A casa dos 10 000 cadáveres
Tarados coleccionadores e outro animais do livro de artista: querem uma máquina do tempo inesperada? Chama-se 10.000 Humans e é de Maiorca, a ilha com mais talentos gráficos por metro quadrado do mundo - Max, Pere Joan, Alex Fito,... e Lluís Juncosa, a cabeça desta editora.
Entre 1989 e 1994 lançou livros e graphzines e parece que nestes últimos anos lembrou-se de promover o trabalho feito e o "fundo de catálogo". O que significa que quem é fã deste tipo de edições passa a ter acesso a uma pequena máquina do tempo, uma vez que os livros estão em excelente estado passados estes anos todos. É mais impressionante quando são edições agrafadas ou manuais (as serigrafadas) mas não o deixa de ser para os álbuns em offset como o Sutze Atlas (1993) um "atlas visual" na esteira punk / surrealista em que Juncosa foi coleccionando imagens várias, de temas completamente diferentes de nascimentos, freaks da natureza, cadáveres, celebridades ou animais vivissecados, fazendo depois uma montagem dos mesmos em várias páginas numa ordem pessoal que oferecem leituras elípticas sobre as imagens. Um livro fora do "normal" do trabalho deste artista.
Se calhar até é o "normal" dele no que respeita a "universo" mas ele é mais conhecido é pelo desenho. Um catálogo como Frenologia, vol.1: Miss Mallorca Über Alles (Museu de Mallorca; 2007) ou o CD de Comelade e Pinhas dão melhor impressão do que é o seu estilo gráfico e temático. Linhas finas e certeiras com vários elementos dispersos, muita escatologia e mutações corporais tiradas da Interzona fazem parte deste autor e não será à toa que ele tenha editado o número 40 (?) do graphzine Elles sont de sortie.
Se há um título emblemático do mundo DIY em França é este "ESDS" de Bruno Richard e Pascal Doury (1956-2001) criado em 1976. Contemporâneo do grupo Bazooka e muito anterior ao Hôpital Brut (do Le Dernier Cri), o ESDS é quase um "template" para tudo o que apareceu depois, sendo a sua influência ainda a ser avaliada. Doury abandonou o projecto algures nos anos 80, passando a ser este o meio de produção de Richard (embora a sua assinatura desaparecesse com a sobreposição da sigla ESDS) e os seus desenhos de sexo e violência em batuta de S/M decadente sacado aos Men's Adventures mais Hardcore. O que não impede que de vez em quando (como neste número) aparecessem desenhos de Gary Panter, Doury, Mark Beyer e Bartolomeu Cabot (não é o Juncosa disfarçado? parece!). Resta saber de quem é a autoria das adoráveis fotografias da capa e contra-capa...
Entre 1989 e 1994 lançou livros e graphzines e parece que nestes últimos anos lembrou-se de promover o trabalho feito e o "fundo de catálogo". O que significa que quem é fã deste tipo de edições passa a ter acesso a uma pequena máquina do tempo, uma vez que os livros estão em excelente estado passados estes anos todos. É mais impressionante quando são edições agrafadas ou manuais (as serigrafadas) mas não o deixa de ser para os álbuns em offset como o Sutze Atlas (1993) um "atlas visual" na esteira punk / surrealista em que Juncosa foi coleccionando imagens várias, de temas completamente diferentes de nascimentos, freaks da natureza, cadáveres, celebridades ou animais vivissecados, fazendo depois uma montagem dos mesmos em várias páginas numa ordem pessoal que oferecem leituras elípticas sobre as imagens. Um livro fora do "normal" do trabalho deste artista.
Se calhar até é o "normal" dele no que respeita a "universo" mas ele é mais conhecido é pelo desenho. Um catálogo como Frenologia, vol.1: Miss Mallorca Über Alles (Museu de Mallorca; 2007) ou o CD de Comelade e Pinhas dão melhor impressão do que é o seu estilo gráfico e temático. Linhas finas e certeiras com vários elementos dispersos, muita escatologia e mutações corporais tiradas da Interzona fazem parte deste autor e não será à toa que ele tenha editado o número 40 (?) do graphzine Elles sont de sortie.
Se há um título emblemático do mundo DIY em França é este "ESDS" de Bruno Richard e Pascal Doury (1956-2001) criado em 1976. Contemporâneo do grupo Bazooka e muito anterior ao Hôpital Brut (do Le Dernier Cri), o ESDS é quase um "template" para tudo o que apareceu depois, sendo a sua influência ainda a ser avaliada. Doury abandonou o projecto algures nos anos 80, passando a ser este o meio de produção de Richard (embora a sua assinatura desaparecesse com a sobreposição da sigla ESDS) e os seus desenhos de sexo e violência em batuta de S/M decadente sacado aos Men's Adventures mais Hardcore. O que não impede que de vez em quando (como neste número) aparecessem desenhos de Gary Panter, Doury, Mark Beyer e Bartolomeu Cabot (não é o Juncosa disfarçado? parece!). Resta saber de quem é a autoria das adoráveis fotografias da capa e contra-capa...
Miserere (1991) é uma colecção de desenhos de Miracoloso, aka Fernando Fuentes, ilustrador que fez parte dos gloriosos anos 80 participando na mítica revista Madriz mas também nos anos 90 na singular Nosostros somos los muertos. Álbum de grande formato, junta desenhos em que não se se sabe o destino deles - seriam ilustrações para outros projectos? trabalhos realizados para o prazer do autor? Sombrio e sujo, alguma temática lembra o Filipe Abranches com as distâncias gráficas pois exploram um imaginário sórdido do século XX com homens e mulheres a fingirem uma normalidade ou a posarem para um retrato quando o meio onde vivem parece podre e negro. Um livro que testemunha mais uma vez a qualidade gráfica que sempre existiu na vizinha Espanha.
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