domingo, 4 de maio de 2025

1 livro 1 disco 1 zine (5)

 


Não é o primeiro livro e se calhar não vai ser o último que a 50 Watts edita sob o desígnio Anthropmorphic Japan com a colaboração do Samplerman numa dúzia de colagens psicadélicas como só ele saber fazer. Estes livros reúnem imagens de forma temática sacadas até aos anos 60 (por causa de Direitos de Autor suponho eu) numa verdadeira orgia em que percebemos porque o "Ocidente" realmente abriu e abre ainda a boca à cultura gráfica japonesa, ao ponto de terem influencido as vanguardas artísticas europeias no século XX e a miudagem no século XXI. Este volume que consegui é um especial sobre sapos, The Frogs (2024). É raro eu comprar um livro que seja só gráfico mas é impossível não ficar atraído pelas cores, imaginário e impressão (entretanto com uma patine de vintage em cima), enfim, toda uma qualidade de tirar o fôlego. Os batráquios ainda são misturados pelo Samplerman que sempre acrescenta uma contemporaneidade à coisa. Em Portugal creio que o livro pode ser pedido aqui.

Até o último dos moicanos se rende à merda do "intagrana" e é por isso não tenho uma imagem para vos mostrar do terceiro volume de Fosso (Imprensa Canalha; 2025) de José Feitor. A5 e capa em serigrafia, avança com grande pinta por um discurso desbragado contestatário antisistema que tem algo de louco de Art Brut senão soubesse que o Feitor tem canudo e os funcionalismos todos para pagar os seus impostos e coimas. No fundo há algo de crise da meia-idade em que se quer mandar tudo para o caralho mas falta a crença. "Renovado exercício de militância redundante" escreve na ficha técnica o autoconsciente autor/editor. Que seja exercício e redundante, agora que toda a animália e calhaus do poder estão em alta. Puro deslumbre gráfico, a gente paga por isto!


Animais mesmo são estes tais de DJ Divinal e MC Primitivo que se estreiam com a k7 Destino Hipérborea (Rasga + Rotten \ Fresh; 2025)! Animais niilistas que sabem da sua impotência para mudar o mundinho e preferem estrategicamente acelerar, ir em frente com força para bater contra o muro, espatifando tudo. Ficarão os restos mortais. Devia ser Favela Funk mas facilmente estes boémios entram em Gabber, glitch, fake samples, noise pobreta, electro-metal onde Death Grips largou as botas, tudo num estilo cartoon que será acusado de apropriação cultural e o catano pelo woke-nation. Quisifodam, está aqui mais um passo à frente para o abismo da Humanidade nem que seja porque faz iconoclastia do Tintin!

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