quinta-feira, 30 de março de 2017

Os Meus 21 Tormentos (3)


REP @ Queercore special


O Camarada REP vai meter video-clips de barulheira punk-rock-não-binária numa noite do Lounge dedicada ao Queercore. O cartaz psicofalocrata é do nosso amado Camarada Bráulio!

quarta-feira, 29 de março de 2017

Música Morta

Bem sei, sou um leviano a comprar cultura underground e tal. A k7 de estreia dos Veenho está bem sexy com um artwork fixe e o plástico da k7 é um azul a lembrar as k7s dos jogos para o Zx Spectrum! Claro, comprei a coisa na última Feira Morta sem saber o que fazia. Não me arrependo completamente, o Garage Rock dos Veenho lembra os Us Forretas Ocultos e a pandilha Beekeeper ou o quebrar de gelo das Pega Monstro - a Xita Records (colectivo/ editora) é vista como uma segunda geração do "modelo Cafetra". Ok, estamos perante mais bandas de putos descontraídos, o que é melhor que as poses de puta das starletes 'tugas. Se é verdade que em 1997 estava-me a cagar para os sucedâneos de Dinosaur Jr. e que não será que em 2017 que vou ficar atento a isso, também é verdade que não fiquei ofendido a ouvir esta k7. Ao perceber que o lado B era a repetição do lado A até achei piada voltar a ouvir os mesmos temas, como se tivesse voltado a por a agulha na música de um single em vinil para voltar a ouvir aquele tema orelhudo - só que aqui este single tem 5 temas! Estranho, conquistaram-me, estou a ficar mole?

Infelizmente o gato da fotografia aqui ao lado não está incluído na compra da k7. Apesar do design/ embalagem parece ter sido feito pela C+S de Odivelas a música é insidiosa para esquecermos esse facto. Não sei qual o título desta k7 (em plástico branco paneleiro) editada pela Nariz Entupido - e lançada na Morta -, acho que é Folclore Impressionista na SMUP Parede ou talvez Folclore Impressionista & convidados | Smup Parede | 15 de Janeiro 2017, quem sabe? Nem o Sombra sabe!
Os convidados é gente má-onda - e ainda bem! -como o Ondness, Caramelo e Jejuno. A música é glória 1987 experimental assim dronaria dark pós-pós-industrial, que ao ouvir em loop durante horas torna-se tão promiscua que se perde a autoria das músic@s tornando-se num som infinito de sonho e meditação. Mais do que perfeita para o gato aninhar-se ao colo!

Cena otária foi comprar o 10" Tracked Love From The Electric (Nooirax Producciones + Odio Sonoro + RodeoFest + Noma Records + Radix Records + The Bloody Dirty Sanchez; 2011) dos The Happiness Project. Auto-otário, bandas espanholas nunca me bateram - estou a ser injusto com o punk basco, o breakcore da costa este (jajajajaja) e os Grabba Grabba Tape! O "projecto alegria" é Power Violence o que me alegrou como ideia mas sei lá pá! Já ouvi tanto Man is the Bastard que não quero sequelas ainda por cima com uma vozinha de toureiro. Bela produção gráfica!
Quem está distribuir este material é a Boira Discos, editora espanhola que mudou de instalações para Lisboa, tem um catálogo excelente para jovens-já-velhos...

Mas o melhor de música nesta Morta foi o fanzine Cleópatra #10 (Façam Fanzines & Cuspam Martelos) de Tiago Baptista. É o título "perzine" deste autor que fica pasmado com muita coisa na vida, uma delas é que já se passaram 10 anos desde que criou o zine. Ao menos comemorou-o com pompa e circunstância (como aliás todos os zines merecem) com uma bela edição onde publica BDs e ilustrações suas - em que se vê uma mudança subtil do seu registo gráfico, cheira-me que o Tiago vai dar muitas surpresas nos próximos tempos. O que deu-me gozo especial neste número foram as suas resenhas críticas a discos e livros de BD, em especial a selecção de música que juro-que-é-verdade se o Cleópatra saísse nem que fosse uma vez por ano deixava de assinar a The Wire. O Tiago tem bom gosto, caramba: Edward Artemiev - compositor russo que fez bandas sonoras para o Andrey Tarkovsky (um realizador que é uma obsessão de Tiago) -, Sonny Sharrock, Mal D'vinhos ou Munir Bashir... não é qualquer um! Que um gajo já tenha ouvido falar neles é uma coisa, mais nomes entre mil referências, mas com alguém como o Tiago a filtrar a informação, a digeri-la e a servi-la com nova apresentação, dá mesmo gosto ir à procura e ouvir dos discos que ele comenta. Obrigado!

PS - Not music: é de estar atenta a esta autora: cargocollective.com/sondelwondel - do colectivo Confio - Desisto, Confio, Dor de Cotovelo,... que se passa com os nomes desta malta!?

sábado, 25 de março de 2017

ccc@feira.morta.no.estrela

cartaz de João Carola
Mais uma Feira Morta, desta vez na Estrela (na Graça, Lx) em que para além de estarmos com a mesa dos livros da Chili Com Carne & cia, lançamos oficialmente no DOMINGO colectânea Bruma de Amanda Baeza, livro que anda a fazer furor! Não é à toa que a autora foi convidada para exposição Arquivo Morto - estudos, esboços, testes, colagens, pré-impressões, arranjos, textos…um cenário infindável de formas e ferramentas de pesquisa e de trabalho que nos ajudam a perceber os meios de cada autor, como um raio-x, para chegar ao seu objecto final. Ostracizados, marginalizados, envergonhados no fundo de uma gaveta qualquer, alguns já amarrotados e outros então não escaparam ao destino do lixo: eis a ressurreição do Arquivo Morto.

quarta-feira, 22 de março de 2017

domingo, 19 de março de 2017

Os Meus 21 Tormentos (1)

 
A Chili Com Carne está a receber um estágio da ESAD / Caldas da Raínha que está a desenvolver o seu próprio livro de BD com a nossa ajuda técnica. Entretanto para ele sair da rotina propusemos ao jovem Marco Gomes a realização de uma tira de resenha crítica a vinte e um livros de BD recomendados e emprestados na maravilhosa Bedeteca de Lisboa. Sairão aqui Os Meus 21 Tormentos (o rapaz é ingrato!) e mais tarde um fanzine que compilará estas tiras.
Feedback e discussão é bem-vinda.
Enjoy yourself

sexta-feira, 17 de março de 2017

Úlcera e cia.

Ed. autor; 2016?
Adonis Pantazopoulos e Puiupo

Puiupo é Paula Almeida, uma autora de BD portuguesa que foi para o Brasil. Por cá deixou pouco rastro, uma BD no saudoso Lodaçal Comix e outra mais duas ilustrações em Safe Place de André Pereira - aliás, os momentos mais desafiantes desse livro, desculpa lá, André...

Quanto ao gajo brasileiro com nome grego não sei nada dele, só sei que eles complementam-se ao ponto de fazerem este livro que parece Tsutomu Nihei em "crackinho", ou seja, um pseudo-manga sci-fi em decomposição e hermético em que não se sabe lá muito bem quem fez ou quê - será que foi "a quatro mãos" como o Cão Capacho Bósnio ou a dupla Dupuy-Berberian? Não parece mas pouco importa, estamos no campo da poética com mutantes. Estamos quase lá!

Resta dizer que há uma edição em versão inglesa pela Czap Books.


Por falar nesta editora, recebemos alguns dos seus livros. Dispersa em impressão DIY que significa fanzines fotocopiados, livros em impressão digital ou "chapbooks" em risografia, o catálogo é torto nas intenções, ora tontas ora cultas.

Das "tontas" (por terem um cariz popular) é de referir Witchlight (2016) de Jessi Zabarsky, que é um livro que reúne a história pré-publicada em formato zine. Com uma narração "ocidental" tem uma clara influência de "shoujo" ("manga" para miúdas "teens") com teor assumidamente humano imerso no género de "espada & feitiçaria", como os trabalhos de Hayao Miyazaki (influência assumida desde logo). Uma amizade entre duas raparigas numa caminhada (é sempre uma caminhada neste tipo de aventuras) num universo fantástico pode ser uma treta mas Witchlight consegue transpirar simpatia e positividade sem cair em lamechas artificiais nem na exibição de maminhas de feiticeiras ou de repteis sebosos caso fosse feito por um Conan. Ei! Isto é mesmo para miúdas "teens", porque raios li isto? Resposta: porque não me aborreceu nem me ofendeu. Duvido que volte e reler este livro mas não duvido é que o nome desta autora venha a ser ouvido mais vezes no futuro numa grande editora de entretenimento das Américas...

Tal como Witchlight também a colectânea Puppyteeth é impressa em digital dando alguma frieza e pobreza às edições e aos respectivos trabalhos. Ainda se ressente mais esta frieza dado aos "excessos digitais" dos trabalhos por mais sentimentais que eles sejam. Sentir empatia por eles é difícil, há uma distância que o grafismo mantêm, o que é uma pena porque a BD de Jenn Lisa merecia outro tratamento ou recepção.

Neste número quatro, de 2014, temos três norte-americanos e a Puiupo... Curiosamente ela que apresenta o trabalho mais "artificial" - desenhos degradados que parece que foram paridos num programa de desenho antigo - acaba por ser o que resulta melhor como leitura. Mais hermética e pós-moderna, não deixa ponto de segurança num conto que adivinha-se pouco mais do que se pode adivinhar em Úlcera. Como se costuma dizer não vale muito a pena combater fogo com fogo. Puiupo mostra que o que quer é uma chama maior. Conseguiu...

O melhor fica para o fim... os cadernos em risografia Ley Lines é um projecto que existe desde 2014, dedicado a fazer uma intersecção entre BD e a Cultura (sem ser bedéfila, yes!) lembrando imediatamente o excelente livro Playground do argentino Berliac. Os trabalhos justificam o título da colecção com supostos alinhamentos entre vários lugares de interesse geográfico e histórico percorrendo a ficção e o ensaio. Ou até a poesia gráfica de Warren Craghead com Golden Smoke, talvez o livro mais radical da colecção, em forma (o seu grafismo) e conteúdo (uma diatribe com o mercado da Arte). Sendo que a abrangência de temas nesta colecção é enorme, desde artistas como tão distintos como Bas Jan Ader (1942-75) e Egon Schiele (1890-1918) como catedrais góticas dão o mote às narrativas e imagens.

Belos livros graças também à impressão e produção gráfica "quentes". E uma boa lição editorial!

sábado, 11 de março de 2017

Warpwish #1

ed. de autor; 2016
Nathan Ward

Descobri este autor e o seu "comic-book" através da Maximum Rock'n'Roll e com algum orgulho porque é bom saber de BD sem ser pelos meios "oficiais" de BD...

Ler em 2017 o Warpwish é como voltar aos anos 90 (não que isso seja importante) ou mais especificamente à antologia Zero Zero da Fantagraphics. Digo isto porque a Zero Zero ora publicava os autores novos do final de 90, quer americanos como o francês Blanquet ou o sueco Max Andersson, quer recuperava autores do "underground comix" dos 60 como Skip Williamson ou Kim Deitch. Isto para dizer que há um estilo de "heavy cartooning" no trabalho de Ward, que de certo modo foi-se perdendo ao longo deste milénio ora como os minimalismos à Lewis Trondheim ou do traço espontâneo a grafite de Anke Feuchtenberg foram influenciando grandiosamente as produções comerciais ou alternativas de BD. Este aspecto barroco de Ward pode ser ainda visto aqui e acolá, como o "nosso" Rudolfo quando está em modo de lambidela mas é realmente cada vez mais raro...

A publicação é a cores, impresso em papel jornal em concordância punk e torna-se numa lufada de ar fresco para quem se sente rodeado de risografia e impressão digital! Ward tem 25 anitos, se o acusarem alguma vez de ter nascido já velho, isso deveria ser um elogio tal a psicadelia da bonecada e tripanço em geral das suas histórias. Viva a MRR! Mais surpresas virão daqui!

quinta-feira, 9 de março de 2017

200


SIM!
Chegámos ao sócio número 200!!!
SIM!
E tal como no passado com o sócio nº 100 e o nº 150 foi oferecido 200 euros em edições da Chili Com Carne!
NÃO!
Não é mentira!
NÃO!
Curiosamente foi este rapaz o afortunado!

...
Seja como for, para ser sócio:

e leitura obrigatória: