sábado, 30 de julho de 2016

FACTORY : The Story Behind "Made in Taiwan"

Yang Yu-chi
Slowork; 2014

Fui a Varsóvia em Maio de 2014 mas não comprei nada da Polónia - mentira, comprei um volume da BD infantil Tytus dos anos 70 (creio) que não percebendo nada do polaco não deixa de ser uma peça curiosa de BD psicadélica e a adivinhar a música Industrial! - mas comprei um livro de Hong Kong numa livraria!

É o lado espectacular da Aldeia Global mas que este livro dá-nos o "outro lado", aquele que faz as pessoas com cabeça serem Anti-Globalização. Yu-Chi conta a história laboral da sua mãe e que é a história laboral do "milagre" económico da Formosa, um dos "quatro tigres asiáticos". As pessoas são metamorfoseadas de pinguins (o texto final explica o porquê desta escolha antropomórfica) nesta BD e são mostrados os sacrifícios de uma geração de trabalhadores que deram toda a sua vida no trabalho das fábricas (neste caso para uma fábrica de brinquedos para o Ocidente) e que tudo perdem quando estas mudam-se para outros países com mão-de-obra mais barata ou quando mudam o seu modelo de produção - por exemplo, quando a Formosa optou em investir em produção de tecnologia de ponta, um fabrico que exige outro tipo de mão-de-obra mais especializada...

Edição cuidada com uma sobre-capa em serigrafia, este é o primeiro livro da Slowork, editora que pretende lançar mais "documentários gráficos" sobre daquela parte oriental do mundo. É uma BD estranha pela sua falta de "pureza" autobiográfica, "real", documental ou jornalística para quem espera algo na linha de Joe Sacco, Emmanuel Guilbert ou Aleksandar Zograf. Se calhar está mais próximo do Ivan Brun ou do QCDI #3000 por usar metáforas ou ficção para descrever os horrores do Capitalismo.

Ontem na loja El Pep entre uma cerimónia qualquer que envolve chá tradicional daquelas bandas, inaugurou a exposição desta editora da Formosa, com originais e serigrafias que vale a pena visitar! Creio que estará patente duas semanas, atenção não se esqueçam!!!!

Na loja estão todas as edições da Slowork, algumas delas em serigrafia, versões das edições em offset. O mais curioso destas edições são os tipos de papeis e tipos de tinta que imprimem. São realmente diferentes aquilo que estamos habituados, ou seja, a lógica atravessa o planeta para Oriente sem dúvida,  é impossível ficar indiferente às edições, uma delas como 4/28 AM 4:00 de Chen Che é impressa em papel vegetal a duas cores e protegida por uma cartolina grossa que faz lembrar quase plástico. A BD está integrada na versão offset de Frontline Z.A. (2015), uma antologia com pinta de panfleto sobre movimentos sociais na Formosa. As BDs querem oferecer uma faceta humana para estes movimentos geralmente conotados como subversivos ou "do contra" (ei! estúpidos, esta gente está a lutar por vocês!) pelos meios de informação. Acaba por matar dois coelhos de uma cajadada só porque cumpre o seu objectivo e ainda denuncia mais podres do Capitalismo Global e os governos corruptos - como a RCA que matou milhares de pessoas através da poluição que as suas fábricas produziram.

Outro livro que achei interessante é Halo-Halo Manila (2016?) de Jimmeh Aitch, um autor filipino que ficou fascinado (quem não fica?) com Robert Crumb, Joe Sacco e Harvey Pekar - e sente-se as influências deles. Muito menos talentoso que estes três "Monstros da BD" (Monsters of Rock?) Aitch tenta mostrar um país, que assim à distância, parece ser um caos demográfico, político, ecológico e tudo mais. São várias BDs que vivem mais das boas intenções do autor do que o talento e técnica. Não deixa de ter bons momentos, claro, quando desmonta o que é o nacionalismo ou pelo facto dos bófias serem representados por porcos - é incrível como o polícia é um animal universal!

ccc é por cerveja, cães e chacras, vamos lá afinal!


segunda-feira, 25 de julho de 2016

Metal

Se calhar já não se sabe o que quer dizer metaleiro há muito tempo. E quando se vê estas publicações fica-se ainda mais à toa... Aquilo que era uma tribo urbana muito bem definida até aos anos 90 deixou-o de o ser porque, tal como todos os géneros musicais, fragmentou-se em mil sub-géneros. Metal, será a guitarra em distorção e temática obscura? Música à abrir e espírito Rock do excesso? Música para 10 000 cabeças tocado num palco gigante ou uma k7 limitada a 10 noruegueses broncos? Tudo isto ou nada disso?


O que dizer sobre Metal do Olho do Cú? Para além de começar mal como frase, este zine "old school" é mesmo "old" porque é feita por velhotes quarentões que se calhar não fizeram um fanzine assim quando tinham 16 anos. Seria a idade certa para fazer esta javardeira... e no entanto... Torna-se realmente divertido em 2016 ter em papel meia-dúzia de fotocópias A5 um humor de ir ao cuzinho S/M. O gesto é completamente anacrónico, a lembrar outras situações como o Bom Apetite de João Marçal e Miguel Carneiro. Tem graça de tão deslocado de tudo, seja do mundo da BD seja do comércio, é lançado nos festivais de Metal que abundam pelo país, daí que a maior parte das BDs e cartoons sejam ligados ao Metal e alguns dos seus cromos - como um dos irmãos Veiga, organizadores de Barroselas que aparece como "Ramboselas", herói de todo o metaleiro em perigo. De forma geral, este zine encaixa-se na nova tendência do Metal ter deixado o lado político ou sério, para entrar numa onda de curte non-sense, ao nível de Enapá 2000, como são as bandas Grind Vizir ou Serrabulho. Talvez porque alguns dos sub-géneros do Metal chegaram a um limite estético onde pouco poderão avançar, então decidiram voltar atrás, à parvoíce da juventude mesmo sendo muitos cotinhas - no #3 até lhes enviei um desenho rejeitado por uma banda punk. Síndroma de Peter Pan escarrapachado mas o que se pode fazer com música Pop/Rock? Sempre foi juvenil... Ainda assim, o Metal como festa pagã e de idolatria, quando não está alinhado à cultura "normal", é de salutar pois acredito que cada um de nós deve inventar o seu próprio Carnaval, os seus próprios rituais, media e tudo mais. É disto do que se trata quando se fala do Olho do Cú. Muito sinceramente, quem quer saber dos Gatos Fedorentos (essa cambada de vendidos)?

Iconolatry (Universal Tongue; 2016) de André Coelho saiu num festival de Metal em Junho e trata-se de um portfólio de imagens de Coelho feitas para bandas e os seus discos ou eventos de Metal - e algum para o Punk e o Industrial. As ilustrações foram libertas do espartilho do design dos produtos a que se destinavam, deixado-as assim respirar com mais força e evitando o livro de se tornar num catálogo de vendas.
Não deixa de mostrar que existe todo um mercado - um nicho, como os merdas dos tecnocratas chamam - em que até há um artista português que preenche os requisitos, ao ponto de estarmos perante até de uma profissionalização do mesmo nesse "nicho". Mesmo quando se vê muito imaginário que lembra Barry Windsor-Smith (o primeiro desenhador do Conan nos anos 70) para além de muitos bodes 666, bárbaros vikings, caveiras & machados & bigornas, gajas podres de boas (muitas vezes só podres), repteis sebosos (e não falamos das escaramuças públicas do PCPT/MRPP), simbologia alquímica e esotérica para quem nunca viu o palhaçito do Crowley, não deixa de haver força e energia nas imagens (zeus, é isso que define o Metal?). Ou seja, lá porque Coelho trabalhe muito não quer dizer que o material não passe a esmorecer e a vulgarizar. O que o livro mostra é que o Coelho tem garra - resta saber que tipo de garra de águia ou de grifo?

sábado, 23 de julho de 2016

necro.666.milhões

cartaz de Kimkiduk

 co-organizada pela
Chili Com Carne e a Signal Rex,
 regressa às origens: 

Atenção bêbados do caralho:
o Taina este ano mudou de localização 
- peçam direcções a alguém com melhor aspecto de que vocês... 

23 e 24 de JULHO, 
Sábado e Domingo
naqueles dias quando já estiveres cheio de chatos e pedras nos rins, 
vem masé relaxar e comprar edições cheias de vida e frescura intelectual. 
entre as 15h e as 20h...

Os melhores zines, BD, discos, livros, k7's do underground!
Vindos das seguintes entidades:
Chili Com Carne, Gato MarianoMMMNNNRRRG, Signal Rex e Xavier Almeida
...
Não, não são banhadas! 
Isso é nos outros festivais...
E levem guito porque não há Multibanco nem se aceita paypal ou cheques mesmo visados.
...
Haja paciência!

Lourinhã indie


sexta-feira, 22 de julho de 2016

Fezesbook


Apesar da bíblia fatalista (redundância, qualquer texto sagrado é fatalista) Retromania de Simon Reynolds insistir na impossibilidade de novas revoluções na música e que assistimos a mera combinações e fusões de estilos de música devido à enorme mediateca que o século XX e XXI criou. Pode ser até verdade mas talvez fosse altura de assumir o "mutant dancefloor" (cito DJ Balli) como o denominador comum e/ou unificador que pode trazer à baila projectos tão diferentes em coordenadas geográficas, estéticas, sonoras e logísticas como Putan Club, Sly & Familly Drone, The Ex com Getachew Mekuria, Golden Teacher, Älforjs, 10 000 Russos, Albatre, Kufuki, Bernardo Devlin, HHY & Macumbas, Sektor 304 / Le Syndicat (o disco), Jazz Iguanas, DJ V/A, Lace Bows...
Ontem apareceu mais um grupo para meter neste saco de incongruências, apareceu é como quem diz, vi eu ontem um concerto dos noruegueses Ich Bin N!ntendo - e que vão tocar nos próximo 3 dias pelo país, Milhões incluído. Imaginem uns putos a lembrar The Fall mas com a segurança técnica de quem veio do Free/Noise/Improv, ou seja, fazem um post-punk tão certeiro mesmo quando passaram o tempo inteiro a improvisar... Vê-los a tocar é o "must", cheios de trejeitos do Rock mas com a energia necessária para não deixar ninguém indiferente - o baixo deles é letal! Em disco parece mais histérico e rápido do que ao vivo mas admito que ainda não tive tempo para respirar e pensar muito no assunto. Ah! falo de Lykke lançado pela portuguesa Shhpuma. Mas ide aos concertos primeiro... depois falamos.

terça-feira, 19 de julho de 2016

Falta de visão...

Uma BD de Isabel Lobinho na Revisão
Esquecimento pequeno, nada de grave, mas que merece rectificação: esqueci-me nos "Chaimites de pensamento" (o editorial do livro Revisão) de referir que não foi só os álbuns de BD dos anos 70, Wanya e Eternus 9 que tiveram reedições no Novo Milénio. Como sabem reeditar BD em Portugal é um caso raro para um mercado livreiro que não quer saber da BD para nada... Também aconteceu, e antes dos citados, com o Mário e Isabel, um álbum de 1975 editado pela Forja para uma colecção Erótica mas que só teve este volume. Este álbum é uma leitura em BD de Isabel Lobinho dos textos surreais de Mário-Henrique Leiria. A reedição nos Cadernos Moura BD (#3) em 2002, infelizmente tinha uma má impressão apesar da boa-vontade dos seus responsáveis.
Por fim resta dizer que a Chili Com Carne chegou a ter, durante este último ano, algumas cópias deste livro, aliás, a edição original em excelente estado - qual máquina do tempo! - assinados e numerados pela autora.

domingo, 17 de julho de 2016

Pior que as drogas duras é o Santana Lopes

Fortopìa : Storie D'amore e d'autogestione
v/a
Forte Pressa; 2016

Há 30 anos que existe o Forte Prenestino CSOA em Roma. Desde 1 de Maio de 1986 que este forte militar do século XIX, situado nos subúrbios de Roma, foi "okupado" e transformado num centro cultural único na Europa. Não é brincadeira, merecia comemoração à séria e foi o que fizeram, montaram um livrão com centenas de testemunhos de pessoas que viveram e fizeram lá coisas - como o famoso Festival Crack.
Redigido em italiano e com 440 páginas merece uma leitura atenta para perceber como foi possível sobreviver estas três décadas. Ao contrário de Portugal cujas últimas casas "okupadas" foram destruídas maioritariamente por governos autárquicos PSD - Casa da Praça de Espanha / Santana Lopes (já para não falar dos Artistas Unidos no Bairro Alto...), Es.Col.A / Rui "fdp" Rio e a S.P.C.C. / António Costa (com Sócrates também com culpa indirecta). Falo daquelas que tinham um programa sério, não das "okupas" para simples habitação (o que não é nada uma situação desprezível!) em que infelizmente transformavam-se rapidamente em antros de drogaria pesada - inevitável, afinal os poucos punks portugueses que existiam com ganas para acções deste tipo eram poucos e os seus aliados mais próximos, os punks de rua, estavam ser dizimados pela heroína nos anos 90.
"Okupa e resiste" é a máxima de quem pega num prédio abandonado, o Forte Prenestino é uma resistência ao Capitalismo selvagem. Por lá já passaram milhares de gerações de pessoas, ora para procurar um abrigo, para tocar ou fazer algo que não seja exploratório, racista e sexista. Se a Utopia foi originalmente descrita como uma ilha, em 2016 ela poderia ser pensada como um Forte. Bravissimo, amichi!

sábado, 16 de julho de 2016

Zás-trás!

Há sempre uma coisa fixe nos putos - duas! A primeira é que mesmo quando "tudo já foi inventado" eles arranjam sempre algo de novo para irritar os mais velhos e graças a isso mostram que o mundo não está morto.
Simão Simões (come on!? é mesmo o teu nome?) é desses casos. O seu primeiro disco Za! (auto-edição; 2015) é uma verdadeira aventura nos seus poucos 22 minutos de duração. Começa por samplar uma criança a "chorar", o que é logo um indício que isto vai ser um terror sonoro - tal como acontece quando Dave Phillips sampla os seus cães raivosos - e avança em nove andamentos (que pretensão!) numa mutação progressiva e excitante. Entre a música Drone, Pop estragada e Improv de caloiro, SS elabora distorção inteligente com um estilo descomprometido - é natural, acho que ele deve ter menos de 18 anos... Só peca pela embalagem do CD-R que é das coisas menos inspiradas que já vi!

sexta-feira, 15 de julho de 2016

ccc@walk&punk



Temos livros nos Açores pelo Festival Walk & Talk (gracias Pedro Moura) e no Porto no KISMIF (gracias Esgar Acelerado)... não estaremos em nenhum dos eventos em pessoa, infelizmente.

quinta-feira, 14 de julho de 2016

QUADRADINHOS : Sguardi sul fumetto portoghese / Looks on Portuguese Comics : ESGOTADO / SOLD OUT



Treviso Comic Book Festival is the third most biggest Comics Festival in Italy but still is a relaxed event and most important it has a good eye on comics made outside of Italy! Blame Alberto Corradi for this, as curator he already made exhibitions about Sweden, New Zealand, Denmark and this year... Portugal!

And for the first time there's a catalogue thanks to the effort of Treviso Fest, Mimisol and Chili Com Carne with the important support of Portuguese government - DGLAB and IPDJ institutions.

This catalogue is a comics anthology made by the artists invited for the festival's exhibition and includes a preface by Marcos Farrajota and a small History of Portuguese comics by Corradi. Most of the comics have been published in Portugal but then... have you seen them?

So you can enjoy 88 pages of comics (most are full colour) of a wide range of authors, coming from the underground to the international mainstream and from the new breed to older artists: João Fazenda, André Coelho with Manuel João Neto (same team of Terminal Tower), José Smith Vargas, Ana Biscaia (Best Portuguese Illustration Prize 2013) with João Pedro Mésseder, Nuno Saraiva, Francisco Sousa Lobo (The Dying Draughtsman, Art Review), Afonso Ferreira (Love Hole), Pedro Burgos, Filipe Abranches, Miguel Rocha with Susana Marques, Joana Afonso with André Oliveira, Jorge Coelho (Image, Marvel) with Paul Allor (from USA), Pepedelrey and Rudolfo (Negative Dad).

Book written in Italian and English.

Last copies at Mundo Fantasma, Matéria PrimaLACUtopiaQuimby's (Chicago) and BdMania.





Feedback: in Ler BD blog in Portuguese here ... one of best Portuguese "graphic novels" by Pedro Moura / Paul Gravett ... Nominated for Best Comics Related Publication and Short Story (by Rudolfo) for the Central Comics 2015 Prizes ... Presentation in Modo Infoshop (Bologna) on the 6th Juin 2015 ... se da una mezcla de estilos e influencias lógica, dado el espíritu de la publicación. Así, nos movemos del cómic de raíz más comercial, representado por Paul Allor y Jorge Coelho —ambos experimentados en el mercado estadounidense— hasta el experimentalismo radical de la historia de Filipe Abranches, excelente. (...) Afonso Ferreira, uno de los más jóvenes, es un representante del nutrido grupo de dibujantes profundamente influidos por la animación contemporánea del tipo Hora de aventuras y por Michael DeForge, y por eso recuerda también a lo que está haciendo Cristian Robles en España. Y por último, hay que destacar la contribución de Francisco Sousa Lobo, quizás el más interesante y personal de los autores portugueses que conozco.  Luego volveremos sobre él. Geraldo Vilches in The Watcher and the Tower

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Underground


Burnt to a crisp (Black Blood Press; 2015) é um fanzine de arte maldita, suja e obscura. Não é para malta da moda e outros betos, não senhor! Gajos como Eduardo Pécurto, Manuel Pereira, André Coelho ou Romain Perrot não fazem isto porque é "cool" ou para engatar gajas ou porque vai render "likes". Esta gente baralha factos biológicos, pós-colonialismo, miséria humana, perversão sexual, ruído visual com os seus desenhos e colagens para nos agoniar as entranhas e meter-nos em estado de alerta, pensa, negros humilhados, caveiras medievais, gajas escravizadas, dinheiro e escombros... Século XXI é mais civilizado porque tens um smartphone? Estes bárbaros (que até devem ter smartphones e aquecedores em casa) mostram que não...


O instigador do fanzine acima é o Manuel Pereira que teve direito a um título a solo, o Tricofilia (Black Horizons; 2015) - termo para excitação sexual por cabelos. Lançado por uma editora norte-americana de Noise e afins, o zine é metido num saco preto que arrepia. Admito que tive medo de o abrir e tirar de lá a publicação - sabe-se se esta gente não escondeu uma seringa de um agarrado qualquer de San Francisco dentro da embalagem? Iá, iá, fia-te na virgem e não corras...O enfoque sobre a questão sexual-capilar ficou aquém das expectativas embora tecnicamente Pereira cada vez mais pulverize as colagens em pequenos fragmentos, fazendo delas mais texturizadas do que figurativas. O resultado final é que parece que encontramos na lixeira um álbum de recordações de um tarado sexual que violou bifas no Algarve. Creepy shit...


Foi a colagem da capa que me fez pegar em Als Tier ist der Mensch nichts (Monotonstudio; 2016) dos Unru... senão teria cagado completamente. Tocam Black Metal contemporâneo, ou seja, são uns rapazes com ar de beto alternativo e que fazem uma barulheira incrível, muitas vezes pisando os terrenos imundos do Sludge que podem ser tão insuportáveis como os BM. Já agora, o artwork do disco é de B.D. Graft que parece que poderia estar mais numa revista de "novas tendências" do que a fazer algo para metaleiros... Safou-se muito bem e conseguiu pelo menos uma venda de uma k7!


Já cá tinha escrito sobre quanto tinha adorado a actuação ao vivo da Jejuno, e até andei a ver se ela queria lançar uma k7 pela MMMNNNRRRG. Preferiu um Urubu (soa mal assim, hahaha) e a MNRG lançou a Bleid invés, mostrando que são as mulheres a fazerem as criações mais interessantes em Portugal nos últimos tempos - olhem no caso da BD a Hetamoé, Sofia Neto e Amanda Baeza para destacar os melhores exemplos... Não consigo deixar de a comparar a AtilA como alguém que faz uma electrónica pós-industrial, negra e com batidas duras. Mas enquanto AtilA é calculista e técnico (no bom sentido), Jejuno é intuitiva e imprevisível, duramente desprogramada e suja. Ou seja, um dos melhores discos portugueses de 2016. Maldito Urubu!


O francês Albert Foolmoon ama Lisboa e faz questão de vir às "nossas" feiras de edição independente. Esteve na última Morta onde vendeu um exemplar da antologia de desenho Terreur Nocturne (Lézard Actif; 2014). "Queixou-se" de que quem a comprou disse-lhe que ia retalhar o livro para colocar as páginas em molduras... Convenhamos, com 24 páginas A3 serigrafadas a várias cores, estava à espera do quê? Não venha com tretas que os 'tugas são bárbaros! Ainda mais com desenhos da turminha da má-onda como Sam Rictus, Don Rogelio Jr., Dav Guedin, Martin Lopez Lam, Alkbazz, Victor Dvnkel... Assim sim, o crime compensa, ao menos as pessoas compram estes livros porque curtem e não por coleccionismo de obras anacrónicas em serigrafia que andam por aí...

domingo, 10 de julho de 2016

Forrobodó Visionário - Fotos de António Pilar

Filipe Abranches, Pedro Massano, Carlos "Zíngaro" e Marcos Farrajota

Carlos Barradas e Nuno Amorim 
António Pilar, Barradas, Amorim e Abranches

Marcos Farrajota - lançamento de Revisão

Barradas, Massano, "Zíngaro" e Amorim
Fotografias do lançamento de Revisão : Bandas Desenhadas dos anos 70 na Feira Morta (jardins da Biblioteca dos Olivais / Bedeteca de Lisboa, dia 9 de Julho)...

Recuerdos de Revisiones (fotos de Paulo Mendes - obrigado!)

Apresentação na Feira Morta - Bedeteca de Lisboa, 9 de Julho

Carlos Barradas e Carloz "Zíngaro" na risota, Duarte vs Marcos Farrajota, Hetamoé e Mao sentados

António Pilar a declarar que a Visão foi dos poucos momentos altos na vida dele...

Mao e Hetamoé assistem Duarte e Farrajota em sintonia...

Revisão : Bandas Desenhadas dos anos 70 à venda aqui

sábado, 9 de julho de 2016

ccc@Feira.Morta

cartaz de Sallim
MORTA na Bedeteca de Lisboa (blogue não oficial mas é o que há deste equipamento ignorado pela CML)...

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Desinformação

Mais uma k7 da Thisco! E outra vez de Rasalasad! E mais um CD dele... O que raios aconteceu?
Mais!
Ambos trabalhos estão cheios de Dark Ambient trabalhado com dezenas de colaborações estrangeiras de personalidades da melhor electrónica universal.
A k7 é a mais coerente enquanto corpo sonoro. De um lado participam os "noisers" Smell & Quim (trodacalho de Mel & Kim?) que são uns britânicos javardos (que redundância, todos os ingleses são javardos até prova contrária) que foram domados pelo Rasalasad. O Noise infernal deles desapareceu com os sintetizadores planantes de Rasalasad, uma combinação fascinante. O lado A é uma colaboração com o americano irr.app.(ext.), autor de uma obra sonora e visual fantástica e ligado aos importantes Nurse With Wound. Faixa dinâmica, cheia de detalhes e progressões inesperadas. Sofre só é dos mesmo problemas gráficos da k7 anterior...

Thismorphia é um CD que pretende ser um "showcase" de Rasalasad, sendo que o universo deste músico toma conta dos outros que participam: Jarboe, Merzbow, Smell & Quim, irr.app.(ext.), Von Magnet,... ainda assim, apesar da usurpação e dominação sobre os materias dos convidados, Thismorphia parece disparar para muitos sítios, sem encontrar um discurso próprio - ao contrário do que aconteceu no passado longínquo de Rasal ou neste recente "comeback".
Para quem conhece bem o catálogo da Thisco, fica-se com a sensação que está-se a revisitá-lo com uma nova camada. Ou então, o problema será certamente meu que não me consigo concentrar nos sons que não conheço e só me foco nos pontos que (re)conheço sem conseguir apanhar a "big picture". Talvez seja um disco que obriga parar para ouvi-lo com atenção... mas quem o consegue fazer nesta cidade infestada de obras, tuk-tuks e turistas bêbados? Design do CD a cargo da Camarada Pires.

Eis o novo zine do Trump da Bernarda que se intitula de Mariano #1 - em homenagem à sua criação de BD, o Gato Mariano, o gato mais tótó do planeta que quer impedir dos mexicanos de beber cerveja à pala! Um fanzine como este é raro dada o individualismo que se vive à grande e à francesa na comunidade criativa em 2016. Toda gente faz os seus zines e livrinhos de autor, cada um de costas viradas uns para os outros tal é o Ego de cada um. É raro ver fanzines que mostrem trabalhos de outros e mais importante que dêem tempo de antena para entrevistas. Aqui além das Críticas Felinas do Gato Mariano há também uma galeria para o José Cardoso / Tomba Lobos. O Tiago tem o "defeito" de ser jornalista de formação e por isso foi trocar impressões com o norte-americano Ed Luce e Bráulio Amado - quando foi a última vez que viram isso acontecer no mundo das edições "indie" (resposta: "na Maga"). O primeiro é conhecido pela suas BDs gays mas que entretanto tem conseguido ultrapassar esse nicho para uma audiência mais generalista. O segundo dispensa apresentações mais merece puxão de orelhas com os seus bitaites parvos do tipo O mais interessante é encontrares uma cena com pessoas que partilham o mesmo interesse e sentimento que tu tens ao fazeres algo criativo, sejam eles punks, betos ou da família real, iá, meu, os betos e os da família real devem ter muito de interessante para partilhar. E se tiverem é só contigo, Bráulio! Espero que trabalhes com o Luís Represas! Tem masé juízo! Enfim, de resto, tudo "impec"! Desde o Zundap que não aparecia em Portugal um... FAN-ZINE! Granda Mariano! Espero que ganhes as eleições!

Todos estes artigos vão estar na Feira Morta este Sábado, acabadinhos de fazer. Mais uma razão para ir lá! Três razões!!!

sábado, 2 de julho de 2016

ccc@PANGEIA.3


Chili Com Carne e MMMNNNRRRG lá estarão.
+ infos AQUI

Um dia antes, na Sexta,  há conversa com Rui Eduardo Paes, Fernando Cerqueira (da nossa parceira Thisco) e António Brito Guterres (Centro de Estudos Dinamia)... Organizado pela Nariz Entupido na House of Corto Maltese, às 19h30.