quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

1, 2, 3, 4 - Isola-te com Punk!

 


Este casalito não pára! Os The Dirty Coal Train produzem e editam tanto que não dão descanso aos seus divulgadores. Depois usam estratégias sujas para convencerem-nos a serem falados por aí, como ignorar uma k7 cor-de-rosa catita? Ainda por cima quando Dirty Coltrane volume II (Zip-a-Dee-Doo-Dah; 2020) cheia de desenhos de uma tal Francisca Sousa dá-nos acesso ao maior sonho que qualquer fã que se preze terá: ver o Ricardo cercado por dildos e a Beatriz toda nua e aberta a ser sugada por um potencial hermafrodita - não percebo porque raios porque esta edição não saiu num grande 12", caramba, obriga aos fãs de usarem uma lupa. De resto é a banda Garage mais Punk alguma vez: cagam prós cânones básicos do género e vão derrapar onde querem (indie, noise, what?), auto-editam mais rápido do que tocam, as letras tem conteúdo social crítico e só falta mesmo é cantarem em russo ou inuíte - já deve faltar pouco...


Os Albert Fish voltaram com Strongly not recommended (Raging Planet; 2020), e como sempre é mais uma reedição ou num formato editorial  diferente do mais do mesmo. Oh injustiça! Não é verdade!!!! É verdade que o primeiro disco da banda (Strongly recommended de 2002, topam o trcadilho?) é aqui reeditado como faixas bónus mas o que acontece neste CD é que temos a regravação desse primeiro disco, "aumentado", melhorado e com a nova vocalista Inês Menezes - que tem um historial de bandas como Rolls Rockers, Asfixia, Nostragamus - a rejuvenescer a coisa. Faz sentido para celebrar uma das maiores bandas Punk do 'tuga, tão importante que até já foi à festa dos comunas no ano passado. Sabe bem ouvir vocais punk no feminino para destilar o machismo da cena e fazer ponte a um passado esquecido de bandas com vocalistas femininas como nos anos 90 apareceram os Inkisição / Intervenzione, No Oppression, Reltih e com um salto de quase uma década, We Are the Damned (primeiro disco e único válido), Crisis, Lodge (tudo com a Sofia Magalhães) e Revengeance. Bela capa de Ana Louro que desenhou uma "Tank Girl", só é pena que no livrinho a "punkette" não ter sido mais usada graficamente. Obrigado pela versão baladinha do tema Sindelar em xilofone ou lá o que é, melhor cena de Alberto Fixe de sempre!



O CD homónimo dos Dokuga (Zerowork + Dog City; 2020) é a reedição do LP pela Garagem (2015) mais temas de um split de 2017. A capa 'tá bem diferente, óbvia homenagem ao lendário Hear Nothing, See Nothing Say Nothing dos Discharge - homenagem, punk que é punk nunca copia, homenageia! Enfim, é um disco de barulheira Crust com caos sonoro suficiente para o pessoal do Improv ir lá pesquisar o que se passa - Improv que é Improv não copia, pesquisa! Não é chato como Simbiose, o que já não é nada mau mas é sempre melhor ouvir isto ao vivo numa cave imunda do Porto como já vi algumas vezes. Saudades de barulheira, cerveja morta e suor!? Nota alta para o grafismo do melhor que já feito cá em discos punk ou não, desenhado por um gajo da banda, ao que parece.


O Rock adora a mitomania, diria mais até que o Teatro ou a Literatura. Na cena pesada há sempre tentativas de purezas que dão em discussões de café (ou fóruns em linha) dignas das alarvidades sobre a bola ou a (porca da) política. Cruzada e o seu EP-CD homónimo de estreia pode ter só 15 minutos mas será a edição mais importante da Zerowork (com a Dog City e Firecum, em 2020) para quebrar o molde Oi/ Punk/ Hardcore no seu catálogo. Boa! As letras até são anti-fascistas se conseguirem perceber no meio da barulheira infernal que é. As ligações do Punk ao Black Metal existiram desde sempre - como aliás os Filii Nigrantium Infernalium no seu escárnio brejeiro o prova, pelo menos do lado da equipa do Grande Cabrão - e na realidade esta coisa de quem tinha bandas de "rock pesado" no passado era só mesmo uma questão de saber como fazer mais ruído, ter mais velocidade ou provocação. Idos os anos dourados e de juventude do Punk e do Metal, muitos do que se diziam ser opositores a este ou aquele (sub)género, acabam por se encontrar nos mesmos concertos e nas suas cenas sociais cada vez mais fechadas e reduzidas. Boa Cruzada!

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