sexta-feira, 25 de junho de 2010

XVI Feira Laica


cartaz de Salão Cauboi

Nos jardins da Bedeteca: concertos, segunda mão, workshops de tipografia e claro editores independentes e artistas gráficos: A Estante, Ana Oliveira, Associação Chili Com Carne, Atac, Averno, zine B74, Blam Blam + Toys Are Evil, Dr. Makete, zine É fartar vilanagem + Dedomau + Antónia Tinturé, grupo Entropia, Fade In - Associação de Acção Cultural, discos F.Leote + Ana Menezes, Os Gajos da Mula + revista Detritos, Imprensa Canalha, Mike Goes West, Mini Orfeu, MMMNNNRRRG, autor Nevada Hill (EUA), Noori, Oficina do Cego, Opuntia Books, Pedranocharco, Quarto de Jade, Raging Planet, Reject'zine, Ruru Comix + Latrina do Chifrudo, Soft Porn Coloring Book, Thisco e zine Znok.

Novidades editoriais:
- Comboio da Noite (Mike Goes West), serigrafia de Jakob Klemencic
- Detritos 04, revista com o tema Terror / Terrorismo
- É fartar vilanagem! #3, zine de Alexandre Esgaio
- Grimm Portraits of Doom (Ruru Comix), zine de Conde Rudegrarrr
- Mass #3, zine de Nevada Hill
- O Pénis Assassino (MMMNNNRRRG, 2ª edição), livro de bd de Janus
- Putan Club (Mike Goes West), serigrafia de Igor Hofbauer
- A Segunda Vida de Djon de Nha Bia (Chili Com Carne), romance de Nuno Rebocho
- serigrafia de João Chambel (Mike Goes West)
- Simplesmente Rudolfo #1 (Ruru Comix), fanzine dedicado ao Rudolfo
- Soft Porn Coloring Book, zine de ilustração
- Souffle au Coeur, serigrafia de Miguel Carneiro
- To A stranger (Opuntia Books), graphzine de Tommi Musturi

Concertos:
Sábado:
Filipe Felizardo + Rudolfo nos jardins da Bedeteca de Lisboa durante a tarde;
Nevada Hill (violino + electrónica) com Pedro Sousa (saxofone), Nuno Moita (electrónicas) e Gabriel Ferrandini (bateria + percussão) na loja Trem Azul às 22h. DJing: unDJ MMMNNNRRRG (a confirmar)
Domingo:
Filho da Mãe + Nevada Hill (violino + electrónica) com R- (electrónicas), Travassos (electrónicas) e Manuel Gião (guitarra) nos jardins da Bedeteca durante a tarde.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Escapes...

Apesar da chachada do pseudo-consciente, valeu a pena - e só isso é que foi positivo - conhecer a criatura que fez um zine de pornochachada. Soft Porn Coloring Book (ed. de autor anónimo, Jun'10) é um zine A4 impresso em papel reciclado e cozido de imagens pornográficas bastante explícitas que tem aqueles números para sabermos que cor havemos de pintar por cima da área que representam os números. Curiosamente as cores que servem de guia no ínicio do zine não parecem bater bem com o "tom naturalista" do desenho... mas francamente quem irá fazer isso? Já ninguém é puto quando adquirir neste pedaço de depravação e desatar a pintar.
A ideia não é "nova" - ver o Cunt Coloring Book - nem tem o esforço artístico sofisticado de Porno-Tapados (já que estamos a tratar de humor na pornografia) mas resulta como uma boa piada. Na treta do evento onde estivemos foi mesmo bom para esvaziar... as mágoas!
Ao que parece, a criatura anónima deste trabalho deverá participar na próxima Feira Laica. Entretanto, um exemplar pode ser adquirido ao mais entesado dos leitores deste blogue via e-mail: ccc@chilicomcarne.com
...
Nos 10 anos da MMMNNNRRRG Ana Ribeiro lançou dois novos zines I´m open but I follow my heart e Mix + Remix ou à espera do bus na lua ou como Aristóteles me lixou, quebrando a tradição do Durty Cat, título de Ribeiro de sempre (2001-06). Apesar da quebra nominal, mantêm-se as mesmas características: zines de bd em A5, impresso em papeis coloridos (amarelo e castanho, respectivamente), bd's de Ribeiro com um desenho naíf, narração confusa que mistura possíveis auto-biografias com ficções sociais, "anti-design" ou design DIY (zine à mão, cola e tesoura), tudo um bocado "fora de controle" em que nunca sabemos se estamos a ler bd's curtas ou uma longa... Um escape emocional em cada página? Talvez...

sexta-feira, 18 de junho de 2010

ccc@crack.2010

Uma possível segunda parte da exposição "Portugallo di picolini ma non troppo" irá continuar para a edição deste ano do Festival CRACK! - Fumetti di rompenti, em Roma esta semana.

Estarão expostos trabalhos de ilustração e bd de João Chambel, Jucifer, Bruno Borges, Marcos Farrajota, Andreia Rechena, David Campos, Sílvia Rodrigues, Ricardo Martins, Margarida Borges, André Lemos e Ana Ribeiro, e ainda como convidados especiais do NorteCore: Rudolfo e André Coelho.

A convidada deste ano a representar a Chili Com Carne é Rita Braga e para além de montar a exposição e vender as nossas edições irá também dar um concerto no Sábado... Boa sorte (no meio daquela confusão)!!!


Chamada de atenção:
- antologia CRACK ON co-editado entre a Chili Com Carne e a organização do festival, no ano passado, QUASE ESGOTADO!
- Ponti, a antologia da edição de 2008, do Festival com a editora sueca Galago, só temos mais um exemplar aqui

ccc@mostra.de.arte.&.cultura.consciente


sim estaremos no Sábado (amanhã)... Arte e Cultura Consciente? Arte Consciente? Esperamos que não seja uma treta... porque afinal porque raios a Arte deverá ser consciente? Ou o contrário... não é ela toda de alguma forma? Se vendermos alguma coisa dá-mos uma percentagem aos cães e gatos, porque os humanos (como se pode ver) há muito que deixaram de merecer seja o que for... certo?

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Crack Fest 2009




Aglomerado de imagens do Crack Fummetti Festival de 2009.

sábado, 12 de junho de 2010

Uma arte a fritar!


Até começa bem com a reprodução da capa do último MdC (hahaha) mas depois é só tolices: "banda desenhada nacional prefere crescer à margem das grandes editoras" - prefere? Ou será não tem outra escolha?

A preferência dos autores porque «as "pequenas" são uma alternativa interessante, pela liberdade temática, estilística e de formato que permitem» (afirma Nuno Duarte no artigo) ou porque tem «maior controlo sobre o processo» (Miguel Rocha) poderia ser interpretado como algo positivo, de um entendimento maior entre o autor e o editor em criar melhores objectos editoriais, caso a maioria das obras não roçassem a mediocridade a vários níveis e que obviamente nenhuma "grande" editora gostaria de publicar estas coisas - embora a Asa fosse capaz ou a Tinta da China a julgar pelo indiscritível Dog Mendonça & Pizzaboy.
Se calhar até há mérito nas pessoas envolvidas no mundo da bd que acreditam no que fazem e que lhes dá uma dimensão artística que doutra forma não teriam. Quero dizer com isto que a crença num formato independente estimula o romantismo sobre a Arte que todos sabem que só é boa quando "não é entendida no seu tempo" - ao que parece é cool ser artista "maldito" sabe-se lá porquê... A militância nestes tempos em que não se acredita em nada poderá ser outro ponto positivo, claro. Mas o que interessa aqui é a a pergunta que não foi feita, e que seria quantos destes autores foram a uma "editora grande" propor os seus trabalhos?
Depois sem uma análise crítica das obras como validar a sua "marginalidade"? Querendo meter tudo no mesmo saco, como fazem sempre os "divulgadores / críticos / coleccionadores", apenas porque as editoras são "pequenas" este artigo comete o erro de não perceber que existem objectivos programáticos em cada "objecto": o Venham +5 e Toupeira Comix são publicações institucionais (da Bedeteca de Beja / Câmara Municipal de Beja) que investem em "talento local" (fora do "baralho marginal" portanto), o Lisbon Studio Mag é um portfolio de um atelier de autores comerciais (fora do baralho), o Zona quer mostrar novos talentos - estará dentro do baralho? E o Seitan Seitan Scum ao publicar os (re)conhecidos Filipe Abranches e Fábio Zimbres é o quê? (não sabe / não responde - na realidade apesar de nos terem sido enviadas perguntas para a realização deste artigo não chegamos a tempo de as responder) O que se pode acrescentar mais a esta "marginalidade"?
A bd portuguesa voltou à pobreza pública neste novo milénio, as tácticas são de sobrevivência que lá porque sejam "pequenas" não significam que não sejam "comerciais", basta pensar que uma das casas editoriais é antes de tudo uma livraria de bd - falo da loja Kingpin Books. Acredito que economicamente que muitos destes projectos até poderão crescer competindo no mercado com as "grandes" porque serão mais inovadoras e estarão a preencher nichos de mercado que as grandes tem deixado em aberto.
Editoras e autores "marginais" só são por estigma da bd em geral, não pela "raison d'être" dos conteúdos e das qualidades das suas obras, e por isso acho que vale a pena separar as águas.
Quanto ao "fervilhar de criatividade" referido pelo Paulo Monteiro (Director da Bedeteca de Beja), acho que merecia outro "post". Não parece que o Hans ou os outros títulos sejam capazes de fervilhar seja o que for mesmo que "aplaudidos pela crítica".

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Grande e Má!


Saiu este mês na Agenda Cultural da Câmara Municipal de Lisboa este "belo" destaque à última sessão do PEQUENO é Bom! Agradecemos a publicidade e a atenção ao evento mas dispensamos e repudiamos que metam o logótipo das "Festas de Lisboa" (no canto superior direito da imagem fornecida - na capa do Antibothis ainda por cima!) no evento uma vez, que o evento NÃO tem qualquer apoio dessas Festas ou da Câmara Municipal de Lisboa.
O que a Chili Com Carne e a Casa da Achada fizeram foi deixar que no Programa das Festas de Lisboa fossem divulgadas o PEQUENO e outras actividades da Achada como OUTRAS actividades que se passam no mês de Junho. Ou seja, uma forma simpática de ganhar divulgação (da parte da CCC e da Achada) e uma forma (perversa) da CML ganhar conteúdo num evento que a única coisa que promove é a chacina das sardinhas e (pelos vistos) vampiriza outros eventos autónomos em seu benefício, dando a entender que é ainda a grande máquina (falida económicamente e de recursos humanos) da CML que os organiza!
Nesta Capital de Portugal nas últimas e nas próximas semanas há sardinhas ilustradas por todo o lado - e ainda bem porque os ilustradores são de qualidade artística - mas é só isto: IMAGEM. Provas destas afirmações? Simples, basta esta pergunta: alguém conhece alguma iniciativa da CML para as Festas para além de apoiar (?) barraquinhas dos arraiais e os tradicionais casamentos e marchas? Alguém se lembra de alguma coisa de jeito nos últimos anos? Até o Festival das Músicas de África - o único evento cultural que teve impacto de crítica e de público - desapareceu do Programa...
Amanhã é o dia de bebedeiras descomunais, de pancadarias entre os bairristas (é a grande diversão da noite!) e de genocídio gastronómico de peixe e carne, quem quiser mais do que isto, é melhor apanhar um barco para a outra margem ou algo assim... Por falar em "apanhar", quem não vai ser mais apanhada numa armadilha destas é a CCC!

quarta-feira, 9 de junho de 2010

pequenos mas bons...

Exacto, pequenos e bons tem sido a premissa destes encontros sobre edição independente. Mas passando pelo orgulho solipsista, os encontros tem servido justamente os seus vários propósitos, um deles era que fosse uma rampa de lançamento de novas produções. Sem aviso apareceu o B74, graphzine de um ilustrador que não assina o trabalho deixando-nos em mistério e em expectativa que o título, obra, o sítio oficial e o autor sejam uma força una e indissociável.
Desenhos automáticos - rabiscos - juntam-se a representações a desenhos de origamis nas 20 páginas A5. Desenho limpo. Tem piada, o objecto editorial também é cuidado (escolha de papel da capa e miolo) para além de ser cosido invés do tradicional agrafo. Interessante!
Seguem-se discos da Enough Records, que deverá ser a mais velha netlabel em Portugal. E para quem acha que música desconhecida oferecida (oferecida!) na Internet deverá ser música menor que a que é editada oficialmente, preparem-se para engolir sapos, pelos menos dois:



The Anton Phase Electro Clockwork Menagerie (2009) de Amitron_7 é Trip-Hop? Pop electrónica psicadélica? As duas coisas? Certo, serve! É um bocado "retro" (como a capa) para quem fartou-se de Dorfmeisters e outras coisas que acontecerem no final dos anos 90 mas ainda assim a qualidade da instrumentação e clareza dos sons convencem qualquer um que esta será a música para os bons sonhos e descanso em Paz no sofá. Surfistas do sofá? Também... sem vozes activas, só samplagens de medias áudio.
Enough Dubs II (2010) é uma colectânea de Dub e parentes (Reggae, Dub electrónico, Dubstep) de músicos estrangeiros, do Brasil à Finlândia - que se destaca pela negritude de Gök -, da Alemanha ao Japão - coisa mutante a faixa de Cheapshot -, da Rússia ao Bassrack Wobama (que não se sabe nada dele). O baixo "rula" nesta paragens...

Quanto a Initiation to the Unnamable Putrid Bong Practices (Putrid Attitude; 2007) dos Boggy Bong trata-se de um «cyber gore», puro "trash" electrónico podre dedicado ao tema de Bongos de Cannabis - tema em geral que tem raízes em músicas populares norte-americanas recuperadas pelo Metal com os Exit 13 (banda com elementos dos Brutal Truth) e muito na moda nos últimos anos por bandas Stoner e bandas "mucho stoners" como Weedeater ou Bongzilla.
Aqui o Metal só se for a voz alterada a digerir 44 litros de água d'erva sob ritmos Techno estúpidos e samples de filmes Porno-gore. Aliás, tudo é estúpido aqui sem qualquer tipo de produção que limpe ou funda voz com instrumentos, ou seja, a voz monstruosa-caricatural tem sempre (demasiada) proeminência. Resultado: é uma porra enervante que têm piada uma audição e depois passa a ser apenas... mau (!?). A França está tão cheia de merda que até transborda! Última hipótese: isto é para quem gosta de Revolting Cocks ou Malhavoc ou Otto Van Schirach? Duvido...

terça-feira, 8 de junho de 2010

Imagens do Pequeno é Bom III

Fotos do terceiro Pequeno é Bom que aconteceu a 5 de Junho.
O (longo) video da conversa sobre música independente está em processo e estará online em.... breve...



10 CCC - comemoração 2: Chili Bean

CHILI BEAN esgotado! Mas existe PDF gratuito para descarga aqui. Sobre este zine, a nota de imprensa de 2007:

Chili Bean é um zine que serve para a Chili Com Carne comemorar os seus 10 anos de existência legal. É um zine fotocopiado – invés de edições luxuosas como a associação tem editado desde 2000 - de 44 páginas A5 e todo desenhado e escrito à mão no emprego do talento manual.
Não se trata de um exercício de nostalgia mas antes uma forma de promover a materialização de objectos artísticos urgentes com poucos recursos e com exposição pública garantida pela festa de comemoração que a CCC que promoveu no passado dia 21 de Abril com os concertos dos Lacraus, shhh… vs Sci-Fi Industries e Lobster. O zine foi oferecido à entrada...
Os autores que participaram com trabalhos inéditos foram André Lemos, Rafael Dionísio, Claudio Parentela, Jucifer, Tommi Musturi, João Cabaço, Mário Augusto & Sílvia, Jakob Klemencic, Christopher Webster, Nunsky, Jorge Coelho, Pepedelrey, André Ruivo, João Louro, Ana Ribeiro, Afonso Cortez, José Feitor, Rafael Gouveia e Mike Diana.
No meio de uma verdadeira revolução digital dos meios de comunicação, a Chili volta a 1997 para relembrar os media DIY que usou para combater a apatia desses tempos - o zine até ofereceu uma k7 áudio surpresa às primeiras 100 pessoas que entraram na festa!

ccc@festival.de.beja.2010 ATÉ dia 13 de JUNHO!

A Chili Com Carne atacou este ano o programa do Festival de BD de Beja, não só com as suas edições à venda nas também porque organizou a vinda da exposição da antologia Greetings From Cartoonia

O esloveno Jakob Klemencic (Mesinha de Cabeceira Popular #200, Chili Bean) e Filipe Abranches foram os artistas presentes a representar o livro / exposição.
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A MMMNNNRRRG, que comemora este mês 10 anos de existência, por seu lado teve o croata Igor Hofbauer (do livro Prison Stories) como convidado e com uma exposição individual de bd. E por falar nisso, os associados João Fazenda e JCoelho também tem lá expos individuais!
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Até 13 de Junho vale bem a pensa ir a Beja! 
Go!
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Jakob Klemenčič (1968) é Historiador de Arte que desfruta de um calmo trabalho a "part-time" como foto-arquivista na Faculdade de Artes, em Ljubljana. Desenhou de forma mais ou menos séria bd entre 1993 e 1999 e depois outra vez entre 2003 e 2009. Nos dias de hoje, a sua actividade criativa que mais lhe dá mais prazer, segundo as suas palavras, é “impressão em boa e velha tecnologia”. Quando considerava-se como um autor de bd, a vida Jakob esteve bastante ligada com a Stripburger, revista que ajudou a sedimentar e onde publicou várias bd’s. As suas colaborações mais notórias estão publicadas nos dois volumes da antologia Stripburek (que passou pelo Salão Lisboa 2003), Honey talks – comics inspired by painted beehive panels (que visitou a Bedeteca de Lisboa em 2008 e que trouxe Jakob a Lisboa), Osmosa e XXX(Strip)burger. O seu projecto mais pessoal até hoje é Bratovščina sivega goloba (Forum Ljubljana, 2008), um livro de prosa ilustrado que inclui algumas bd’s, embora não possamos ignorar Anjos (Polvo, 2000), livro publicado apenas em Portugal e as participações na Quadrado e algumas antologias da Chili Com Carne.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Imagens do Pequeno é Bom II

Algumas fotos do segundo encontro de editores independentes que aconteceu no passado 1 de Maio.




domingo, 6 de junho de 2010

MÁ ONDA E SUJIDADE #2

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Documento incontornável do post-mortem industrial sueco, "Master Control" dos Blood Ov Thee Christ define uma sonoridade / estética e precede o legado negro e diabólico dos inúmeros projectos que povoam ainda hoje o lado errado da Suécia. Nascido nos anos 80 pela mente torturada de Harri Honkaniemi, Blood Ov Thee Christ é, a meu ver, tão relevante como os nomes maiores dos primórdios do noise / power electronics. Apenas comparável às edições mais doentes da Broken Flag ou da Come Org. em Inglaterra ou ao legado sanguinário dos Mauthausen Orchestra em Itália.

Nunca igualado em termos de violência, a reedição em CD (disponível baratinho via Segerhuva) é um disco absolutamente fundamental para qualquer um que tenha interesse no industrial mais fodido.


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Finalmente disponível em vinil, as duas demos dos holandeses Necroschizma, obscura banda de Doom / Death da transição dos anos 80 para os 90. A anterior reedição em CD continha apenas a primeira demo "Erupted Evil" (juntamente com uma gravação ao vivo da mesma altura dessa gravação em que abriram para os Asphyx). Esta nova reedição em LP junta a essa gravação, a demo "Necrocarnation" que nunca chegou a ter edição oficial. Mais um imprescindível documento do mais obscuro metal, foi uma década fértil em boas reedições. Lançado pela Black Vomit Records da Grécia em 500 cópias.

Imaginem Hellhammer tocado por celtiberos, ou os Von a tocar doom. Caverna caverna caverna.


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"Muerte ! Death in Mexican Culture" é um livro lançado já há alguns anos pela Feral House, editora que tem desenvolvido um trabalho único, divulgando trabalhos arriscados nas áreas da música e cinema obscuros, das curiosidades contraculturais e demais bizarrices. Este livro reúne diversos ensaios que tentam contextualizar e compreender muita da obsessão mexicana pela morte, remontando aos seus rituais ancestrais e incidindo com especial profundidade sobre manifestações mais contemporâneas dessa sede de sangue, como é o caso do enorme sucesso de publicações sensacionalistas que se alimentam de toda a ruindade das ruas mexicanas, como a Alarma !

Claro que também é uma boa desculpa para ver homens de bigode farto esventrados com catanas, traficantes atirados ao rio e encontrados em estado avançado de decomposição ou meninas devoradas por cães.


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A Cinéma Abattoir é uma editora / produtora do Quebec que se tem especializado em projecções de cinema transgressivo e underground, assim como compilações que reúnem em DVD algum material de bastante difícil acesso até agora. Os três volumes até agora lançados ( "L´Érotisme", "Incarnation" e "À Rebours" ) estão organizados, embora de forma bastante livre, em torno de determinados temas. São apresentados de forma cuidada, e embora como todas as compilações tenha altos e baixos, no geral a qualidade da selecção é bastante alta.

Reunindo não só obras mais recentes de jovens realizadores, como clássicos do submundo, tem-se notado um trabalho que garante o resgate de pérolas perdidas assim como uma maior visibilidade a obras de outra forma remetidas ao circuito quase inexistente dos mais refundidos festivais de cinema do mundo. De referir com especial apreço o último volume, "À Rebours", que reúne dois filmes particularmente relevantes : "Dead Man II - Return of the Dead Man", Ian Kerkhof, 1994 (o mesmo realizador de "Beyond Ultra Violence - Uneasy Listening by Merzbow" e que aqui também colabora com a lenda do noise japonês) e "Satan Bouche Un Coin", Jean-Pierre Bouyxou, 1968 (!!)

sexta-feira, 4 de junho de 2010

It's the sound of the beast!

Foi divertida - modéstia à parte - a Festa dos 10 anos da MMMNNNRRRG. Boas bandas a tocar para o delírio colectivo e tudo o mais... Infelizmente só não acabou tudo à porrada como sugere a capa de Patine (JOPRec; 2010), último álbum de Ghuna X. Isso é que era, hein?
Depois da euforia vem a ressaca metafísica e os restos de comida psíquica - para mim, são uma série de discos trocados durante o Mercado do Livro realizado no Sábado à tarde que comecei a ouvir durante a semana passada... É tanta coisa que só agora dá para divulgar!

Começando pelo referido Ghuna X, antes demais, deve-se dizer que o disco é "online" e não físico. Por isso começo pela excepção à regra. Muitos destes temas foram tocados na Festa e revelam um trabalho funcional de Ghuna X pelo Dubstep - ao contrário do seu álbum anterior. Este "disco" mostra que não é preciso estar em Londres para fazer-se bem ou melhor que as compilações Steppa's Delight. E a provar isso, o destaque vai para a malha k7 (m7 remix) que junta a voz rapada & durona de M7 (das Sygyzy). O formato não será novo - basta lembrar Ladybug - mas os resultados são diferentes. Aqui junta-se a má-onda rapada da tipa com a maldade sonora do Ghuna X. Sendo uma colaboração furtiva dá vontade logo em questionar duas coisas, uma era saber quando tocarão o tema ao vivo (isso é que era!) e dois quando é que as gaijas Sygyzy deixam de fazer "mix-tapes" manhosas - os vossos DJ's são uns pussies, caragu! - e avançam para o som do século XXI?

Indo para o físico, eis um disco bastante físico mesmo!!! Live at Adolf 666 (Soopa; 2010) de John Hegre & Marcelo Aguirre & Die Polizei é um documento ao vivo de um concerto de dois crominhos no domínio Improv e Noise - Hegre é dos Jazkamer! Ao que parece uma bateria e guitarra podem ser bastante barulhentas e trazer problemas com a polícia. Aqui ficamos a saber que sim. Primeiro ficamos ouvimos realmente que havia razões de queixa - a música é lixada de se ouvir não tenhamos dúvidas, na sua desconstrução sónica em que eventualmente ainda podemos chamar de Rock e de Jazz, vai a coisa em crescendo até aos 21m quando uma voz autoritária da Polícia interrompe o concerto. Até ao final do CD-R ficam 10m de som improvisado pelos dois músicos mas... baixinho e atmosférico. Muito mais simpático assim, será que os artistas aprenderam a lição?


O que tem o single Legba/ Houmfort de HHY & The Macumbas e H e x a c o s i o i h e x e c o n t a h e x a f o b i a dos Besta Bode em comum? Três coisas, ambos são singles em vinil editados pela Soopa, as capas são ilustradas e serigrafadas (a de Besta Bode é do José Feitor) e ambos projectos tem Jonathan Uliel Saldanha nas fileiras - e que também lançou em nome próprio o CD The Earth as a Floating Egg (Balleteatro + Soopa; 2010). Os três projectos antes de estar aqui com descrições dos géneros de música (ou as suas contaminações), o mais importante ainda é o facto de todas elas terem uma sofisticação, originalidade e produção fora do comum em Portugal, quer na música propriamente dita, quer na produção (gravação) e os objectos fonográficos.
HHY & Macumbas é Dub com música Voodoo, uma verdadeira valsa estilizada de percurssão analógica e digital, quem devido ao pouco tempo do single não levantará os espíritos convocados - para isso seria necessário Kuduro e usar os 80 minutos da tecnologia CD. Curte-se mais do que se transa mas creio que poderá depender das drogas a consumir.
Besta Bode é uma mixórdia simpática de Grindcore com Electrónica atrofiada, que fãs de Locust poderão gostar apesar de não atingirem os seus excessos olímpicos. Ou então lembra algum Industrial Metal (Skrew? Fetish 69?) mas idealizado pelo Stockhausen depois de fazer um pacto com o Diabo. Se meterem o disco em formol como fazem nos museus regionais com as aberrações da terra - o porco com 5 patas, o cavalo de 2 cabeças, esse tipo de coisas - daqui uns anos os Besta Bode poderão vir a ser um case-study...
Por fim, o The Earth (...) é um trabalho para uma peça de dança em que todos os clichés de Improv, Experimental, Electrónica, Contemporânea, Ambiental, soundscape, concreta são triturados num trabalho de grande nível em que ainda Jonathan consegue impor um excerto de Metal ou vocalizações de "ópera digital". É um disco "slow food"... Há que se ouvir com atenção e não enquanto se faz o pequeno-almoço ou se está a esfaquear um ministro. É um disco tão bom que acho que vou fazer uma limpeza étnica a uma série de discos em casa - este disco substitui muitos como a Fake Mistress, Brian Reitzell, KK Null e sei lá o quê... AH!
Não sei porquê mas de alguma forma este disco complementa-se com as ideias do Most People Have Been Trained To Be Bored e como tal são dois que vão escapar às limpezas étnico-fonográficas!

Mudando de sector: Legião de St. Combadão e o único registo possível: Tempo em que havia respeito (Roilnoise, 2009?) que para quem gosta de Industrial Noise e Ranchos Folclóricos Lusos - melhor que futebol e Noise, não?
Não sei se o casal Ti'Micas (ela, gritos e serras) e o Ti'Tó (ele, pilhagem sonora) estão a gozar com todos nós mas já ouvi dizer que já ganharam ódio pela Direita e pela Esquerda no melhor estilo "Laibach de Mirandela".
Há pormenores curiosos de samplagem e até dos textos - cantados, gritados, distorcidos - mas é tão sujo, violento e claustrofóbico que nem se percebe se é ao vivo ou se é uma javardeira de gravação à True Black Metal. Portanto, será que isto foi feita às "três pancadas" ou é para ficar mesmo assim - completamente oposto aos Diabo na Cruz?
O cariz popular e pagão desta Legião nada tem de fascismos New Age manhosos do Dark Folk - ponto positivo. Outro ponto positivo, também não há aqui Fado! Ou seja, há bom gosto no meio deste estrumeira sonora. é ponto acente, isto é para quem gosta de SPK e de túbaros! O resto que vá ler a Happy!

E por falar em gastronomia popular portuguesa que tal agora uma Cabidela? Outra banda com onda bizarra embora o som seja o típico Black Metal manhoso em que o é original são os barulhos de galinha e letras humorísticas como Rojões de Cristo ou Negra Degolação Galinácea. Não estou a gozar, Of Blood and Rice (Armagedão + Latrina do Chifrudo; 2009?) é um livro de receitas para qualquer pagão da província misantropo, ou então para qualquer urbanita com sentido de humor e ouvidos sujos. Duas criaturas cuidam deste projecto Galuh Desekrathor (gritos) e Rei dos Frangos (cordas e bateria), existem CD-R e não em k7 sabe-se lá porquê... mas se é por isso eis uma:

Josué, o Salvador em busca da Perdição / Profan (Bubonic + Enough; 2009?), split-k7 de uma banda meia Rock Psicadélico e banda Psy-Doom com uma sofisticação ao nível das bandas da Prophecy Productions... A primeira irrita um bocado pela sujidade e algum "retro", a segunda impressiona pela a dimensão épica e monstruosa. A capa é de André Coelho (MASSIVE, Destruição) e a sua versão a cores (e para CD) pode ser vista aqui.

Por fim, foi reunido numa edição única os dois primeiros CD-R's de Sektor 304, Primary Interface (2007) e Transmissions (2008), o primeiro é de estúdio e o segundo é uma improvisação. Qualquer um dos casos não muda o que escrevi anteriormente: SPK duramente puro e puramente duro. Lixado para ouvidos sensíveis e incultos. Não oiçam! É demasiado bom para depois dizerem que é só barulho!

quinta-feira, 3 de junho de 2010

PEQUENO É BOM encontros sobre edição independente (3ª sessão)



DIA 5 de JUNHO
entre as 15h30 e as 19h

PEQUENO é BOM! é um encontro mensal sobre edição independente que pretende ser um espaço de reflexão e divulgação destas “coisas pequenas” que andam por aí a maior parte das vezes longe do olho público: zines, CD-R’s, k7’s, vinil, graphzines, livros de autor, etc…

Para o mês de Junho o tema da programação será “música - formas de edição independente” com Filipe Cruz (Enough), Bráulio Amado (Sleep City), Miguel Caetano (Remixtures) e Ricardo Martins (Lobster, I Had Plans, etc...) como convidados e moderados por uma dupla de Marcos, um é Marado e o outro é Farrajota.

Para além disso, acontece também uma apresentação da Feira Laica (que acontece nesse mês entre 26 e 27 de na Bedeteca de Lisboa) e de novidades editoriais.

Programa:
- Apresentação da Feira Laica
- Exibição dos vídeo-clipes Carbage Goma (26m, EUA, 2009) de David Lee Price (do disco Journey Into Amazing Caves dos Zanzibar Snails) e Reject'zine #3 de Andreia Rechena
- Lançamentos de novos zines
- Conversa “música - formas de edição independente”

Feira de edições com discos, CD's e K7's da Narcolepsia, Sleep City, Noori e outras edições nacionais e estrangeiras (Finlândia, França, Espanha, Itália, Suécia, Eslovénia, Bélgica) - e de todos os géneros: Crust, Punk, Electrónica, Metal, Pop, Experimental, Rock, Black, Hardcore,... E ainda alguns zines e livros da Chili Com Carne e associados (MMMNNNRRRG, Imprensa Canalha,...)

novidades editoriais :
- Apupópapa, CD+zine colectivo contra o "Papa Ratazana Nazi Pedófilo"
- Reject'zine #3, de Andreia Rechena
- Seitan Seitan Scum (Chili Com Carne + El Pep), antologia luso-brasileira de bd e ilustração
- Woods Of Eternity (Noori) CD de Betray-Ed

terça-feira, 1 de junho de 2010

Greetings from Cartoonia CAPA do Diário do Alentejo


A capa do Greetings from Cartoonia - cuja exposição encontra-se no Festival de Beja até dia 13 de Junho - foi capa do Diário do Alentejo! Um feito, portanto! Próximo passo seria ser capa do Público caso não fossem um periódico diletante da bd que só promove colecções nostálgicas e tradicionais.
Por fim, algumas fotos da exposição - na primeira podemos ver o autor esloveno Jakob Klemencic.