O Coveiro (Marvellous Tone; 2013)
A democratização da edição trouxe-nos toda a espécie de objectos que não sabemos em que prateleira meter - ou porque não minúsculos ou porque são XXXL, ou porque é um CD com livro ou justamente vice-versa? Não é uma queixa, pelo contrário, viva a "bibliodiversidade" e a "anarquivismo"! Este Coveiro é mais uma celebração desta doce liberdade de formatos. Ao que parece existe um filme - de animação? não encontrei nada na 'net... - de André Gil Mata e o "nosso" Ghuna X fez a banda sonora, e tal como no passado, editou um CD documental dessas peças musicais e os seus extras (material inédito que não entrou no filme).
Sem o filme visionado é difícil chegar a conclusões de como a música se relaciona com a imagem em movimento ou com a narração, ao ouvir o CD temos de nos abstrair da ideia que realmente uma banda sonora. O que aliás até é melhor assim, porque o conceito de banda sonora para filme geralmente é uma grande estucha - no Anime é aquela foleirada de J-Pop, no Ocidente ou é uma compilação de "hits" Pop/Rock ou então réplicas sem sal de "música clássica". Não é aqui o caso, claro! A electrónica de Ghuna X continua abstracta o suficiente com alguns "beats" de fundo criando um ambiente Dark pedido para a estética do filme - como sabemos isso? já lá vamos... O "illbient" é ma non troppo se compararmos com a sua outra banda sonora (para peça de teatro) 2CNQV que é mais opressiva - tal como a peça pedia?
No "zine" saberemos mais ou menos o que é o filme... Ao que parece o filme é baseado neste texto que aqui se edita na forma integral e percebemos que estamos perante um "conto infantil" (para adultos?) na tradição de Tim Burton. O zine em si mostra-se um "sub-produto" Burton, duplamente agravado porque os livros de Burton são por sua vez também sub-produto do Edward Gorey. O texto é em rima e é confuso narrativamente, não por causa da rima mas pela incapacidade de criar personagens que se possa criar qualquer empatia. Depois de ler o conto é fácil esquecer-se de... tudo! As ilustrações feitas em gravura arriscam a afirmar Alice Geirinhas como uma escola de ilustração - só seria boa notícia se a força estivesse no conteúdo e não no desenho - e para piorar tudo, o design da publicação é terrível - mas, já agora, o design do CD é fixe! Resta ver o filme (já sem muita vontade) e ouvir a música, amén! A música safa tudo!!!
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