blogzine da chili com carne

quarta-feira, 11 de setembro de 2024

Há uma estrela nova na Chili Com Carne... (serigrafia esgotada!)


RUBI é uma colecção nova da Chili Com Carne dedicada a romances gráficos à escala global. Mas sobretudo será uma selecção criteriosa de Romances Gráficos, para contrabalançar a literatura "light" que tem inundado o mercado português nos últimos quatro anos.

O primeiro título desta nova colecção é Sírio de Martin López Lam (Peru/ Espanha) que saiu na Raia 3, em que o autor esteve presente. Sírio foi originalmente publicado em Espanha, pela Fulgencio Pimentel em 2016. Traduzido para português por Ana Menezes. Editado por Joana Pires e Marcos Farrajota e publicada pela Associação Chili Com Carne. 

Foram impressos 500 exemplares deste livro, dos quais 100 exemplares oferecem um ex libris assinado pelo autor, se for adquirido directamente à Chili Com Carne.

À venda na nossa loja em linha e na Tasca Mastai, BdMania, Kingpin Books, Tigre de Papel, Linha de Sombra, UtopiaMatéria PrimaXYZSenhora Presidenta e Ugra Press (Brasil).

Que raio de capa é esta? É a capa e a sobrecapa!

López Lam (Lima, 1981) acompanha um casal que passa uns dias perto do mar aproveitando a época turística baixa, numa casa de uma dessas urbanizações no meio do nada, um não-lugar em que o seu isolamento quase total submete as suas possibilidades de comunicação e as suas personalidades a uma espécie de prova de fogo em que o tédio e o mistério são os catalisadores das suas horas, distorcidos apenas pelos ruídos (grande representação onomatopeica da natureza!) e pelo crime sem grande explicação que acontece na casa do lado. 
Felipe Hernández Cava 

É como o hotel gerido por Ava Gardner em A noite da Iguana (1964) de John Houston. Transforma-nos numa personagem ativa dentro de um espaço passivo, em que acontecem as coisas e onde somos meros observadores, não por vontade própria, mas pela vontade do autor. 
Miguel A. Pérez-Gómez 

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Martin López Lam [Lima, Peru; 1981] é duplamente Licenciado em Belas Artes, tanto no Peru como em Espanha, onde reside desde 2003. quando não está a brincar com susto, o seu cão, divide o seu tempo entre o desenho, impressão em serigrafia, auto-edição (as maravilhosas Ediciones Valientes são dele!!!), BD e eventos de edição independente (é um dos fundadores do Tenderete, em Valência).

Tem recebido vários prémios, foi o importante "Premio Internacional de Novela Gráfica Fnac Salamandra Graphic" de 2018. Publicou em várias antologias internacionais: ARGH!, Qué Suerte! (Espanha), Puck Comic Party (Itália), Carboncito (Peru), Mesinha de Cabeceira (Portugal), Kus! (Letónia) e Kuti (Finlândia)...

Apesar de ter participado em vários eventos de edição independente (Feira Laica e Feira Morta) ou ter divulgado imenso as artes gráficas portuguesas em publicações ou eventos (como o Tenderete), o seu trabalho só foi publicado em Portugal no livro colectivo Boring Europa (2011) e no número 23 do zine Mesinha de Cabeceira (2012), ambos pela Chili Com Carne. Faz-se agora justiça com este Sírio.

Bibliografia Parte de Todo Esto (De Ponent, 2013), Sírio (Fulgencio Pimentel, 2016; Chili Com Carne, 2018), El Título No Corresponde (Valientes; 2016), Ensalada Mixta (Le Dernier Cri; 2017) Colectivos (selecção)  Boring Europa (Chili Com Carne; 2011), Mesinha de Cabeceira #23 (Chili Com Carne; 2012)...












Foi feito um Ex libris limitados a 100 exemplares para este livro lindo! ESGOTADO! Aliás, Martin López Lam aproveitou a sua presença em Lisboa para o lançamento de Sírio e para a execução de uma serigrafia pela Oficina Loba.





FEEDBACK

 o livro é uma excelente edição - parabéns!
A. Silva (email)

é sem dúvida o melhor livro publicado pela Chili que já li! Ficção bem feita, que mantém a tensão e o mistério até ao final. Lembrei-me imenso de uns contos do Ballard passados precisamente em estâncias balneares em Espanha ou nas pensões e ruas desertas de Cocoa Beach onde não se percebe se houve um colapso civilizacional ou o fim da época alta. Assim que comecei a ler tive a noção de que a narrativa não iria trazer grandes surpresas, mas digo-o no bom sentido. Isto absorve o leitor pela sua estaticidade e por sabermos que as personagens se encontram num beco sem saída, ainda que inscrito numa paisagem aparentemente cheia de espaços abertos. Talvez por isso eles se percam quando tentam sair dela. Fim do mundo. Graficamente é incrível.
André Coelho (email)

Basta um relance para se perceber o teu dedo editorial neste objecto que é bem distinto, quase uma peça de artesanato, cheio de melancolia, sonhos febris e contemplações interiores a entrecortar o silêncio e a desolação dominantes. Julgo que o grafismo dificilmente poderia ser mais eficaz a ilustrar todos esses ingredientes, por forma a que a relevância das ambiências e das sensações se sobreponha à narrativa. E no final soa de facto como uma viagem a uma constelação estranha e distante...
Nunsky (email)

Como refere Álvaro Pons, Sírio destila força, sendo uma narrativa visceral e em estado puro, esmagadora.
Bandas Desenhadas

Desenhado em tons de azul e amarelo, Sirio foi descrito pelo autor, numa entrevista à agência Efe em 2016, como um 'thriller' que se mistura com uma teoria filosófica sobre a vida e a morte, o amor e a apatia. "Desde início a intenção da banda desenhada foi mergulhar o leitor numa espécie de experiência narrativa que suporta a história, porque o argumento é bastante pequeno e pode resumir-se numa frase. Mas não tive a intenção de contar uma sucessão de anedotas, reflexões ou acções; tinha de ser algo como uma não-acção, uma anti-história", disse o autor na mesma entrevista, quando o livro saiu em 2016 em Espanha.
Lusa / DN

Na Lista de Melhores Livros de BD de 2018 do Expresso
Sara Figueiredo Costa

5 estrelas no Expresso

(...) recuperado o fôlego, que a coisa acaba em alta voltagem cinemática –, nos assalte a tentação de declararmos que em Sírio o verdadeiro personagem principal é a paisagem. Não chegando a tanto, diríamos antes que o fulcro deste livro é o efeito entrópico da paisagem – ou ambiente – em dois personagens, que se deslocam até esse outro lugar já munidos de uma semente de dissolução. Ora esta paisagem é composta por onomatopeias de bichos perdidos, uma rede sobrenatural de luzes na noite, sombras a crescerem sobre ervas que parecem destinadas a engolir tudo, pelo menos uma nuvem obscena e, por entre tudo, viscosa, a canícula que embrutece. (...) 
António da Cruz in A Batalha

A forma como Lam joga com o silêncio, o tédio e um mistério de homicídio tornam este livro numa peça indispensável a todos aqueles que gostam de ver novas e distintas explorações na linguagem da BD.

terça-feira, 10 de setembro de 2024

Vale dos Vencidos (2ª ed.) de José Smith Vargas na Libraria Paz (Galiza)

Ufa!

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O que cabe no espaço geográfico de um largo? 
 Câmara municipal e gestores sociais ambiciosos, moradores e pequenos mafiosos, jovens radicais e antagonistas, imigrantes que fazem a sua cidade à margem. Desde parque de estacionamento informal e local esquecido e até à sua reabilitação e inauguração pelo Presidente da República.
VALE DOS VENCIDOS de José Smith Vargas acompanha durante dois anos (2010/2012) a evolução de um largo no coração de um bairro degradado no centro da capital.

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VALE DOS VENCIDOS de José Smith Vargas, é um extenso livro publicado pela Associação Chili Com Carne, sendo uma obra realizada ao abrigo de uma bolsa de criação literária da DGLAB/MC e foi inspirada no projecto vencedor do concurso Toma lá 500 paus e Faz uma BD! (2014)


VALE DOS VENCIDOS é a estreia em livro de José Smith Vargas. Este volume, que já leva uma década de investigação, inclui várias bandas desenhadas sobre a ascenção e queda da cidade de Lisboa e que informam uma insuflada "graphic novel" sobre um bairro específico em que qualquer semelhança com nomes, pessoas, factos ou situações da vida real não terá sido mera coincidência. As lutas sociais, os engodos das renovações urbanas e das associações culturais, os jogos políticos ou os dealers na street, são aqui brilhantemente expostos numa cacofonia de vozes e intervenientes no terreno. Uma abordagem documentarista que parece uma montanha que irá parir uma marca branca na realidade de mais uma capital europeia. Bravo! in Binocle Magazine Issue 167 (Oct 2023)

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 Primeira edição esgotada.
 
Nova edição disponível na nossa loja em linha e também na BdMania, Kingpin, Letra Livre, Linha de Sombra, Matéria Prima, Mundo FantasmaNeat Records, Snob, Tigre de Papel, Tinta nos Nervos, Socorro, Utopia, Casa da Achada, Vida Portuguesa, Centro de Cultura Libertária, Tortuga e ZDB.





Historial:

Uma exposição homónima de originais de Banda Desenhada esteve patente na BD Amadora 2023 e com sessão de autógrafos e 28 de Outubro
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Lançamento oficial na Casa da Achada - Centro Mário Dionísio no dia 17 de Novembro 2023 com presença do autor, Marcos Farrajota e Luís Mendes

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Apresentação a 16 de Dezembro 2023, com Andreia Farrinha, José Smith Vargas e Marcos Farrajota, às 16h + Festa do Vale com Phantom, Focolitus e Kafundo NoSoundsystem, às 21h na Casa do Comum (Lisboa) no âmbito da Parangona 2

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Melhores livros de 2023 do Expresso

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Entrevista na Esquerda.net

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Entrevista no Pranchas & Balões

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5 estrelas no Expresso

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4,5 estrelas no Público

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Páginas centrais do jornal Mapa fazendo um "companion" para conhecer as principais personagens do livro

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Entrevista em Todas as Palavras / RTP

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Mostra virtual Opressores e Oprimidos no Parque Silva Porto, Benfica, Lisboa no âmbito do projecto Story Tellers entre 21 de Março e 20 de Junho 2024.
 
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Segunda impressão livro em Abril 2024

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inspiração para o videojogo Overuse










Feedback:

Ainda não te disse nada acerca do livro, porque fiquei sem palavras. (...) Parabéns  ao Smith , assim valeu a pena esperar 10 anos. Que trabalheira! Nem sequer estou a falar do numero de paginas, podia ter 1000 paginas e ser uma merda na mesma. Em termos de pesquisa, planeamento, desenho e argumento, 'tá excelente dá para ver que ele viveu isso, não é como muitos projectos de bd de pessoal "conhecido e ilustres" que escolhem falar de bairros, e cidades ou de sardinhas e malmequeres e fados por motivos financeiros e para se autopromoverem. Também fiquei contente por ele desenhar pessoal da distribuicão a descarregar material com carrinhos de mão (...)
David Campos (por email)

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O José Smith Vargas abriu as costuras da realidade e retirou de lá de dentro um feio tumor albugíneo para que toda a gente veja bem o que nos fazem a democracia burguesa e a luta de classes com logótipo partidário.
Rodolfo Mariano (por email)

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(...) Daí que se encontrem no livro de Smith Vargas poucos instrumentos costumeiros na construção da banda desenhada regrada esteticamente nos nossos dias – pelo mais prestigioso “pacote” do “romance gráfico”, tais como a manutenção de uma absoluta consistência estilística ou a composição de páginas com efeitos de significação “extra”, a eleição de um arco narrativo aristotélico ou uma clara “redenção” ou sequer “resolução” de uma suposta crise, etc. - e uma maior liberdade circunstancial do que é necessário mostrar. Ou seja, seria fácil criticar o livro por uma certa falta de unidade, ou ter uma coerência titubeante, mas queremos esgrimir o argumento que esse caos ou anarquia é necessário para a própria matéria política do que é discutido.

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(...) uma polifonia de histórias onde falta futuro, mas onde se afirma uma reflexão crítica sobre as razões concretas dessa falta. 
Sara Figueiredo Costa in Expresso

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(...) li o Vale dos Vencidos de fio a pavio num único dia: valeu a espera de dez anos, porra! Grande livro, quase tenho pena de não ter posto os pés no Amadora BD para ver os originais. Não serei a primeira pessoa a notar isto, mas acho interessante que a Chili tenha publicado dois retratos muito fiéis de dois momentos históricos das duas maiores cidades do país: Companheiros da Penumbra e agora este (fico a aguardar o visceral retrato da Coimbra do Rodolfo Mariano!). Mas isto para dizer que fiquei a pensar que se perceber que a Chilli começa a ser um repositório de momentos muito específicos das cidades, dos movimentos e das pessoas sobre as quais assentam um conjunto de transformações radicais, mas cujos protagonistas anónimos ficam de fora. O retrato das faunas uranas da Mouraria estão extraordinários e revi imensas pessoas com as quais me cruzei desde que estou em Lisboa: o Fanã, em particular, é toda uma fauna por si só (e um nome que só consigo entoar na minha cabeça com o sotaque lisboeta).
AP (por email) 

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 José Smith Vargas desenhou a crónica do desaparecimento de uma certa Lisboa Sobre uma mesa, na sala maior daquele pólo cultural de Lisboa, encontra-se Vale dos Vencidos (...) a obra de banda desenhada é composta, sobretudo, pela história que lhe dá o nome: aquela que relata, entre a ficção e as memórias, a requalificação de um bairro, de seu nome Vale dos Vencidos, numa cidade chamada Merídia. 

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(...) Este volume documenta cerca de uma década de transformações no bairro da Mouraria sem se privar de ser uma ficção mordaz, por vezes surreal, sobre o absurdo da gentrificação, visto por dentro - através da história de um barracão, que em tempos albergou o colectivo Da Barbuda, uma espécie de confraria libertária, como das histórias de fadistas e taberneiros, imigrantes e gunas, artistas e empreendedores.

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As narrativas reais de reflexão-intervenção (...) são uma forma de BD ainda com pouca expressão entre nós. (...) blah bla bullshit e depois esta: o notável "Companheiros do Crepúsculo" de Nunsky (sic) bla bla bla sem nada para dizer e não tendo percebido a obra...
João Ramalho Santos in JL (ou será JLOL?) 
 
A propósito, estou a acabar o Vale dos Vencidos e gostei. Achei a ideia de representar os políticos do sistema só com uma linha, tipo linha clara, excelente (e diz muito do que é o sistema fascista, linha clara). É como se não tivessem substância corpórea. Suponho que a canção vencida é o fado, não? E há também o rei da canção vencida versão Vhils. Impagável.
Domingos Isabelinho (via email)



All Watched Over by Machines of Loving Grace @ Libraria Paz (Galiza)



All Watched Over by Machines of Loving Grace

de

Amorim Abiassi, Ana Maçã, André Pereira, Cátia Serrão, Cláudia Salgueiro, Dois Vês, Félix Rodrigues, João Carola e Vasco Ruivo.

20º volume da Colecção CCC publicado pela Associação Chili Com Carne

Coordenação: Dois Vês e João Carola
Identidade gráfica e design: André Vaillant

Obra vendedora do concurso interno Toma lá 500 paus e faz uma BD! de 2019

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à venda na nossa loja em linha e na Tigre de Papel, Kingpin Books, Linha de Sombra, Tinta nos Nervos, Mundo Fantasma, BdMania, Tasca Mastai, Matéria-Prima, Utopia, Snob e Vida Portuguesa

you can buy at our online shop and at Fat Bottom Books (Barcelona), Quimby's (Chicago) and Libraria Paz (Galiza)

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À data de publicação deste livro, não se ouvem nas florestas os estalidos de discos rígidos a acompanhar o roçar dos ramos das árvores; contudo, havendo sinal, é possível escutar o som de um Like a pingar na nossa mais recente foto de perfil.

O poema de Richard Brautigan que serve de mote a este livro foi publicado há mais de 50 anos; a sua visão de uma arcádia digitalizada, onde mamíferos de toda a espécie convivem sob o olhar zeloso e benevolente de máquinas bafejadas pela santidade, não se concretizou. Em 2019, a tecnoesfera continua a ter o Homem no seu centro e a Natureza (seja lá o que isso for) nas margens do seu perímetro, encarada essencialmente como um recurso que em breve se esgotará. Os robots caminham sozinhos pelos bosques e os mamíferos caem por terra onde dantes havia água: todos observados por máquinas, mas não de amor e graça.

O livro que têm nas mãos documenta as dinâmicas articuladas no solipsismo desse ciberespaço que criámos só para nós: das relações laborais à saudade, da saúde à identidade, nele se retrata o modo como o manto do digital cobre todos os aspectos do nossa dia-a-dia e medeia as interacções que por cá vamos estabelecendo. É debaixo desse cobertor, com a cara tenuamente iluminada pelo ecrã, que observamos o robot caminhar sozinho pelo bosque e choramos o paraíso perdido do poema de Brautigan.

Afinal de contas, à data de publicação deste livro, já mal se ouvem nas florestas os estalidos dos insectos, que vão caindo por terra onde dantes havia água; contudo, havendo sinal, é possível escutar mais um Like a pingar na nossa foto de perfil. 

Ping. Alguém está a ver.👍




At the time this book is being published, we can’t hear the sound of hardrives blending in with the murmuring of twigs in the forest; however, it’s possible to catch the pinging sound of a “Like” droping on our recently updated profile picture.

The Richard Brautigan’s poem that lends its title to this book was written 50 years ago but its arcadian, digital utopia hasn’t yet come to be: in 2019, the technosphere maintains Man at it’s center and Nature (whatever that is) at its margins. The book you hold in your hands documents the dynamics we articulate amid the solipsistic circle of cyberspace: from work to healthcare, from longing to identity, the digital mantle encompasses all beats of life and every connection we establish while we're around. After all, even though we can barely hear the insects in the forests, providing the connection's good, we can still hear the "Likes" pinging on our profile picture.

Ping. Someone's watching.👍

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historial: 
lançamento na BD Amadora (2/11/19) 
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Da capa à paginação, passando pelo design, quisemos criar um objecto uno, pontuado pelos olhares e histórias de cda autor, com uma abordagem mais transversal in Público 29/01/20
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artigo no P3
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Best Portuguese Comics 2019 @ Paul Gravett site / Gabriel Martins selection
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exposição na Tinta nos Nervos entre 10 e 17 de Junho 2020


feedback: 

espero que não cuspas na referência, mas fez-me lembrar o metal gear 2 :)
F.C. (por email)

Brochura da IBM! (...) parece-nos, pela capa, um daqueles manuais de computadores dos anos 80.

Não temos prados cibernéticos, antes os pedregulhos afiados das redes sociais. As máquinas que nos vigiam não são benévolas, ao serviço de interesses que vão da economia ao poder político. A libertação sonhada dos labores é hoje um sonho amargamente distante, num presente de progressiva precarização. Sentimos o poder sedutor da vida no ecrã, ao mesmo tempo que o real se fragmenta e desagrega. Estas são as visões que transparecem nas experiências visuais de All Watched Over By Machines of Loving Grace. Apesar desta ser uma antologia de banda desenhada, anda longe do convencional nesta área. As suas contribuições são fortemente experimentais (...) entre o estilhaçar de estruturas à ilustração encadeada em narrativa difusa.
I've only had time to flick through 'Machines' as of yet, but it looks absolutely beautiful - and if it was inspired by something Richard Brautigan wrote, I'm already enjoying it!
pStan Batcow (Pumf) by email

Reading the All watch over the machines of loving grace compilation was a pleasure. Always liked that poem, seeing the comic interpretations expanded my appreciation. I especially enjoyed Cátia Serrão contribution, they created a space of haunting domesticity.
Veronica Graham by email

(...) As abordagens são muito distintas ao tema, tanto no conteúdo como na forma. Ao reler as histórias volto a reforçar o quanto gosto deste livro. Existe uma clara intenção em explorar a BD enquanto linguagem, procurando caminhos diferentes e interessantes para contar uma história. Cada autor traz a sua visão particular contribuindo para um conjunto de histórias sólido que merece a nossa atenção. 
Gabriel Martins via Facebook

sexta-feira, 6 de setembro de 2024

The Reading Gaze : "My Comics" by Domingos Isabelinho :::: Talk on 10th September @ NY Comics & Picture-story Symposium



volume +08 of Thiscovery CCCChannel collection published by Chili Com Carne and Thisco in June 2022

156p. 16,5x23cm black & white, color cover, limited to 150 copies

These essays were originally published, in a slightly different form, in the magazines Satélite Internacional (Oporto, 2005) and L’indispensable (Nîmes, 2011), Indy Magazine online site (USA, 2004) and on the blogs The Crib Sheet (Portugal, 2008-10, 2015) and The Hooded Utilitarian (USA, 2010-11, 2013).

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The index of the book includes the following themes: 
WHAT IS A COMICS FAKE, THE EXPANDED FIELD OF COMICS AND OTHER PET PEEVES, THE ORIGIN’S MYTH, CARICATURE, THE BLIND MEN AND THE ELEPHANT, UT PICTURA POESIS, SOME CONSIDERATIONS ABOUT THE GRAPHIC NOVEL, BRUNO LECIGNE ON THE MIXING UP OF THE LANGUAGES, COMICS THEORY AND CRITICISM, ANA HATHERLY, JACQUES CALLOT, THE CANTICLES OF SAINT MARY, FRANS MASEREEL, KATSUSHIKA HOKUSAI, OTTO DIX, PABLO PICASSO, MARTIN VAUGHN-JAMES, ALAN DUNN, ROBERTO ALTMANN  and FRANCIS BACON. 

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“It was February 24, 2004, 08:27 AM, on the Comics Journal Messboard.” This is the first phrase of my blog, The Crib Sheet. What happened at that particular day and particular hour was that I, fed up with the accusation of not liking comics, decided to write a list of my favorite ones. With that list my answer was: I like comics, I just don’t like the same comics you like. This is the genesis and explanation of this book’s subtitle, “My Comics.” On the other hand, if you insist that I don’t like comics because what’s in this book are not precisely cartoonists, don’t worry, I like them too, they’re just not here yet because I divided the comics corpus in two: The Extended Field and The Restrict Field. This book is, then, an anti-essentialist stance, a cry of freedom from India Ink on board, if you like... 
Domingos Isabelinho 

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Domingos Isabelinho was born in Lisbon in 1960.  He contributed to the magazines Nemo, Quadrado, Satélite Internacional, Splaft!, various catalogs of the Porto, Lisbon, Amadora comics conventions (Portugal), The Comics Journal, The International Journal of Comic Art (U.S.A.), L’indispensable (France), European Comic Art (UK). He also wrote the preface to one of the latest editions of Guido Buzzelli’s book I Labirinti (Italy). He co-curated a Buzzelli exhibition in Lisbon and an exhibition of his original art collection in the Beja Comics Convention (Portugal).  He wrote twenty three entries in the book 1001 Comics You Must Read Before You Die (UK). In 2012 He was invited to the seminar Aesthetics of Contemporary Comics in Oslo (Norway).

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You can buy HERE - available also at Tinta nos Nervos, Kingpin Books, AlquimiaLinha de Sombra, Snob and ZDB - all in Lisbon - and in Matéria Prima (Porto), Quimby's (Chicago), Just Indie Comics (Italy), Senhora Presidenta (Porto) and Le Mont en L'Air (Paris).

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Feedback:

Domingos Isabelinho has been called by Jan Baetens "the most virulent comics critic" and there's a truth to it. This book collects essays that draw a much-needed anti-canon. As he calls it, an Expanded Field of Comics takes our heads out of our asses in typical assumptions. A+! 

(...) Isabelinho delves into the theory and practice of sequential art, with a not-so-subtextual advocacy for a richer self-education in wider spheres of art. It’s not an unwelcome cry—one of the most prominent results of the corporate subsumption of culture is a self-referential, which is to say self-absorbed, pool of inspiration, and Isabelinho tries, in his own way, to fight that; he is combative, sometimes downright hostile, but his heated passion comes with an articulatory edge: he will always clarify and back up his arguments, leaving the reader no choice but to thoroughly understand the point he’s making (...). He knows why a thing works or why it doesn’t, (...) he will tell you exactly why.

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Historial:

Lançado no dia 15 de Outubro 2022no Museu Bordalo Pinheiro com participação do autor, Marcos Farrajota e Pedro Moura

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apresentação em linha na NY Comics & Picture-story Symposium no dia 10 de Setembro 2024

quinta-feira, 5 de setembro de 2024

Rentrée bédé!

Setembro é o grande regresso às actividades culturais - como se sabe os festivais de verão é life style e não de música!

HOJE começa logo com a grande Mariana Pita no WC / BD onde se poderá ver originais das suas bandas desenhadas na colectânea Lá fora com os fofinhos.


Prá semana, dia 12 no Museu Nacional de História Natural e da Ciência provavelmente a exposição de BD mais importante deste ano, não percam!!!

cartaz de Martin López Lam

Deep Time é uma exposição que reúne 14 artistas ibéricos convidados a explorar, através da banda desenhada, o conceito de “tempo profundo”—a passagem do tempo registada nas camadas geológicas. As marcas da transformação química e biológica do nosso planeta possuem uma poética que é familiar à banda desenhada, onde a justaposição de elementos produz uma sequência cronológica. Deep Time responde à urgência de integrar a escala humana na geológica, num momento em que já alterámos profundamente os sistemas terrestres.

Artistas: Amanda Baeza / Ana Maçã / André Pereira / Begoña García-Alén / Bruno Borges / Cátia Serrão / Daniel Lima / Hetamoé / Irkus / Mao / Martín López Lam / Ricardo Paião Oliveira / Roberto Massó / Rudolfo 

Curadoria: Ana Matilde Sousa e Hugo Almeida

Construção, Pato Inglês, caralhos tratam-nos como conas, Shoppings, gatinho, Max Aub, + Indie e xenofobia,...



TERCEIRO número da revista 

PENTÂNGULO
uma co-edição Ar.Co. e Chili Com Carne


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128p. (16 a cores) 16,5x23cm, capa a cores, design de Rudolfo

A Pentângulo é uma publicação que confere visibilidade ao trabalho de novos autores cuja formação tenha sido feita no curso de Ilustração e Banda Desenhada do Ar.Co. Sem hierarquias, nomes consagrados e estreantes, alunos, ex-alunos e professores misturam as suas imagens e palavras numa saudável promiscuidade.

Neste terceiro colaboram Ana Dias, Anna Bouza, Beatriz Alves, Catarina Ramos, Cecília Silveira, Cláudia Pinhão, David Pulido, Diogo Candeias, Francisco Monteiro,  Francisco Sousa LoboInês Cóias, João Ernesto, Luis Sequeira, Marcos Farrajota (com texto sobre a edição independente portuguesa 2019), Mariana Vale, Rebeca Reis, Rodolfo Mariano, Rosa Francisco, Sara Baptista, Sara Boiça, Sara Tanganho, Tiago Albuquerque, Tiago Baptista e Vasco Ruivo
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Edição com o apoio do IPDJ e na distribuição: BdManiaKingpin Books, Linha de SombraMundo FantasmaSnob, Tasca Mastai e Tinta nos Nervos.

E claro, está à venda na nossa loja em linha e na Tigre de Papel, Utopia, Matéria Prima, ZDB, Alquimia (Cascais)... E na Libraria Paz (Galiza)

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Historial

Primeiro lançamento virtual covid 19 via youtube, a 20 de Abril 2020, cortesia da Tinta nos Nervoscom participações de Daniel Lima, Cecília Silveira, Rosa Francisco e Ana Dias moderados por Pedro Moura, e ainda com testemunhos de Francisco Sousa Lobo e Tiago Baptista 
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 apareceu na TV naqueles concursos parvos, o concorrente não acertou no nome da revista, coitadinho
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Exemplos de páginas:

Sara Boiça

David Pulido

Rodolfo Mariano

Rosa Francisco

Sara Tanganho

Tiago Baptista

Dos jovens autores que apenas aqui publicam a sua primeira banda desenhada ou que apenas as fizeram circular em publicações similares (números anteriores da Pentângulo, publicações colectivas com colegas, zines próprios, etc.), apresentam-se vários autores, com vários níveis de domínio, beleza e substância narrativa. Destacaria Rosa Francisco, pelo arrojo gráfico e cromático, Sara Boiça, melhorando cada vez mais o seu cruzamento entre a ilustração poética e as narrativas feéricas e semanticamente abertas (muito próximas de uma constelação muito própria de referências, de Aidan Koch a Lee JungHyoun), Anna Bouza, por uma complexa e eficaz mistura de poesia visual, desenho caligramático e elipses visuais criando uma bela peça gráfica, e Ana Dias, por parecer prometer uma visão sarcástica e mordaz sobre os desequilibrados comportamentos consumistas dos nossos dias.

Nódoa Negra com estudo académico agora que faltam 20 exemplares para esgotar!!


Projecto vencedor da edição de 2018 do concurso interno, Toma lá 500 paus e faz uma BD (2018), a antologia Nódoa Negra reúne as participações de doze autoras: Bárbara Lopes, Cecília Silveira, Dileydi FlorezHetamoé, Inês Caria, Inês Cóias, Marta Monteiro, Mosi, Patrícia Guimarães, Sara Figueiredo Costa, Sílvia Rodrigues e Susa Monteiro.

No nosso imaginário a Dor pertence ao campo físico, neste pensamento associamos sempre o nosso corpo a um estado de dor físico e facilmente nós esquecemos que existem vários níveis de dor, entre eles, a dor emocional/ psicológica, que por sua vez, ocupa o mesmo peso que a dor sentida fisicamente. Assim, partindo da vontade de trabalhar a plasticidade da temática da dor e de querer perceber os vários entendimentos ao seu respeito, foram convidadas onze artistas e uma escritora, que partilham a paixão pelo desenho, a banda desenhada e a ilustração, para que através do seu olhar e desenho/ escrita, reflectissem sobre a dor. Ao longo da antologia, será perceptível que cada artista tento tido como ponto de partida a temática geral da dor, escolheu desenvolver graficamente uma dor específica: do parto, do confronto com o outro, dor menstrual, de amar, da solidão, de esconder a dor, da ausência, do luto, do crescimento, de alma...

NN

Curiosamente e historicamente esta poderá ser a primeira antologia de autoras coordenado exclusivamente por autoras. Isto é, apesar de alguns números especiais de revistas, fanzines ou livros de "BDs no feminino" que apareceram nos anos 90 (G.A.S.P. ou Azul BD3) e no novo milénio (Quadrado #3 / 3ª série, Allgirl'zine e QCDA #2000) estas publicações não foram organizadas pelas próprias autoras como acontece no presente projecto vencedor.

NN

19º volume da Colecção CCC. 138p. p/b, 16x23cm, capa a cores, edição brochada. Coordenação, design e capa por Dileydi Florez. Contra-capa: Marta Monteiro. Projecto apoiado pelo IPDJ
In Portuguese with English translation. 

NN

Historial: 
lançamento no dia 18 de Outubro 2018 na ZDB com exposição de originais e apresentação por Catarina Cardoso (Portuguese Small Press Yearbook

Apresentação na BD Amadora 2018 dia 10 de Novembro, com presença de algumas das autoras seguido de sessão de autógrafos
 
 
artigo de Pedro Moura na Mundo Crítico com BD sobre o livro por Dileydi Florez 

exposição no Festival de BD de Beja de 29 Maio a 16 Junho 2019 



NN

O livro está disponível na loja em linha da Chili Com Carne e na Tigre de Papel, Linha de Sombra, BdMania, Tasca Mastai, Matéria Prima, Utopia, ZDB, Mundo Fantasma, Kingpin BooksStetSnob, Livraria do Simão (Escadinhas de S. Cristóvão), A Vida Portuguesa, Tinta nos Nervos, InsurgentesTortuga e Fábrica Features.
BUY @ Le Mont-en-L'air (Paris), Neurotitan (Berlin), Quimby's (Chicago), Ugra Press (Brazil) and Libraria Paz (Galiza)

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Feedback:

um livro-barómetro no feminino sobre a dor
Amanda Ribeiro in P3 / Público

O título é duro (...)
João Morales in Time Out (Lisboa)

ontem li o Nódoa Negra. é tão bonito que até dói, meu. a história da Patrícia Guimarães é incrível. parabéns! 
Francisco C. (por e-mail)

São testemunhos no feminino, são força, são ruído, são rasgos de agitação num panorama - ainda - pouco dado a movimentos bruscos. A primeira antologia totalmente construída por autoras em Portugal é muito mais do que uma afirmação, é a casa de uma intimidade que fende tabus e nos mostra que a existência inevitavelmente dói.
Tiago Neto in Vogue Portugal

Um livro sobre dores que desenham e escrevem num mais difíceis exercícios...
Inês Fonseca Santos in Todas as Palavras (RTP)

Tive conhecimento desta edição enquanto folheava um dos últimos números da Vogue. Como a recepção do livro na imprensa também passava pelo P3, Time Out e por um programa de TV apresentado por uma das tipas do Câmara Clara, tudo indicava que se tratava de mais um livro do ano. São só autoras a fazer este livro e ao que parece esta ideia surgiu da Dileydi Florez, que há uns anos tinha desenhado o Askar, o General, em tempos em que a associação Chili Com Carne estava imbuída por um espírito de masculinidade militar. Mas isso foi lá atrás, agora a associação pugna diariamente pelos direitos dos mais fragilizados pela ideologia dominante no tardo-capitalismo: entre essas figuras encontra-se a mulher. A premissa para o livro é interessante e tem um importante significado político: não há espaço na edição de banda desenhada para mulheres, por isso é preciso arregaçar as mangas e pôr mãos à obra. Quando estamos à espera que a bd da organizadora deste volume seja, então, um grande manifesto feminista, eis que termina com dois enormes paradoxos: primeiro, ao escrever que se alguém tiver uma vida mais consciente está a dar um passo para sofrer menos, Florez parece estar a preparar uma sólida carreira como autora de manuais de auto-ajuda; segundo, a bd termina com o salvamento da mulher frágil pelo seu príncipe encantado, desvirtuando a ideia da autonomia feminina. No entanto levanta um problema importante que será transversal a todo o livro: o corpo e a sua vulnerabilidade. (...) Mas o sofrimento também se revela de outras formas e é aqui que o livro se transcende (...) é também o sufoco provocado pelo assédio doméstico que acompanha o crescimento da futura «dona-de-casa» - eufemismo para «escrava da família patriarcal», se puxar do meu jargão a transbordar de ideologia. É este o tema dos «Bons costumes», de Sílvia Rodrigues. A Nódoa negra beneficia ainda de uma multiplicidade de linguagens gráficas, destacando-se a manga da Hetamoé e a arte bruta da Inez Caria (...) há ainda a contribuição da Susa Monteiro, que me parece estar cheia de referências eruditas à arte contemporânea, ou então mostra apenas a tristeza profunda de um tenista que não consegue jogar ténis contra um cavalo. A fechar o livro, a Patrícia Guimarães colabora com a melhor bd do volume, não só porque ataca o importantíssimo tema da apatia provocada pela rotina quotidiana, como estiliza a narrativa num daqueles puzzles de deslizar peças, como que a dizer que a efemeridade da arrumação é mera ilusão e que o próprio caos é só mais um episódio da organização da vidinha. Mas a vida é só pathos? Não: a Cecília Silveira diz que também há espaço para minetes e para fisting com luvas de boxe, como que a lembrar que o sexo falocêntrico é também uma forma de violência e de exercício de poder sobre o corpo feminino.
Russo in A Batalha

(...) o muito interessante Nódoa Negra.
Jornal de Letras

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Bibliografia das autoras na Chili Com Carne: 
MASSIVE (2009) c/ Marta Monteiro
Destruição ou BDs sobre como foi horrível viver entre 2001 e 2010 (2010) c/ Sílvia Rodrigues
Boring Europa (2011) c/ Sílvia Rodrigues
Futuro Primitivo (2011) c/ Inês Cóias, Sílvia Rodrigues e Susa Monteiro
Mesinha de Cabeceira #23 : Inverno (2012) c/ Sílvia Rodrigues
QCDA #2000 (2014) c/ Hetamoé e Sílvia Rodrigues
- Askar, o General (2015) de Dileydi Florez
Malmö Kebab Party (2015) c/ Hetamoé
QCDI #3000 (2015) c/ Hetamoé
Maga : Colecção de ensaios sobre Banda Desenhada e afins (2015) c/ Hetamoé
Lisboa é very very Typical (2015) c/ Dileydi Florez
- Anarco-Queer? Queercore! (2016) de Rui Eduardo Paes, c/ Hetamoé
- Pentângulo #1 (2018) c/ Cecília Silveira e Dileydi Florez