Dekomikonstrutivismus
Se o Kus! do Desassossego foi para o autor na altura o final da sua produção em BD - foi o que me confidenciou na altura - com o Kus! do "fim" em que publicou originalmente uma destas BDs é o seu recomeço na produção de BD. Ironias do mundo, resultados fenomenais. Lemos como outros nativos do final do século XX, tem um fascínio pelas BDs populares da sua infância e puberdade ao ponto de voltar a elas para as desmanchar e criar novos dispositivos narrativos e estéticos - ver Démoniak, Dice Industries, Marko Turunen ou Samplerman. Claro que podemos traçar no tempo o Max Ernst e o Jess, anos 20/30 e 50 respectivamente, só que são casos muito isolados no tempo, hoje há muita mais gente a trabalhar em "remix". Esta vaga nova de artistas que tem trabalho na colagem e reciclagem de material antigo para trazer novas leituras trazem também "novos" patamares de leitura que implicam o reconhecimento do atraso da BD em relação às outras artes. Engole.
Nestas BDs engole solidão, engole conspiração, engole guerra, engole isolamento... Mas que sei eu? O material remontado ganha novas interpretações, algumas delas desconfio intimíssimas ao sabor de cada leitor. O que interessa é que eis uma bela publicação da Opuntia no lugar e tempo certo, em formato "puro italo-pulp", ou seja, num formatinho pequeno - ao contrário dos habituais A5 dos Opuntias anteriores - tal como o das revistas originais que circulavam nos quiosques até aos anos 80. As BDs de guerra vinham dos ingleses, o porno e o macabro de Itália, a sociologia das nações deve explicar isto.
Edição exemplar tal como há 11 anos atrás quando saiu o último livro desta editora.
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