segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Não resisti ao mash-up



 Joana Sá & Luís José Martins : Almost a Song  (Shhpuma / Clean Feed ; 2013)
Thormethor : Dissolved in Absurd  (Glam-O-Rama + Chaosphere + Raging Planet ; 2012) 

Há tanta música neste planeta que nem temos tempo para ouvi-la como deve ser, da minha parte assume mesmo isso, muitas vezes meto dois discos a tocarem ao mesmo tempo. De vez enquando dão mash-ups porreiros como é o caso destes dois!!!
Thormethor é uma das bandas portuguesas seminais do Death Metal, ou pelo menos a primeira a gravar oficialmente – sem ser demo-tapes – em disco. Recentemente, o Luis Lamelas decidiu fazer o seu sonho de Peter Pan e recuperar uma série de bandas de Metal para vinil – um bocado como já tinha acontecido com o Rock dos anos 50/60 e o Prog nos últimos anos. Dito e feito, já saíram os dos Thormethor e dos Moonspell (quando estes eram barulhentos do Black e não os pussys que são agora do Goth). 4 temas retirados em formato maxi 12” mostram que os Thormethor eram mais do que uma banda Death portuguesa – um feito tão extraordinário como ser a primeira banda dubstep do Luxemburgo – mas uma banda com ideias e força (o rótulo Death Prog fica-lhes bem!), em que claro sentimos influências de Sepultura e de Carcass, man, estávamos em 1990! Os gajos na altura devem ter pago um balúrdio na Bimotor para ouvir o LP Beneath the remains, por exemplo... Boa (re)edição!!!
Um dos temas dos Thormenthor tem um pianito xunga como "Intro" o que vai dar muito bem com o CD da Sá e do Martins. Estes tocam uma série de instrumentos mas com prominência para o piano e guitarra clássica, e se esperam daqui a calmaria típica dos portugueses ou Indie Rock dos Pinhead Society (Sá fez parte) ou algum terror Deolinda (Martins faz parte), esqueçam. As peças invocam música de câmara cheia de silêncios e reflexão só que… de repente entra em drones barulhentos que estragam o ramalhete estético todo – e ainda bem! Um mimo este disco, um mimo!
De resto, é pô-lo a tocar, passados alguns minutos é de por o de Thormethor ao mesmo tempo – talvez um bocadinho mais alto que o de Sá & Martins. Acaba o lado A, devagar se muda para o lado B até acabar. O de Thormethor acaba mais cedo e o de Sá & Martins dão o “Outro” necessário... perfeito!

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Não resisti os 30 minutos...



Albatre : A Descent into the Maelström (Shhpuma / Clean Feed; 2013)
Deskarga Etílika : ContamiNation (Death Exclamations; 2011)

Duas descargas de energia que me vieram parar às mãos no último fim-de-semana do Festival Rescaldo, embora foi num concerto dos Lost Gorbachevs numa sociedade recreativa nos Anjos que arranjei o disco de Deskarga Etílika. Lembrou-me de ouvir o primeiro deles (de 2003) e inclusive ter visto um ou dois concertos da banda tendo ficado impressionado com as suas prestações ao vivo. Continua a ser uma boa banda D-Beat / Crust mas falta o segundo vocalista com aquela voz Grind vampiresca para dar dinâmica à música, que por natureza é repetitiva. Ao que parece os Deskarga acabaram em 2008 mas isso não impediu de se editar este segundo disco com uma capa e grafismo muito fixe desenhado do baterista Múmia.
Os Albatre também picam os miolos com barulheira mas estes são um trio de jazzcore residente em Roterdão (terra do camarada Marcel Ruijters) em que dois dos elementos são portugueses. Talvez pelo baterista não ser português é que a banda faça música agressiva ao ponto de ser a primeira edição da Shhpuma que a música não é... espumante. Tocaram na primeira noite do Festival Rescaldo mostrando coesão e poder de fogo que se repete em disco.
Doi ouvir estes CDs! Felizmente ambos tiveram o bom senso de só gravarem mais ou menos meia-hora de música... o corpo e a mente não aguentariam mais tempo de agressão!

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Não resisti: BD Jazz



Jorge Lima BarretoZul Zelub (Clean Feed; 2008)
Sei Miguel : Esfíngico - suite for a jazz combo (Clean Feed; 2010)

Qualquer gajo que goste de música e de BD deveria ter o último disco de Barreto, no primeiro caso porque é um prazer ouví-lo a tocar piano acompanhado por 4 leitores de CD ou por um rádio. A ideia de usar rádio e instrumentos não é nova claro, podemos encontrar em vários exemplos aleatórios pelo tempo e mundo fora: Steve Lacy, Nevada Hill, Pink Anvil,... e antes destes todos o John Cage, claro; mas o resultado neste disco é agradável para quem ouve, o que geralmente em música improvisada não é isso que acontece. Para quem gosta de BD, este disco é uma clara homenagem a Zil Zelub, banda desenhada anagrama de Guido Buzzelli, autor e obra que marcam o início da BD como Arte. O Zul e Zelub são duas peças gravadas em espectáculos ao vivo em 2005 e que partilham com Zil Zelub um ambiente entrópico, onírico e de preocupação ecológica.
Sei Miguel e os seus parceiros (Fala Mariam, Rafael Toral, Pedro Lourenço e Cesár Burago) assinam 7 peças de math-jazz espacial que levantam as habituais questões de que género de música é esta. Sabemos que é reducionista e abstracta como um jogo de música em que alguém misturou 5 elementos alienígenas numa faixa só. A capacidade de ser fora das caixas do género lembra, já agora, The Cage de Martin Vaugh-James, misteriosa obra-fronteira de BD e ilustração com prosa-poética também ela seminal no campo experimental da BD. A evitar ao vivo, no entanto, a não ser que se coma um space cake...

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Ao lado...

O novo álbum de Rudolfo (Ruru Comix + Cafetra Records + Monster Jinx; 2012) tem um título homónimo ao seu criador mas parece muito pouco Rudolfo tal como o conhecíamos. É um disco caótico de direcções e intenções que só mostra que o Rudolfo foi apanhado pelo seu próprio avatar e que mostra que não sabe o que fazer com uma carreira que não chega a ser como as das "boy bands" - estas são intensas, fantasiosas e curtas porque rapidamante os ídolos passam de moda mas também porque os rapazes crescem, mudam de voz e sofrem outras dores do crescimento. Rudolfo não sendo um "star" vive com a mortalidade normal do povão, criou uma imagem mítica mas esta agora mostra o barro nos pés do mundano. Desonrientado resta a Rudolfo gozar com os otakus, hipsters e outros monstros (em Subitamente ou Balas Perdidas) mas não pode ser "profundo" sem cair na demagogia Pop (Contagem descrescente ou União) nem frequentar música "out" seja na vertente electrónica seja Rock - com ou sem amigos como Ricardo Martins e os Cafetras - porque não se dedicou a tempo inteiro a trabalhar em música como fazem os músicos "à séria". O Rudolfo perdeu a sua espontaneidade "teenager" onde qualquer merda que fizesse teria piada, é neste disco visivelmente um puto desonrientado. Talvez tenha mesmo de fazer como as "boy bands" e parar para depois regressar à grande e à francesa daqui uns anos para gozar com a sua geração de Peter Pans todos fodidos. R.I.P. / Rudolfo in Peace. Claro que um regresso de um Rudolfo não irá significar estádios cheios de gajas cheias de tusa, frustração e crise da meia-idade...

Mais um disco homónimo... os Surveillance (auto-edição; 2012) que é um duo - ela bateria, ele baixo, ambos cantam - de Rock que soa a algures dos anos 90 mas que a minha RAM recusa-se a dar nomes por lerdice pura - Belly? Breeders? Nã!!! Algo mais obscuro de alguma forma... Girls Against Boys? Soa também a Beehoover mas creio que isso é por causa pelo uso dos mesmos instrumentos e aquele ruído lixado da guitarra-baixo. Parece faltar tecnicismo para convencer e acredito que ao vivo deva ter mais energia para nos dar - pena que o concerto deles na Laica tenha sido cancelado pois gostaria de os ter visto! A gravação de tão ruídosa que é merecia ter sido materializada em K7 embora a embalagem do CD seja super-cool! É de estar atento a desenvolvimentos destes duo-putos...

Por falar em duos... Throes + The Shine são dois duos num projecto Rockduro (Lovers & Lollypops; 2012) em que se mistura Kuduro (The Shine) com Rock (Throes), ideia excelente num país cinzento que sempre teve problemas em lidar com África. É excelente ver projectos destes sairem por aí em mestiçagem cultural e sonora, para onde aliás o Futuro sempre rumou - neo-nazis, nacionalistas e outros estúpidos vão aprender História, sff. O único senão deste projecto é que ele é um projecto comercial que junta aquele hedoísmo parvo do Rock com a primitivismo intelectual do Kuduro, quando justamente o mundo o que menos precisa é de mais diversão monga. Nada mais fixe que soltar a franga mas ser um saco de chavões com nova roupagem não me interessa assim tanto. É só "dança, curte, etc..." com uma curiosa instrumentação - e é tudo. Infelizmente, nem todos podem ser Ghunaganghs...

Os E.A.K. já cá andam há alguns anos - ainda me lembro da primeira edição de autor em 2003 - mas pelos vistos estrearam-se em formato álbum oficial com Muzeak (Major Label Industries + Raging Planet ; 2011) - é na verdade o segundo álbum. Definem o seu som como "musclecore" mas o que temos mesmo é Metalcore, género contemporêneo de fusão de Metal com Hardcore que têm sobretudo os defeitos do Hardcore, ou seja, há milhares de bandas assim, com berros pseudo-desesperantes e riffs já ouvidos. As letras em inglês são de uma pobreza extrema - talvez o mais extremo da banda esteja aqui - cheio de chavões de quem está chateado com o mundo: a violência, a estupidez, a falta de amor, a futilidade dos media, etc... Curiosamente se tanto criticam o mundo de plástico então porque a fotografia promocional da banda parece uma parada da Casa dos Segredos? E estranhamente o único momento sonoro de interesse no álbum é o final de Sunday Afternoon Freak Show Cabaret um tema que parece criticar a xungaria dos "reality shows". Os opostos atraem-se muito fácilmente...

Outra estreia é Besta com Ajoelha-te perante a Besta (Raging Planet; 2012) que apresenta-se como Crust - mas os elementos da banda acho que tomam banho e só um é que tem um cão rafeiro. é barulho, barulho, barulho como bem falta às bandas portuguesas de Metal, sem letras no disco para se perceber o que se grunha por aqui, só nos podemos levar pela imaginação que os títulos sugirem: Pai das mentiras, Misantropo, Já foi tudo dito, Finantropia absurda ou O céptico, o crente e o bode... Um bocado linear, faltando loucura para ilustrar o século XXI... Podia ser ainda mais fodido? Eu acho que sim afinal o Scum já foi há mais de 25 anos, né?

Bernardo Devlin tem um novo álbum mas enquanto não o oiço ficou-me pelo anterior Ágio (Sinal 26 / Nau; 2008) que tem uma capa prateada deluxe que o scanner não apanha. Mas o facto da luz do scanner transformar a capa num negro néon talvez resume melhor o que é este disco na realidade, um "Pop de câmara" na linha dos álbuns de Scott Walker dos anos 90 para cá. Ao que parece as letras envocam os anos 70 de Lisboa à procura da modernidade que não chegou (é o que se lê na nota de imprensa do disco) mas por mim tudo isso passa ao lado, apenas parece música de cortar os pulsos numa noite em que tudo corre mal - o dealer enganou-nos, a gaja mandou-nos à merda, os amigos ficaram em casa a ver TV, os bares e discotecas fecharam / não te deixam entrar e sozinho um gajo anda por aí a meter nojo e/ou a passar-se. A música é um misto de electrónica e instrumentação eléctrico, ambos lentas e intimistas como qualquer produção portuguesa que se preze, que mostra o bom compositor que é Devlin - este é o quarto álbum, só conheci o terceiro. É o melhor álbum deste lote e deixa-nos a pensar que se toda a Pop fosse assim... Obrigado ao REP pela oferta deste disco.

O Tombo Primeiro (Raging Planet; 2012) da Tertúlia dos Assassinos é uma espécie de marco histórico na edição fonográfica portuguesa. Se em Portugal houve muitos discos de recitais de textos ou "spoken-word", é muito raro encontrar material deste editado desde os meados dos anos 80. Recentemente tem havido um regresso à oralidade da poesia ou de textos, seja com os Poetry Slams, episódios de combate social ou com uma atitude editorial definida como a excelente Mia Soave. A Tertúlia reúne cinco criadores a trabalhar neste campo, que por minha ignorância da sua existência (ou pelo menos regularidade pública de actividade) admira logo pela quantidade e qualidade dos intervenientes. Querendo fazer da literatura perigosa outra vez (uma utopia revivalista na realidade), estamos bem longe de Ary dos Santos, Manuel Alegre ou Mário Viegas (as origens "spoken-word" de Portugal?) para não dizer que estamos antes em campo oposto porque o que temos nesta Tertúlia é sátira (bocagiana?) de Charles Sangnoir, misantropia (Aires Ferreira o recitador tecnicamente mais impressionante!), esoterismo (Gilberto Lascariz), solipsismo (Melusine de Mattos) e ensaio com David Soares num poderoso, glorioso e (o mais) longo texto. O disco vêm acompanhado de um livro com a reprodução dos textos recitados (ou é o contrário?), gesto redundante depois da interessante gravação áudio. E infelizmente, o livro como objecto é terrível: em design (teen-goth?), paginação (esta malta gótica nunca viu os livros da &etc?), impressão e acabamentos. Espera-se com alguma ânsia por um "segundo tombo", tal como um ouvinte espera um novo capítulo do seu programa de rádio favorito...

Por fim, ufa!, David Soares volta com Charles Sangnoir para fazerem um horripilante CD intitulado Os Anormais : Necropsia de um Cosmos Olisiponense (Raging Planet; 2012). Soares explora o tema da "anormalidade" encarnando o papel de cicerone assustador e que é bem acompanhado por Sangnoir que faz uma banda sonora ambiental minimalista bastante eficiente - aliás, é ele que faz a parte musical da Tertúlia também? Tira-se o chapéu para ambos casos se se confirmar... Dois defeitos apenas, a monotonia na recitação do texto e falta de riqueza gráfica do CD. Deficientes em Lisboa daria pano para mangas para se fazer um livro com desenhos ou reproduções de material documental e gráfico a que Soares se baseou - quem sabe até seria uma boa desculpa para ele voltar a fazer alguns dos seus desenhos grotescos que não vemos há uma década. Seja como for, é um disco para se ouvir com muita atenção!

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Corrida de Sofás...





Foi uma festa de parar o trânsito. A corrida correu bem, não houve feridos nem danados materiais, deslizou tudo suavemente e para espanto de muita gente a vencedora da corrida foi a Vera Felner, estreante nestas andanças revelando um jeito natural para lidar com a dinâmica do sofá.  Pode parecer fácil, mas não é só sentar e relaxar, implica muita sabedoria e concentração, só ao alcance de alguns assim em pouco tempo,  ao alcance de todos está claro, com muito treino, muito deslize, muita experiência. Qualquer dia escrevo um livro sobre esta ciência.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

A Festa Faz O Monstro


  A SMUP fica na Parede, mesmo ao lado da estação de comboios, Rua Marquês de Pombal, 319



  Aqui está o Menu, para este sabádo, para quem quiser mexer o cu, e ir até à Parede, deslizar num sofá até à praia, dar uns tiros ao alvo,  ouvir o concerto de Catapulta, e sabe-se lá mais ou quê, hehe...