domingo, 31 de julho de 2011

quarta-feira, 27 de julho de 2011

comix ANTI POP

Mais publicações que sairam ou ficaram acessíveis durante a Feira Laica. Estas dedicadas à banda desenhada e não é por serem de bd que são as mais impressionantes! Juro! Elas são bem melhores que os graphzines!

Começamos com o grande furor (inter)nacional que é o segundo número do Lodaçal Comix, um zine organizado por Rudolfo, artista da bd e do CD pirata verdadeiro chavalo hiper-activo que prometeu e cumpriu. O projecto foi anunciado como trimestral e assim está a ser, já vai no número dois e sei que o terceiro já está quase feito! 

E não ficou por aí, do primeiro número para este segundo engordou para 104 páginas A5 de autores tão diferentes como Afonso Ferreira, Natalie Andrade, Christina Casnellie + Bruno Borges, Maré Odomo, Rudolfo, Zukk Ozaki, Marco Mendes, L-EGO, Shogo Yoshikawa, Zé Burnay, Tiago Araújo, Aaron Kaneshiro, Ricardo Martins, Aviv Itzcovitz, Tetsunori Tawaraya, André Lemos, Zach Hazard, Ze Jian Shen, Tom Toye, João Cravo, Jack Hayden, Leah Wishnia, Tagas, Weja, Austin BreedJakub TywoniukMichael Deforge André Coelho.
Tal como cada vez há miúdas mais bonitas (o Ivan Brun acha que é qualquer coisa que andam a por nos cereais matinais) também cada vez a malta jovem desenha melhor. E sendo uma geração que literalmente têm tudo à sua disposição (mesmo que a maior parte do tempo seja de modo virtual) é natural que apareçam uma montanha de bds em que se cruzem referências do mundo Pop ad nauseam: "ninjas, super-heróis, mutantes, gajas nuas, elefantes, porcos, pilas, lobos, dragões, chicks (gajas galinhas!), magos, rabos, grávidas, gajos normais e retretes" como qualquer bom Cultura Pop em ebulição sugere. Estamos num planeta pós-Fort Thunder e neo-surrealista em que até Hentai que serve de crítica à energia nuclear. O futuro da bd (inter)nacional passa por aqui...

Não é de estranhar que apareça Snakebomb Comix #1 em Portugal distribuído pelo próprio Rudolfo, não partilhassem ambos títulos autores e estéticas idênticas. Tendo acesso a estes dois títulos ao mesmo tempo, coloca-se a questão onde começa um e acaba o outro. Pode-se dizer que a única diferença é que este último é feito exclusivamente por autores norte-americanos e que têm uma capa em serigrafia (e menos páginas, toma!). 
Temáticamente e estéticamente não há diferença entre eles. O Afonso Ferreira não é pior ou melhor que Pete Toms nem Ricardo Martins em relação a Zach Hazard Vaupen. Talvez seja mesmo algo na comida processada que faça a Humanidade capaz de desenhar todos os excessos gráficos que "fazem os olhos vomitar" - Le Dernier Cri dixit
Pessoalmente, espero, no entanto, por uma narrativa que convença mais do que mil imagens - e não sendo injusto, é em Afonso Ferreira e Tiago Araújo que se encontram estórias longas, separadas por capítulos, ao longo do Lodaçal. É mais uma espera...

Por fim, a Firma voltou e lança a colecção Vera Suchankova com Dark Shine (2011) do sérvio Aleksandar Opacic, autor presente no Salão Lisboa 2003 e publicado em Portugal na primeira Crica Ilustrada
A colecção que se inicia aqui é dedicada a autores dos Balcãs, sendo que poderemos considerar o livro de esboços do croata Igor Hofbauer como um "volume zero" da colecção. 
Não sendo este o seu primeiro livro de Opacic, será o segundo ambos compilam bds dispersas, curiosamente com uma bd repetida, justamente uma que usa o Batman num ambiente pós-apocalíptico. Este Dark Shine incide mais numa vez em textos (?) de Phillip K. Dick e na figura do Batman nas suas três bds claustrofóbicas. Menos gráfico e mais plástico que Tajna paukove krvi, este livro entretanto deixa as pessoas de queixo aberto devido a um "pop-up" muita mamado fazendo esquecer que as intenções editoriais e autorais não são compreensíveis.

Viva Comix! Vou dormir uma sesta!

terça-feira, 26 de julho de 2011

graph ANTI POP

A 18ª Feira Laica, como já referi aqui, foi um paraíso (infernal, dado ao extremo calor!) de novidades. Não exclusivamente de edições per se, mas também de novos criadores. Muito rapidamente porque as férias chegaram, juntamente com a senhorita preguiça, eis uma lista comentada de edições que partillham a cultura Pop de formas poucos ortodoxas para além de serem todas graphzines.


Famous Tumours (Discordian Ink; 2011) é um zine de Jaime Raposo, autor que habitou em Berlim (quando estavámos de passagem com o Boring Europa) mas que voltou para Lisboa. Para a Feira preparou este zine que promete "anjos e tigres" no meio de baba, ranho e esperma. Creio que a ideia é colocar gente pública no meio de uma escatalogia semi-mutante, resultado mais do que obtido pelo virtuosismo de Jaime Raposo mas que me escapa em parte porque não tenho televisão há 9 anos e como tal há muita gente importante que não faço mínima ideia quem seja.
Admito que já ouvi falar num gajo do golfe chamado Tigers que é buéda bom a jogar e tem pipas de massa mas... who cares!?
Estejam atentos a este autor e esta sua "label". Boa apresentação e bons desenhos! Go!


Outro título / autor que pega em figuras Pop para gozar com elas é Headbanger (Paracetamol; 2011) de David Campos
Zine A5 com capas com capas de papel colorido à escolha do freguês - e já agora está à venda no sítio da CCC - recolhe uma série de ilustrações do autor em companhia com personagens de filme Holywood como o E.T., Robocop, Aliens, etc... ou pelo menos no principio do zine depois começa a desbundar. Mas essas imagens iniciais são bastante divertidas e inconscientes da mensagem que libertam - a minha favorita é o David com personagens do Planeta dos Macacos com o Cristo-Rei de Almada como pano de fundo... uma crítica sobre o Criacionismo? Bem as acompanhei durante a tour Boring Europa... Fico feliz em vê-las todas juntas. Quem for mitra e não comprar este zine pode vê-las todas no blogue do autor.

Outra compilação é Iceberg (Imprensa Canalha; 2010) de José Feitor que ao decidir acabar com o seu blogue escroque.blogspot.com (2005-2010) juntou as suas  ilustrações favoritas para um livro de autor impresso a cores.
As ilustrações apanham alguma História recente de Portugal e arredores como a queda de alguns ditadores (Saddam Hussein) e o regresso de outros (Cavaquistão II) entre outras situações mais díficeis de decifrar uma vez quea edição não inclui um índice (?) sobre os factos a que as ilustrações se reportam.  Os desenhos apesar de terem um ar desbundado são feitos com segurança de traço de quem domina há muito a ilustração de imprensa - embora, diga-se, que o autor não tenha feito assim tanta neste país pouco dado a essas coisas gráficas. Feitor abusa dos animais para serem a sua voz de crítica social enquanto o mundo abusa da sua própria estupidez.
A edição limitada finalmente está toda disponível - vários exemplares ficaram por montar desde o lançamento na 17ª Feira Laica. Aproveitem!

Por fim, do colectivo suiço Hécatombe, um trabalho a solo de Abstien Gachet, Les corps nus cornus (2011), livrinho A5 todo impresso em serigrafia, embora o miolo não pareça de tão fino que é o papel e impressão. Fino é o traço do autor. A vista também não se faz de grossa. Apanhado de desenhos de Gachet numa visita ao Berliner Medizinhistorisches Museum der Charité, onde pelos vistos estão expostas em formol uma colecção de aberrações humanas. As crianças das Stars nunca sairiam assim... Raios, não me apetece escrever mais... Amanhã é outro dia!

music ANTI POP


Somália (auto-edição; 2011?)

Nunca ouvi falar tanto na Somália!
[inserir risos enlatados de sitcom]
Primeiro foi com a participação na banda sonora do Futuro Primitivo, depois com a actuação na Festa Laica e agora em CD-R-homónimo-lo-fi-mal-parido. Na realidade não há quase nada na 'net sobre este projecto drone-noise em que por acaso sei que são dois gajos de cu pró ar com maquinaria-de-fazer-loops que resulta num xinfrim que nos envolvem obrigatóriamente para mundos oníricos. Como não se pode ficar para sempre no mundo dos sonhos alguns ruídos estridentes vão-nos levando prá Terra até que se ouve na gravação alguém do projecto a desligar o botão do "rec" num gravador de k7s - e por isso mesmo não percebo então porque isto não foi editado em k7 invés de CD-R manhoso.
[inserir risos enlatados de sitcom, umas fotos sobre mutilação feminina e créditos finais]
Ah! O Manuel Pereira é um dos gajos de cu pró ar que participa neste projecto - e para quem não sabe, é o cabeça da Narcolepsia e autor da secção Má Onda e Sujidade e das belas colagens na antologia do Futuro Primitivo. E também, quando esteve na última Feira Laica trouxe a Cérebro Morto que edita o fanzine Planemo sobre música Noise, Experimental e isso tudo. A5 fotocópia, entrevista neste primeiro número (Abr'11) Andrew Coltrane, Gianluca Becuzzi, N. e Fear Konstruktor. Escrito em inglês falta-lhe a garra editorial que a fotocópia obriga. Espera-se por um segundo número com um discurso mais incisivo!

domingo, 24 de julho de 2011

ccc@santa.cruz


as nossas edições estarão representadas pela nada-ruim-casa...

sábado, 23 de julho de 2011

segunda F.E.I.A.



23 Julho ::: Segunda F.E.I.A. @ Hey Joe
15H_20H-FEIRA DE EDIÇÃO INDEPENDENTE E DE AUTOR
21H concerto LIKE SWALLOWS
23H- unDJ_mmmnnnrrrg
autores e editores confirmados_ Chili Com Carne, Paracetamol, Propaganda13, MMMNNNRRRG, Aliböbö
(Zé Burnay/ Sónia Margarido/ Mike Miguel), Maria João Pinheiro, João Rodrigues, Fritz, Mike Goes West,...

sábado, 16 de julho de 2011

Pixel Parts 000001

Afonso Ferreira
edição de autor; 2011

Nas últimas edições da Feira Laica tem surgido uma série de novos autores, criadores e editores que mostra que este importante evento (inter)nacional de edição independente não é sempre de / para os mesmos - creio, que nunca surgiu esta crítica em lado nenhum mas é fácil para quem faz parte da organização sentir alguma repetição de modelos, participantes, etc... - mas dizia, nestas últimas duas edições têm-se mostrado uma nova geração de criadores que óbviamente usam "velhas" formas de edição: zines, livros de autor, serigrafia, etc... como também há os espertinhos que fazem coisas novas.
Neste caso, o espertinho Afonso Ferreira fez uma coisinha pequena, um livrinho (?) feito de várias folhas de acetato ligadas com uma molda de roupa high-tech de forma que o "leitor" possa fazer junções de partes da cabeça de um boneco. Pode-se juntar a caveira com a cabeleira + óculos, ou o cérebro com os músculos faciais, ou ainda juntar tudo. Os desenhos são pixelizados lembrando os velhos computadores. É uma "coisa" (haverá nome para este tipo de livros?) que se compra sem pensar duas vezes, um miminho! Assim vale a pena fazer/ ir à Laica!
à venda na CCC aqui.

fala o martelo

quinta-feira, 14 de julho de 2011

MÁ ONDA E SUJIDADE #5

No contexto de algumas novas editoras de noise vindas da Suécia, surge a Jartecknet, que edita exclusivamente cassetes e que vem revelado, com particular consistência e bom gosto, uma série de projectos recentes, a imensa maioria provenientes do seu país de origem (a excepção à regra até à data é "The Vanity Set", dos dinamarqueses com ligações à Posh Isolation, Damien Dubrovnik)

Originária de Gotemburgo, é conduzida por Viktor Ottosson (Street Drinkers / Attestupa) que é também metade da editora de vinil Nattamaran que partilha com Dan Johansson (Sewer Election / White / Dog Holocaust / Heinz Hopf, entre outros) que depois da lendária Harsh Head Rituals, aponta agora energias (ao nível da edição) para a Ljud & Bild Produktion.

A Jartecknet é maioritariamente focada em projectos novos ou mais obscuros mesmo no contexto em questão, não especialmente ruidosos mas carregando uma particular atmosfera de doença e negrume, encarnando direcções novas (e mais interessantes?) no seguimento do que, de alguma forma, se iniciou com um Sewer Election pós-"The Killing Sessions".

Agora que a editora / espaço Utmarken encerra após 3 anos (para a despedida há um lançamento que reúne alguns dos mais activos intervenientes da Gotenburgo contemporânea do ruído) será curioso entender como irá evoluir a cena local a partir da ausência deste pólo aglutinador.

Pela Menstrual Recordings temos "SPLAT-TV", uma reedição particularmente relevante para compreender e reavaliar a cena italiana do death industrial / post mortem iniciada nos anos 90 e que se tornou vestigial depois do vazio deixado pela morte de Marco Corbelli (Atrax Morgue / Slaughter Productions)

O lançamento em questão reune os vídeos , a maioria dos quais editados originalmente em quantidades incrivelmente reduzidas, do projecto de Moreno Daldosso, Murder Corporation, provavelmente o único em Itália a conseguir perpetuar o legado sanguinário dos Mauthausen Orchestra no seu pico - entenda-se, a fase de 1982 a 1986.

Como documento histórico, e para os seguidores obsessivos da ultra-violência italiana, é incontornável. Como objecto "fílmico", tem evidentemente os seus momentos altos e baixos, a realçar pela positiva "Nacht und Nebel" e "Criminal Inside", e a apontar como algo menores, a maioria dos vídeos do final da década.
Nada de novo quanto ao imaginário e às fórmulas exploradas, como seria de esperar, mas dificilmente igualável em termos de intensidade e desconforto, mesmo que algo datado por vezes. Como bónus, mesmo para quem já pudesse ter visto alguns dos vídeos na sua versão original, temos um inédito, "Des Morts" de Mortar, um projecto paralelo, menos explosivo mas nem por isso menos visceral, e que é provavelmente a mais perfeita tradução visual do que é o post mortem industrial.

Lançado em duas versões, uma em DVD-R, e uma outra edição especial em VHS e com uma cassete áudio que contém a banda sonora completa.

A par da Corpse Without Soul, e de bandas como Horrid Cross e Divisions (que teve também recentemente editado um belíssimo documento final) , Evan Dawson edita ainda a zine Irradiated Corpse, transversal em termos de género - do black metal ao noise, percorrendo os despojos entre ambos - e de estética cuidada, na continuidade do que tem feito com as suas edições musicais. As entrevistas revelam conhecimento aprofundado das bandas sobre as quais se focam e muitas vezes apontam para reflexões pertinentes relativas às possibilidades da criação e edição subterrânea nos dias de hoje, e as críticas são especialmente interessantes, pelo seu desapego a certas fórmulas recorrentes, na escrita e na análise. É ainda um documento visual que acompanha de forma exemplar o trabalho já realizado com os artworks na editora e alguns cartazes para concertos.

A antecipar com particular expectativa o terceiro número desta publicação, assim como os primeiros lançamentos em vinil, que serão editados em parceria com a Fallow Field (editora de Jason Wood - Order of Nine Angels / Grinning Death´s Head) surgida depois da Satan´s Din, aquela que foi sem dúvida uma das melhores editoras de HNW, e que deixou um legado exemplar durante a sua curta existência.

Mais um foco de interesse no black metal contemporâneo, e mais uma vez, navegando e operando por coordenadas limítrofes.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Publish or Perish


La Escena Alternativa : Actas de los Encuentros Internacionales de Editores Independientes, Punta Umbría, Huelva 1994/1999, v/a (Ayuntamiento de Punta Umbría; 2000) ; Soopa, v/a (Soopa; 2011)
Dois livros bastante diferentes tendo apenas em ponto de comum a vontade de registrar as suas actividades. No primeiro caso é um apanhado de apresentações ao longo dos primeiros 5 anos de actividades da Edita, encontro internacional de editores independentes cuja edição deste ano a Chili Com Carne e a MMMNNNRRRG estiveram presentes. Os textos são de vários editores participantes, alguns mais intelectuais outros mais rebarbados mas juntos conseguem transmitir várias mensagens úteis sobre edição independente - apesar destes editores e os próprios encontros estarem "dominados" por editores de Poesia. Mas os dados são comuns, seja para interessados em edições gráficas ou literárias, sejam de Espanha ou de Portugal. Desde que passamos a ser "europeus" de primeira (ultrapassados as décadas dos fascismos) a literatura (ou a edição) passou a ser um mercado como outro produto qualquer, onde "best-sellers" ofuscam as obras realmente importantes, onde a imprensa cultural serve de cão-de-guarda para grupos empresariais, etc... A resistência à estupidez e continuação de uma biblio-diversidade passa por editores independentes que por razões anti-económicas aplicam o seu capital e tempo para mostrar que nem tudo o que se publica é vazio e bem-comportado com o sistema capitalista. Neste livro encontra-se inspiração para continuar a fazer-se livros diferentes mesmo que ninguém queira saber deles.
Apesar de ninguém querer saber deles, aliás, precisamente por ninguém querer saber da Soopa, importante comunidade musical do Porto e Além-Mar, que provavelmente decidiram fazer um livro sobre as suas actividades. Um livro-objecto, luxuoso e bonito, em que textos, fotos e fotomontagens vão juntando um complicado puzzle de actividades, projectos e eventos que vão do Porto a Berlim, de Nova Iorque a Bragança, do electro-acústico ao Metal, do Dub ao Voodoo, da música de câmara à fanfarra de rua, do José Cid ao Carlos Zíngaro, do Sputnik aos túneis subterrâneos de Arca d'Água. O livro dá uma direcção para quem se desorienta nas pistas que esta comunidade têm largado por aí. Já o DVD / filme que acompanha o livro infelizmente de pouco serve. Não têm o mesmo élan do livro, não consegue ser um documentário nem um "objecto" artístico. Talvez falte um "argumento", não necessariamente numa linha narrativa mas algo que lhe desse um propósito estético ou uma mensagem concreta. Apesar disso, este é um dos livros mais bonitos feitos sobre música em Portugal. Fará História e irá oferecer muitos sapos a engolir no futuro.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Em Viseu é que se curte esta música!


Foi no Porto mas o fã afoito disse que este som é buéda grande em Viseu! Verdade absoluta ou mentira visionária, o disco anda por aqui!

domingo, 10 de julho de 2011

Just in case you didn't feel like showing up...



disco físico e digital aqui

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Uma Hecatombe!


Ontem "caiu" a primeira exposição vinda da programação da 18ª Feira Laica. Era uma do colectivo suiço Hécatombe que estava patente na Matéria-Prima (do Bairro Alto) que mostrava o seu trabalho relativo a cartazes em serigrafia. Quanto ao trabalho editoral devem lá ter ficado uns quantos exemplares do Un Fanzine Carée que trás consigo várias questões a colocar sobre a produção contemporânea de bd e que poderão ser reflectidas para Portugal.
O projecto deste zine é mutante, começou com um número A (que não vi) e o número B é partido em 4 tomos que sairam durante o ano de 2010, entre Agosto e Dezembro. Nas suas páginas encontramos quatro autores do colectivo, a saber Abstien Gachet, Néoine Pifer, Odo Barrio e Yannis Macchia, em qua cada um faz uma bd de continuação. Esta edição poderá ser aquilo que se chama de "mini-série" na TV ou nos comics norte-americanos...
E que coisa é esta então? É uma revista? um fanzine? Um livro? Pergunta Yannis num editorial ainda agarrado ao anacronismo da palavra "fanzine" enquanto publicação amadora mera idólatra da cultura Pop. É um "zine" claro, estabelece o seu pathos DIY caracteístico pela tiragem reduzida (100 exemplares cada tomo?) impressa em fotocópia (lazer?) e de uma produção manual (capa em serigrafia) mas também porque pratica uma óbvia liberdade artística. Cada autor têm a sua linguagem e o seu universo - a explorar e a partilhar com o público.
Ainda mais importante do que estas questões formais, é o processo que inventaram para fazer 4 "cadernos" com 4 autores. As bds ao serem de continuação - em cada tomo os autores eram obrigados a fazer mais de 10 páginas - tem uma produção destilada "4 por 4". Invés de terem 4 livros de 100 páginas para cada autor que teria de ser feito de rajada, cada livro representa um quarto da obra de cada autor feito em quatro entregas invés de uma. É uma solução interessante sabendo que ao não existir mercado nem força anímica para grandes projectos. A bd de autor seja em Portugal seja na Suiça é feita nos tempos livres porque nunca é paga antecipadamente (sob forma de encomenda, por exemplo) nem com a venda posterior de livros. A solução deste zine ou a da antologia Futuro Primitivo (que parece que ninguém a quer discutir) ou as do passado referidas no editorial do Futuro) ou ainda outras que venhama a surgir são bastante interessantes para os autores com aspirações de publicação porque os poupam de fazer esforços enormes, como ainda poderão ajudar a reinventar a linguagem da própria bd. Mas claro, um colectivo na Suiça é uma realidade que funciona melhor ou pior mas funciona. Em Portugal, um trabalho colectivo é visto meramente como uma troca de camisas suadas... Logo algo a evitar, pelo nosso individualismo ferrenho (é uma péssima metáfora admito) ou pelos simples facto que sabemos que só algumas das camisas é que ficam suadas. Seja como for, à medida que a Crise avança arrastando consigo o "tempo é dinheiro" de cada um de nós, soluções de troca de camisas suadas fazem cada vez fazem mais sentido.
Por fim, destaco o trabalho de Abstien verdadeira nevrose que nos remete para Cronenberg e todo um mal-estar biológico e social. O resto das bds também são para descobrir, ide à Matéria Prima, ide! Senão, há empréstimo à palex na Bedeteca de Lisboa! Merci Hécatombe!

terça-feira, 5 de julho de 2011