Displicentes dourados
Como escrevi há pouco tempo, a mesa da Cafetra na sua noite de Natal estava plena de coisas. Se ali gastei nota, ainda não sei se me apetece escrever sobre o último do Éme (caramba, passou um ano e ainda não consegui escrever sobre o Lourenço Crespo!) mas é na boa que saúdo a k7 homónima de Rabu Mazda & Van Ayres (Cafetra?; 2016?).
De um lado está o tema Acácia e de outro Cinza, duas peças de música experimental electrónica conduzida por dois putos (na altura, os temas são de 2014 e 2015 respectivamente) que dão bailinho a tanta música chata do género. Acácia tem dois tempos, o primeiro é um catálogo de New Age para elevador interrompido com um diálogo entre os músicos (do tipo "'tás-ta safar? - Iá...") para fugir para uma marcha filarmónica de andróides em pane. Não sei qual dos dois pintas (o Rabu na altura tinha um cabelo de "louro burro" e o Ayres andava com mais purpurinas do que roupa) escreveu a patranha pós-cool/onialista que esta música era uma interpretação de uma tribo nos pólos do planeta, nada disso, rapazes, vocês soam a mutantes a vasculharem o lixo do século XXI. A provar disso é Cinza, relatório dubstep / techno de fazer esquecer as secas da Hyperdub e que a dada de altura sente-se que eles nem sabem o que estão a fazer porque as máquinas tomaram conta do "show". A energia à descoberta de sons manipuláveis é sentida e talvez por isso é que estas selvajarias tiveram de sair em k7 depois de estarem a hibernar no "bandcamp".
Boa iniciativa, meus! É que desde que o vinil passou a ser uma verdadeira vaidade dos músicos, deixou de ser verdade (era há 10 anos atrás) a afirmação que a melhor música era editada em vinil. Actualmente a melhor música é editada em k7. É o caso desta. Ou o caso da Arte Tetra, que em breve irei dedicar aqui um "post".
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