Polka chinata
Toda a gente adora aldrabões - como o concelho de Oeiras, por exemplo, a julgar pelas eleições de ontem - e o DJ Balli é um dos grandes magos manhosos na área da música pós-rave, tendo no passado usado várias situações intermedia como pizzas, amputados, problemas de identificação com grandes poetas norte-americanos, pasta, skates, feminists I'd like to fuck, ópera, animais e endoscopias. Ao que parece Balli atira-se numa carreira de DJ para a terceira idade, que nada tem de pacífico porque como se bem sabe, nos bailaricos dos cidadãos seniores o que não falta são chinadas, dores de corno e bebedeiras porcas. Arre! Sacando músicas tradicionais italianas, ou melhor, Polkas, mais concretamente Liscios e Filuzzis, da sua terra natal Bolonha onde a Polka tem sub-géneros tão complexos como o Heavy Metal, Balli faz o remix perfeito de temas em acordeão com efeitos Noise e Dub. Ele bem tentou disfarçar este projecto com uma tentativa pós-AAA (Associação de Astronautas Autónomos) de contactar seres de outros planetas através do código telefónico de Bolonha e a sua ecologia musical - reparem no título: Report on Accordion-Mediated Alien Encounters in Area 051 (Skank Block; 2017) - mas esta é realmente uma forma do artista arranjar um trabalho alimentar nestes tempos de crise infinita. A forma de escamotear a miséria económica é constrangedora e deveria ser assumida, até porque qual é o problema de por som para velhinhos? Nos próximos anos haverão mais problemas e spots publicitários de fraldas para a terceira idade do que para bebés. A cultura juvenil que apareceu nos anos 50 do século passado, logo tem agora uns 70 anos, acho que está na altura de assumir as rugas e as hérnias, e deixar de pudores culturais. Last night Polka saved my life!
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