sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Luz no fundo do túnel


PMDS (Thisco; 2012)
The Sleeper Has Awakened (Thisco + A Gaveta; 2012)

2012 parece ser o regresso da editora Thisco à vida. Estão com um síto oficial remodelado (vão lá espreitar que aquilo está 5 estrelas!) como já voltaram ao mundo das edições fonográficas após alguns anos de hibernação – relativa se considerarmos as antologias Antibothis e outros volumes inseridos na colecção THISCOvery CCChannel.
(Re)começa de forma modesta, um CD-EP de 3 temas / 15 minutos, estreia do projecto The Sleeper Has Awakened (não podia ser mais irónico e coincidente este nome) que nada mais nada menos é Rui Bentes (do projecto shhh…, um dos projectos mais interessantes do catálogo da Thisco) e Helder Luís. Estamos perante Ambient com tiques de IDM e que pontualmente aparecem rasgos de “industrialismo” e “noise”. Não vamos encontrar neste registo o drum’n’bass e breakbeat que caracterizam os discos de shhh… mas dele vamos encontrar o seu “know-how” sobre produção e captação de som – é impressionante que mesmo nos momentos mais ruidosos todo o conjunto sonoro é límpido.
PMDS é um trio que deambula competentemente pelo Trip Hop, numa colagem mais do que óbvia aos Massive Attack sem o mesmo interesse e o "black sound". Isso é substituído por uma morte lenta caucasiana com letras pedantes ou insignificantes (tanto faz) que se topa que é um português a susurrar em inglês - por isso, os temas instrumentais são o melhor do disco. Se tivesse gravação / produção do shhh... ainda seriam melhores e talvez conseguissem dar a volta à referida banda de Bristol. Dentro do género a Thisco já editou um projecto melhor na compilação Thiscology (2004), Oxygen, que apesar das semelhanças óbvias conseguia ser menos "certinho" que estes PMDS. O que se sente neste disco é que sendo o nome da banda um acrónimo para "processor", "modulation", "density" e "sequencer" deixaram-se dominar justamente pelo fascínio asséptico e assertivo da máquina. Não arriscam apesar dos mil "glitches" que envocam nas faixas, no final tudo volta à Terra como se nada tivesse acontecido. Já sei porque não curto brancos!

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