O Desenhador Defunto ---------- ESGOTADO
Volume da Colecção CCC... The Dying Draughtsman / O desenhador defunto de Francisco Sousa Lobo é o primeiro livro de BD a solo nesta colecção e realmente é o primeiro romance gráfico no catálogo da Chili Com Carne!
O autor foi premiado em Outubro de 2013 no nosso concurso interno "Toma lá 500 paus e faz uma BD" com um trabalho que foi publicado em 2015, mas antes saiu este "desenhador defunto" que deu que falar para quem se atreveu abri-lo! Mas cuidado, não devem abanar muito o livro nem engoli-lo com riscos de graves para a sua saúde, riscos esses mais agudos e perfurantes que ler Will Self, Aldous Huxley e Graham Greene todos juntos e ao mesmo tempo.
O trabalho de Francisco Sousa Lobo, no campo da banda desenhada, tem sido esparso e dilatado no tempo, mas não é de forma nenhuma negligenciável, sendo alguém que vai ocupando o seu espaço de um modo tranquilo e certeiro, com uma produção pouco dada à espectacularidade e aos géneros mais usuais. Em termos tópicos, The Dying Draughtsman / O desenhador defunto (…) centrar-se-á precisamente nesse diálogo, e no espaço de tensão existente entre ambas as áreas. Francisco Koppens é um funcionário de um escritório de arquitectura, antigo projectista que agora se vê obrigado a trabalhar com programas digitais com os quais não se dá muito bem, numa Londres aparentemente inóspita a este imigrante português. É possível que haja projecções auto-ficcionais da parte do autor, mas não sendo isso nem explícito nem confirmável através de outras informações textuais, é questão de somenos (no entanto, a bem da correcção, leia-se a breve correspondência do autor com Hugo Canoilas, no fim do volume, para abrir pistas nesse sentido). Se temos alguma oportunidade para ir compreendendo algumas das crises da vida pessoal e quotidiana deste Francisco – o trabalho que corre cada vez pior, a distante relação com a mulher, a pressão da herança católica, inescapável e doentia -, é a sua posição enquanto corpo face à arte que ocupa o lugar central do livro.
Francisco Koppens parece dedicar a sua vida mais íntima, e os momentos livres, a uma obra de banda desenhada, que mescla ficção científica e social (uma sociedade no ano 3000 em que uma ditadura de mulheres terá quase exterminado os homens e mantém um poder fascista sobre a terra), possível forma de expiação dos seus pecados. Nesse sentido, Koppens tem alguns laivos de obsessivo similares à vida e obra de Henry Darger, se bem que esta personagem de Sousa Lobo aparente ainda algum grau de integração e comunicação com o mundo, pelo menos simulando algum aspecto de “normalidade”. No entanto, jamais temos acesso a essa obra propriamente dita: com a excepção de algumas vinhetas pela mesma mão do autor/narrador, o que nos leva a pensar ser somente uma projecção mental de Koppens. As pranchas desenhadas por este (uma banda desenhada dentro de uma banda desenhada) aparecem sempre com estruturas regulares mas de vinhetas ora despidas ora totalmente cobertas a negro, com linhas sobrepostas e riscadas. (…) Pedro Moura in Ler BD
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Design de Joana Pires
128p. 16,5x23 cm a duas cores
500 exemplares
ISBN 978-9898363-22-0
Historial : O livro foi lançado oficialmente no dia 1 de Novembro 2013 na Galeria Kamm, em Berlim ... Originais na exposição Abecedário Ar.Co 40 anos no Museu do Chiado ... Obra seleccionada para a Bedeteca Ideal ... Seleccionado por Pedro Moura como um dos cinco dos melhores livros portugueses de BD (2013) no site de Paul Gravett ... BD de Lobo na Art Review ... Nomeado para os Troféus Central Comics 2013 para melhor Livro, Argumento e Desenho...Originais expostos no Festival de BD de Treviso ... nomeado para Prémios da BD Amadora para melhor Livro, Argumento e Desenho...
Talvez ainda encontre exemplares na Fábrica Features, Mundo Fantasma, Matéria Prima, Tigre de Papel e LAC (Lagos).
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Podem ver aqui as primeiras páginas:
Feedback:
já li O Desenhador Defunto, nunca tinha lido nada assim, acho que amanhã vou ler outra vez, é capaz de ser um dos melhores livros publicados pela Chili, e um dos melhores do ano.
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isto é mesmo o melhor livro da Chili. Perfeita simbiose entre arte e argumento, sem nenhuma ofuscar a outra e que no final não te deixa simplesmente arrumar o livro.
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Recomendando por Sara Figueiredo Costa in Expresso
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Se Duchamp havia descontextualizado e recontextualizado os seus trabalhos através da fotografia, Sousa Lobo fá-lo agora através da BD.
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um dos melhores livros nacionais desta última década
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It seems that comics finally provide Koppens, and his creator Lobo, with the style and method to write that postponed suicide note, as the remarkable graphic novel The Dying Draughtsman
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O efeito gráfico vinca a sensação que o protagonista é ele mesmo parte de uma exposição, que a sua vida é a sua Arte, o livro uma meta-galeria onde espectadores/leitores comentam as suas desventuras. Ou, em alternativa, que a sua loucura é irremediável. O estoicismo da composição retangular e o desenho quase anódino contrastam admiravelmente com a violência extrema que fervilha logo abaixo da superfície, nas reflexões e nas BDs incompletas de Francisco (Koppens). (...) Mas tudo isto são apenas elementos adicionais para um livro surpreendente, que estimula tanto pelos diálogos que tenta, como pelos silêncios que não resolve.
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É sem dúvida um acto de coragem esta partilha e exposição de acontecimentos tão pessoais e tão pouco explanados habitualmente, até mesmo com uma enorme tendência para serem escondidos e ignorados pela sociedade em geral. (...) a leitura não deixa de causar um ou outro arrepio... Leitura altamente aconselhável.
Universo BD
Universo BD
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Pero más allá de eso parece, sobre todo, una obra de autodescubrimiento a través de la ficción. Francisco, el protagonista, vive en una permanente insatisfacción. No entiende el arte de galería, no consigue avanzar en su cómic —cada página acaba siendo un bloque de viñetas en negro que tiene que romper y tirar—, su mujer no le habla desde hace diez años y en el trabajo están a punto de despedirle. El monólogo interior nos revela a un hombre extraño, religioso, con dificultades para socializar, nervioso y desconfiado. (...) Hay algo contemplativo que recuerda a ciertos mangas, y, de hecho, el mismo Sousa Lobo menciona una hipotética visita a una convención de Tsuge que no puede interpretarse más que como una inspiración. Ciertos recursos gráficos subrayan la pérdida de contacto con la realidad de Francisco, pero como parte de un tono gráfico tan neutro, todo se consigue de un modo muy sutil y orgánico. Hay un momento en el que nos damos cuenta de que no podemos estar seguros de que todo lo que hemos leído que otras personas le han dicho a Francisco sea cierto, porque, al verlo todo a través de él, es imposible separar su paranoia de la realidad; de hecho, la realidad no existe en este tebeo. En ese momento reevaluamos toda la lectura, y es entonces cuando este cómic alcanza su verdadera altura. Se trata de una reflexión sobre la mediocridad, las aspiraciones frustradas de artista y la locura como una etiqueta social. Lo que para todo el mundo es una alucinación, para Francisco es una sólida realidad.
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