Eis que saiu a segunda edição de
Hoje não
de
Ana Margarida Matos
- as "sete diferenças": menos páginas e nova capa com uma bela fotografia tirada por Diana Laneiro -
é o 22º volume da
Colecção CCC com o ISBN: 978-989-8363-47-3, de 500 exemplares, com 112p 16,5x23cm p/b, edição brochada e colada no verso.
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Correndo por fora do habitual corredor da comiseração autobiográfica - tão frequente na chamada BD
alternativa - as bandas desenhadas da Ana Margarida Matos surpreendem-me pela
densidade e liberdade conceptual.
Há em Hoje não um rigor gráfico virtuosamente obsessivo e um
uso exaustivo das palavras, que me captura dentro de páginas-labirinto. Como se
a autora me obrigasse a permanecer neste espaço claustrofóbico tanto tempo
quanto aquele que investiu para desenhar aquela página. Mas a fluidez e originalidade das suas soluções narrativas
deixam-me desarmado, vulnerável ao correr do tempo, cúmplice dos seus dias. Percorro as páginas como num jogo de xadrez, tentando antecipar
jogadas e surpreendendo-me com os desenlaces. Xeque-mate.
António Jorge Gonçalves
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Ana Margarida Matos (1999) cresceu no Montijo mas entretanto como não gosta muito de touradas fugiu para Almada. Estudou Design Gráfico na Escola Artística António Arroio e licenciou-se em Pintura na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa.
Em 2019 lançou o seu primeiro zine Passe Social através do selo editorial Erva Daninha e participou na antologia Querosene publicada pela Chili Com Carne bem como em várias antologias internacionais, a saber: Kus! (Letónia), Stripburger (Eslovénia) e Soñario (Espanha).
No ano de 2021 ganhou o concurso Toma Lá 500 Paus e Faz Uma BD promovido pela Chili Com Carne com o projeto Hoje Não que entretanto teve direito a uma versão norte-americana, pela Fieldmouse Press, e uma segunda edição portuguesa.
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Com um novo confinamento a chegar, este livro é um registo diário entre 16 de Janeiro e 26 de Junho
de 2021, com a premissa da autora não voltar a perder a noção do tempo, documentando
tudo e qualquer coisa que aconteça no dia e resumindo o mais importante em apenas
cinco linhas.
Cada página corresponde a um dia onde se capturam os limites da
identidade pessoal num momento tão atípico na história da nossa existência, através
das rotinas diárias, das crises existenciais e do que se vê na sociedade.
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disponível na nossa loja em linha e também na BdMania, Kingpin, Linha de Sombra, Snob, Tigre de Papel, Livraria das Insurgentes, Socorro e Tinta nos Nervos. E na Libraria Paz (Galiza) e TFM (Frankfurt).
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Historial:
obra vencedora do concurso interno Toma lá 500 paus e faz uma BD! 2020 ... a única exposição relevante na BD Amadora 2021 ... entrevista na TSF ... lançamento oficial no dia 27 de Novembro 2020 na Tinta nos Nervos com participação do psicólogo Vasco Oliveira ... apresentação no Museu Bordalo Pinheiro, 12 Dezembro, 15h, com Marcos Farrajota ... entrevista no Todas as palavras ... edição norte-americana pela Fieldmouse Press em 2023 ... segunda edição com nova capa em 2024 ...
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Feedback
Hoje Não é um diário da autora criado durante seis meses de 2021, durante um dos confinamentos desencadeados pela pandemia da Covid 19 em Portugal. Exercício de construção de uma rotina de atenção do quotidiano, e modo de organização do trabalho, da saúde e da comunicação humana, este livro reformula as estratégias da banda desenhada ao mesmo tempo que relança questões de identidade, sobre a criação artística e sobre a responsabilidade de sermos cidadãos numa sociedade. Verdadeiro processo em fabricação à medida que se faz, explorando variações internas, ritornellos gráficos, desdobramentos e atenções atomizadas, Matos criou um dos mais interpelantes objectos da banda desenhada portuguesa dos últimos tempos.
Pedro Moura in newsletter da Tinta nos Nervos
(...) está bem esgaaaaalhaduuu!
(...) A pandemia, o sentimento de estar preso num mesmo lugar, num mesmo dia, imposto pela perda de elementos referenciais distintivos, ansiedade em relação ao futuro académico e profissional (a voz que nos fala é a de uma estudante a terminar a licenciatura em Belas Artes), indagações/apontamentos sobre a natureza da arte, a procura e formação de uma entidade artística, o registo de uma dieta que a minha sensibilidade vegetariana não pode deixar de reprovar, estes são os temas encenados para nós no espaço confinado de cada página. (...)
Um dos melhores livros de 2021 segundo o Expresso
41 livros favoritos 2021 d'Observador
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(...) a exposição mais conseguida do Festival Amadora BD (...) e merece loas enquanto revelação de 2021.
Jornal de Letras
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(...) escapa a todos lugares-comuns do "diário da quarentena" (...)
Sara Figueiredo Costa in Expresso
5 estrelas
(...) Os ensaios de auto-retrato ou o hiperpreenchimento da página, dando a ideia da restrição rotineira da vida num pequeno espaço, são outros bons momentos desta narrativa por imagens e texto. É aqui, porém, que as coisas se complicam: impregnadíssimo pelo ar do tempo – seria estranho se assim não fosse –, e pela ausência de referências; apenas má televisão, de que é crítica, mas não chega. Melhor quando se projecta no que está fora: o rapaz imigrante do metro, o vizinho que passeia o cão. Há, no entanto, personalidade e substância – o resto virá com o tempo.
As its pages get us further along, we are forced to question, who is it who lives in our homes? what makes our days mean something? Who gets to question what it means to be? A beautiful, splippery work which defies easy description and leaves yoy turning it over in your head long after it's finished.
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