Vergonha alheira
Lourenço Crespo : Nove canções (Cafetra; 2016)
Admito que andei a adiar a resenha deste CD. Também é verdade que ele foi ficando subterrado sobre outras peças muito mais interessantes como discos de Kode9, Tricky, Ahmed Abdul-Malik, Ho99o9 e Mozart (como-é-qui-é!?) mas sobretudo incomodava-me o facto de gostar do disco, tendo eu ignorado nos últimos anos quase toda a produção Pop, e sobretudo a nacional que deveria ser intitulada de Poop.
Talvez tenha vergonha de dizer que gostei de um CD feito por um BEN (beto em negação) mas é verdade, Crespo faz nove canções alucinadas, quase sem estilo, rima e batida - só a última música é que tem um beatzinho. Gostei de o ver numa Noite Fetra na saudosa Caixa Económica Operária (yo, ZDB sucks, biatches!) e essa imagem mantêm-se na audição deste CD, lá está ele como se fosse um coração-de-manteiga introvertido que bebeu pela primeira vez e à frente a um sintetizador. Excitadinho e cheio de coragem, devido ao álcool ingerido, diz barbaridades "cute" sobre o quotidiano e os amores "normies" da estação. Se o catálogo do colectivo sempre se primou for fazerem música "errada" e olhando para os projectos que tiveram sucesso entretanto, Crespo é que mantêm melhor essa tradição Fetra - só que entretanto já se passaram dois anos... Desculpa Lourenço, pelo atraso!
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