quinta-feira, 18 de agosto de 2011

edições de Crack



Crack 3D Revolution, v/a ; Va Tutto Bene / Everything is ok (Deriva #3), Henrik Bromander (a) e Hanna Petersson (d)
(Forte Pressa; 2011)

O Festival Crack deste ano teve como tema "3D Revolution", por influência do colectivo Le Dernier Cri. Imagino a orgia que deve ter sido, os italianos, povo por si mesmo já alucinado, todos com aqueles óculos de lentes vermelha e azul a triparem pelo Forte - até grávidas que deviam ter juízo andaram com os óculosinhos marados! Com esta "revolução" a habitual antologia de bd, Ponti (que a Chili Com Carne teve o prazer de produzir na edição de 2009) sofreu metamorfoses não tivesse o Dernier Cri sido o co-editor deste ano. O que salta menos à vista? A bd foi à vida e o formato esticou-se para o horizontal (o formato italiano, passe a ironia) e a edição foi reduzida a 400 exemplares (esgotados?). O salta à vista é que todo o livro é a 3D e já que não consegui ir ao evento participar na orgia visual, parte dela chegou-me esta semana. O livro têm menos escatologia que é normal das edições do Dernier Cri, em parte por causa das colaborações que fogem ao circuito de arte gráfica do colectivo francês, e espera... Em compensação vemos desenhos num espectáculo da ilusão óptica-anáglifica orquestrado por Dave 2000. É curioso o uso desta tecnologia para a temática de autor invés das habituais patranhas comerciais, existe uma sensação de frescura ao ver os desenhos tratados desta maneira.
Tal como no ano passado, sem a antologia Ponti a funcionar "normalmente", a organização aproveita para alimentar uma outra coleccão, a Deriva. Este terceiro volume é um monográfico feito por autores suecos. Ao contrário que a organização dclara, não acho que a cena bedéfila sueca seja interessante mas está a mudar e este é um exemplo disso. A história é de uma crueldade que só me lembra comparar a cineastas nórdicos como Igmar Bergman ou Lars von Trier pela forma melodramática que manipulam o espectador - neste caso, o leitor. O livro é pequeno em formato daí que poderia sair dali uma estória simples mas trágica de uma violoncelista que fica para tetraplégica (só consegue mexer dois dedos). Graficamente lembra uma linha francesa de bd "alternativa" que remonta a Blanquet. Talvez o desenho seja um bocado frio mas pelo menos é bem feito no plano técnico. Em inglês e tradução em italiano.

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