domingo, 3 de março de 2024

MUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU



RUBI é uma colecção nova da Chili Com Carne dedicada a romances gráficos à escala global. Mas sobretudo será uma selecção criteriosa de Romances Gráficos, para contrabalançar a literatura "light" que tem inundado o mercado português nos últimos quatro anos. Depois de Sírio eis

Música para Antropomorfos
de 
e


Romance gráfico e música Noise Rock nascido numa origem comum mas que se afastam cada um num trajecto paralelo. Nem o livro de Zimbres (S. Paulo, 1960) é uma adaptação das músicas de Mechanics (Goiânia, 1994) nem a música é uma banda sonora da banda desenhada.


A improvável gênese do artefacto musical/ visual que você tem em mãos é esta: uma banda de rock suja e malvada de garotos goianos (capitaneada por um fã ardoroso de Jack Kirby) criou a fagulha sonora, primitiva e ominosa para que Zimbres, o mais cortês dos quadrinistas experimentais, criasse seu grande épico. É um pequeno milagre das circunstâncias e uma grande história de origem, e quanto mais você pensa a respeito, mais faz sentido: quem possivelmente inventaria um treco desses? 

Essas pequenas instâncias de reconhecimento se repetem no decorrer das cerca de 200 páginas de leitura. Por trás de sua fachada desconjuntada, de capítulos desenhados em estilos drasticamente flutuantes, MPA tem uma narrativa sólida, com direito inclusive a toda aquela lenga-lenga de introdução, complicação e desenlace.  É como um recontar cubista e ultracondensado da história do Ocidente, com pitadas de profecia bíblica, mitologia grega e farsa borgiana. 
- Diego Gerlach 

(...) originalmente publicada em 2006 por iniciativa do grupo de rock Mechanics, comandado por Márcio Jr. A primeira edição, esgotada há muito tempo, se tornou um raro objecto de desejo dos fãs de Zimbres (...) Todos ouviram falar sobre o livro, mas poucos conseguiram um exemplar. No mundo desenvolvido por Zimbres/ Mechanics, conheceremos SP (San Paolo) e SF (San Francesco): duas cidades-robôts ou fortalezas andantes. Eles evoluem em meio a pântanos, florestas, desertos e campos povoados por jacarés musculosos, vacas amáveis e cães sem cabeça. Outras histórias paralelas se desenrolam dentro e fora das fortalezas: complôs políticos, editoras dirigidas por vacas tirânicas e fantasmas dominadores usando pessoas como títeres. Com seu traço que traz um profundo conhecimento das artes gráficas e narrativas visuais, Zimbres constrói um universo rico, complexo e coerente, aliando os quadrinhos underground à experimentação dos graffitis e artes-plásticas. Mergulhar no mundo de SP e SF é uma experiência única, onírica e caótica, regida pelos desenhos de Zimbres e pela música de Mechanics.
- Zarabatana Books




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Música para Antropomorfos foi originalmente publicado no Brasil, pela Monstro Discos em 2006, sendo reeditada recentemente na Colômbia e no Brasil (pela Zarabatana). Editado por Joana Pires e Marcos Farrajota e publicada pela Associação Chili Com Carne. Foram impressos 1000 exemplares deste livro, dos quais 300 150 exemplares oferecem o CD Music for Antropomorphics (em parceria com editora punk Zerowork Records) se for adquirido directamente à Chili Com Carne.

Alguns exemplares com CD estão no Porto - Matéria Prima, Mundo Fantasma, Utopia  - e Lisboa: Tigre de Papel, Linha de Sombra, Tasca Mastai, Snob, Kingpin Books, XYZ, BdMania, Tortuga e entretanto por aí: Rastilho e Kazoo.

Procurem estes elementos:


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Fabio Zimbres, ou FZ, nasceu em 1960, em São Paulo, e vive em Porto Alegre. Estudou arquitectura e se formou em artes, é designer gráfico, organiza exposições, pinta, faz histórias em quadrinhos e ilustrações.

Fez parte da equipe fundadora da revista Animal que editou até seu final, em 1991.

Em Portugal só se encontram pedacinhos do seu trabalho, nos fanzines A Mosca (1997) e Mesinha de Cabeceira - Seitan Seitan Scum (2010), com uma BD escrita por Marte (do Loverboy) -  e no catálogo Divide et Impera (Montesinos; 2009).








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FEEEEEEEEEEEEEEEEEDBACK

Uma referência na BD do Brasil
Paulo Monteiro / Festival de BD de Beja
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Fábio Zimbres: Um "animal" inconformista
Rui Cartaxo in Splaft!
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Sendo já considerado dois dos mais importantes acontecimentos do ano (...) a criteriosa edição, por Farrajota e Joana Pires, do livro / zeitgeist sonoro (...) e a exposição de Zimbres no XV Festival Internacional de BD de Beja
André Azevedo in Splaft!
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Reportagem na TODAS AS PALAVRAS na RTP
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5 ESTRELAS
Expresso
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(...) neste tipo de colaborações intermedia, e segue, conscientemente ou não, o procedimento que a parceria entre John Cage e Merce Cunningham definiu noutros domínios: a banda-sonora e a coreografia não dizem o mesmo, são autónomas e valem por si próprias, ainda que os movimentos dos bailarinos se refiram ao ouvido e o compositor tenha presente que a sua partitura se destina a um espectáculo de bailado. 
Esta referência “erudita” não é, de todo, descabida, ainda que a edição agora em causa tenha uma proveniência cultural popular. Cage, Cunningham, Jr. e Zimbres partilham uma perspectiva que é de suma importância: a experimentação. O rock implosivo dos Mechanics e a BD “belo horrível” de Fabio Zimbres são tão experimentais e exploratórios quanto o que conhecemos da dupla de John Cage e Merce Cunningham. Podem partir de pressupostos diversos, provavelmente até opostos, mas procuram o mesmo nível de libertação relativamente aos paradigmas estabelecidos para as artes e para a combinação destas. Com vantagem, inclusive, para este projecto que, reivindicando um estatuto de emancipação estética em áreas (BD, rock) que ainda hoje o vêm negado e derrubando as clássicas divisões entre “alta cultura” e “cultura de massas”, acabam por ter implicações sociais e políticas mais específicas e focadas do que confiar ao acaso as estruturas e os conteúdos do conceito indeterminista de criação dos dois norte-americanos. (...)
Rui Eduardo Paes in A Batalha

Recomendado pelo Expresso - livros 2019

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