sábado, 30 de agosto de 2003

Stripburger #18: HandyBurger

Stripcore; 1998

Número especial da excelente revista eslovena de banda desenhada, dedicada ao tema dos deficientes em colaboração com uma associação de estudo de deficientes. Participações internacionais, bd's escritas em inglês, edição modesta (ao contrário das produções enormes que a Stripcore nos tem habituado nos ultimos anos como o recente WarBurger) vale pela sinceridade como o tema é tratado.

3,8

Milk & Wodka #IIII

M+W Company; Abr'03

Fanzine da Suiça feito por uma equipa de 3 "loucos simpáticos" que tem editado anualmente este volumoso título (geralmente de cento e tal páginas) com bd underground vinda da Suiça (claro), Alemanha (sendo o zine publicado no cantão alemão a Alemanha é a irmã mais próxima), de vários outros países (muitos da Europa de Leste) e de... Portugal.
Já tinha acontecido nos últimos 2 anos mas desta vez foram muitos a participarem: Richard Câmara (do BZZzzZT! e Capuchinho Vermelho), Paulo Pinto (que tem participado no Succedâneo), António José Lopes (com a mesma bd publicada no MadBurger!!!), Teresa Câmara Pestana (do Gambuzine), Nuno Fisteus (que participou Lx Comics #6), Joana Figueiredo (do Na verdade tenho 60 anos), Marcos Farrajota (Mesinha de Cabeceira), Helena Dias e Aranha... uff! Só é pena é a batota que a maioria dos autores fizeram ao (re)publicarem os seus trabalhos no M&W - especialmente da parte de António Jorge Lopes que deixa republicar a sua participação da antologia internacional MadBurger (editado pelo colectivo esloveno Stripcore) quando ainda a dita antologia ainda nem tinha feito meio ano de existência, e de Richard Câmara que envia um esboço de uma página do seu livro "BZZzzZT!"... A gula é muita!? O M&W merecia melhor dada à sua boa onda/produção/qualidade.

4

quarta-feira, 27 de agosto de 2003

Últimas palavras

Javier Ortega com ilustrações de Jorge Mateus
Má Criação, 2002

«...e o que é que eu digo? não me apetece dizer nada. não há muito para dizer deste livro. bem, já que tem que se dizer qualquer coisa vamos lá. o livro é muito bonito. tem uma bela encadernação, tem um design bonito, tem um formato inabitual, tem uns desenhos porreiros a ilustrar. é um livro que fica bem em qualquer estante. e é sempre bom oferecer um livro bonito a alguém pelo natal ou pelos anos. a capa é muito atraente, tenho a certeza que se o visse por aí lhe pegava. pronto. já disse.
e o conteúdo? qual conteúdo?
então não tem texto por dentro?
se tem texto!? não sei, nem reparei nisso.» - Rafael Dionísio

[é livro de trechos perdidos de um falso escritor sul-americano "ainda não traduzido" em Portugal - nota do editor bruto]

3?

domingo, 24 de agosto de 2003

Terminal #11/14

Terminal Studios, 2003

Quatro números do fanzine de bd e ilustração Terminal logo de uma vez! Todos ligados ao tema do "Caos" com participações algarvias (com o conhecido José Carlos Fernandes), nacionais e internacionais. Excelentes fotocópias e boa apresentação - design contemporâneo q.b. Enfim, só boas razões para ter um bom fanzine no entanto nada se passa naquelas páginas: é o humorzinho adolescente e afins de 1 ou 2 páginas e pouco mais. É notória a falta de fôlego dos autores que participam, qualquer coisinha que esteja na gaveta é metida lá. É literalmente dizer que Deus dá nozes a quem não tem dentes... E o pior é que o Terminal já existe há anos e não tem tido melhorias nítidas... paciência!

2

Porca Frita #4; Saboniz #7

Tiago, Jul'03
Loöp Suppä; Mai'03

Dois fanzines de imagens, algumas assemblagens e ilustrações selvagens. Maior parte dos participantes são estudantes das Caldas da Rainha mas também encontramos alguns "outsiders" como a Joana Figueiredo (Na verdade tenho 60 anos) e Pitchu! (Sub) no Saboniz, Nuno Pereira no Porca Frita e Nuno Valério em ambos - sendo ele o editor do Saboniz.
No caso do primeiro zine acho que podia ser mais caótico ou outra coisa qualquer, por isso cabe ao editor decidir em dar um rumo, urgentemente. O segundo é mais bem estruturado sendo o trabalho de Nuno Valério o fio condutor do zine. O trabalho dele é extremamente interessante pela maneira como usa imagens públicas e subverte-as para um estilo próprio atravês do uso do computador. Ele consegue imagens orgânicas em contrapartida à forma como maior parte dos ilustradores e designers geram imagens nos computadores de forma tão homogénea e fria. Um talento em design e ilustração a acompanhar!!!

2,9; 4,2

PF: tiaagh@hotmail.com
S: biggerval@hotmail.com

O/velha negra #00000000001

D. Atouguia e V. Sousa, Fev'03

Fanzine de banda desenhada da Ilha da Madeira que nas suas 20 páginas publica bd's de autores lá do "Reino do Jardim". Maior parte delas são bd's escatológicas (o tema deste primeiro número também era Sexo & Violência!) feitas por um amadorismo explícito. Assim, no geral as bd's são fracas com a excepção da bd de Valdemar Sousa tecnicamente melhor que os outros autores e com imaginário suicida digno do Ivan Brunetti. Espero que o projecto melhore nos próximos tempos!

2,5

o-velha_negra@mail.pt

segunda-feira, 18 de agosto de 2003

Chicken's Bloody Rice #0 ; Na verdade tenho 60 anos #3

An Others thinking productions, Jun'03, Dez'02

Dois fanzines editados por Joana Figueiredo. O primeiro é um mini-zine de ilustração - e como regra geral - é um zine giro porque o formato é pequeno... ou então se preferirem "I'm a sucker for mini-zines!". Há qualquer coisa de fetichista nos zines de pequeno formato e este não foge à regra, até porque os desenhos são giros. Alguns são dos amigos da Joana: LoOp Suppa (Saboniz), Rafael Gouveia (Carneiro Mal Morto) e Pitchu! (Sub). Ainda a complementar a edição há (havia?) uma assemblagem de restos (falsos) de arroz de cabidela mas quando a pata de galinha começou a apodrecer com água (a fingir sangue) ao que parece até os cromos da bd vomitam com o cheiro (história verdadeira!).
O segundo zine é onde se encontra melhor o trabalho da Joana. Constituído por duas bd's "surrealistas" a primeira é sem dúvida a mais interessante por ser desenhada a pincel o que lhe dá um ar de força e espontaneidade. Sente-se a falta de experiência da Joana na organização editorial, ficando as ilustrações de Pepedelrey e do francês Larabie (Mutate & Survive) um bocado à toa - talvez por isso que mais tarde a Joana fez o Chicken...
Tenho saudades do "Na verdade..."... para quando o próximo número?

3,5 ; 3,8

sábado, 9 de agosto de 2003

Índios do Norte

Bildmeister: "Explay" (CD'02, Switch On)
Norton: "Make me sound e.p." (CD'03, Bor Land + Skud & Smarty)

Estas são duas edições de duas bandas que criaram as suas próprias etiquetas para editarem os seus EP's de estreia - os Norton co-editam com a "importante" Bor Land.
Como é possivel depois de mais de 7 anos após a exploração do Indie-Pop ainda haver bandas como estas? Souberam que houve um movimento Post-Rock que os "indies-popers" foram explorar esse género a seguir? Ouviram, por exemplo, os últimos 4 álbuns de Radiohead? Já sabem que não existe Dinosaur Jr.? Sabem que há um revival do Rock - um Rock energético e cheio de pica? Não, não devem saber! Estas bandas só sabem ser chatas e aborrecidas! Sem conteúdo e originalidade! Disfarçam-se em belas embalagens de CD's como maior parte das bandas portuguesas fazem actualmente.

[um aparte ou um desabafo se preferirem] o que interessa é ter bom aspecto: a embagem do CD, a produção em estúdio, as fotos promocionais, o video-clip e o press-release, qualquer coisa para escapar às coisas principais: a originalidade (que todos dizem sempre o mesmo: já foi tudo inventado!), o sentimento, a loucura, a intimidade... Desde que os Blind Zero apareceram que a música portuguesa tornou-se num buraco negro de criatividade. As bandas aperceberam-se que podiam ter sucesso como eles tiveram (?) bastando para tal tocar bem um género de preferência que esteja a dar no momento para a máquina capitalista ter os seus "local heroes", e ter uma postura profissional. E isto vale para as bandas que estão em grandes editoras como para aqueles que estão em editoras pequenas ou que auto-editam e seja para bandas de qualquer género ou sub-género for (metal, punk, hardcore, indie-pop, rock, pop, goth, ...) Sejam "starletes" como os David Fonsecas, fusionistas como os Blasted Mechanism ou os bimbos das boy's-bands e afins... [fim]

Ainda assim digo, paradoxalmente, quem dera que o design das edições portuguesas tivessem o bom aspecto como estas duas edições mas isso não basta para aquilo que interessa: a música e a expressão artística.
O que motiva a esta gente a editar música que nada trás de novo?
15 Minutos de fama? Papar umas miúdas mostrando que fazem música sensivel para gente sensivel (snif-snif)? Para dizerem que são alternativos só porque em Portugal as grandes editoras não querem saber de bandas de guitarradas Indie-Pop? A auto-edição ou a edição independente não é uma espécie de estágio para o sucesso deve sim representar marginalidade ou o alternativo. E enquanto não conseguirem aproveitar o facto de serem pequenos e que ninguém quer saber deles para criar livremente não será nunca que o conseguirão fazer.

Qualidade numérica: 2/5 (cada) Objectivo pós-audição: levar prá Festa de Troca de Discos, trocar os dois CD's por um de uma banda indie inglesa dos anos 90

PS: E já agora, eis a foto dos Bildmeister (o que é isto!? Que ricos "criadores de imagens"!!):

- Assim é que não vão comer gajas, pá!

sexta-feira, 8 de agosto de 2003

Treasure Trove #1/3

ed. de autor, 199?/99

Fanzine de bd de uma norte-americana. O trabalho da autora - Eva - é meio proletário e meio urbano-depressivo, visualmente naif e à descoberta do seu estilo, Eva não escapa a um certo género da bd moderna que é o universo feminino autobiográfico... É interessante analisar a evolução do seu trabalho e da sua personalidade ao longo do tempo uma vez que entre cada número quase tem 2 anos de separação.
Especialmente delicioso sãos as bd's feitas a mielas entre Eva e a sua mãe, uma senhora de 60 e tal anos com muito mais humor que a filha...

3

terça-feira, 5 de agosto de 2003

Cloveska Narava

auto-edição, 200_

É um mini'zine esloveno do autor de bd Primoz Krasna (faltam alguns "chapelinhos invertidos" no "z" e no "s" mas como não tenho alfabeto cirilico...) no formato de um A4 dividido em três ficando com as dimensões de um envelope normalizado. É daqueles fanzines que dão mesmo prazer de receber por correio.
Mas este Cloveska Narava (que também tem os chapelinhos no "c" e no "s") não tem só piada pelo formato da edição, o conteúdo é francamente interessante apesar de não se perceber nada - quer dizer eu não percebo nada porque não sei esloveno. São explorados colagens de gravuras antigas de animais e ainda o uso de tinta correctora sobre fundo preto resultando num efeito gráfico bruto e muito expressivo.
Do autor podem encontrar também uma bd na recente antologia internacional Warburger.

3.9