[este artigo e o podcast com a entrevista, foram originalmente publicados no site da Stress.fm]
Crítico de música com 30 anos de carreira, Rui Eduardo Paes define o
seu oficio como um serviço público e comunitário, dirigido à comunidade
musical em geral. Através da escrita, divulga música e dá pistas de
audição às pessoas, de maneira a que estas possam mais facilmente entrar
e compreender alguns géneros musicais que circulam nas franjas da
cultura hegemónica.
"Há um certo acriticismo da parte do publico. Que
acaba por receber bem as coisas e aplaude mesmo quando a música não é
boa […] Quem escreve deve dar ferramentas de análise ao ouvinte"
Rui Eduardo Paes cresce rodeado de música. Das muitas referências que
vai absorvendo e aprofundado ao longo da vida, destaca-se o Jazz, com
que criou uma relação de grande proximidade através do seu pai.
Vive intensamente os anos 80, acompanhando de perto as mudanças de
hábitos e costumes de um país que recebe tardiamente uma série de
referencias. Chegam a Portugal os primeiros espectaculos, exposições,
performances e concertos que assumem o corte com o Modernismo. São os
anos do ACARTE, do Jazz em Agosto, da arte contemporânea a entrar num
país que, até então, se relacionava exclusivamente com a sua própria
cultura fossilizada.
É também nesta década que Rui se destaca enquanto crítico de dança,
performance e de música, sobretudo de Jazz e das disciplinas que daí
ramificam. Torna-se parceiro (e rival) de Jorge Lima Barreto, o único crítico dedicado a estas correntes musicais até à data.
Nos
anos 90, começa a lançar os seus escritos em formato de livro através
da editora Huguin, até esta fechar as portas e deixar apeados uma série
de autores. Edita cinco livros nesta casa: Ruínas : A Música de Arte no final do Século (1996); A Orelha Perdida de Van Gogh (1998); Cyber-Parker (1999); Phonomaton : as novas músicas do início do Séc. XXI (2001); Stravinsky morreu : devoções e utopias da música (2003). Mais recentemente, a Chili Com Carne e a Thisco, em parceria, editam Bestiário Ilustríssimo (2012) e "a" maiúsculo com circulo à volta (2013).
Actualmente, prepara um segundo volume do seu Bestiário Ilustríssimo, que também será editado na colecção THISCOvery CCChannel.
Ao mesmo tempo, procura, em conjunto com os outros associados,
solucionar os problemas impostos pelo actual governo ao cortar o
financiamento da estrutura cultural em que faz produção e curadoria: a Granular.
"Vivemos
numa fase da evolução humana e civilizacional e estética […] em que não
há paradigmas que se destaquem, que imperem sobre outros, como
aconteceu com o minimalismo nos Estado Unidos, nos anos 60, ou com o
rock industrial na Inglaterra. Isso acabou. Não há um paradigma em
emergência que vá dominar face aos outros. Não há. Isso são coisas da
Era Moderna. Agora há uma mistura de paradigmas."
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Podes ouvir a entrevista feita ao Rui Eduardo Paes no estúdio da Stress.fm, aqui:
Esta conversa foi conduzida por Filipe Quaresma e Filipe Leote. Ao longo do podcast, podes ainda ouvir algumas músicas escolhidas por Rui Eduardo Paes:
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