segunda-feira, 22 de maio de 2017

O Presidente Drógado apresenta Quatro Dramas de Faca e Alguidar



Este Sábado que passou, finalmente saiu um disco - um vinilo 12" gravado de um só lado - que marca não só o regresso da saudosa Imprensa Canalha como o do Presidente Drógado a edições decentes, isto para quem tem feito uma carreira fonográfica de CD-Rs pobrezitos (excepção prá edição da Burning Desire). Escrevi "edições decentes"? Meus caros, esta edição é a razão porque se compra discos em vinilo.
'Tá Top! É bem capaz de ser a melhor edição em vinilo em Portugal nesta década ou milénio, já não digo melhor edição fonográfica porque ninguém até hoje bateu as edições da Matarroa desenhadas pelo designer Chemega. Capa em serigrafia, textos explicativos da enorme saga de três anos que demorou para sair o disco - o problema principal, é que com a moda do vinilo, as fábricas de discos estão a ignorar os pedidos de editoras mais pequenas.
Baseado num caderno antigo do século XIX descoberto pelo João Bragança (Succedâneo) que contava uma estória de drama e crime, foi dado o mote para uma pequena recolha im-popular de "murder ballads" em que o Drógado é perito. As gravações vão de 2008 a 2015 e inclui excelentes participações de Patrícia Filipe (com quem partilham o projecto Come-se a Pele), Filipe Felizardo e Rita Braga - que várias vezes apareceu marciana em concertos e gravações do Drógado.
Advertência aos fãs agarrados: as músicas do Drógado neste disco são "dark" e mais trágicas que cómicas, o que poderá fazer algum choque a quem espera apanhar letras irónicas sobre o consumo de estupefacientes ou os clichés da vida contida de Rock'n'Roll deste Lou Reed de Linda-A-Velha. Há um tom de seriedade que casa com o grafismo do disco em perfeição. O simples facto de se colocar o disco na aparelhagem e ouví-lo à medida que se consulta os textos percebe-se que estamos num mundo Pop em estado de "slow food", há que apreciar isto com calma e gosto. Há o espectro "trash" que paira no disco, claro, afinal falamos de baladas populares e que até são descobertas literalmente no lixo mas é daquele "trash" que foi transformado em luxuo e será guardado para sempre nas prateleiras dos doze polegadas...
Parabéns Zé!

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