Gaijas Comix
No Graf de Barcelona encontramos a gaja do Meu Namorado Cavalo, que não assina os trabalhos numa anonimato bizarro em que a série de BD e autora são homónimas: Mi Novio Caballo. Lançava o seu segundo livro Aventuras en el Asteroide, 90 e tal páginas quadradas de alucinação naíf da autora e o seu namorado pelo mundo das traições, do mar e do espaço.
Se nos fanzines que já se tinha aqui escrito resultava bem devido à estranheza de um cavalo em situações rotineiras, quando a estranheza soma-se a mais bizarria, o cavalo perde tesão... Não deixa de ser admirável o esforço feito mas parece que é preciso mais garra para não parecer apenas tolo...
Mais poéticas são Klari Moreno e Andrea Ganuza Santafé com os seus zines / chapbooks. A primeira tem uma linha frágil ora para mostrar ambientes bucólicos como Origen, nudo y origen (La Malvada; 2015) como para manifestar Relacionarse muy duro (La Malvada; 2016). Roça o freak mas tem boa pinta. A segunda é mais vulgar no traço e na exibição, aliás o seu fanzine chama-se Puta Mierda (Morboso y Mohoso; 2015) por alguma razão... Conta autobiografias, masturbações e mistura desenho e fotografia para tudo ser mais realista. É uma sem-vergonha! Como é sabido por todos, as espanholas são umas badalhocas!
Não conhecia a Conundrum do Canadá, casa editorial de autores como Chi Hoi, Igor Hofbauer (Prison Stories), David Collier ou Richard Suicide (ver Mutate & Survive) e uma centena de canadianas como Elisabeth Belliveau ou Kat Verhoeven. O livro One year in America da primeira autora deixa-me frio mesmo que seja um diário de um ano da vida da autora ou é porque ela desenha como uma sopeira ou porque é "arte contemporânea", tanto faz... Towerkind é mais funcional e ganha logo o coração devido ao reduzido formato do livro - um fofinho A6! Infelizmente um bom princípio que daria para uma grande história - um "guetho" em Toronto com milhares de emigrantes que falam 150 línguas diferentes - não vai longe. Verhoeven faz homenagem ao sítio mas parece que nunca entrou numa casa de um emigrante ou que tenha convivido com alguém de lá. Parece antes uma exploração da miséria com pitadas de "realismo mágico" que está tanto na berra no mundo hipster da BD...
Aporia (2015) de Sallim é um zine desta música e artista que publica uma BD que se confunde com Poesia visual e vice-versa, de desenhos e escrita simples para quem curte de crise existencial juvenil. Há de lhe passar mas espero que faça mais "coisas" destas num futuro qualquer, seria muito interessante ver mais evoluções desta autora, que também tem uma série de títulos com colagens...
Parece que "zine" para as novas gerações significa "chap book" ou "livrinho" ou "livro de autor". O conceito de serialização passa ao lado, e mais ainda o zine enquanto esforço colectivo. O individualismo impera para o melhor e para o pior porque quando se lança numa publicação a solo, tudo o que é bom ou mau virá ao de cima sem perdão ou hipótese de camuflar entre mais outras páginas de outros autores. Da Joana Teixeira e da Joana Éfe espera-se mais de Viúva (2015) e Starman (2016) respectivamente. No primeiro caso porque espera-se a continuação de algo que sabe a pouco e no segundo porque nem se sabe se há continuação sequer... No lado oposto está a "nossa" Sofia Neto que com Down Below e Eco (Mundo Fantasma; 2015-16) prova que tem tudo para ser ou uma grande autora de BD comercial ou uma grande autora de BD ponto final. Down Below aliás parece uma metáfora para essa dúvida inútil se deve ser "underground" ou não, quando se assiste o "avatar" da autora trabalha como inspectora de sedes marítimas abaixo do nível do mar a ser enganada... Hum... Eco é um "slice-of-neo-gótico" impresso a branco sobre papel negro confirmando o que já se sabia, que a produção gráfica da Mundo Fantasma é para além do excelente.
Por fim, para desenjoar de todos estes monográficos solipsistas eis o regresso de Durty Kat, o número 10, da Camarada Ana Ribeiro que faz com as interrupções da vida este fanzine desde os finais dos anos 90. Prova que fazer zines não é um estágio de emprego mas um modo de vida. Talvez seja o zine mais imperfeito de todos aqui relatados mas é aquele que me dá mais prazer ler e ânsia ao receber por correio, especialmente quando este número é dedicado a delírios religiosos - justificando assim a inesperada participação de Francisco Sousa Lobo. O Durtykat deixou de ser um "perzine" de Ribeiro para abrir portas a mais colaboradores e tem uma saudável fórmula de misturar poesia, desenho, BD e fotografia. Caguei, chamem-me de velho...
Se nos fanzines que já se tinha aqui escrito resultava bem devido à estranheza de um cavalo em situações rotineiras, quando a estranheza soma-se a mais bizarria, o cavalo perde tesão... Não deixa de ser admirável o esforço feito mas parece que é preciso mais garra para não parecer apenas tolo...
Mais poéticas são Klari Moreno e Andrea Ganuza Santafé com os seus zines / chapbooks. A primeira tem uma linha frágil ora para mostrar ambientes bucólicos como Origen, nudo y origen (La Malvada; 2015) como para manifestar Relacionarse muy duro (La Malvada; 2016). Roça o freak mas tem boa pinta. A segunda é mais vulgar no traço e na exibição, aliás o seu fanzine chama-se Puta Mierda (Morboso y Mohoso; 2015) por alguma razão... Conta autobiografias, masturbações e mistura desenho e fotografia para tudo ser mais realista. É uma sem-vergonha! Como é sabido por todos, as espanholas são umas badalhocas!
Não conhecia a Conundrum do Canadá, casa editorial de autores como Chi Hoi, Igor Hofbauer (Prison Stories), David Collier ou Richard Suicide (ver Mutate & Survive) e uma centena de canadianas como Elisabeth Belliveau ou Kat Verhoeven. O livro One year in America da primeira autora deixa-me frio mesmo que seja um diário de um ano da vida da autora ou é porque ela desenha como uma sopeira ou porque é "arte contemporânea", tanto faz... Towerkind é mais funcional e ganha logo o coração devido ao reduzido formato do livro - um fofinho A6! Infelizmente um bom princípio que daria para uma grande história - um "guetho" em Toronto com milhares de emigrantes que falam 150 línguas diferentes - não vai longe. Verhoeven faz homenagem ao sítio mas parece que nunca entrou numa casa de um emigrante ou que tenha convivido com alguém de lá. Parece antes uma exploração da miséria com pitadas de "realismo mágico" que está tanto na berra no mundo hipster da BD...
Aporia (2015) de Sallim é um zine desta música e artista que publica uma BD que se confunde com Poesia visual e vice-versa, de desenhos e escrita simples para quem curte de crise existencial juvenil. Há de lhe passar mas espero que faça mais "coisas" destas num futuro qualquer, seria muito interessante ver mais evoluções desta autora, que também tem uma série de títulos com colagens...
Parece que "zine" para as novas gerações significa "chap book" ou "livrinho" ou "livro de autor". O conceito de serialização passa ao lado, e mais ainda o zine enquanto esforço colectivo. O individualismo impera para o melhor e para o pior porque quando se lança numa publicação a solo, tudo o que é bom ou mau virá ao de cima sem perdão ou hipótese de camuflar entre mais outras páginas de outros autores. Da Joana Teixeira e da Joana Éfe espera-se mais de Viúva (2015) e Starman (2016) respectivamente. No primeiro caso porque espera-se a continuação de algo que sabe a pouco e no segundo porque nem se sabe se há continuação sequer... No lado oposto está a "nossa" Sofia Neto que com Down Below e Eco (Mundo Fantasma; 2015-16) prova que tem tudo para ser ou uma grande autora de BD comercial ou uma grande autora de BD ponto final. Down Below aliás parece uma metáfora para essa dúvida inútil se deve ser "underground" ou não, quando se assiste o "avatar" da autora trabalha como inspectora de sedes marítimas abaixo do nível do mar a ser enganada... Hum... Eco é um "slice-of-neo-gótico" impresso a branco sobre papel negro confirmando o que já se sabia, que a produção gráfica da Mundo Fantasma é para além do excelente.
Por fim, para desenjoar de todos estes monográficos solipsistas eis o regresso de Durty Kat, o número 10, da Camarada Ana Ribeiro que faz com as interrupções da vida este fanzine desde os finais dos anos 90. Prova que fazer zines não é um estágio de emprego mas um modo de vida. Talvez seja o zine mais imperfeito de todos aqui relatados mas é aquele que me dá mais prazer ler e ânsia ao receber por correio, especialmente quando este número é dedicado a delírios religiosos - justificando assim a inesperada participação de Francisco Sousa Lobo. O Durtykat deixou de ser um "perzine" de Ribeiro para abrir portas a mais colaboradores e tem uma saudável fórmula de misturar poesia, desenho, BD e fotografia. Caguei, chamem-me de velho...
1 comentário:
Malta obrigada pela referência :)
E também é sempre bom ler sobre tantas "gaijas" com talento!
Joana Éfe
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