sábado, 28 de maio de 2011

ccc@beja.2011



Este ano a Chili Com Carne participa com a exposição + livro FUTURO PRIMITIVO, com a presença dos vários participantes no primeiro fim-de-semana do evento: Ana Menezes, Ana Ribeiro, Andreia Rechena, Daniel Seabra Lopes, David Campos, João Chambel, João Paulo Nóbrega, Joana Pires, Marcos Farrajota, Pedro Brito, Rafael Gouveia, Sílvia Rodrigues,...

Andrea Bruno estará presente no primeiro fim-de-semana, e que terá uma exposição de originais absolutamente impressionantes não fosse ele um dos autores mais interessantes de Itália e com quem já tivemos a honra de trabalhar em projectos como a antologia pan-europeia Greetings from Cartoonia (a respectiva exposição esteve patente no ano passado em Beja) e no Boring Europa.
...
A MMMNNNNRRRG irá lançar o livro Mundos em Segunda Mão do sérvio Aleksandar Zograf, que também estará presente e com exposição. Esta autor também tem passado pelas nossas edições: Crack On, Talento Local e Boring Europa. O livro é uma colectênea de crónicas do autora que publica desde 2003 no semanário Vreme, revista informativa independente que resistiu a embargos económicos, bombardeamentos da NATO e o regime de Milosevic.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

duas sugestões pra quem fica em Lisboa (e não vai a Beja!)

I.
LIVRARIA LER DEVAGAR ... DIA 28 DE MAIO DE 2011, 21H30

VISIONAMENTO DO FILME SCORPIO RISING DE KENNETH ANGER (34m) SEGUIDO DE APRESENTAÇÃO DO LIVRO DE ONDINA PIRES 
TERTÚLIA COM OS CONVIDADOS: CARLOS VIDAL, SÉRGIO GUERREIRO, CARLOS BARROCO E JORGE FERRAZ MARTINS E A PARTICIPAÇÃO ACTIVA DO PÚBLICO

EXPOSIÇÃO DE MOTOCICLETAS NO EXTERIOR DA LIVRARIA ... RUA RODRIGUES FARIA, N.º 103 - ED. G - ESPAÇO 0.3 1300-501 LISBOA (LX FACTORY – ALCANTÂRA, JUNTO AO LARGO DO CALVÁRIO)

II
No Mercado Feira Mix, a loja MapDesign irá representar as nossas edições neste evento... é seguir os links para mais informações.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Demos! (Cristianismo 2 - Paganismo 1)


Lacraus : Rádio Lacrau (Um Disco Pronto e Sincero; 2011)
Presidente Drógado : More songs about : Melómanos, Arquivistas & Rouxinóis (Leote Records; 2011)

Dois casos exemplares que a melhor música portuguesa passa por CD-Rs, ou seja nitidamente no "underground" - essa palavra que têm servido para tudo mas que aqui reparamos que a atitude é "pronta e sincera" nem que seja porque o sr. Leote nem um myspace sabe fazer... Repetindo alguns temas de outro CD-R já resenhado aqui, este CD-R afunila os temas que tenham haver com o universo da música Pop/ Rock. Aliás, ambos projectos fazem uma veneração ao Deus Pop embora no caso de Leote pela via canalha, de humor venenoso e lúdico em que nomes como Captain Beefheart ou Tom Waits são gozados em forma de homenagem. Apesar de só ter uma guitarra ao colo ainda assim estamos a milhas de distância dos chamados "cantautores". Aqui ri-se e não se boceja!
Os Lacraus são a prova viva que o Tiago Guillul não parou ou não consegue parar. Ressuscita (mais) uma banda do seu passado, regrava temas, faz uns novos, finge que têm uma rádio para explicar o que se passa ao seu redor e de repente sentimos uma nova energia com aquilo que parecia ser só uma "brincadeira". Para quem já os ouviu já sabe o que é, "panque do senhor" refinada em Pop /Soul evangêlica que serve para quem já não consegue ouvir rádio e ver TV à procura de música portuguesa. Espero que não tenha o fim trágico como teve a FlorCaveira.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Ego tripas

Uma série de vinis que foram adquiridos nos últimos meses.

Começamos pelo mais irónico, a Thisco finalmente lançou um disco! Um disco em vinil claro porque o catálogo têm cerca de 50 referências em CD, para não falar nos livros da colecção THISCOvery CCChannel. Trata-se de uma colectânea de música electrónica (claro!) intitulada This is Thisco - embora a piada é que não é Disco(sound). Aliás, quem participa são os "suspeitos do costume" que já editaram vários CDs a solo ou participaram noutras colectâneas da editora - com a vantagem que se pode ouvir o disco em rotações erradas e por isso ouvir uma versão mais acelerada das colaborações!
É bom ver os espíritos individualistas dos artistas da Thisco - tipos complicados para convencer a tocar ao vivo, por exemplo, tendo no passado colocado plataformas de promoção como o Samizdata Club em risco - se tenham juntado para criar um objecto (vermelho) desta natureza. Era bom é que não ficassem por aqui, que se organizassem mais e organizassem mais acções. De resto, pouco há dizer, excepto que M-PeX esconde completamente o Fado / guitarra portuguesa e realça o Electro, Thermidor avança para algumas batidas, shhh..., Structura, Mikoben Krieg e Sci-Fi Industries mantêm-sem boa forma, ... nota alta para a participação de Euthymia com o japonês Kenji Siratori, verdadeira banda sonora sobrevivência pós-catastrófica.

Não sei se estes tempos individualistas podem ser contabilizados pelo mundo da "música urbana" mas a verdade é que não só os gajos da Thisco que se apresentam com projectos de apenas um tipo em frente de maquinas que fazem barulho ou música ou lá o que é... No Rock há muito que se vê "one-man-band" por aí, desde o nosso "Legendário Homem Tigre" ao Festival francês RMI-Brica (ver Boring Europa, página 111). Em Espanha, doidinhos pelo Rock como são, também tinha de haver "mono-bandas" como o Tumba Swing, gajo simpático que toca guitarra e bateria ao mesmo tempo em concertos suados mas não quando desenha bd e edita zines e discos. Conhecêmo-lo na Tour Europeia da CCC e recentemente estivemos com ele no Edita 2011 onde nos arranjou o seu EP de estreia homónimo - editado pela Calamidad este ano - com 6 temas que vão do Blues selvajem à badalada de Cowboy choramingas. Uma javardeira de Rock'n'Roll que até convence...

E depois há casos ainda mais estranhos como o single (Dog City; 2011) dos Morte Forte, banda de Cascais que achava o Rock deveria ser perigoso, energético, sujo e niilista como os Turbo Negro fizeram questão de relembrar a quem estava atento nos anos 90. 

Gravado em 2004 e não tendo a banda chegado a lugar nenhum (nem a tira de bd!) pergunta-se porque aparece este tipo de edições... Uma vontade de exercitar a memória? De documentar um falhanço? Talvez justifique que a capa e a contra-capa meta fotos do falecido Renato... Porque não?


Estrategia Lo Capto! com o LP Gran Bola de Nieve (Burka for Everybody; 2011) está no caminho certo do Post-Rock com algum Surf instrumental em formato Power Trio. Talvez possa ser colocado algures entre algum álbum dos Trans Am e outra coisa qualquer coisa sónica dos anos 90. Acredito que seja banda para se ver ao vivo e depois comprar o disco e não o contrário. Há quem goste, eu nunca gostei, talvez porque desde logo no início do "pós-rock", os Cul de Sac já tinham avisado que haveria pouca alma por estas movimentações "roqueiras. Não serão estes valencianos a mudarem a ordem da estrutura macro nem micro. O desenho da capa foi feito por uma destas pessoas - se acertar qual ofereço o álbum! Na boa...

Por fim, e na realidade até foi o primeiro vinilo que comprei desta fornada, Stone (Tremor Panda; 2011) dos alemães Don Vito & Abraxas Apparatus é uma batalha de Noise Rock (dos primeiro, power trio brutal) e Noise electrónico que resulta bastante bem, especialmente sabendo que a sessão foi improvisada. White Noise extremo intervalado por arranca-e-pára de Rock matemático. Vi os Don Vito no passado dia 5 de Abril no Berlin (bar no Bairro Alto), com os franceses Pneu, onde mostravam uma germânica atitude de tocar Rock barulhento com garra epiléptica. Ao contrário dos espanhóis estes alemães assumem mais sentimento e pujança latina, talvez daí o nome Don Vito? 
Mal sabia que estava a comprar um mini-LP de confronto sonoro e se é verdade que preferi este 10" do resto da oferta dessa noite (é bom comprar discos a bandas em tournê, aprendi isso muito bem com a Tournê Europeia da CCC) foi também pela capa em serigrafia que parecia ser de desenho escatológico do francês Craoman... e era! O mundo está cada vez mais pequeno. Bela edição, bom concerto e bem merecido dinheiro gasto numa Lisboa com salas merdosas e mercenários de promotores - esta noite foi uma excepção à treta dos concertos da ZDB e outras porras...

bordado underground


A mulher do Aleksandar Zograf, Gordana Basta, costuma fazer bordados de cadáveres-esquisitos durante eventos de bd. Este foi feito durante a passagem em Pancevo durante a nossa Tournê Europeia. Hum... jornais, TV, revistas e bordados... que multimedia sérvio freak!
PS - não esquecer: Zograf está cá este fim-de-semana no Festival de BD de Beja e lança o seu primiero livro em português, Mundos em Segunda Mão, pela MMMNNNRRRG.

Estes é que são primitivos futuristas!


Zanzibar Snails : Caveat Emperor (Ikuisuus; 2011)

Novo CD dos norte-americanos Zanzibar Snails, colectivo mutante musical que faz parte Nevada Hill, que regressa ao incómodo e tortuoso caminho dos sons drone e improvisados de regresso ao útero materno. A primeira faixa ainda dá a dica que iam explorar a voz operática feminina mas não... nem pensar, eis de novo em climas pós-industriais, humidade cavernosa, claustrofobia forçada e escuridão suja, tudo vindo do Cromagnon. No fundo, é um "futuro primitivo" que estão aqui nas mãos cheio de sons concretos desesperados juntamente com instrumentos abusados que sabemos que deve ser violino ou guitarra mas criam sons tão mutantes que não temos bem a certeza se são realmente um violino ou uma guitarra. Deviamos ter convidado estes tipos prá nossa banda sonora apocalíptica, que tolice! A edição tem design e impressão em serigrafia, culpa do sr. Nevada, e a editora é finlandesa.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Tonto Comics #12

O colectivo austríaco Tonto é capaz de ter sido o grupo mais estranho que apanhamos durante a tour europeia da Chili Com Carne - e quem já leu o Boring Europa já deve ter percebido isso. Mas também foi o mais inspirador - confirma-se no Boring, para uma simples estadia de uma noite fiz umas 6 páginas de bd!!! O colectivo têm dado a volta às questões de publicação de bd num país que ignora completamente a bd. A solução têm sido pela edição de desenhos soltos para criar sequências narrativas. De certa forma este contacto serviu para dar o golpe definitivo no que seria o Boring Europa e o que será o Futuro Primitivo (no prelo).
Este ano foi lançado agora o 12º volume do zine homónimo do colectivo com o título Nordpol (Pólo Norte) em que se centra numa bd autobiográfica de Edda Strobl em viajem com uma amiga aos EUA e Guatemala em 1991 - as primeiras páginas com Helmut Kaplan aparecerem no Boring. Esta bd serve para reunir trabalhos de vários outros autores que coincidem com a bd, como o encontro de Aleksandar Zograf com o único autor de bd inuíta Alootook Ipellie (uma bd a editar em Portugal pela MMMNNNRRRG), uma bd de Bernard Raschl sobre San Pedro La Laguna onde reside (a Edda e a amiga tinham passado por esta cidade em 1991), o mesmo tatuou um desenho de Norbert Gmeindl no braço de Edda, entre outras microscópicas sincronicidades. São elas que constroem o livro, aliás livros porque este número é constituído por dois cadernos agrafados que se seguram numa sobrecapa. Trata-se de um verdadeiro mimo para quem gosta de BD, Ilustração e Design! A melhor edição da Tonto até à data...

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Gosto destes desenhos, sim senhora!


Gosto da tua genitália (Aliböbö; 2011)
Jailbirds / Pigs (ed. de autor; 2011)

Nos últimos anos têm havido uma enorme produção de graphzines, não só em Portugal como  no mundo inteiro, e para dizer a verdade por mais "massive" que eles possam ser admito que já irritam. Irritam porque admito ser "cromo da bd" e sinto que há menos títulos de bd a sairem em comparação com os "zines gráficos". É um problema meu, novamente, nada implica que os trabalhos que se publiquem por aí não tenham qualidade muito pelo contrário, estes dois títulos das Caldas da Raínha, são um exemplo claro que a cultura Zine está (mais ou menos) viva e recomenda-se. Talvez já não haja tantos zines per capita naquelas terras mas ao menos o pouco que saí é bom.
Gosto da tua genitália - não é verdade caro leitor, e não me envie a sua pila ou vagina fotografada, sff - é um grupo de 2 gajos (Miguel Carraça e Zé Burnay) e mais uma gaja (Sónia Margarido) que desenham por cima de fotos parvas sacadas sabe-se lá aonde. Depois é meter uns cornos, 666, barbas e dentes partidos que está feito. "Está feito" porque funciona quase sempre este tipo de montagem. Apesar de haver um insólito gráfico a normalidade das poses arrancam o humor de toda a situação. De alguma forma lembra o non-sense e a escatologia dos desenhos de Jucifer. 
O segundo título é a solo de Burnay em formato "split", de um lado são desenhos de porcos (bófias) e do outro os pássaros (prisioneiros), os desenhos são muito marcados pelo estilo das tatuagens, "Rocker" e o desenho underground norte-americano. Sem as distorções de perspectiva do Pedro Zamith não deixa de haver ligações entre o trabalho de ambos os autores no que diz aos registos estilísticos e à simplicidade da mensagem.
Apesar destas comparações, sente-se frescura e gozo nestes zines, talvez seja o impacto da novidade - não querendo entrar em contradição com o ínicio desta resenha, apesar de haver muitos graphzines não deixa de ser verdade que há poucos zines a serem editados em Portugal de forma regular (ou tendo acesso regular a eles). Se calhar daqui umas semanas estarei a desdenhá-los ("bah! é zine para hipster!") mas até lá, dá mesmo gozo folheá-los.

terça-feira, 10 de maio de 2011

ccc@comunicar:design.2011

Serve este "post" para avisar a população civil do Oeste português que as nossas edições estão representadas na oitava edição da comunicar:design (na ESAD, Caldas da Raínha) pela simpática loja/ atelier Casa Ruim.
Gracias à organização que nos convidou para a "Feira de Objectos" e à Casa (nada) Ruim!

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Ode ao Ateísmo


Stealing Orchestra : Deliverance (Your Are Not Stealing Records; 2011)

Saiu o terceiro disco dos Stealing Orchestra, um dos projectos mais interessantes em Portugal no que conta à música urbana e à forma de estar frente ao mercado bairrista e toino português - talvez por isso que está a ser completamente ignorado pela imprensa e o meio musical.
Após dois geniais álbuns e meia-dúzia de EPs em linha em que a samplagem era a palavra de ordem e muitas vezes o "cartoon" era lugar comum, este é um álbum que afasta a banda das características "divertida, cómica, ridícula, hedonista, solar, nostálgica, circense" - o que também não era verdade, por debaixo de camadas de som havia muito mais matéria intelectual do que se ouvia desatentamente... Mas dizia que neste álbum novo, ou os Stealing amadureceram e ficaram homenzinhos sérios, ou amadureceram e estão com uma puta de uma depressão - se calhar ser maduro e deprimido significam exactamente a mesma coisa. Pouco importa! O resultado deste "opus" é uma joia mágica de aparente simplicidade que vai transbordando de mundos a cada nova audição. Para atrás ficaram o Esquivel & a enciclopédia "Bizarre music" & o kitsch do Pop, e mesmo havendo uma forte aposta em utilizar mais instrumentos reais do que "gamanço sonoro" isso não impede de Deliverance seja menos "estéreogámico" como nos registos passados - e "estéreogamia" já um elogio por si próprio.
Em The Incredible Shrinking Band (Zounds; 2003) já havia sub-repticiamente nas faixas afirmações sobre a identidade do Homem do Novo Milénio tal como eram levantadas questões existênciais. Neste novo disco há mesmo uma vontade política de impor esses pontos mesmo tendo consciência que é o mundo é cego, surdo e mudo.
É impossível não deixar de recomendar este disco mesmo que se trate de um simples CD de caixa normalíssima - à partida estava à espera, como amante de coisas belas e insólitas, que, tal como aconteceu no passado, as músicas tivessem ilustradas com colagens de Armando Brás – gráfico que sempre foi considerado como o 5º elemento da banda. Infelizmente só há uma capa (e contra-capa) com as "ilustrações-gamadas". Sabe a pouco visualmente... Mas este acaba por ser um disco bipolar na "Era da Cultura Desmaterializada", ajusta-se a estes tempos em que a Música deixou de ter essas cangalhadas das capas, embalagens e objectos graças ao comércio electrónico e ficheiro descarregado mas desajusta-se pela sua qualidade, isto é, quando todos os dias as pessoas descarregam quantidades impossíveis de música que possam prestar um segundo de atenção, este disco é no entanto um disco que obriga a parar e a ouvir! Quem irá fazer isso?

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Valientes à vista!


Apesar de estarmos a reformular a "shop" do nosso site - logo não queríamos ter mais produtos para complicar o sistema - não conseguimos resistir em trazer do Edita 2011 mais zines das Ediciones Valientes, nomeadamente o último El Temerário (e números antigos) e ainda os dois números do Kovra.
Projecto dirigido por Martin López, este último Temerário participam André Lemos e o francês Albert Foolmoon entre outros ilustradores espectaculares e colaboradores regulares deste graphzine. Refiro estes dois porque foram descobertos por Martin na sua visita à Feira Laica - é bom saber que ela serve para isto!