sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

Gatilho


A Música Portuguesa é bela, gosta de si própria. 

E percebe-se quando entrou nos meados dos anos 90 os Blind Zero, uma banda portuense que sempre que pensamos nela temos de ir à discografia dos Holocausto Canibal sacar um título para a descrever

Foi uma banda que marcou uma Era, a do Profissionalismo, Cosmopolitismo e Capitalismo em estado de graça. Nunca outro projecto de Rock alternativo acedeu a tanto orçamento e champagne para vencer nesses velhacos caminhos da carreira musical. Até cantaram em inglês para ganhar os mercados estrangeiros. 

Malgré tout nada conseguiram, a dada altura mendigavam (oh vergonha alheia!)  por uma pequena editora independente madrilena! 

Uma turma de invisuais num workshop de música não podiam ver a beleza dos longos fios de cabelo do vocalista mas reconheceram a sua lírica talentosa. Perguntaram: "Mas como é que ele nunca recebeu um Prémio da SPA pela sua poesia?" Sim, se o Dylan recebeu o Nobel, o que é Guedes abaixo dele?

Antes que respondam a esta provocação, a turma afincou-se a criar o seu clube de fãs - os Braille Zero - e atiram-se a traduzir as líricas para português, num desespero para que a população portuguesa possa apreciar mais - melhor, diríamos nós! - o que merece ser canonizado. 

Justamente 25 anos depois do termo "Grunge", em Portugal, ter sido mal traduzido para "azeite" (e não "gordura") eis o Gatilho que a Chili Com Carne e Rotten // Trash disparam para começar a sua série de edições de Musica portuguesa a melhorar-se dela própria.

Gravado entre 2017 e 2019 nas Terras de Bouro. Mini-CD limitado a 30 cópias. ESGOTADO na Chili Com Carne. Disponível em digital e físico na Rotten // Trash.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

ccc@perímetro


 As edições da Chili Com Carne e MMMNNNRRRG (2000-2020) vão estar presentes na Senhora Presidenta para este evento de edição independente e música avançada.
Podemos avançar que na poderão encontrar alguns livros nossos esgotados por lá!!

terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Isola-te com Gekiga!


 Claro que sim, a melhor leitura para o confinamento são Tsuges e Tatsumis mas quem quiser um IDM cheio de glúten para banda sonora que vá ao bandcamp do Gekiga Warlord!! Sobretudo por causa do recente lançado "disco" (EP?) The Day They Stop Smiling is the Day We Remember Their Smile - título mesmo na esteira deste aqui.

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Ward Zwart (1985-2020)

 


É um sentimento horrível abrir uma página de jornalismo sobre BD e vermos que é dada a notícia do falecimento de um artista tão novo e conhecido nosso. O flamengo Ward Zwart faleceu justamente há um mês. Apesar de só ter participado no nosso glorioso MASSIVE, sempre nos convidou para estarmos no festival Grafixx e foi-nos atencioso. Um vazio doloroso que nos deixa...

domingo, 15 de novembro de 2020

Isola-te com Brie!


Bríi
: Entre Tudo que é Visto e Oculto (Lovers & Lollypops; 2020) 

Por mim o Metal do Futuro deveria ter começado lá em 1996 com aquele genial tekno-samba-metal-remix de Chaos B.C. dos Sepultura, ooooh heresia! Não aconteceu, temos pena, por isso neste frustrante presente contento-me com as migalhas que vão aparecendo aqui e acolá, como este projecto brasileiro. Apesar de ter títulos - do disco e respectivas faixas – dignos de Paulo Coelho (credo!), a sua música dá-me Fé na Metal-Humanidade. Com quatro faixas entre os 15 e os 21m temos progressões de estilos de músicas que vão cair sempre numa destruição Black Metal, o que assim de repente soa apenas a ordinário e barato. É realmente dissonante ouvir BM a bombar com sons tribais ou de “Kosmische Musik” ao mesmo tempo, no entanto percebe-se que Bríi fez muito bem o seu “trabalho de casa” e deu calor à sua música, de tal forma que ela opõe-se à ideia da vulgaridade de juntar dois estilos musicais antagónicos só porque alguém fumou uma ganza e teve uma “ideia estúpida” (Zeal and Ardor, por exemplo). Oiçam a faixa A Hora da Morte que começa com um ambiente à Harmonia (a super-banda Krautrock) para se atirar ao BM selvagem e de lá para Trance digno do Boom Fest, estando registados até “glitches” do computador a borrar-se todo, talvez para nos lembrar que errare machinale est. Pura delícia secular, sabendo perfeitamente que o futuro nunca é como queremos.

terça-feira, 10 de novembro de 2020

Na pista da imprensa musical

 


O chavão mantêm-se sempre, vivemos em tempos bizarros. Nem é por causa de 2020-ano-do-covid. Antes da pandemia já não se percebia nada sobre imprensa musical em Portugal. A única publicação de quiosque desde há dois anos, creio, para cá é a Loud! ("Lodo" para os amigos) dedicada aos "sons pesados". Na Internet é um vazio existencial. Claro que há blogues e sítios mas o sentido crítico deles é digno de um peixe cheio de plástico nos intestinos. Acompanhar os suplementos culturais dos jornais é um erro, pior que ser apanhado no algoritmo do Youtube. É estranho que a 'net não tenha proporcionado nenhuma publicação que fizesse diferença no panorama musical - o mesmo se pode aliás dizer do cinema, teatro, poesia, literatura,... Ao contrário do que há em França, eis-nos reduzido a redes sociais com fotos catitas dos discos que sairam, colocações de "likes", corações ou emojis, discussões de fórum entediantes de uma crise total de ideias ou perspectivas. Depois aparecem casos estranhos, por exemplo uma série de zines anacrónicos de Metal perfeitamente inúteis e reveladores da crise da meia-idade ou pior um aborto como a JAMM. E agora esta Pista!

À primeira vista vista parece "muito design e pouco conteúdo" mas logo com a entrevista aos Desterronics e o artigo dedicado ao Rudolfo - merecedor de estar publicado no seu catálogo, já agora - mostra que estamos perante de algo sério. Reduzindo o ruído omnipresente da Música em todas as coordenadas espaciais ou temporais à ideia do "Clubbing", não se deixa agachar à música de dança como se esta tivesse o seu exclusivo. Assim, o conceito abre-se a mais propostas e ideias contemporâneas sem mofo quando se juntam mais nomes como a Odete ou o Mário Valente (do Lounge) para mostrarem a diversidade de opiniões, sons e programações possíveis em Clubes, e sem cair no espírito de gado do Lux - como a brasileira Cigarra o denunciou numa revista francesa.

Já saiu um número zero, este é o "primeiro" número da revista (fanzine?) datado de Agosto deste ano. O preço proibitivo de 15 paus parece que se deve a alguma inexperiência editorial, esperemos que venha a ser mais acessível de futuro, até porque tem o apoio da CM de Lisboa. Agora, porque raios é que o logo da CML aparece três vezes na revista - nos dois volumes e na cinta que os acopla - é um mistério gráfico que prefiro não saber a sua razão.

domingo, 8 de novembro de 2020

Será a caneta mais poderosa do que a espada?

 


A edição portuguesa do Monde Diplomatique tem publicado, sob a nossa coordenação, as respostas em Banda Desenhada por uma série de artistas. Este mês é a vez de André Lemos cuja sua nova exposição individual está patente até ao final do mês na Tinta nos Nervos!!

sábado, 7 de novembro de 2020

Isola-te com Carisma

 


Sim, a Chili Com Carne apoia o LP 100% Carisma dos Vaiapraia editado pela novíssima Tons to Tell!! É um vinil "deluxe punk" com bela capa e boa produção, uma edição luminosa para estes dias negros e infelizes que vivemos. Quem tiver dinheiro para pagar a electricidade mais cara da Europa ou viver nas quentíssimas casas lisboetas (cóf cóf), é fazer o que o Governo nos pede para salvar a celebração do porco nazareno, ou seja, toca de ficar em casa, de pelota a dançar como se estes fossem os últimos dias!! Aos heteronormativos desconfiados deste bem ritmado e esperto Queercore, pá... não se preocupem, os vocais do Rodrigo são tão difíceis de perceber que se calhar ele até 'tá a falar de relações tipo gajo e gaja, topam? Vá, nada de dramas! Granda som, vão lá comprar o disco, não sejam toscos!

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Continua a publicar...

 


Foi uma semana de galhofa graças à virtual mas pouco virtuosa "Feira Gráfica". O que suspeitava, confirmou-se, a vida está noutros sítios, até nos mais insuspeitos. Ou como ontem, por exemplo, ao ser lançado o Skate Snake Zine #1 que cagou bem de alto para as donzelas ofendidas de um meio que se tornou sebento, vendido e burro. Invés de se apresentar no dito evento, este novo zine A5 dedicado ao skate invadiu um espaço da EMEL abandonado para lançar-se com um cobertor no chão e uma caixa cheia de exemplares. Juntou uma grupeta para umas bujas, conversa animada e "skatar". Duvido que o editor e colaboradores sequer pensaram na "Feira" e esta relação neste texto pode parecer despropositada. Não é. Tudo o que a "Feira" tentou defender do mundo editorial independente falhou pela sua estrutura paternalista e vertical. Num "não-lugar" o SSZ concretizou um ideal de independência, liberdade e criatividade em poucas horas, assim na descontra à tarde daquele dia da semana em que nada acontece na "grande capital". Inspirado noutras publicações estrangeiras como a Skateism move-se para discussões fora da machismo associado a este desporto justamente para reflectir noutras práticas, estéticas, corpos e o confronto do espaço público - para isso até gamou uma BD que saiu no jornal A Batalha
Nunca "skatei" - nessa tarde ia dando um trambolhão que me ia por de cama de certeza, o que fez terminar para todo o sempre qualquer tentativa de voltar a meter os pézinhos numa prancha com rodas - mas olhando e lendo o SSZ há aqui "food for brain" inesperado para leigos como eu. Num ano de lodo existencial ver este projecto e outros que aparecerão sem ajudas institucionais, preguiçosas e gananciosas, dá-me muita esperança no futuro da edição "indie", o ano ainda não acabou! 
Obrigado, "cobrinha"!

domingo, 11 de outubro de 2020

I say buzz buzz buzz


Os Role-playing Games (RPG) são jogos para nerds? Acho que sim mas o que mais interessa neste fenómeno que começou nos anos 70 com o famoso Dungeon & Dragons (creio que isto bateu em Portugal nos finais dos anos 80) é o facto de poder ser subvertido e transformado, tipo open source. Num RPG não só se pode improvisar bastante ao jogar mas também se pode criar novos jogos ou complementos a jogos já existentes. 

The Insectiary (Games Omnivorous; 2020) é um livrinho A6 amarelo tusa impresso a vermelho pintarolas e é um directório de insectos improváveis e muita-fodidos que pode afectar quem estiver a jogar. De autoria de André Nóvoa com ilustrações de Pipo Kimkiduk - este é o segundo livro, o primeiro foi pela defunta MMMNNNRRRG - devo dizer que "não tenho nada a declarar" em relação aos textos sobre os bichos. São divertidos, sim, mas sei lá se é uma cena que funciona quando tiver a matar um ogre? Já sobre os desenhos, mando daqui uns elogios pela sua podridão total, tipo Mike Diana, Roy Tompkins, Glen Head and all that jazz dos alternativos norte-americanos dos anos 90 - ou até o italiano Claudio Parentela. Duvido que alguma vez irei usar o livro para o seu destino original - para complementar jogos marados - mas ei-de ver um dia destes outra vez as moscas mutantes e vespas viscosas só porque é o que se faz com um graphzine. E é isso, a abertura dos RPG pode dar para fazer um objecto editorial independente da sua habitual subcultura ou até um disco como aconteceu este ano com o excelente Death Jungle Robot, um LP-tabuleiro-ambiente de trópico-rock editado por esta mesma editora. Muito curioso, tudo isto, ainda me apanham um dia vestido de mestre de cerimónias e a criar modelitos de castelos com bruxedos!

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

ccc@feira.da.festa


Uma selecção de livros nossos e da defunta MMMNNNRRRG estarão neste evento de edição independente (dentro da Festa da Ilustração em Setúbal) pela mão e cabeça e tronco e o resto do corpo do associado Gonçalo Duarte

Agradecimento especial ao R.S. que passa a vida a convidar-nos para eventos e que lhe estamos sempre a dar-he a boca!

domingo, 27 de setembro de 2020

A Sagrada Família / ESGOTADO

A Sagrada Família
de 
Rafael Dionísio

Terceiro volume da Colecção CCC; 192 págs 21x14,5 cm, edição brochada; ISBN: 972-98177-4-X; edição apoiada pela Junta de Freguesia de Cascais e o Instituto Português de Juventude

ESGOTADO, talvez ainda apanhem exemplares na FNAC, Bertrand, ZDB e Matéria Prima.


O livro: 2002 é o ano em que Espanha fez a festa de anos de Antoni Gaúdi, arquitecto barcelonês que entre outras gracinhas fez a sua Sagrada Família. Cada um faz a Sagrada Família que quer.

Rafael Dionísio fez a sua. Arquitectou-a em livro. A Sagrada Família é um livro escrito numa prosa labiríntica, obcecada e por vezes orgulhosamente alucinada. Mas sem fio de Ariadne.

É um livro complexo mas acessível a vários terrestres. É um livro em que várias personagens familiares e outras menos familiares chapinham num caldo de ácido sulfúrico. Com humor corrosivo, faz-se uma obra heterodoxa.

O gozo de escrever um texto que dança sobre si próprio, em rodopios e cambalhotas, e outras acrobacias literárias. Tecendo referências explícitas e implícitas a vários assuntos culturais, desde a história, a literatura até à cibercultura. Desorbitando em torno de algumas personagens que interagem, autistas, umas em relação às outras.

É provável que o leitor sinta alguma perplexidade mas também algum gozo, se não se sentir ofendido na sua idiossincrasia de cidadão votante. Um livro politicamente insurrecto, disparando em todas as direcções inclusive nos próprios pés.

Excerto:
- sabes quem morreu? - pergunta a mamã com aquele ar oficialmente espantado. foi a tua tia nhónhó. que horror.
- e o que é que eu tenho a ver com isso?
- que insensível.
- isso de ela morrer é lá com ela.
- assim não te casas, com esse feitio. assim ninguém te quer. assim ninguém vai querer fazer família contigo. a tia nhónhó gostava muito de ti, como é possível seres assim tão insensível?
(para quem não sabe a tia nhónhó era um monte de fezes amontoadas com uns olhinhos castanhos e que de vez em quando, na sua voz de merda, dizia, quando é que te casas meu querido sobrinho? quando é que arranjas uma noiva? diz lá minha jóia. meu tesoiro. os meus sobrinhos são a minha riqueza. quando é que casas?)

Historial: lançamento a 3 de Outubro 2002, na FNAC Chiado com apresentação do livro por Dinis Guarda e exibição de video-art de António Pedro Nobre e Nuno Pereira ... seguido de festa no bar Agito [Rua da Rosa 261, Bairro Alto] com DJ Lazer Squid e Feira de Fanzines ...


Feedback:

Um desafio literário a seguir com atenção
Número Magazine

fica-se, de facto, um pouco baralhado com a escrita circular
Mondo Bizarre

as aparentes “facilidades” e “concessões” mais não são que outras faces de um salutar sarcasmo, a aliviar-nos de crises de fígado que esta sociedade (de yuppies amancebados com velhas nobrezas sem eira) suscita no corpo de noveis gerações que se rebelam contra os poderes.
Nuno Rebocho in O Arquivo de Renato Suttana

revela sobretudo uma dimensão satírica rara e interessante, por vezes de uma inteligência precisa, livro a ler, um autor a seguir - pelo que de novo pode trazer.
Pedro Sena-Lino in Canal de Livros

sábado, 26 de setembro de 2020

ccc@queer.lisboa.2020


Como tem sido hábito desde 2018 eis que uma selecção de títulos nossos estará presente no Queer Market do festival Queer Lisboa.

E deve ser o único sítio em Portugal onde podem apanhar o divertido livro de BD de Sim Mau, The Plumber.

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

ccc@tan.tan.tann


Uma selecção de edições nossas estão disponíveis no TAN TAN TANN

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

ccc@motelx.2020


Uma selecção aterradora das nossas edições vão estar no Mercado do MoteLx durante todo o evento. Se depois de ficar com os nervos em franja ainda quiser ler algo nosso... tudo bem! Não nos responsabilizamos pelos danos!

domingo, 13 de setembro de 2020

ccc@feiras.do.livro.2020

Num ano anormal estaremos também numa situação anormal na Feira do Livro de Lisboa, sem os nossos habituais parceiros... Mas estamos bem acompanhados pela malta da Blau no stand D22.
Fixem isto porque na Feira vai ser preciso usar máscara o tempo todo e não há tempo a perder com o lixo editorial transacto. Outra vez:
D22

Mais coisas importantes:

Não vai haver sessões de autógrafos e apresentações.

Os preços serão todos em múltiplos de 5, ou seja, a 5, 10, 15, 20 Euros para facilitar os trocos.

Os livros do dia serão sempre títulos da defunta MMMNNNRRRG.

Haverá um caixote de 50% cheio de raridades e curiosidades.

A novidade editorial será o CENSURA JÁ!! do norte-americano IAN F. SVENONIUS (Nation of Ulysses, The Make-Up) para quem ressaca Rock com R, ehm, grande!




E na Feira do Livro do Porto, idem idem aspas aspas, este ano as nossas edições ficam representadas na fabulosa e madura Matéria Prima - como aconteceu várias vezes noutras edições. 
É assim!

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Sessão de autógrafos com RUDOLFO (Diogo Jesus)



Lançamento do livro APESAR DE NÃO ESTAR, ESTOU MUITO / DJ NOBITA EARLY YEARS 2002

11.09.2020, 18h30 na Capela Carlos Alberto – Jardins do Palácio de Cristal, Porto
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O livro/catálogo APESAR DE NÃO ESTAR, ESTOU MUITO / DJ NOBITA EARLY YEARS 2002 foi publicado no âmbito da exposição homónima apresentada na Galeria Municipal do Porto, entre 2 de Junho e 16 de Agosto de 2020.

Uma edição
GALERIA MUNICIPAL DO PORTO

Copublicado com
CHILI COM CARNE

sábado, 5 de setembro de 2020

Será a caneta mais poderosa do que a espada?


A edição portuguesa do Monde Diplomatique tem publicado, sob a nossa coordenação, as respostas em Banda Desenhada por uma série de artistas. Este mês é a vez de Rodolfo Mariano, cujo seu livro de estreia aproxima-se para lançamento em Outubro! Beware!

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

graphzine PUNK COMIX cd / ESGOTADO

Quem adivinhou que este desenho era da "desaparecida" Júcifer?

Se a Música sempre foi registrada em objectos circulares, das primeiras máquinas mecânicas às rodas das k7s. A Reciclagem artística e a ecológica seguem o mesmo princípio geométrico.

300 rodelas áudio, 13 artistas gráficos, impressão luxuosa risográfica

Esta edição é no fim de contas um CD que acompanhou um lote de exemplares do livro-duplo Corta-E-Cola / Punk Comix (Chili Com Carne + Thisco; 2017) de Afonso Cortez e Marcos Farrajota, sobre a história do Punk em Portugal.

Foram tirados 1000 exemplares do livro e 1000 cópias do disco, no entanto só 700 dos CDs é que entraram nos livros. Cerca de 300 exemplares do livro foram para as grandes cadeias livreiras… recusando trabalho de escravo para esses monstros ou satisfazermos consumidores preguiçosos, não foram enfiados discos nesses exemplares.

Esta sobra de discos inspirou-nos a criar um graphzine com 13 desenhadores a ilustrarem as músicas que por sua vez foram baseadas na BD da forma mais abrangente possível: sobre autores (Vilhena, Johnny Ryan), personagens (Mandrake, Corto Maltese), séries (O Filme da Minha Vida) ou livros (V de Vingança, Caminhando Com Samuel). Alguns temas são mais óbvios que outros mas o resultado é uma rica mistura de sons que vão desde o recital musicado ao Crust mais barulhento.

Impresso a duas cores em Risografia - via Mundo Fantasma - participam neste graphzine com BDs, desenhos e ilustrações vários autores "punkis" assim assim, que já foram ou ainda serão ou nem por isso Mauro Coelho, Ana Louro, Neno Costa, Ana CaspãoNunskyRui MouraJosé Smith VargasXavier AlmeidaMarcos FarrajotaRudolfoVicente Nunes e André Coelho. E Jucifer na capa.

Edição Chili Com Carne + Zerowork Records
Agradecimentos a José Feitor e Thisco.





Lançado no Festival de BD de Angoulême 2019.

Ainda pode ser que encontrem esta raridade na Mundo Fantasma, Glam-O-Rama, RastilhoBlack Mamba e Kazoo.


FEEDBACK 

 Cada música tem direito a uma ilustração ou banda desenhada, sendo as dedicadas à BD aquelas que constituem a maioria das páginas da obra (...) que evocam autores, personagens, séries e livros de banda desenhada, dos menos aos mais mainstream. Este pot-pourri gráfico tem uma existência passível de apreciação para além da mera bula que acompanha o disco compacto, desde o piscar de olho ao Popeye fálico e ao vampiresco Batman até ao Homem-Aranha punk (quiça retirado do aranhaverso) e às diferentes fases do acto sexual (não necessariamente cinemática).
Je l’offrirai à ma maman (je ne connais pas d’autre vieille dame).
Putan Club, Presidente Drogado com banda Suporte and FDPDC are my favorites! Unfortunately Putan Club isn't portuguese. Putan club is really great. Presidente Drogado's noisy guitar is so cool. It reminds me Sonic Youth or Blixa Bargeld in Nick Cave in 80's. FDPDC sounds like death metal!

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Formiga outra vez (consolação)


O que se passa com a Lovers & Lollypops que cada vez edita música mais fora dos quadradinhos do Rock? O ano passado lançaram este LP de estreia da Angélica Salvi, Phantone, que quer se queira quer não, o "belo" tem de ser usado na resenha. Afinal de contas trata-se de um disco de harpa e electrónicas de autoria de Salvi, e convenhamos que a harpa será sempre um instrumento que se associa ao belo e ao poético - aliás, o texto que acompanha o disco é assinado pelo poeta valenciano Héctor Arnau, outra coincidência inevitável? A música é improvisada de câmara transmitindo uma palete de emoções que se tornam tão íntimas que soarão sempre ridículas escritas por mim, a Angélica que me desculpe por tão pouco substracto neste texto.
O futuro novo confinamento exige cultura de qualidade e coisas bonitas à nossa volta. Este deve ter sido dos melhores discos de 2019 que me passou ao lado, boa altura para os menos atentos descobrirem-no agora!

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Fazer de formiga


Tal como a Tailândia, Portugal pede por ingleses para o seu turismo sexual e violento. Por mim, acho melhor ficarmos a ouvir CDs daquela ilha, melhor não misturar vírus com essa gente. Como vem aí a segunda vaga e em breve teremos de apanhar outra vez com isolamento, o melhor é começar a recolher bons produtos culturais para estar bem em casa como este Wear and Tear of the Thrust Bearing (Pumf; 2020), terceiro disco de Quougnpt. Este projecto de Batcow pode ser metido na gaveta do Plunderphonics, em que são os media da web .2 são pirateados para emergirem como novas mensagens ou contextos. Apesar de ser um bocado básico em técnica e conteúdo não deixa de ser divertido de ouvir como a última faixa Feleuny que condensa dezenas de biografias de mulheres famosas caídas em desgraça como se fosse apenas uma história, sendo os textos / falas sacados de documentários cor-de-rosa televisivos. Acho eu! Cheira-me que vou ter muito tempo para descobrir isso nos próximos meses.

domingo, 16 de agosto de 2020

APESAR DE NÃO ESTAR, ESTOU MUITO na GALERIA MUNICIPAL DO PORTO



Exposição antológica "APESAR DE NÃO ESTAR, ESTOU MUITO" de Diogo Jesus aka RUDOLFO (vivemos este tempo todo enganados?!?!) com a curadoria de João Ribas na Galeria Municipal do Porto.

até 16 de Agosto.


Catálogo da exposição em Setembro, by the way...

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Stoner é para meninos!


Ah! Agora sim acertei! Grindcore / Noisecore (qual a diferença mesmo?) dos japoneses Sete Star Sept e o seu álbum Beast World (SPHC; 2016) com todo um "artwork" do Rudolfo. Nem sabia que incluía uma BD do mesmo, que mostra o monstro gráfico que o Rudolfo é, meu, trash comix do melhor que alguma vez se fez em Portugal, cheio de monstros escatológicos a dar com o pau. Passa por japonês na verdade!
O lado A (excelente a bolacha cheia de dentes a identificar o lado do vinil) é Noisecore a 45rpm, 23 temas nons-top de baixo-bateria-berros deste casal histriónico. O lado B é o baterista Kiyasu a improvisar com a bateria e a javadar todos os palavrões em inglês que conhece, aquilo que sempre queríamos fazer quando tínhamos 15 anos mas não tínhamos os meios de o fazer. Arigato!

PS -  Não se esqueçam esta é a última semana para irem visitar a exposição do "Rude" à Galeria Municipal do Porto.

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Banhada 2020


2020 será um ano em que quem viu os trabalhos dos autores japoneses no Festival de Angoulême e o Loot Box do colectivo Massacre e as exposições individuais do Rudolfo na Galeria Municipal do Porto e Baudoin na Tinta nos Nervos, talvez não precise de ver mais nada em matéria de exposições de originais de BD. Ora foi justamente na excelente exposição do Rudolfo que vi este vinil 12" (um máxi) com desenho espectacular na capa desenhada pelo autor e percebi que era um daqueles produtos "rudolfianos" que ainda não tinha na minha colecção "rudolfiana" quase completa! Bom, também comprei a coisa a pensar que era um disco Set Star Sept porque estava ao lado de um disco deles! Esperava Noisecore e sai-me uma "retrónico" como se tivesse em 1986 a ouvir os The Art of Noise, é certo que tem um cheirinho a mofo Vaporwave mas também dispenso, chega de snifar o cu ao século XX, sff. Ainda por cima nem se dignam a gravar os dois lados do vinil tal é a cagança do duo brasileiro Repetentes 2008. Foda-se, devia ter pedido ao menos um autógrafo ao Rudolfo para valorizar esta peça inútil - que se intitula Vasos de Banha (Lama; 2018) - e por falar nisso, sim, este ano não há os Festivais de BD Beja e Amadora.

domingo, 12 de julho de 2020

Biscaia Diplomatique



Como tem acontecido, há um ano para cá, eis na edição deste mês a participação de Ana Biscaia no Le Monde Diplomatique com uma banda desenhada segundo o seguinte desafio: 
Será a caneta mais poderosa do que a espada?

quarta-feira, 1 de julho de 2020

DESERTO e NUVEM ... ESGOTADO



Deserto Nuvem
por

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1 claustro vazio em Évora
1 ordem católica de silêncio e solidão
1 inquérito espiritual
2 livros num só 
20 cartas sem resposta 
Muitas visitas do autor em dúvida

+

Sexto volume da colecção LowCCCost editado por Marcos Farrajota com arranjo gráfico de Joana Pires e publicado pela Chili Com Carne.

Dois livros / split-book, 64p  impressas a 1 cor + 124p impressas a 2 cores, 16,5x23cm

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ESGOTADO
talvez ainda encontre exemplares na Linha de Sombra, ZDB, BdMania, Tasca MastaiUtopia, StetMundo FantasmaLAR / LAC (Lagos), Matéria Prima, Sirigaita, You to YouXYZ, A Vida Portuguesa UND Modern Graphics (Berlin)

+

Lançado no dia 10 de Junho de 2017 na Feira do Livro de Lisboa com a presença do autor (que reside em Inglaterra) 
...
Obra seleccionada para a Bedeteca Ideal
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Prémio Nacional para Melhor Álbum Português e Melhor Argumento pela BD Amadora 2017 
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Melhor Álbum e Melhor Argumento nos Galardões Comic Con 2017
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Escolhas de 2017 no Expresso
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Melhores de 2017 no Máquina de Escrever
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Melhores 2017 no La Cárcel de Papel
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Best Comics of 2017 in Paul Gravett site
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apresentação no dia 9 de Setembro 2018 no Festival Literário de Berlim
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grande exposição na BD Amadora 2018
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Obra seleccionada para Best Book Design From All Over the World, da Stiftung Buchkunst, no âmbito do Prémio Design do Livro 2018 + exposição na Torre do Tombo (entre 14/11 e 31/12/18)
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artigo sobre Cartuxos e o livro no Diário de Notícias
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Deserto e Nuvem são obras de longo curso que examinam a forma de vida na Cartuxa de Évora, onde alguns monges resistem aos costumes do mundo, em absoluto silêncio e solidão. Serve este exame de pretexto para focar a própria natureza da fé humana, do apego às coisas do mundo, do que nos faz sentido. 

Deserto é composto de uma única narrativa centrada numa semana passada junto a Scala Coeli (escada do céu), que é como se chama a Cartuxa de Évora. É um livro quase jornalístico. 

Nuvem é composto de 20 cartas endereçadas a um monge cartuxo, e pode ser lido como uma resistência contra ambos os extremos que circundam a fé – o extremo que sabe que Deus não existe, e o extremo que se contenta com absurdos.

+

sobre o autor: Chamo-me Francisco Sousa Lobo, tenho 43 anos e vivo no Reino Unido, entre Londres e Falmouth, onde ensino ilustração e faço banda desenhada. Já estive do lado dos católicos e dos que renegam as raízes católicas. Agora ando sossegado, sentado numa espécie de muro baixinho, a ler Simone Weil e Kierkegaard. A perspectiva que tenho de cima do muro é curiosa. Tão curiosa que me deu para escrever sem ver que três ou quatro anos se passaram nisto.



... 
 Acabei agora de ler o Deserto e a Nuvem. O meu obrigado sincero à Chili por tê-lo editado. 
M. Robin (via e-mail, 11/07/17)

Comics making as a form of prayer?

Pedro Moura / Yellow Fast & Crumble

No caminho que levou a Deserto/ Nuvem, que se pressente longo e hesitante (a vários níveis), Sousa Lobo tenta construir pontes frágeis entre estes vários aspectos, como o harmónio de cartão que une os livros. E, sobretudo, procura acreditar nelas. Para além do fascínio com a vida e opções dos cartuxos, e os paralelos que o autor estabelece com a sua arte, este é sobretudo um catálogo de dúvidas sem resposta. Como se duas obras semi-falhadas ou incompletas se resgatassem e engrandecessem mutuamente pela união enquanto gémeas siamesas invertidas; o onirismo poético de uma elevando-se na realidade de um Alentejo moribundo e sem rumo da outra; a qual, por sua vez, ancora a anterior. Na sua construção inclassificável este é um excepcional trabalho de Francisco Sousa Lobo, com elogios extensíveis à Chili Com Carne. Seria uma pena se (como os trabalhos de autores como António Jorge Gonçalves, Tiago Manuel ou Diniz Conefrey) não passasse bem para lá do universo da banda desenhada e dos seus rituais.

João Ramalho Santos in Jornal de Letras

(...) Livro que "pode ser lido como uma resistência contra ambos os extremos que circundam a fé", por um lado o "que sabe que Deus não existe" e o "extremo que se contenta com absurdos".
Nuno Galopim in Expresso

el portugués confirma ser uno de los autores más sugerentes del panorama europeo actual. Una obra formada por dos relatos: por un lado, el que realiza sobre la Cartuja de Évora, una magistral reflexión sobre la existencia, sobre el silencio y la creencia, en la que Sousa entremezcla la arquitectura de la página con la real. Por otro, el relato del proceso creativo, de la investigación y de sus reflexiones personales, de cómo la obra puede cambiar al autor.
Álvaro Pons / La Cárcel de Papel

(...) a mais fascinante experiência de leitura de banda desenhada deste ano.
There is no doubt that Lobo’s obsessive and proficient output is even more surprising for both its aesthetic and philosophical commitment. I’ve argued elsewhere that Lobo’s overall project touches an incredibly original and complicated autobiographical or auto-fictional project, but this double book (two titles, Desert and Cloud, bound back-to-back) ticks all the boxes of a straightforward autobiography. Lobo spent some time visiting Évora’s Carthusian Monastery of Santa Maria Scala Coeli, with the goal of creating a sort of ‘live’ comic project. Based on his observations, talks and theological discussions with the monks, Deserto explores issues such as isolation, silence and the relationship with God, which genuinely concern Lobo as an anxious, suffering Catholic artist (a pleonasm, I’m certain). Nuvem, on the other hand, takes the shape of short letters, addressing the history of the order and this monastery, as well as some of the concerns mentioned above. One half complements the other, reinforcing the themes and clearly making them an intrinsic ingredient to the artist’s recurrent obsessions.
Deserto/ Nuvem es realmente una maravilla de Sousa Lobo -¡qué difícil, un cómic sobre la espiritualidad!- y también una maravilla de edición. Os felicito! 
Max (Peter Pank, Bardin, Vapor) por email

Todos os anos vou como um peregrino ao Festival de BD da Amadora (que este ano foi entre 26 de Outubro e 11 de Novembro) para completar colecções, comprar novidades ou descobrir antiguidades, mas desta vez saí de lá mais surpreendido do que o costume com um livro: não levei só heróis habituais como o Corto Maltese, o Árabe do Futuro ou um Paul Auster no saco das compras, mas também monges de clausura visitados por um autor português com raízes no Alentejo que vive em Londres e tem dúvidas existenciais sobre Deus e a religião: Deserto/ Nuvem (editora Chili com Carne) é uma novela gráfica original. Primeiro, porque é dois livros num só, que começam em cada uma da capas, ou melhor, em cada uma das contracapas: Deserto é sobre as visitas do autor, Francisco Sousa Lobo, ao Convento da Cartuxa, e a relação com os poucos e velhos monges com votos de silêncio que ainda lá vivem; Nuvem dá forma a 20 cartas de carácter sobretudo filosófico enviadas a um monge cartuxo; a ligá-los, uma planta desdobrável do convento dá ao livro uma textura de velho incunábulo, de lombada cosida à mão. É um belo objecto.
Mas não só. Sousa Lobo leva-nos em visita aos claustros, aos hábitos dos monges, à rotina e à perplexidade: seja-se religioso ou não, aquelas vidas suprimidas pelo silêncio naqueles espaços deixam-nos incrédulos. Abdicam do humano em favor do etéreo?, questiona o desenhador (e arquitecto) numa das cartas. O próprio autor está em cima do muro entre os crentes e os não crentes, mas tenta compreender o ponto de vista dos enclausurados e exprime um assombro perante aquela resiliência e desistência da vida comum: Há uma nuvem entre mim e os monges, uma admiração profunda deste lado, escreve. Francisco Sousa Lobo ganhou o prémio para o Melhor Álbum Português de BD em 2018. Percebe-se porquê. É merecido.
O trabalho de Francisco Sousa Lobo espelha uma experiência vivencial intensa no plano intelectual e artístico, a de alguém com uma forte capacidade para gerar nexos entre assuntos só aparentemente distantes – uma lonjura que o seu traço e dispositivo narrativo encurtam consideravelmente. Talvez por isso o autor se refira a si próprio como «uma ponte entre a banda desenhada e as outras artes» (Nuvem, carta 18.ª). E talvez o facto de ser um arquitecto tenha qualquer coisa a ver com tudo isto. 
Trata-se de um ilustrador de pensamentos, capaz de desenhar sobre conceitos abstractos, como em Deserto, livro que percorre o fio do tempo e dos gestos que, em 2014 (época já de grande crise de vocações), levaram Sousa Lobo à Cartuxa de Évora para pensar (escrever, desenhar) sobre os lendários monges do lugar. Ou seja, sobre o que levou o autor a querer pensar (escrever, desenhar) sobre a condição do homem que fez voto de silêncio, sobre o que o silêncio faz, sobre como se faz para alcançá-lo, porquê, para quê, tudo isso no desamparo desabafado de quem afirma ter-se sentido «como um clandestino a trepar as escadas para o céu». (...)
(...) um bom domingo antecipa a segunda e pode dar para chorar. Assim como a vida de um monge. Fala de um lugar onde pousar a dor. 

segunda-feira, 29 de junho de 2020

Edições especiais

Há 10 anos que seguimos as "edições valentes" dirigidas por Martin López Lam e se um gajo se distrai perde pitada. Pensava até que ele já nem publicava por causa da sua carreira como autor - espero em breve falar do seu novo livro - e eis que aparecem belos livros como No Eres Especial (2020) de Carlos Santonja e Sucumbir (2019) de Andrea Ganuza. Livros A5 com excelente design, No Eres Especial é impresso a vermelho - como o Love Hole. lembram-se? - que lhe dá o ar hostil de acordo com o seu conteúdo. 


É "art brut comix" vindo dessa grande linhagem norte-americana, falo de Rory Hayes (1949-83), Mark Beyer e Mike Diana - há um bocado dos três ao longo do livro -, e a BD estrutura em capítulos é sobre a violência da vida. A escatologia está bem definida e alberga a pseudo-filosofia do que aquilo que fazes vai-te atormentar sempre para o resto da vida. Certo, certíssimo!


Do segundo livro dizem que é composto por cinco histórias / textos / BDs (o que chamar, realmente?) mas li como se fosse um todo e fez todo o sentido. Lembra muito o próprio Lam pela forma elegante que a intimidade cresce em prosa e num grafismo sempre permeável a novas experiências. Autores a seguir!!

Entretanto como Lisboa já é civilizada (outra vez) eis que facilmente encontrarão estes títulos na livraria Tinta nos Nervos - aproveitem que os correios espanhóis foram privatizados e estão bem caros!

sábado, 27 de junho de 2020

Recordando 6 de Junho


fotos Dois Vês



No passado dia 6 de Junho, a bela manif anti-racista e anti-fascista estava cheia de sócios da Chili. Curiosamente alguns que fizeram cartazes, usaram a fita adesiva da BD Amadora 2018 - com imagens de Francisco Sousa Lobo tratadas pelo atelier de design Barbara Says...*. Afinal sempre a BD Amadora serve para alguma coisa!! Claro, que pouco conforto isto trará naquele que será um dos concelhos com racismo bastante institucionalizado.


* que um bedófilo, garantido a ignorância e autofagia cultural da comunidade bedófila, declarou serem uns "putos novos que andam praí"... Desculpem, tenho de usar a expressão "LOL"!!

sexta-feira, 26 de junho de 2020

5 estrelas!



Apesar de não estar, estou muito, a exposição de Rudolfo na Galeria Municipal do Porto, recebeu cinco estrelas no Ipsílon / Público. E já agora, a Associação Chili Com Carne co-editará o catálogo da exposição em breve...

terça-feira, 16 de junho de 2020

Mata-borrão ALL WATCHED OVER BY MACHINES OF LOVING GRACE acaba amanhã!




Exposição na Tinta nos Nervos 
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 Ana Maçã, Amorim Abiassi Ferreira, André Vaillant,  André Pereira, Cátia Serrão, Cláudia Salgueiro, Dois Vês, Félix Rodrigues, João Carola e Vasco Ruivo 

 Mostra de estudos e desenhos originais realizados pelos autores da antologia AWOBMOLG, editada em 2019 pela Chili com Carne. 

 Venda parcial das obras expostas.

de 10 a 17 de Junho

domingo, 14 de junho de 2020

conversa virtual AWOBMOLG


Pedro Moura / Ler BD entrevista Dois Vês e João Carola, autores e editores da antologia All Watched Over By the Machines of Loving Grace...

quarta-feira, 10 de junho de 2020

10 Junho na Rádio Paralelo

Nem fronteiras nem nações nem bandeiras nem deportações nem barreiras nem prisões.

Emissão de oposição internacionalista e miscigenatória ao dia da raça e da discriminação do outro.

Todo o dia (a partir das 6 da manhã) na Rádio Paralelo

Para ouvir: https://indymedia.pt

(clicar no botão do player)


sábado, 6 de junho de 2020

Porque há leitores deste "bloguezine" que não leem A Batalha...

The Antifa Comic Book 
Gord Hill

Do mesmo autor de The 500 Years of Resistance Comic Book (2010) – sobre resistência indígena nas Américas – eis um resumo das grandes lutas anti-fascistas, num espectro de 100 anos. 

As BDs de Hill não são muito narrativas, estão mais próximas da onda “Príncipe Valente”, onde as vinhetas são sempre acompanhadas por cartuxos cheios de texto. Estamos perante uma tradição de BD pedagógica pouco sofisticada mas o que lhe joga a favor, tal como no livro sobre resistência indígena, é estar bem documentado, com uma abrangência histórica enorme, cobrindo desde a origem italiana até aos neo-nazis russos ou a “alt-right”. 

Outro pecado de Hill será intitular os seus livros de “Comic Book” quando sempre houve alternativas ao termo (basta pensar em Lynn Ward ou Will Eisner, só no espectro anglo-saxónico), sendo o mais comum nos dias de hoje seria apelidar de “graphic novel”. Mas como diz o prefaciador Mark Bray, há uma tradição enorme de super-heróis dos “comic-books” a esmorrarem o Hitler, justificando realmente o uso deste termo degradante, embora a única coisa cómica nos EUA do século XXI foi ver o facho do Richard Spencer a levar nos cornos.

PS - sim esta resenha já saiu há bué da meses num número d'A Batalha, filhotes...