domingo, 2 de outubro de 2016

Anarquia transgênica

Não há volta a dar... fui à Feira Anarquista de Lisboa e vi aquilo mais morto que a feira (de edição independente) que se chama Morta! Saquei de lá o Boletim da BOESG e querendo fazer aqui alguma resenha ou divulgação do espaço só fui encontrar uma imagem do dito boletim no sítio em linha do Pacheco Perreira. Isto para dizer que não consegui encontrar em nenhum dos sítios oficiais ligados ao Boletim. Yup! O estado português não tem de se preocupar, a Anarquia em Portugal está moribunda sem ser capaz de se organizar ou sequer ser imaginativa para ser, pelo menos, subversiva - e isto já é pedir o mínimo dos mínimos de quem se intitula de "anarquista". Serve para apenas para manter os arquivos de um gajo do PSD actualizados...

Já ficamos a saber que os livros da Chili Com Carne sobre os temas "anarcas" escritos pelo Rui Eduardo Paes são mal-vistos por alguém por estas bandas. Como se diz por aí, quando um livro é publicado ele serve para discussão e reflexão. Só que invés dos "anarcas" aproveitarem para discutir e criar canais de diálogo sobre esses livros, preferem ignorar tal é o snobismo digno de betos que são. Será o actual movimento (movimento?) português contemporâneo da anarquia um grupinho com "donos"? Uma seita? Uma Monsanto de "trademarks"? Talvez seja por isso que a Feira Anarquista em oito anos diminuiu as suas mesas de editores em metade das presenças na sua primeira edição invés de aumentar como deveria ser normal? As guerras interinas são tão evidentes que até mudou de denominação nos últimos dois anos para Feira das Edições Subversivas, segundo creio... Mein Gott! Unmöglich! Enfim, um rol de tristezas que coloca os "anarcas" portugueses ao nível da tipificação salazarista do português mais comezinho. Ainda estou para perceber porque passado oito anos voltaram a convidar a Chili a estar lá com as suas edições. Se foi um acto de confronto com os Lideres espirituais, fixe, significa que há anarcas que estão contra as forças internas da superstição e do dogmatismo bacoco. Se foi um acto de coragem para ultrapassar a ideia de que a libertação do ser humano deve ir para além de pensamento político e dos manifestos surrealistas do século passado, mais honrados ficamos! Afinal estamos em 2016 e do André Breton o que curtimos mesmo é a terrinha onde ele foi bater as botas, bem bonita a aldeiazinha, catita para ir lá de férias beber uns licores. Vai uma aposta que pró ano não nos convidam e a Feira terá quatro mesinhas com a mesma edição de Homenagem à Catalunha?

Mas vamos ao que interessa, o Disgraça é um espaço social libertário que fica na Penha de França - este ano até foi lá o nosso Camarada Balli e tudo! - e alberga várias organizações alternativas ao sistema. Entre elas, a ex-Biblioteca dos Operários e Empregados da Sociedade Geral que era uma biblioteca de trabalhadores de uma companhia comercial de barcos, que se transformou na Biblioteca Observatório dos Estragos da Sociedade Globalizada. Mais que uma cosmética de nome, houve a sensatez de conservar um acervo histórico de livros de operários em que inevitavelmente encontraremos alguma literatura tóxica, mas que entretanto têm-se acrescentado livros "de meios para ultrapassar esses estragos" ou seja, literatura anarquista, libertária, feminista, vegetariana, etc... Abre às sextas-Feiras entre entre as 16h e as 23h para quem não se quer ficar só pelo jornal Mapa ou para qualquer um que queira apenas ler algo uma vez que a biblioteca municipal daquela zona foi deslocada para um sítio horrível graças à gestão pindérica da sua Junta de Freguesia - basta fazer um "google" de imagens para perceberem onde estava situada e onde foi parar!

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