sexta-feira, 22 de maio de 2020

Os Homens Não Se Querem Bonitos



Homem Faca #1 é um fanzine de Guimarães com data de Dezembro de 2019 que até parece que vem substituir a hibernação do Surto. Não é só a geografia do berço nacional (fuuuuck that!) e formato A4 que partilham mas sobretudo a tomada de consciência que poesia, fotografia, desenho e banda desenhada podem e devem partilhar destinos editoriais em conjunto, por muito que isso meta nojo aos poetitas e "bedófilos". A diferença em relação ao Surto é que o Homem Faca é mais testosterona (e androstenodiona?), irrita por esse excesso e pelas páginas pixelizadas da inexperiência da "não-edição". 
O trabalho que mais se destaca é a versão em BD do excelente tema White Jazz de Metadevice, é curioso mas não imaginei aquelas imagens quando ouvia a música e letra mas mais fiel do que isto não poderá ser porque tem em comum a mesma autoria, o Manuel João Neto e o André Coelho. Mas vá, é preciso que este Homem Faca ande em frente para não parecer uma versão violenta do Fazedor de Letras... 

Não sei se sou eu que sou um nabo a procurar na 'net ou se não há mesmo nenhuma página oficial do projecto por isso digo-vos onde se compra, ou seja na Snob, a única livraria que leva a edição independente à séria!

sábado, 9 de maio de 2020

Regresso à anormalidade


Anda tudo entesado com a "normalidade" quando as narrativas são iguaizinhas, quer à Esquerda (trabalho, trabalho!) quer à Direita (a economia, temos de salvar a economia!), só merda, todos desejam voltar a vender patinhos de plástico e ir no fim-de-semana para a quinta muito-ecológica limpar a consciência com a prole (ops, herdeiros, prole é prós miseráveis). Felizmente há coisas que sairam nestas semanas para mantermos a cabeça sã e contra a velha ordem, como este livro Defects do norte-americano Thomas Grant Stetson pela Black Blood Press - editora de graphzines que há 10 anos que nos oferece as imagens mais chocantes aqui da periferia.
Na linha de arte grotesca, que se pode localizar nos punks anos 70 com o movimento graphzine dos franceses Bazooka vindo até aos dias de hoje com os Le Dernier Cri, eis uma galeria de corpos em formol, dissecados e esfolados, colocados em poses estatuárias a posarem arrogantes. Para quem? Talvez para quem as vendeu comida envenenada, para quem poluiu os ares que respiram, para quem lhes vendeu remédios que geraram abortos, quem sabe? Estes corpos corrompidos ter ar de desafio, isso é certo, fazem-nos mijar nas calças.
Edição menor que o formato A4 (o A4 é para parolos!) com 40 e tal desenhos feitos em caneta esferográfica cuja impressão offset capturou bem, eis a publicação mais "pro" da Black Blood, parabéns! Do autor nada se sabe, fez algum "artwork" para fonogramas pós-industrialitas mas também, queriam saber o quê mais depois disto?

sexta-feira, 8 de maio de 2020

Gato Diplomatique




Como tem acontecido, há um ano para cá, eis na edição deste mês a participação de Tiago da Bernarda (O Gato Mariano) no Le Monde Diplomatique com uma banda desenhada segundo a seguinte premissa: Será a caneta mais poderosa do que a espada? Nestes tempos assanhados, desafiamos autores de Banda Desenhada a reagirem a esta pergunta. Nos próximos meses, a edição portuguesa do Le Monde Diplomatique vai publicar as suas respostas...