terça-feira, 25 de novembro de 2014

Façam apostas!

Merda! Gostei do disco dos Facção Opposta, o Lendas Urbanas (Dunkel; 2013)!!! Juro que não queria porque o disco tem tudo o que menos gosto desde há muitos anos: directo, revivalista, skins e futebol. A sério, malta sem imaginação a querer ser algo que já não podem ser nem nunca poderiam ser, ou seja, elementos de uma subcultura criada na xungaria da Inglaterra nos finais dos anos 70 - man, nem houve Revolução Industrial em Portugal! Assumem-se Skins apolíticos sendo meramente reaccionários, nada contra. Não são racistas ainda que usem imaginário e letras com laivos nacionalistas que irritam mas como se calhar é para enganar e converter os Skins Nazis até passa. Algumas letras são sobre a bola e hooliganismo ou sobre malta proletária mas que se calhar até gastam uma milena para ter as marcas certas de roupa para o curtir este non-stop de síndroma Peter Pan que todas as subculturas da Humanidade sofrem desde que a web.2 passou a ser parte da nossa vida. Seja como for este será dos melhores projectos de Punk em Portugal nos dias que correm pois há aqui força masculina e letras contudentes - a maior parte delas acho de dificil identificação burguesa mas outras como Esquema é universal q.b. Claro que é estranho ouvir músicas sobre uma tradição urbana importada quando se quer fazer hinos à cultura portuguesa num disco editado no Brasil mas na pós-modernidade tudo se engole e tudo se perdoa. A nível instrumental 'tá bem tocado dentro do cânone Oi! mas há pequenas situações inesperadas como umas cordas em Celtiberos ou pífaros no História do 12. Para quem gosta dos brasileiros Garotos Podres (lembrei-me deles porque estão em digressão por Portugal esta semana) este é o disco! E caramba até ao o artwork impressiona de estar tão bem feito e telúrico ao ponto que se eu fosse um jovem Nazi cagava-me todo!

E por falar em boas edições de Punk 'tuga (coisa rara!) destacava o Split-EP lançado o ano passado pela Zerowork e Raging Planet dos Albert Fish e Grito! que tem uma capa super-porreira (quem é que fez a ilustração? não há créditos quando as cenas são boas!?). A mesma anuncia que vamos encontrar um encontro entre Skins e Punks com o cliché todo ao de cima - vendo as fotografias das bandas o que menos temos é moicanos e suspensários. As tribos urbanas em 2000 é todo um mundo Cosplay... A música dos Grito! é também um Oi! com pronúncia do Norte - um orgulho bairrista que só se encontrava ainda há alguns anos na cultura Hip Hop (a excelente e saudosa Matarroa ou o Rey por exemplo). Albert Fish é Albert Fish, Hardcore de sing-a-long escorreito que já não precisa de apresentações, só não sei se os temas são inéditos ou são de registo anteriores que nunca sairam em vinil (é verdade o pessoal desculpa-se com esta!). Quem desenhou a capa carago?

E ainda em vinil temos reedição dos únicos temas gravados dos Grito Final, ou seja Ser Soldado e Bairro da fome, temas que sairam em 1986 originalmente na compilação Divergências (da mítica Ama Romanta). Esta edição (pirata?) pela Teia Edições é deste ano e usa um estilo minimalista gráfico para apresentar uma banda da segunda vaga punk portuguesa. Podia ser um grafismo para uma banda Dark da altura do que para punks... Um erro de "casting"? Ao ponto de ser um design muito mais bonito que a música que ouvimos que é um Punk mais ou menos a abrir a lembrar bandas dessa altura como os Vómito. Talvez porque o som seja rançoso de "vintage" que o design envoque justamente esses outros tempos quando havia ainda esse nojo que era o serviço militar obrigatório e mal se sabia que ia haver o Cavaquistão I e II.

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