Monstros do Rock
Não há muita paciência para discos de tributo, geralmente eles servem para capitalizar o nome do homenageado para as bandas medíocres. Quer dizer, também há tributos de grandes bandas a grandes bandas mas também há muitos que só esperam captar atenção de bandas desconhecidas com os nomes sonantes dos tributados. March to Sickness - a Brazilian tribute to Mudhoney (Monstro; 2008) será desses casos mas também é excepção, Se quase todos os nomes envolvidos - 17 bandas brasileiras - são desconhecidas (pelo menos em Portugal e fora do Brasil) excepto os Autoramas e MQN (chegaram a ter singles e tournês em Portugal) e os Mechanics (já é uma estica porque nos tempos da loja CHILI! vendíamos este fabuloso livro), o resto nunca ouvi falar e duvido muito que volte a ouvir a não ser que me arme em troll. Ou seja, este seria daqueles projectos exploratórios que poderia dar para o torto mas tornar-se bastante escorreito de se ouvir e para mexer o corpinho. O espectro do disco é Garage Rock, de vez em quando mais pró Surf outras mais para o "pesado". Desvios há poucos - Lucy & The Popsonics é Electro Pop, Detetives cantam em castelhano (tudo o resto canta em inglês como nos originais) e Debate tomaram dlogas ilegais - e acabou-se a extravagância. O CD que tem 52 minutos (se corre-se mal seria uma eternidade) e ouve-se como se fosse um "best off" dos Mudhoney, esses percursores dessa coisa chamada Grunge mas que não caíram nas graças como os Nirvana. E ainda bem, assim curte-se mais este grupo que (ainda) faz do melhor Rock com letras cantaroláveis sobre a existência mundana dos gringos, alcoolismo e dedo do meio estendido.
12 Arcanos (Monstro; 2010) é o álbum dos Mechanics depois do tal livro/ disco com o autor de BD Fábio Zimbres - e que até deu direito a tese académica... Neste disco dão novas voltas na essência do grupo, cantam em português e até oferecem cartas de Tarot!!! Cartas novas! Afinal se há treta mais DIY no mundo ela é justamente a magia e sucedâneos, é um tipo de mundo que é sempre preciso inventar treta nova para enganar os crédulos doentes. São bem giras estas cartas, desenhadas em grattage e "brutistas", sujas como o som norte-americano da banda sul-americana. O som é fechado nas margens Rock dos anos 90, faltando ar puro num disco pesado de ouvir e que não dá descanso - isso é bom? Sei lá, o que tem piada é que tal como as cartas que saem ao acaso de um leitor de Tarot, a banda incentiva a ouvir-se o disco também à toa - em modo "shuffle" da aparelhagem - baralhando as faixas todas. É uma alternativa de audição mas creio que o resultado será sempre esmagador...
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