Um Turbo prá Sofia...
Foi o ano mais secante do Festival de BD de Beja, talvez por culpa de uma programção sem risco e subjugada ao mercado nacional, que (boas notícias) cada vez edita mais mas (más notícias) publica obras para crianças, jovens tótós, lolitas-wannabes e velhos "bedófilos". Surpresa agradável que perdoa a seca, o único livro que trouxe de lá: Bizarras (col. Toupeira #10, Bedeteca de Beja; 2017) de Sofia Neto.
Colecção que continua a colecção Lx Comics (da Bedeteca de Lisboa), a Toupeira modestamente tem sido um palco para novos autores e neste número mostra o trabalho mais consistente de Sofia Neto até agora, apesar das boas experiências com os títulos publicados pela Mundo Fantasma. A autora já tem uns 27 anos, idade para ter mais do que juízo, mas ainda procura uma voz própria. Acredito que rapidamente dará um salto, tem dado livro para livro. Formada em BD em Angoulême, ela têm técnica e formação para fazer o que lhe apetecer, topa-se isso pelo total domínio narrativo, o problema é que ainda não estebeleceu os temas de abordagem para a criação de uma Obra. O que faz o trabalho de Sofia ultrapassar muitos autores actuais que ainda não se decidiram entre trabalho comercial ou artístico, é que o seu desenho é expressivo, uma enorme vantagem sem dúvida, mesmo que um dia faça um trabalho qualquer de encomenda tipo "A História do Bill Gates".
Bizarras é uma compilação de várias BDs de duas páginas sem palavras - excepto a última BD - que não tendo ligações entre elas, lêem-se todas de seguida, sem respirar, porque não há títulos ou separadores. Não sei se a autora e/ou editores pensaram nisto conscientemente mas a leitura é bastante musculada porque inicialmente pensa-se que as personagens que desfilam nas várias situações terão alguma ligação. As BDs mostram cenas quotidianas, em esquemas de compensação psicológica, que podem ser patéticas como fatais. Apesar dos ritmos narrativos perfeitos e legibilidade gráfica das BDs, elas deixam sempre o trago de mistério insolúvel, que tem sido a marca principal do trabalho de Sofia. Já a última história próxima de um humor Fluide Glacial ou Jueves, é "gira" mas mancha o que foi feito anteriormente - culpa do uso de texto ou a ideia em si? Certeza absoluta, ela não deixa marcas para dúvidas, mata o "mistério" e torna-se numa vulgar laracha. Tirando a última BD, as outras tem uma figuração elástica que lembra Æon Flux (a série de animação, não o filme idiota) mas essa influência assumida não incomoda de todo, o que incomoda são as pessoas representadas, esse "o Inferno são os outros"...
Colecção que continua a colecção Lx Comics (da Bedeteca de Lisboa), a Toupeira modestamente tem sido um palco para novos autores e neste número mostra o trabalho mais consistente de Sofia Neto até agora, apesar das boas experiências com os títulos publicados pela Mundo Fantasma. A autora já tem uns 27 anos, idade para ter mais do que juízo, mas ainda procura uma voz própria. Acredito que rapidamente dará um salto, tem dado livro para livro. Formada em BD em Angoulême, ela têm técnica e formação para fazer o que lhe apetecer, topa-se isso pelo total domínio narrativo, o problema é que ainda não estebeleceu os temas de abordagem para a criação de uma Obra. O que faz o trabalho de Sofia ultrapassar muitos autores actuais que ainda não se decidiram entre trabalho comercial ou artístico, é que o seu desenho é expressivo, uma enorme vantagem sem dúvida, mesmo que um dia faça um trabalho qualquer de encomenda tipo "A História do Bill Gates".
Bizarras é uma compilação de várias BDs de duas páginas sem palavras - excepto a última BD - que não tendo ligações entre elas, lêem-se todas de seguida, sem respirar, porque não há títulos ou separadores. Não sei se a autora e/ou editores pensaram nisto conscientemente mas a leitura é bastante musculada porque inicialmente pensa-se que as personagens que desfilam nas várias situações terão alguma ligação. As BDs mostram cenas quotidianas, em esquemas de compensação psicológica, que podem ser patéticas como fatais. Apesar dos ritmos narrativos perfeitos e legibilidade gráfica das BDs, elas deixam sempre o trago de mistério insolúvel, que tem sido a marca principal do trabalho de Sofia. Já a última história próxima de um humor Fluide Glacial ou Jueves, é "gira" mas mancha o que foi feito anteriormente - culpa do uso de texto ou a ideia em si? Certeza absoluta, ela não deixa marcas para dúvidas, mata o "mistério" e torna-se numa vulgar laracha. Tirando a última BD, as outras tem uma figuração elástica que lembra Æon Flux (a série de animação, não o filme idiota) mas essa influência assumida não incomoda de todo, o que incomoda são as pessoas representadas, esse "o Inferno são os outros"...
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