carlos Fernandes

Edgar Pêra • 2022 • Portugal • 20’

Estreia Mundial


Cinekomix!!! Tommi Musturi

Edgar Pêra • 2022 • Portugal • 19’

terça-feira, 4 de outubro de 2022

ccc@FLIFA


 Tão bom como isso... 

O ANDAR DE CIMA - The Upper Room / últimos 9 exemplares


Uma co-edição da Chili Com Carne com a Faculdade de Ciências e Tecnologia e a escola Ar.Co.
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Uma Banda Desenhada de Francisco Sousa Lobo baseada na palestra A Modulação da Tomada de Decisão: Pode o cérebro ser influenciado? ocorrida em Maio de 2014 e com as participações de Miguel Esteves Cardoso, José Manuel Pereira de Almeida, Alexandre Castro Caldas e Nuno Artur Silva.
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20p. 21x27cm impressas a castanho, capa a duas cores.
ISBN: 978-989-8363-28-2
edição em português com legendas em inglês
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new comix by Francisco Sousa Lobo (from The Dying Draughtman fame) inspired in a congress about neurology, in Portuguese with English subtitles. It's about the brain and about a conference on decision that took place at Universidade Nova in Lisbon. It's not institutionaley didactic comics, it's straightforward fiction.
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à venda aqui e na Mundo Fantasma, BdMania, Fábrica Features, Linha de Sombra, Utopia, Matéria Prima, Tinta nos Nervos

buy here or at Quimby's (Chicago), Modern Graphics (Berlin) and Floating World (Portland)







Feedback : 

O autor experimenta diversas soluções para as suas pranchas e revela maestria nas transições entre as vinhetas, sendo extremamente proficiente na enorme quantidade de informação que, também como música de fundo, transmite ao leitor nas poucas páginas que constituem a obra. Aliás, esta aparente (...) simplicidade é um dos grandes trunfos desta banda desenhada, perante o complexo tema que aborda. Mais uma vez, Francisco Sousa Lobo brinda-nos com uma BD que figurará certamente entre as mais conceituadas listas do que melhor se produziu este ano em banda desenhada no nosso país. 
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Un racconto a fumetti insolito da un autore portoghese, creato in occasione di un convegno di neurologia. Il segno scarno e il montaggio ipnotico di Francisco Sousa Lobo riescono a conferire inquietante esattezza a una storia che parla di cervello, paranoia, solitudine e Fado. 
Andrea Bruno na sua escolha de últimas cinco melhores leituras de BD para o Fumettologia 
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N’O Andar de Cima, claro, o protagonista tem que ser velho o suficiente para ter sido apanhado pelos fachos, mas Lobo nasceu em 73. Pode não ser ele. Mas é ele, ainda que tangencialmente. De lembrar que, por exemplo, a história de Zona de Desconforto é autobiográfica a nu, espécie de Art School Confidential com menos tiques e a ir mais fundo: dois dedos de conversa sobre o doutoramento na Goldsmiths e um historial de depressão com um surto psicótico. Não é por acaso que isto nos põe desconfortáveis — ver um gajo desbobinar-se numa bd não é pêra doce —, e somos quase forçados a concluir que aí sim, foda-se, o gajo viveu para contá-la, isto é que é bd. Tanto ele como nós sabemos que não é bem assim, daí as tangentes e as reviravoltas, porque narrar-se é mais do que uma estratégia argumentativa em banda desenhada; é uma estratégia identitária também. 
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Resenha sobre O andar de cima e outros trabalhos de FSL no Ler BD de Pedro Moura 
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nomeado como Melhor Argumento e Melhor Publicação Nacional pelos Prémios Central Comics 2015 
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 un cómic en bitono en el que Sousa Lobo presenta a un hombre que escribe un monólogo que se desarrolla durante todo el cuaderno, en el que profundiza en los temas recurrentes del autor: la identidad, el proceso del pensamiento, y los recovecos de la mente. Es un discurso conexo pero complejo, en el que mezcla a Shakespeare con la neurociencia y que también toca cuestiones interesantes, como la imaginación y su contacto con la alucinación. Se trata de un monólogo de loco —o por lo menos de obsesivo / compulsivo— de raíz muy literaria, pero que Sousa Lobo desarrolla con recursos puramente gráficos, gracias a un dibujo sencillo y al uso de símbolos recurrentes.

sexta-feira, 30 de setembro de 2022

ccc@raia.7

 


cartaz da Matilde Feitor, a chavala da Bancar0ta - e a verdadeira fundadora da Feira Laica (2004-12)

quinta-feira, 29 de setembro de 2022

ccc@comicfestival-hamburg.2022

 


One more time you can find some selected Chili Com Carne books at Magma Bruta's table,
this time at the Comicfestival Hamburg. 30 Sep. - 02 Oct. at Kölibri

Also important:
Ana Margarida Matos will have an exhibition and a reading at the festival!!
The exhibition is at Nachladen will be open from 12h-18h, during the three days of the festival.
The reading from the book Hoje Não published by Chili Com Carne in 2021, here with the name
Yesterday will take place at Fotofabrique on the 1st of October at 15h

If you are around you should definitely come say Olá!!

sexta-feira, 23 de setembro de 2022

ccc@queer.market.22


Como tem sido hábito desde 2018 eis que uma selecção de títulos nossos estará presente no Queer Market do festival Queer Lisboa, acaba este fim-de-semana!!