quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Música caseira

Quando soube que os The Dirty Coal Train iam participar no CD Punk Comix pensei "olha mais uns garageiros tristes, ainda por cima vou ter de os aturar um dia destes"... Mal sabia eu que já tinha conhecido o simpático casal Reverend Jess e Conchita Coltrane (hum... Coal Train? I get it!) e que em conversa na Dona Edite iria comprar o EP 7" Weird (Zip-a-dee-doo-dah; 2015)... O que me convenceu foi pelo facto de me terem dito que este disco foi gravado em casa e ter percebido que havia da parte destes Coltranes sujos uma profunda ética DIY. O vinil é branco virgem e tem seis temas que soam naturalmente ao espectro Garage/Blues/Surf mas pelo lo-fi e falta de dogmatismo pelos cânones dos géneros revelam ser mais interessantes do que a média "retro" de que já não cu que aguente. Este pode ser um bom disco para se começar a apreciar a banda... Nice to meet you!

A k7 Música testada em animais (Baby Yoga; 2016) do Banana Metalúrgica é um retomar de insanidade musical em Portugal que há muito se perdeu com os Kromleqs - e retomado timidamente pelos nado-mortos dos Go Suck a Fuck... Num país de gente séria, poseur e/ou beta - as opções não são muitas nem muito boas - é saudável ouvir música psicótica, se desculparem o contra-senso. Isto para além que uma capa com uma pila/vagina a ejacular e com duas bolas vermelhas sci-fi são sempre uma vantagem contra qualquer capa "photoshopada" ou com ilustrações da modinha. Entre Nurse With Wound com dificuldades e MMP dado ao MDMA, são 11 temas absurdos que desfilam perante ouvidos cépticos. De asséptico isto não tem nada, foi uma boa descoberta nesse grande evento que foi o Zinefest Pt.

sábado, 24 de dezembro de 2016

Natalixo b.s.o.

Depois de uns discos virtuais e umas k7s este é a primeira vez que um disco de AtilA sai imediatamente em CD e em LP (para 2017) como se fosse quase o seu primeiro disco "oficial" - só V é que depois de sair em k7 é que depois foi lançado em CD.
Body (Dissociated + Hið Myrka Man; 2016) é um disco algo estranho ao que AtilA habitou com IV e V, não que tenha ficado mais suave ou menos Dark, nada disso... Apenas ficou mais sofisticado e complexo, menos bruto, o que lhe dá menos impacto nas primeiras audições e quem sabe até desilusão aos fãs mais primários. Tal como o "artwork" do disco é feito de nus artísticos também o som é mais dado a uma pose coreográfica e um ambiente controlado. Ironia dos destinos, para um disco intitulado de "corpo" este será o disco menos físico de AtilA. Dupla ironia é que um corpo humano é daquelas coisas mais sujas que há no Universo, segrega ranhocas ilimitadas e liberta gases inesperados que é coisa estúpida, isso é o que este disco não faz...

sábado, 17 de dezembro de 2016

ccc@dona.edite.03


Lá estaremos até porque a MMMNNNRRRG lança um fanzine de um associado nosso...

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Mucomorphia #1


Se tivesse de fazer as listas dos melhores do ano, este primeiro número do zine de Filipe Felizardo merecia estar no Top 3 de Melhores Fanzines de BD ao lado do Outro Mundo Ultra Tumba de Rudolfo Mariano e A Day de Mariana Pita... Com a ligeira vantagem de que editorialmente Mucomorphia é um desafio como poucos nos dias de hoje. Tal como o Gato Mariano (raios, o Mariano #1 devia estar também nesse Top 5 e o catano!) também eu não faço listas de zines no final de ano...
Pretende-se serializado, tiragem ilimitada (yes! é d'omem!!!) e é uma publicação smörgåsbord do output desta área de criação de Felizardo, não esquecendo que ele é mais conhecido por músico mas também como artista plástico e fotógrafo. Nestas páginas também está incluído a construção do seu próximo romance gráfico, A Conference of Stones and Things Previous. Muito mais solto do que em O Subtraído à Vista não deixa de estar também muito mais rigoroso no plano técnico. De resto tal como na música e outras áreas de intervenção de Felizardo, há processos de pesquisa que se vão metamorfoseando num plano cosmogónico que nem toda a gente está a fim de lá entrar. Azar! Título a acompanhar esperando o seu editor cartas à antiga [R. dos Douradores, 202, 5ºD, 1100-208 Lisboa] para uma secção de leitores (ó que belo gesto anacrónico que desejo que corra bem!) e encomendas à séc. XXI [ardo.zilef@gmail.com].

domingo, 11 de dezembro de 2016

Diz Mantra

Continua a série de edições de Rasalasad em colaboração com algum cromo deste planeta. Desta vez é com o francês Amantra e em formato mini-CD - as outras edições foram em k7. Infelizmente pela negativa continua o grafismo pobre que se tem pautado desde sempre e o que é mais infeliz é que a Thisco tem escolhido formatos e embalagens bem giras que permitiriam ter "algo mais" (seja lá isso que quer dizer) a acompanhar o objecto.
Resta-nos a música que é de qualidade, "mash-up" de guitarra em registo drone com um "ambient" em sintonia. E quem espera ficar em posição fetal engane-se, a "coisa" começa com ruído e só depois é que acalma (spoiler sorry!), o que não deixa de fascinar para apenas 19 minutos de música desta rodelinha perfeitinha intitulada de Thisturbia!

sábado, 10 de dezembro de 2016

Pipocas Botox Neve Doce

Ricas edições que me chegaram recentemente! Tudo graças ao facto das capas serem feitas pelo Camarada Uránio! Esse monstrinho da colagem bling bling sci-fi moino-mutante! Felizmente a música é bem fixe e pode-se falar dela, ufa...

DW Robertson é a nova personagem de Ergo Phizmiz, um reconhecido ilusionista sonoro que trabalhou com People Like Us, por exemplo. Disco Carousel, vol. 1 é a sua estreia e foi lançado numa pequena editora inglesa, a Discrepant. A segunda coisa mais bonita deste disco depois da capa (claro) é a contra-capa que, à antiga, tem uma sinopse do que se propõe a rodela deste mini-LP. E é música mecânica levada in extremis, apenas porque dizem que esta é a forma de entretenimento mais gratificante de sempre, infelizmente abandonada pelo machismo da electricidade e pelo euro-dance. Eis a alavanca vinilica para isso mudar!

A dupla k7 Samboia Kanguick é mais atinada e cerebral, como os portugueses preferem. O músico é português embora Gonzo soe a marreta anglo-saxónico. Sem sabermos quais os nomes dos temas nem que ordem seguir, é pegar numa das k7 e siga para bingo, ou melhor para "memórias distorcidas da infância & sonhos inventados", diz muito bem a parte detrás da embalagem. Realmente um gajo perde-se a ouvir estes quatro lados das k7s, entre frases cortadas e ambientes oníricos, sem saber muito bem o que pensar. Ao mesmo tempo a música tem corpo presente para quem espera adormecer a ouvir isto. Um corpo de Cristo V.A.L.I.S. que não poder ser ignorado, não foi assim na infância? [Não sabe/ Não responde]

A Discrepant é distribuída pela Matéria-Prima, que já reabriu o seu espaço físico no Porto mas não é uma loja aberta ao público. Infelizmente vai ser preciso agora bater à porta, tipo segredinho da cidade do loúcóst... Mas porquê!?

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Keep it boring, make it fast!

Com a web 0.2 e a revolução digital, a produção de informação aumentou que é coisa doida, numa escala inacreditável que não tem equivalente à explosão DIY do Punk nos anos 70 e décadas seguintes. Eis-nos numa Aldeia Global em que todos produzem e consomem conteúdos em simultâneo, sem pensamento crítico e moral - essa é feita pelos Padrecos da 'Net que nos tiram fotos de mamas (com ou sem cancro) do "fezesbook".
Há documentários de tudo, sobre queijo ou a vida sexual dos rinocerontes ou sobre o punk português como é o caso deste Bastardos: Trajetos do Punk português (1977-2014) produzido pelo projecto KISMIF. Todos acabam por ter o mesmo apelo e qualidade estética quando a máxima é "filma-se, edita-se, mete-se na 'net e tá feito".
É positivo que a informação apareça e no caso do punk português que vivia de obscuridade, é de salutar qualquer tipo de iniciativa. Só que ficamos por aqui no que diz a Bastardos, os agentes que se envolveram em fazer Punk sucedem em filmagens em locais feios e sem imaginação, a maior parte é do Norte (abaixo de Lisboa nem se fala!), com discurso fragmentado e pouca ou nenhuma documentação visual a ser mostrada. E quando mostrada é de forma tão fria que nem dá para perceber os artefactos. Ah! E sempre tudo centrado na música, como se o Punk se reduzisse a isso... Felizmente Joe Corré recentemente relembrou-nos que não, que a música não tinha nada haver com o Punk! Cheers, mate!
Este tipo de produção poderia vir de um amador, o que tudo lhe seria perdoado mas infelizmente este documentário veio do meio académico, onde deveria haver mais rigor e discurso, sobretudo de quem se está a tornar (em teoria, ó dupla ironia) na referência sobre o assunto. Nem o Sid Vicious era inocente nem o KISMIF o é. Entre pontos de avaliação pró CV e subsídios da praxe, o que vale é apenas fazer por fazer para que essa máquina de pontinhos e dinheiro não pare.
De resto, a edição em DVD (2015) com as chancelas da Chaosphere, Raging Planet e Zerowork é de uma pobreza atroz, em o que safa ainda é a capa do Esgar Acelerado (espero que tenha sido pago!) porque de resto é isso, uma rodela dentro de uma caixa de DVD. Pelo conteúdo ou pelo objecto o que se pode resumir é que Bastardos não é o "livro branco" do Punk português, é apenas uma marca branca.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Demónios

Como já deviam saber aqui na Chili Com Carne adoramos o murciano Magius - tanto que ajudamos a sua visita à Santa Terra do Metal este ano. Tem dois novos zines, como sempre A5 capa a cores, títulos autónomos, caramba, são zines ou "chapbooks"?

America infelizmente não trata directamente do tramposo novo presidente dos EUA como a capa promete. A história que é contada é influenciada pelo Gangues de Nova York (2002) de Martin Scorsese mas por analogia inconsciente chega intacta de racismo, violência, xenofobia e corrupção. Do século XIX para o XXI, eis uma América "devoluída" ou "involuída" que Magius tão bem contrasta entre capa e miolo.

Ehieh é um bacanal mitológico do Génesis cristão com as divindades Sumérias com uma narração tão fluída como as de Larry Gonick ou David B., nomes que surgem também pelo esforço cosmográfico - nesse caso deveria-se meter ao barulho também o Rodolfo Mariano, porque não?

De resto, Magius é um obcecado pela sua terra natal, a Múrcia, ao ponto de de ter feito umas cartas Tarot com temas da região. Quem as tiver terá um futuro mais glorioso e acertado certamente! Com o Tarot não se brinca!

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

ccc@zine.fest.pt


Lá estaremos... nos dias 2 e 3 de Dezembro!

Dia 2, às 19h temos conversa Help me please! com Marcos Farrajota, moderador (Chili Com Carne), João Pedro Azul (Flanzine), André Pereira (Clube do Inferno), Sofia Neto e Marco Mendes ( Carne & Osso) e Rudolfo (Ruru Comix e zine Lodaçal Comix) sobre A edição de trabalhos colectivos versus a explosão das publicações monográficas na produção contemporânea de edição independente.

+ info aqui

domingo, 27 de novembro de 2016

A Pureza da Língua Portuguesa


Desculpem lá qualquer coisinha...


Este ano não há Maga e pensava que não faria o Relatório Anual de Fanzines e Edição Independente de BD portuguesa de 2015... Porquê? Porque depois de voltado a escrever e a publicar no "formato papel" já não há tesão prá 'net. MAS como entretanto falei com as editoras do Portuguese Small Press Yearbook e estava ontem presente na Feira Morta o novo volume do PSPY com o meu texto acompanhadas pelas mordazes ilustrações de Mariana Pita. Yes! Mesmo tendo passado um ano - estas coisas de relatórios devem sair é logo no final do ano ou no início do ano novo - ainda assim faz sentido, viva o papel!!! Ide lá comprar o anuário que é melhor que lixar os olhinhos no ecrã...

sábado, 26 de novembro de 2016

Neo World Disorder

BD do cartaz de Marco Mendes


Intervenientes: Rui Eduardo Paes, Hetamoé, Joana Tomé e Ana Cristina Álvares

Esta mesa-redonda integra-se num ciclo de encontros, sessões académicas e mesas-redondas dedicadas à discussão de um número de noções e conceitos associados à esfera do político tal como expressos e elaborados pela banda desenhada. No caso presente, investigadores académicos e artistas de banda desenhada focarão questões de género e da representação do corpo nesta disciplina artística. 

No mesmo dia e seguinte:


facebook.com/events/1090525321064669

Lá estaremos nos dois eventos...

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Estivemos no III Mercado de Música Independente

Tal como já fomos à primeira edição, regressamos a este Mercado de Música Independente na companhia da nossa parceira Thisco, com a qual dividimos a mesa...

Havia poucos concertos atraentes nesta edição, coisas terríveis como os conichas dos Ghosthunt - ou Ghostkunt como passou a ser conhecido nesse dia. O mais ousado ou com atitude foi Scúru Fitchádu, projecto que era impossível de perceber o sonoro real devido à péssima acústica do espaço mas agora que se ouve bem no bandcamp soa a Death Grips a tocarem Funáná!!!

A nível de editoras de música havia uma boa oferta e foi um gastar de dinheiro... Em 2016 a fita magnética é o formato de eleição para se editar música longe do Pop/Rock chato. Seja Harsh Noise (Aló Narcolepsia!) e Metal (Olá Signal Rex!) que sempre mantiveram-se neste formato, a k7 tem dado para outros lados como a música Electrónica e Hip Hop (olé Marvellous Tone!). Entre as editoras mais simpáticas do evento estavam os madeirenses da Casa Amarela que lhes saquei o último exemplo da split'tape Liminal / Aires (pela checa Genot Center) ficando os gajos com menos material na mesa, foi mesmo má onda minha! Ambient / Noise / Field Recording com dinâmica o suficiente para se perceber que ainda se podem fazer coisas sem ser do mesmo. O mesmo não se pode dizer de Twistedfreak e Dragão Inkomodo que não percebi o que era a auto-edição (do Twistedfreak) devido a um confuso design mas entretanto já me disseram que o lado A é um set feito para a Rádio Quântica e ouve-se bem, com um fio vaporwave que gamou o que tinha a gamar ao Zamia Lehmanni e aos Ferraros. Do outro lado é um split com o Dragão Inkomodo e parece um bocado Big Beat à Fatboy Slim mas sem dinâmica. Mais vale ir ouvir Cannibal Corpse! E por falar em Gore,... As imagens do CD Khmer Rouge Survivors : They will kill you, if you cry (Glitterbeat) distribuído pela Megamúsiva em Portugal, mostra como como as capas do pessoal do Harsh Noise são uns meninos! O CD faz uma apanhado de música tradicional que sobreviveu aos Khmer Rouge, uma das maiores forças genocidas que existiu neste planeta em que bastava alguém usar óculos escuros para ser considerado intelectual e como tal abatido, tal era demência destes animais do Camboja. Música que vive de fantasmas e o desconforto de sentirmos "voyeurs" ("écouteurs"?) desta tragédia gigantesca...

Depois disso, o que pensar então de O Mundo Vai Acabar   por evoluir (Aros Art + Big Factory + Fábrica do Som; 2013) de Kapataz? Ou pior, de Lo-fi Hipster Trip (Meifumado; 2015) de Corona?

O primeiro caso é gunaria das Fontainhas (Porto), bairro que irá ser gentrificado quando menos se esperar, o granda bossa do Kapataz sabe disso? Deveria pensar no futuro invés de falar dos seus "beefs" (fictícios? reais? Who cares!?) com os "boys" e o seu amor incondicional com o Hip Hop (grandes beats neste álbum!!!). Pouco mais se aprende aqui como 99% da produção de Hip Hop 'tuga, como sempre, os seus protagonistas não sabem ser realmente sinceros (biográficos) à realidade envolvente - pecadilho que aliás que sofre toda a cultura portuguesa. Kapataz destaca-se do rebanho de padrecos com o seu flow nortenho fodido mas acaba quando os 48 minutos do CD acabam.

O segundo caso, acaba quando limpar a "pen USB" e lá meter música lá à séria como The Soft Pink Truth ou Plus Ultra... Hip Hop cómico que avacalha sem pica, conceito tão mole como uma alheira negra, mais valia não ter sabido que isto existia. Comprei o "disco" porque é uma embalagem de comprimidos com a música, fotos e vídeos dentro de uma "pen" - que parece mesmo um comprimido. E a edição ainda dá direito a uma bula médica! Excelente edição, música de merda! Mas tal como se pode desgravar uma k7 também se pode meter outra música (ou outros ficheiros) nesta "pen", no fundo no fundo, acho que comprei apenas uma "pen" e uma boa ideia de embalagem... Valeu, "Cagona"!

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Suecas em cuecas

Quando a revista sueca Det Grymma Svärdet (Lystring; 2013) decidiu fazer o número 16 em formato k7, ou seja, com música, o humor negro seco sueco manteve-se como marca registrada da publicação, só mudou a forma de o expor. Pelos vistos veio ao de cima a ideia de gozar com as compilações Noise dos White House e a sua editora Susan Lawly, que se dedicavam à "música extrema" (Noise) produzida em África, na Rússia e por mulheres. Música extrema da Suécia poderia ser o quê? Que tal gaijas a fazerem noise e afins? E invés de ter as "pin-ups de bonecas partidas" do Trevor Brown que tal ter antes gajos nesse mesmo fetichismo médico? E mais umas fotos de homens de boxeurs e perucas parvas?
A k7 de plástico vermelho é metida numa caixa a lembrar as de cartuchos de jogos de computador e dá nas vistas, especialmente pela provocação gráfica. Passado 20 anos desde essas compilações pela Susan Lawly, realmente a nossa cultura evoluiu e diversificou as suas propostas estéticas... A música da k7 é mais experimental do que Noise, mais electrónica - que nos dias de hoje podemos encontrar em Portugal com a grande Jejuno, por exemplo - sendo as faixas com mais presença as de Miriam Kaukosalo (vozes processadas) e Yo Ameba (Noise na linha de Pan sonic).

No número anterior também havia uma k7, Summercamp 2013, a acompanhar a revista editada em modo normal (formato livro), dedicada a Lisa Carver / Suckdog. Colectânea de vários músicos, não-músicos, artistas e "pranksters" (pelos vistos os "snobs" de Estocolmo prestam-se a isso) a celebraram aquela que será das poucas mulheres que praticou cultura de choque antes desta ficar institucionalizada ao ponto de até se conseguir eleger um presidente dos EUA como o "trompas"... Lisa fez (punk?)rock perigoso, ao ponto da Courtney Love parecer uma corista virgem de igreja. Também é sabido que levou nas trombas do porco nazi do Boyd Rice e talvez tenha dado nas trombas no javardo do Costes... Não que fantasie com nada disto.
A k7 junta temas de ou dedicadas a Carver, tipo Pop indie feminino frágil com sabor agridoce a violência doméstica ao gajo a contar piadas porcas em sueco com risos enlatados. Não convence para ir aprender a língua de Pär Lagerkvist, no entanto parece que todos devem ter-se divertido neste projecto e isso é transmitido mesmo para os não-suecos.

O não-gaja-mas-doido-o-suficiente-para-assinar-como-tal Melanie is Demented lançou em Outubro o seu novo álbum, We split up searching for you. Lançar é quem diz porque falamos de ficheiros em linha para o Spotify - e sim esta coisa ao lado é a "capa"...
O que distingue dos outros discos anteriores é que é mais "poppy" e "fácil" ao mesmo tempo que é mais intimista. Segundo o músico, em troca de e-mails pessoais, disse-me que as tournês que tem feito incluindo a nossa Ibérica, impressionaram-no (não sei como ao certo) mas que isso justifica as músicas novas terem sido compostas para serem mais fáceis de tocar ao vivo. São realmente menos "estúdio", topa-se desde a primeira audição...
Simplicidade não significa parvoíce e MiD continua a ser um génio Pop/Rock capaz de "earworms" que não nos irritam ao contrário das putas da Rádio Comercial, por exemplo. Mago que tritura tudo do que foi feito nos espectros Rock, Electro e Hip Hop, MiD cria o seu melodrama sonoro muito próprio, tal como uns Blur ou David Bowie. Tanto que o que se pode dizer de A psychiatrist why? Raggamuffin de/para alienados? Espero que chegue ao Top 10 em qualquer lado...

Já agora e porque se falou de putas, eis uma música para as Três Grandes Putas que alinharam em dar prémios à Disney:

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Instruction Manual for Lonely Mountains

Silent Army; 2016
Nicola Gunn (a) e MP Fikaris (d)

O pessoal da Austrália é bem maluco e encontrei-me ontem em Lisboa com um casal que fez este livro de BD - e claro que eles conhecem o Sam Wallman, a organização de apoio a refugiados e o Simon Hanselmann, o microcosmos da BD australiana deve ser ainda menor que a portuguesa onde todos fingem-se não conhecer...
Trata-se de uma adaptação para BD de uma peça de teatro que ronda uma reunião de grupo de Protesto Contra a Extinção da Raça Humana. Os "bedófilos" passam a vida a comparar a BD ao Cinema (de merda) e é engraçado que se esqueçam sempre do dos refinados diálogos do Teatro. O que quer dizer que quem lê BD vai mais ao Cinema do que ao Teatro? Sem comentários...
As quatro personagens que são realmente "montanhas solitárias" (e egoístas) demonstram a sua incapacidade de se conciliarem e de se focarem no assunto a que foram chamadas, provam que a Humanidade merece ser extinta. Obrigado aos "aussies" por nos relembrarem isso... Graficamente o desenho é muito simples e abonecado, sendo que há uns estranho apontamentos gráficos que aparecem sem aviso ao longo da narrativa. Pontuam algum sentimento das personagens que não pode aparecer escrito? Curioso...

PS - A imagem deste "post" é uma página do interior do livro, ao que parece este título ainda não foi lançado oficialmente e daí não ter encontrado imagem da capa...

PPS - Entretanto é de referir, que Fikaris é um verdadeiro instigador da cena australiana e edita uma revista, Dailies, cheias de participações daquele continente e vizinhos como a Nova Zelândia, Timor (Alfe Tutuala) ou Indonésia (Oik Wasfuk e Fitri DK).
Impressa a cores em papel jornal, uma das características que a tornam coerente é o facto de quase todas as BDs elegerem temas sociais e pessoais como conteúdo. Não quer dizer que não haja também algum experimentalismo "artsy" ou o humor "b-a-bá". Hanselmann aparece aqui e é um tampão vivo entre as duas possibilidades. Mais claro ainda nas intenções é o jornal Bread & Roses que assume o papel panfletário ao tornar as suas páginas todas em potenciais cartazes que apelam à União e contra a Corrupção. Curiosamente encontra-se lá o nosso Camarada Musturi!

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Grindlove


Os metaleiros 'tão na merda, já nem Satananás lhes safam... A moda de Grindcore javardolas sem conteúdo político e (anti-)religioso está em alta, e ainda bem, porque o rodriguinho de complexo cristão já cheirava mal. As heresias humorísticas de Vizir são capazes de serem mais eficientes do que pregar a grunhir, por isso 'bora masé curtir insufláveis (bolas, bóias, bonecos) nos concertos de Serrabulho vestido à Cosplay da Merdaleja. 
Este split-EP de 7" dos Serra com Shoryuken (Chaosphere + Half Beast; 2016) é um bom exemplo de quem sabe-se divertir a cheirar os seus próprios peidinhos debaixo do cobertor. Há de tudo, uma versão porca de Guns'n'Roses, Sweet Grind of Mine, pelos Serra, e até um tema ao vivo dos Sho que mostram que são uma banda ainda um bocado à séria, ou seja com som sério, dentro dos cânones, muito barulho Grind, bom! Embaladinho com um coelho cor-de-rosa de Páscoa - saiu mesmo na Páscoa, ao menos? - até tem umas orelhas recortadas de forma a abraçar o vinilo, snif snif... Ouve-se uma vez e não se fica nada chateado. Guardarei tal objecto apenas porque o desenho é do Camarada Duarte e porque este disco é um regresso ao mundo editorial da metade-besta do Camarada Pedro, hail bunnies!

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Muchas gracias!


Repetiu-se o stand mais colorido (e isso é bom!) na BD Amadora com resultados iguais aos do ano passado, o que mostra que com o tempo, o perfil deste evento vai afastando-se da "bedofília" bacoca.  Agradecemos ao director do festival, Nelson Dona, por nos ter oferecido mais uma vez esta oportunidade para estarmos presentes mas os nossos maiores agradecimentos vão para as verdadeiras "donas" do evento, Luísa Baeta, Lígia Macedo e Andresa Soares, que foram impecáveis desde sempre. Ah! E um saravá também para o Rui Horta Pereira!

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

"Zíngaro" na Art Review


Tal como aconteceu em 2014 com o Francisco Sousa Lobo, eis outro português a entrar com uma BD de duas páginas na revista inglesa Art Review: Carlos "Zíngaro". Esta intervenção deste artista e músico veio a pretexto da nossa antologia Revisão que trouxe à luz BDs portuguesas dos anos 70 que tanto espantaram o crítico Paul Gravett, responsável pela secção de BD da publicação...

...

Carlos "Zíngaro", artist and musician, is the second Portuguese Comics author to contribute in the magazine Art Review - the first was Francisco Sousa Lobo in 2014. This is due to the book Revisão that we published this year and republishes forgotten Portuguese comics from the 70's. Those pearls brought to light amazed Paul Gravett, the responsable for the comics section of the magazine, at the point to invite "Zíngaro" to make a new work for the mag... Well done!!!

domingo, 6 de novembro de 2016

Revisto em Barcelona


Obrigado à Cristina Alves pela foto... Revisão na Fatbottom Books, Barcelona.

sábado, 29 de outubro de 2016

ccc@bd.amadora.2016



Este ano a Associação Chili Com Carne está representada na BD Amadora com um stand próprio tal como aconteceu no ano passado

Infelizmente ao contrário do ano passado não podemos ter um espaço aberto aos fanzines devido a problemas de organização do próprio festival (um drama de bastidores à Maquiavel da Porcalhota) e pela falta de interesse de uma outra editora que deveria ser parceira nesta ideia - não dizemos quem é porque é como bater no ceguinho... No entanto tentaremos no espaço limitado o máximo de editores independentes que conseguirmos estando representados os livros da MMMNNNRRRGRodolfo Mariano e Ruru Comix e as serigrafias do Mike Goes WestEstamos abertos a mais propostas mas ficará fechado ao grupo de artistas e editores associados à Chili Com Carne, temos pena...

Consultem o CCCalendário (a primeira lista à vossa direita deste blogue) para saberem os dias que lá estaremos... Contem com exposições e novos livros de Nunsky (e um novo Mesinha de Cabeceira!) e o sul-africano Anton Kannemeyer - este último com sessões de autógrafos no fim-de-semana de 29 e 30 de Outubro e uma visita guiada à sua exposição no dia 30 às 17h. 

Visitem-nos para a vossa sanidade!!!

Já não sou eu que vivo /// MUNDO FANTASMA até 29 de OUTUBRO




It's no longer I that liveth é um livro sobre ter treze anos em 1986. Relata alguns meses na vida de Francisco Ferreira, entre a região de Lisboa e Évora. Francisco Ferreira tem a pior das idades. Uma idade em que o Deus da infância já não existe e não há ainda outro Deus que o substitua. Uma idade em que já não se brinca e ainda não se tem amigos verdadeiros. Uma idade niilista. Uma idade sem nada. Mesmo assim Ferreira descobre qualquer coisa, agarra-se a qualquer coisa.

inaugurou no passado dia 6 de Agosto na Galeria da MUNDO FANTASMA [Shopping Center Brasília Avenida da Boavista, 267 1o. Andar, Loja 509/510, Porto] e estará patente até 29 de Outubro

Francisco Sousa Lobo nasceu em 1973, em Moçambique, e vive entre Londres e Falmouth, no Reino Unido. Estudou primeiro arquitectura, depois arte. Em Londres acabou recentemente um doutoramento em arte, em Goldsmiths. Em Falmouth University ensina na licenciatura de Ilustração. Publicou vários livros de banda desenhada: Câmara Escura (Bedeteca de Lisboa; 2003), O Desenhador Defunto / The Dying Draughtsman (Chili Com Carne; 2013), O Andar de Cima (Ar.Co + Chili Com Carne; 2014), I Like Your Art Much (ed. de Autor; 2015), The Care of Birds / O Cuidado dos Pássaros (Chili Com Carne; 2015) e O Problema Francisco (Gulbenkian; 2015), também publicado em Espanha pela Ediciones Valientes. Prepara agora dois novos livros: Os Quarenta Ladrões (inquérito a artistas e críticos sobre a questão da influência) e Nuvem (sobre a Cartuxa de Évora).

ENTRETANTO:


O novo livro de Francisco Sousa Lobo, co-edição entre a Chili Com Carne e a Mundo Fantasma, não saiu na inauguração, devido a atrasos de impressão - o trabalho afinal é, como sempre com as BDs de Sousa Lobo, extenso... São 88 páginas e a duas cores, o que requer tempo quando se imprime em risografia.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Zines associados


Perdidos #1 é uma publicação desdobrável que um gajo tem de montar para aceder a intervenções gráficas de ilustradores sobre o tema dos "folhetos de animal doméstico perdido", ideia entre o mórbido e o fofo (coincidência que em italiano mórbido significa fofo!) do mesmo editor de El Monstruo de Colores no tiene boca. Por acaso o desenho mais interessante é da nossa 'tuga Ana Menezes para nosso gáudio nacionalista da treta ao ponto de até o reproduzimos aqui como ícone para este "post" sobre os zines de autores associados à Chili Com Carne participaram ou lançaram - e que não tenho tido tempo nenhum para os divulgar, aqui vai!!

Continuando entre castelhano e português, Cotidiano de Lujo #1 de Júlia Barata (ou Tovar, é assim que assina em Zona de Desconforto) é uma recolha de BDs sempre a abrir - porque a vida quotidiana é isso mesmo! - desta autora portuguesa residente na Argentina. Entre a leveza de uma Maitena (ergh) e algo mais naíf e verdadeiro - a quinta vinheta da página 14 é fantástica! - Júlia conta as suas aventuras autobiográficas com a família e a sociedade argentina. Para quem gostou do que ela contou no Zona de Desconforto esta é uma óptima forma de não lhe perder o rastro. Quando sair o número dois espero que ela avise de tal! Ah! Este zine e outros da autora e do seu marido Alejandro Levacov estão disponíveis na nova livraria lisboeta (ena!) Tigre de Papel.

O Sim Mau apareceu na Feira Morta na Bedeteca de Lisboa com uma série de zines produzidos na sua estadia numa escola de BD em Viborg (Dinamarca). Cyclops #4 cujo tema "Interpretations" é o resultado das classes dadas pelo argumentista Steven T. Seagle (um cromo da indústria norte-americana dos "comics") com cerca de três dezenas de alunos a interpretarem um texto (muito) simples que o gringo escreveu. Um exercício que tem tudo de "oubapoano" e mostra como realmente algo como um texto tão simples pode ter tantas visões diferentes. Seria algo que as escolas de BD portugueses deviam deitar cá para fora o tempo todo... Com outro aluno da mesma escola, o norueguês Erlend Sandoyjuntos fizeram o zine Man, take your freedom que parece um libreto da revista Mad para um oratório da Santa Igreja Queer dos Ogres Contabilistas. Sim Mau desenha a narrativa e Sandoy embeleza com molduras com motivos "Sword'n'Sorcery", quem escreve os versos não se sabe mas é aqui que se percebe que os Game of Thrones são uma má influência para a nossa Juventude! Ámen! A solo ainda há A day in school with refugees que sabe a pouco para tema tão importante, ou seja, sobre a escolarização de jovens refugiados (da Síria) e os seus problemas de adaptação na Dinamarca. Com um "final feliz" não deixa de ser estranha uma abordagem tão superficial mas a sinceridade é assumida desde o título de 12 páginas A4. Foi só um dia...

Por fim, III é o primeiro zine (acho, apesar do título indicar o contrário) de Rui Moura, um jovem artista que faz culto de arte freak e todo o fumo associado. Esta BD que publica está muito verdinha para aquilo que sei que é capaz de fazer, conheci-o através de uma candidatura interessante para o concurso dos "500 paus". Diria que serviu de desculpa apenas para experimentar a edição e o linóleo. Fazes melhor do que isto, certo?

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

ccc@doc.lisboa.2016


Mais uma vez a Associação Chili Com Carne regressa ao DocLisboa com exposição comercial de livros nossos que estejam na senda do "documentário" em BD... E já agora destacamos a retrospectiva de Peter Watkins e em especial o seu filme proíbido The War Game.

sábado, 8 de outubro de 2016

CHILI COM CARNE @ SILVEIRA ROCK FEST


No próximo Sábado, dia 8 de Outubro, a Chili Com Carne terá alguns livros à venda no Silveira Rock Fest. Haverá também uma apresentação do André CoelhoPara mais detalhes, consultem a página de facebook do evento AQUI!


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Conhecido no mundo da música mais extrema pelos seus trabalhos como ilustrador, designer e músico experimental, André Coelho vem ao Metal Market no Silveira Rock Fest apresentar o seu livro de ilustrações ICONOLATRY lançado pela editora Universal Tongue. Juntamente, teremos a presença da Chili Com Carne, associação que reúne diversos jovens artistas e que tem promovido e desenvolvido imenso trabalho no campo das artes, onde podemos encontrar algumas publicações do André Coelho. A apresentação decorrerá na zona do Metal Market ás 19h10 durante um dos intervalos dos concertos.

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Rabos ingleses!

foto de Marina Oliveira - há mais aqui

Na essência assim foi a festa de lançamento dos 500 Paus e do livro Acedia de André CoelhoSmell&Quim hairless British old fart's bums and noise... Foi divertido!

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

FESTA de LANÇAMENTO de ACEDIA e os 500 PAUS com SMELL & QUIM e shhh... vs RASALASAD

FESTA!!!!!
{tri-produzida pela Chili Com Carne, Nariz Entupido e Thisco}

A vida não pode ser só trabalho!

Se bem que no mundo pós-moderno o trabalho & os tempos livres já quase são a mesma coisa - mandem os tlms pró lixo!!!

Mas vá... Dia (noite!) 6 de Outubro no Lounge Lisboa há muita coisa para celebrar:


- o lançamento do regulamento do concurso interno TOMA LÁ 500 PAUS e FAZ UMA BD! pela Associação Chili Com Carne

- o novo livro-bomba de André Coelho, ACEDIA, vencedor da edição de 2015 do concurso Toma lá 500 paus e faz uma BD!

- estreia absoluta em território nacional dos Smell & Quim, uma verdadeira banda de bailarico! Mentira! Vai ser Noise do valente, vamos ver quem é que vai ficar até ao fim! Antes deles, o versus mais simpático de Portugal: Rasalasad e shhh...


cartaz de André Coelho

Sobre os músicos:

Smell & Quim --- Nos idos anos oitenta surgem no circuito internacional da musica ruidosa experimental uns iconoclastas sonoros britânicos de seu nome Smell & Quim que tomam de assalto a cena musical internacional aparecendo frequentemente em fanzines, com entrevistas nonsense e criticas aos seus trabalhos discográficos que muitas vezes roçavam a raiva e a aversão. Com um nome em jeito de trocadilho com a dupla pop britânica Mell & Kim, os Smell & Quim foram uma presença habitual no catálogo da editora nacional SPH (percursora da Thisco), já que era esta que distribuia todo o seu catálogo por cá, catálogo este que era difícil de actualizar já que frequentemente os seus discos ficavam retidos nas alfândegas ou eram devolvidos à procedência devido ao alto teor provocatório das suas capas, já que o imaginário e fascínio visual dos Smell & Quim pela pornografia, fetichismo e necrofilia era bastante explicito, tudo isto na era pré-internet.
Os Smell & Quim têm discos editados um pouco por todo o mundo, com destaque para as editoras Cheeses, Old Europa Cafe, Tesco, Red Stream ou Elsieandjack e gravaram com Aube, Merzbow, Evil Moisture, entre outros. Recentemente a Thisco editou uma cassete com uma colaboração com Rasalasad. As suas raras actuações ao vivo nunca foram concensuais e eram habitualmente incómodas para aqueles a que elas assistiam pela sua estética visual crua e visceral. Estarão hoje os Smell & Quim domesticados? Esperemos que não e é ver para crer.

shhh... --- Rui Bentes iniciou o projecto shhh… em 2003 e que conta com quatro álbuns editados, apara além de diversas participações em splits e compilações, ultrapassando as duas dezenas de edições fonográficas em CD, DVD, vinil, cassete, disquete e on-line nas editoras Thisco, Enough Records, Cold Model Records, Floppy Kick Records, Signal Void e Cobra Discos, em países como Portugal, Canadá, Espanha, Hungria e Japão, tendo colaborado com Sci-fi Industries, Dave Philips, Thisquietarmy, Anla Courtis, Philippe Petit, Cris x, Francisco Lopez, Kenji Siratori, Carlos Zíngaro entre outros. Partilha o projecto The Sleeper Has Awakened com Helder Luís e como complemento da música que faz, também cria a maioria dos vídeos para shhh… e produz composições para teatro, exposições, dança e instalações audiovisuais para o Bando, Útero, A Gaveta, Adriana Queiroz, Galeria da Salgadeiras, The Brooks Museum of Art, Fábrica da Pólvora, contando já com mais de quarto dezenas de peças. Em conjunto com a Overlook Filmes produziu três curtas-metragens, fazendo captação, mistura, sound-design e música original. Também criou o som para o filme de animação Alda e exerceu funções de co-director de som no filme Eclipse em Portugal, tendo até ao momento participado em seis filmes. Recentemente fez a composição sonora para um filme multimédia do Planetário de Lisboa.

Rasalasad --- Fernando Cerqueira iniciou as suas actividades no final dos anos 80 com o seu projecto de musica electronica industrial Croniamantal, com o fanzine Atonal e a editora SPH, onde editou Jim O'Rourke, Merzbow, Brume, The Haters, Telectu, etc... No final dos anos 90 funda o projecto de musica electronica Ras.al.Ghul com que edita vários CDs para a Symbiose, Thisco,  SPH, Grado, Blocsonic, Illuminated Paths, La Nostalgie de la Boue e Moloko +. No virar do século lança a editora Thisco, onde edita Merzbow, KK Null, Rapoon, Lasse Marhaug, Jarboe, Von Magnet, entre muitos outros.  A par da Thisco é editor das antologias oculturais Antibothis, onde participam Hakim Bey, V. Vale, Carl Abrahamson, Critical Art Ensemble, André Coelho, Pentti Linkola, Robin Rimbaud, Francisco Lopez, DJ Balli... Participa no documentário sobre a musica electrónica nacional, TeclaTónica.  As suas mais recentes edições incluem edições em colaboração com Matthew Waldron de irr.app.(ext.) e Nurse with Wound, Merzbow, Emil Beaulieau, Jarboe, Von Magnet, Hiroshi Hasegawa, Smell & Quim, Wildshores entre outros.

domingo, 2 de outubro de 2016

Anarquia transgênica

Não há volta a dar... fui à Feira Anarquista de Lisboa e vi aquilo mais morto que a feira (de edição independente) que se chama Morta! Saquei de lá o Boletim da BOESG e querendo fazer aqui alguma resenha ou divulgação do espaço só fui encontrar uma imagem do dito boletim no sítio em linha do Pacheco Perreira. Isto para dizer que não consegui encontrar em nenhum dos sítios oficiais ligados ao Boletim. Yup! O estado português não tem de se preocupar, a Anarquia em Portugal está moribunda sem ser capaz de se organizar ou sequer ser imaginativa para ser, pelo menos, subversiva - e isto já é pedir o mínimo dos mínimos de quem se intitula de "anarquista". Serve para apenas para manter os arquivos de um gajo do PSD actualizados...

Já ficamos a saber que os livros da Chili Com Carne sobre os temas "anarcas" escritos pelo Rui Eduardo Paes são mal-vistos por alguém por estas bandas. Como se diz por aí, quando um livro é publicado ele serve para discussão e reflexão. Só que invés dos "anarcas" aproveitarem para discutir e criar canais de diálogo sobre esses livros, preferem ignorar tal é o snobismo digno de betos que são. Será o actual movimento (movimento?) português contemporâneo da anarquia um grupinho com "donos"? Uma seita? Uma Monsanto de "trademarks"? Talvez seja por isso que a Feira Anarquista em oito anos diminuiu as suas mesas de editores em metade das presenças na sua primeira edição invés de aumentar como deveria ser normal? As guerras interinas são tão evidentes que até mudou de denominação nos últimos dois anos para Feira das Edições Subversivas, segundo creio... Mein Gott! Unmöglich! Enfim, um rol de tristezas que coloca os "anarcas" portugueses ao nível da tipificação salazarista do português mais comezinho. Ainda estou para perceber porque passado oito anos voltaram a convidar a Chili a estar lá com as suas edições. Se foi um acto de confronto com os Lideres espirituais, fixe, significa que há anarcas que estão contra as forças internas da superstição e do dogmatismo bacoco. Se foi um acto de coragem para ultrapassar a ideia de que a libertação do ser humano deve ir para além de pensamento político e dos manifestos surrealistas do século passado, mais honrados ficamos! Afinal estamos em 2016 e do André Breton o que curtimos mesmo é a terrinha onde ele foi bater as botas, bem bonita a aldeiazinha, catita para ir lá de férias beber uns licores. Vai uma aposta que pró ano não nos convidam e a Feira terá quatro mesinhas com a mesma edição de Homenagem à Catalunha?

Mas vamos ao que interessa, o Disgraça é um espaço social libertário que fica na Penha de França - este ano até foi lá o nosso Camarada Balli e tudo! - e alberga várias organizações alternativas ao sistema. Entre elas, a ex-Biblioteca dos Operários e Empregados da Sociedade Geral que era uma biblioteca de trabalhadores de uma companhia comercial de barcos, que se transformou na Biblioteca Observatório dos Estragos da Sociedade Globalizada. Mais que uma cosmética de nome, houve a sensatez de conservar um acervo histórico de livros de operários em que inevitavelmente encontraremos alguma literatura tóxica, mas que entretanto têm-se acrescentado livros "de meios para ultrapassar esses estragos" ou seja, literatura anarquista, libertária, feminista, vegetariana, etc... Abre às sextas-Feiras entre entre as 16h e as 23h para quem não se quer ficar só pelo jornal Mapa ou para qualquer um que queira apenas ler algo uma vez que a biblioteca municipal daquela zona foi deslocada para um sítio horrível graças à gestão pindérica da sua Junta de Freguesia - basta fazer um "google" de imagens para perceberem onde estava situada e onde foi parar!

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Dead Scene

Aconteceu mais uma Feira Morta este Sábado (na porreira Cinemateca) mas há  poucos motivos de entusiasmo tirando o facto de ter sido uma festa para encontrar amigos e conhecidos logo a seguir às férias, e claro, a visita do Camarada Lam de Valência - um grande artista e editor que parece-me que pouca gente reparou, na típica timidez parva dos portugueses. De resto? Mesma coisa de sempre, promoção fraca, programação paradoxal... E infelizmente, as mesas dos editores e dos artistas têm se apresentado como já há algum tempo em apenas meia-dúzia de folhitas agrafadas que voam muito facilmente quando vêm uma rabanada de vento. O que se passa com os estes ilustradores / autores de BD que pouco fazem? Que produzem ligeirezas? Será impossível de (ser eu a) responder a tal mas o inverso de tudo isto estava a poucos minutos a pé da Cinemateca quando se comemorava o dia de "open studio" na escola MArt. Falo de Rodolfo Mariano que nesse mesmo dia apresentou o seu trabalho enquanto artista residente, onde finalizou e lançou o livro Outro Mundo, Ultra Tumba.

Em formato A4 auto-publicou 44 poderosas páginas, trabalho desenvolvido durante os últimos cinco meses entre Coimbra e Lisboa. Ao que parece, para além dos livros, no "open studio" tinha os originais para consulta/ apresentação e estava disponível para toda e qualquer questão acerca do seu trabalho e projectos que está a desenvolver. Não deveria ser a Morta ser assim ou então o Mariano estar nela? Estamos num mundo às avessas sem dúvida...

Este OMUT é um pequeno colosso gráfico DIY que mostra trabalho, esforço e persistência. Tem uma estrutura clássica de narração, tipo Sherazade ou Os Contos de Canterbury, ou seja, personagens contam histórias uns aos outros ou se preferirem, há histórias dentro de histórias. Neste caso é uma guitarra, uma caveira e três alienígenas a mamarem vinhaça num descampado que vão contando cenas, topam? É o que as pessoas, se fossem ainda humanas, deveriam fazer sempre desligando os smart-phones e o fezesbook...

A "coisa" quase roça para o Heavy Metal fajuto de "Espada & Bruxedo" mas usa calão da streeta para não cair no ridículo. É que ridículo já o é a fantasia e o palavreado do Metal mas como Rodolfo eleva-a ao quadrado, a coisa torna-se airosa de se ler. Ehm... Mesmo assim, admito que adormeci duas vezes ao ler a sua prosa literária mas a desculpa é que além de não perceber nada da exagerada confusão que vai práqui (mete meta-física à Hawkwind acho) e estar-me a cagar para o que está acontecer na realidade (o pós-modernismo não perdoa), o livro tem ainda "power" - é das poucas edições DIY actuais que se não tivesse texto e fosse mais um dos milhares de "graphzines" que andam praí, ainda assim o compraria!

Desenhos lambidos para quem curte o Dark sem homo-erotismo ou folhados à D'Artagnan, grafismo de autista Art Bruteiro (quem viu os originais diz que são maravilhosos!) ou para quem esta em sintonia com o Petit Comitê del Terror e outros monstros pictóricos pela Europa fora. Tem algo de excitante como os primeiros zines de David Soares ou o Carneiro Mal Morto de Rafael Gouveia nos finais dos anos 90, é material negro mas não cheira a mofo. Seja quais as razões que Mariano tem para escrever ou desenhar assim, independente do que transmite ou que o leitor perceba, topa-se que a produção vêm do fundo do seu corpo (da próstata ou do dedo médio do pé tanto faz) e que essa pujança não pode ser apagada nem esquecida. No meio de tanto zines e/ou livros monográficos que pupulam na Morta poucos se erguem e mantêm-se de pé como este pequeno menir impresso do século XXI. Parabéns, meu!

domingo, 25 de setembro de 2016

Mesinha de Cabeceira #23 : Inverno /// ESGOTADO ... SOLD OUT


one comix collection about the WINTER (Inverno, in Portuguese) to comemorate 20 years of the zine Mesinha de Cabeceira created by Pedro Brito and Marcos Farrajota in1992
published by Chili Com Carne 
edited by Marcos Farrajota
designed by Joana Pires 
covers by José Feitor e Pedro Brito 
500 copies, 352 A6 b/w pages ALL in ENGLISH
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Antologia comemorativa dos 20 anos do zine Mesinha de Cabeceira, criado em 1992 por Pedro Brito e Marcos Farrajota.
Publicado pela Associação Chili Com Carne
Editado por Marcos Farrajota
Design por Joana Pires
capas: José Feitor e Pedro Brito
Foram impressos 500 exemplares, são 352 páginas A6 a preto e branco. todas as BDs foram redigidas em inglês.



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Com trabalhos de / comix by João Chambel, Daniel Lopes, Sílvia Rodrigues, Afonso Ferreira, Rafael Gouveia, Sara Gomes & André Coelho, José Smith Vargas, Bruno Borges, João Maio Pinto, Silas , Stevz (Brazil), Martin López Lam (Peru/ Spain), Lucas Almeida, Dice Industries (Germany), Uganda Lebre, Filipe Abranches, Tea Tauriainen (Finland), João Fazenda  and Zé Burnay.
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Apoios / support: Instituto Português do Desporto e Juventude e Trienal Desenho 2012 
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ESGOTADO / SOLD OUT - maybe still some copies at Mundo Fantasma (Porto)Neurotitan (Berlin), Lambiek (Amsterdam), LAC (Lagos), Strips & Stories (Hamburg) and Orbital (London).
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Lançamento na exposição 20 anos do Mesinha de Cabeceira, 25 de Outubro, na Estação Elevatória a Vapor dos Barbadinhos, Lisboa. Released 25th October at the exhibition "20 years of Mesinha de Cabeceira" at Estação Elevatória a Vapor dos Barbadinhos, Lisbon.



 

Feedback:
dei uma olhadela na Mesinha de Cabeceira, e parabéns, gostei muito do que vi, a capa e primeiras folhas estão muito boas, assim como as ilustrações do José Feitor a fechar a publicação, com as folhas só a uma cor... 

parabenizo-te pela excelente edição! Graficamente, o conteúdo é todo excelente, com soluções muito interessantes por parte dos artistas - em especial, a história do Chambel (...) das melhores do zine. (...) Grande edição, com uma autenticidade que se sente logo de imediato, muito boas BDs, bem impresso e acabado num formato muito cativante - com as "tripas de fora", à livro setecentista, como um verdadeiro objecto contra-cultural e "bruto" como se deseja - e das tuas melhores edições, como um todo, dos últimos tempos. Dou-lhe cinco estrelas!

 Despite the theme, “Winter” (surely of many discontents but celebratory nonetheless), the stories presented are solid, readable (even if not for the faint of heart) and supported by a great variety of bold, stylised and grounded artwork. 
Pedro Moura in Paul Gravett site

Em termos gerais, o tom desta nova antologia é de facto melancólico. Não deixa de ser algo expectável construir tramas em torno de cenários apocalípticos, paisagens inóspitas ou em que se desenrolam características colhidas de variadíssimos géneros para que sejam subvertidos numa certa amoralidade. É uma espécie de celebração pelo desencanto, de que as imagens criadas por Brito e Feitor são um signo potente. Não se cantam aqui vitórias, nem se glorifica o passado, e tampouco se esperam promessas de desenvolvimentos futuros muito específicos, mas constitui-se mais um gesto editorial muito marcante de um percurso, de uma atitude e de uma certeza em relação à forma de trabalhar, cujo testemunho é a própria existência deste pequeno grande tomo.

livro magnífico (...) tem excelentes trabalhos 

Que brutalidade! (...) Capas diferentes e tudo, parece uma cena sem fim! 
Silas (Pontos Negros)

fanzine já mítico (...) que cumpriu recentemente duas décadas de vida (...) O que talvez não tenham imaginado foi o potencial que se guardava naquelas primeiras páginas, em 1992, e que haveria de desenvolver-se numa teia de colaborações, experimentalismos, abanões estéticos e narrativos de toda a espécie e a capacidade de manter uma publicação arejada e vibrante ao longo de tanto tempo. De tal modo que quem queira, hoje, conhecer o que se faz no campo da banda desenhada de autor e com poucas preocupações comerciais pode continuar a usar o MdC, e concretamente este número 23, como guia fiável. (...) uma babel de traços e estilos numa estranha e inquietante harmonia, (...) E se a coerência do conjunto não nasce do traço ou do estilo, é provável que se deva aos temas, uma radiografia nítida daquilo a que chamamos ar do tempo, com o tom apocalíptico, o peso do desperdício, a contaminação (real, nos montes de lixo que excedem da indústria de consumo e ocupam os campos, e visual, nas manchas que parecem alastrar como fungos) e uma certa ideia de no future que deve muito ao punk, mas deve ainda mais aos dias que vivemos. 

nomeado para Melhor Publicação Nacional, Melhor Obra Curta (Filipe Abranches, João Chambel, João Fazenda) e Melhor Argumento (João Fazenda) para os Prémios Central Comics 2012

Some amazing inkwork and disturbing imagery
White Buffalo Gazette